Estudantes que protestavam contra reforma constitucional de Chávez são impedidos de chegar à Assembléia Nacional
Renata Miranda
Estudantes venezuelanos entraram ontem em confronto com a polícia durante uma manifestação em Caracas contra a reforma constitucional apresentada pelo presidente Hugo Chávez. O protesto foi o primeiro contra o projeto de Chávez de estabelecer na Venezuela seu “socialismo do século 21” e, segundo analistas, deve marcar o inícios de uma onda de manifestações que tomará conta do país até o referendo marcado para 2 de dezembro - que deve decidir a adoção ou não da reforma.
Desde a manhã de ontem, as ruas da capital venezuelana foram tomadas por universitários que carregavam cartazes de repúdio a Chávez e cantavam o hino nacional enquanto se dirigiam à sede da Assembléia Nacional (AN) - onde estão são discutidas as modificações nos artigos da Carta. Antes do início da marcha começar, a Guarda Nacional impediu que ônibus de estudantes de outras partes do país chegassem a Caracas para a passeata. Quando os universitários se aproximaram da sede da AN, a polícia tentou impedir o acesso dos estudantes, que queriam entrar no edifício para entregar um pedido de adiamento do referendo. Os manifestantes lançaram garrafas contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo para tentar dispersar a multidão. Grupos de jovens que apóiam o presidente aguardavam a chegada da marcha da oposição na frente da Assembléia, mas os soldados formaram um cordão para isolar os dois grupos - que, mesmo assim, conseguiram lançar pedras um contra o outro.
Depois do confronto, uma comissão formada por oito estudantes foi levada num carro blindado até a sede da AN, onde foi recebida por um grupo de deputados. Segundo jornalistas, 20 mil pessoas participaram da marcha.
“O protesto em Caracas representou um retorno do movimento estudantil que por muitos anos esteve ausente na Venezuela”, afirmou ao Estado, por telefone, o cientista político Alfredo Ramos Jiménez, diretor do Centro de Investigação de Política Comparada da Universidade dos Andes, em Mérida. “Atualmente, os venezuelanos estão em casa com medo de se manifestarem e sofrerem represálias do governo, mas o protesto de hoje (ontem) deve encorajar a população a retornar às ruas.” Para o analista venezuelano Oscar Reyes, da Universidade Andrés Bello, os protestos tendem a aumentar à medida que a população for tomando conhecimento do conteúdo da reforma chavista. “Grande parte da população não sabe quais são as mudanças que Chávez quer fazer e creio que quando os venezuelanos se derem conta das reformas, mais protestos ocorrerão”, disse Reyes. “Esse protesto foi o início de uma onda de manifestações que deve ganhar força pouco a pouco.” Segundo o analista, em breve os partidos políticos de oposição também devem aderir aos protestos.
Ramos Jiménez afirma que a atual reforma é uma transformação na estrutura do Estado e a população vai manifestar-se porque não foi consultada. “Esse conjunto de medidas é um golpe de Estado porque não houve consulta popular.” Reyes diz que o projeto de Chávez é inconstitucional. “A reforma ignora a Constituição da Venezuela, que diz que, para fazer essas mudanças, é necessária uma Assembléia Constituinte.”
Chávez apresentou em agosto um projeto para modificar 33 artigos da Constituição. Entre as propostas mais polêmicas estão a reeleição presidencial sem limites e a mudança no conceito de propriedade privada.
ARTIGOS APROVADOS
Na noite de segunda-feira, a Assembléia aprovou um artigo da reforma que prevê o aumento dos poderes do presidente. Entre as novas atribuições presidenciais está “criar ou suprimir as províncias federais, territórios federais, cidades federais, distritos funcionais, municípios federais, regiões marítimas, regiões estratégicas, distritos insulares e cidades comunais” e “designar e remover suas autoridades”. O líder venezuelano também poderá “remover” o vice-presidente e também “nomear” dirigentes para governar regiões a ser criadas pelo governo nacional. Outra modificação aprovada foi relativa ao regime socioeconômico do país. De acordo com o texto, o regime se fundamentará nos “princípios socialistas”. Ao referir-se às garantias jurídicas, o novo texto substitui a expressão “iniciativa privada” por “iniciativa comunitária, social e pessoal”.
COM AP, AFP E EFE
PROPOSTAS CHAVISTAS
Reeleição: Fim do limite para reeleições presidenciais
Mandato presidencial: Aumenta de seis para sete anos
Formas de propriedade: Criação de cinco tipos de propriedade
Jornada de trabalho: Cai de oito para seis horas diárias
Intervenções: O presidente poderá decretar regiões especiais militares com fins estratégicos em qualquer parte do território
Banco Central: Projeto elimina “todo tipo de autonomia” do BC
Reservas: Administração ficará a cargo do presidente
Novo poder: Projeto estabelece o “Poder Popular”, que será exercido por assembléias comunais
Centralização: Governo poderá criar territórios federais
Estatizações: Governo poderá assumir controle dos ativos das empresas privadas antes de sua expropriação ser determinada por decisão final nos tribunais que estiverem julgando o caso
Polícia reprime marcha de estudantes em Caracas
Polícia reprime marcha de estudantes em Caracas
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


- Fernando Silva
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Re.: Polícia reprime marcha de estudantes em Caracas
Esses estudantes são as "zelites" e não estão nem aí para o bem estar do povão.
A lista acima não menciona o poder de prender qualquer um sem dar satisfações. O cara não terá nem o direito de saber do que é acusado, quanto mais de se defender.
A lista acima não menciona o poder de prender qualquer um sem dar satisfações. O cara não terá nem o direito de saber do que é acusado, quanto mais de se defender.
Re.: Polícia reprime marcha de estudantes em Caracas
Existem várias formas de "militarismo"... Pobre China, até quando 

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[esquerdinhas teimosos...but... calados] Paranóia. Não vi ainda motivo algum para tanto alarde. O que Chávez está fazendo está dentro da legitimidade de um direito de alguém que foi traído e que agora tenta restaurar a democracia antes que outra tentativa de golpe tome o poder e destrua o que ele construiu democraticamente. [/esquerdinhas teimosos...but... calados]
Viva CUBA! Ops...me alterei.
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Re.: Polícia reprime marcha de estudantes em Caracas
Ao referir-se às garantias jurídicas, o novo texto substitui a expressão “iniciativa privada” por “iniciativa comunitária, social e pessoal”.
Coisa triste....

