Pré-conceitos

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Fernando Silva »

Ateu Tímido escreveu:Enfim, desaparecendo a proibição, não desapareceria apenas a violência. Desapareceria o tráfico. Os criminosos teriam que se mudar para outros ramos de atividade.

Vou me repetir: bebida e cigarros são legalizados, mas isto nunca impediu o contrabando e a fabricação clandestina desses produtos.
Vans foram legalizadas, mas continuam chegando vans ilegais para disputar os passageiros.
Etc. etc. etc.

Avatar do usuário
O ENCOSTO
Mensagens: 16434
Registrado em: 02 Nov 2005, 14:21
Localização: Ohio - Texas (USA)
Contato:

Mensagem por O ENCOSTO »

A solução para a questão do trafico de drogas não pode ser encontrada sem uma ampliação dos meios democráticos. Para isso, uma socialização democratica precisa ser implementada na sociedade como um todo.

Uma democratização ampliada da sociedade poderia contribuir com as ações sociais. Gostaria de citar o exemplo de Monaco, Luxemburgo e Nova Zelandia.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

Avatar do usuário
Bellé
Mensagens: 542
Registrado em: 18 Mai 2007, 10:15
Gênero: Masculino
Localização: Frederico Westphalen - RS

Mensagem por Bellé »

Fernando Silva escreveu:
Bellé escreveu:...mas quais são os interesses em fazer com que a favela suba cada vez mais o "moro" e quantos andares podem serem erguidos sobre aquela frágil base???

Os políticos não querem que a favela acabe. Eles vão lá, aparecem, fazem pequenos favores e são sempre reeleitos pelos trouxas.

As ONGs também não querem o fim da miséria, ou o rio de dinheiro que elas recebem do governo vai secar.


O povo* não quer que a favela acabe, não querem "aquela" gente andando nas suas ruas, comendo em seus resaturantes e "curtindo a sua praia... tentam em vão afastar e não enxergar os invisíveis da sociedade!!!

E...se a favela resolvese se pintar de cor e descer o moro...
O poder é parte da fraqueza de um homem sem deus...

Bellé

Avatar do usuário
aknatom
Mensagens: 3071
Registrado em: 25 Out 2005, 13:10
Gênero: Masculino

Mensagem por aknatom »

O ENCOSTO escreveu:A solução para a questão do trafico de drogas não pode ser encontrada sem uma ampliação dos meios democráticos. Para isso, uma socialização democratica precisa ser implementada na sociedade como um todo.

Uma democratização ampliada da sociedade poderia contribuir com as ações sociais. Gostaria de citar o exemplo de Monaco, Luxemburgo e Nova Zelandia.

:emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon45:
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

Imagem

Avatar do usuário
Bellé
Mensagens: 542
Registrado em: 18 Mai 2007, 10:15
Gênero: Masculino
Localização: Frederico Westphalen - RS

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Bellé »

...civil war!!!
O poder é parte da fraqueza de um homem sem deus...

Bellé

Avatar do usuário
Samael
Mensagens: 13718
Registrado em: 19 Out 2005, 13:31
Gênero: Masculino
Contato:

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Samael »

Fernando Silva escreveu:
Ateu Tímido escreveu:Enfim, desaparecendo a proibição, não desapareceria apenas a violência. Desapareceria o tráfico. Os criminosos teriam que se mudar para outros ramos de atividade.

Vou me repetir: bebida e cigarros são legalizados, mas isto nunca impediu o contrabando e a fabricação clandestina desses produtos.
Vans foram legalizadas, mas continuam chegando vans ilegais para disputar os passageiros.
Etc. etc. etc.


Não acho que o caso seja análogo, devido ao alto custo que traficantes possuem com relação a armamento, subornos, etc.

Acho que ocorreria algo próximo ao que ocorreu ao jogo do bicho: a coisa deixaria de ser tão lucrativa e os traficantes, aos poucos, mudariam para outra atividade criminosa que lhes conferissem lucros exorbitantes.

Avatar do usuário
Ateu Tímido
Mensagens: 8921
Registrado em: 17 Out 2005, 00:04
Localização: Belo Horizonte
Contato:

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Ateu Tímido »

Fernando Silva escreveu:
Ateu Tímido escreveu:Enfim, desaparecendo a proibição, não desapareceria apenas a violência. Desapareceria o tráfico. Os criminosos teriam que se mudar para outros ramos de atividade.

Vou me repetir: bebida e cigarros são legalizados, mas isto nunca impediu o contrabando e a fabricação clandestina desses produtos.
Vans foram legalizadas, mas continuam chegando vans ilegais para disputar os passageiros.
Etc. etc. etc.


Bebida e cigarros ilegais respondem por uma fração ínfima do mercado. Em geral, contrabando de bebidas finas, por causa dos impostos, ou produção artesanal de cachaça. Em ambos os casos, ninguém que queira beber é obrigado a comprar numa "boca" na favela mais próxima, nem a pagar o preço dos traficantes. Não conheço, por exemplo, cerveja clandestina, a não ser em filmes sobre a Lei Seca americana.
Quanto aos cigarros, o problema é tributário. Países como o Paraguai cobram menos impostos que o Brasil. Assim, é negócio, para uma pequena faixa de mercado, reimportar cigarros fabricados no Brasil (o que é proibido) com a complacência do governo paraguaio.
O que interessa perguntar é: quem domina o mercado?
Quem faz o preço desses produtos?
Quem controla o acesso a eles?

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Mensagem por Najma »

aknatom escreveu:
O ENCOSTO escreveu:A solução para a questão do trafico de drogas não pode ser encontrada sem uma ampliação dos meios democráticos. Para isso, uma socialização democratica precisa ser implementada na sociedade como um todo.

Uma democratização ampliada da sociedade poderia contribuir com as ações sociais. Gostaria de citar o exemplo de Monaco, Luxemburgo e Nova Zelandia.

:emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon22: :emoticon45:


:emoticon45:





































:emoticon266:
Imagem

Avatar do usuário
aknatom
Mensagens: 3071
Registrado em: 25 Out 2005, 13:10
Gênero: Masculino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por aknatom »

É... parece que o encosto entendeu que esta é a melhor forma de se lidar com a situação. Ou só passou a utilizá-la mais. Muito bom. :emoticon12:
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

Imagem

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Najma »

aknatom escreveu:É... parece que o encosto entendeu que esta é a melhor forma de se lidar com a situação. Ou só passou a utilizá-la mais. Muito bom. :emoticon12:


Ele sempre fez isso... :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
Imagem

Avatar do usuário
Johnny
Mensagens: 14128
Registrado em: 10 Mar 2006, 16:06
Gênero: Masculino

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Johnny »

Fernando Silva escreveu:
Ateu Tímido escreveu:Enfim, desaparecendo a proibição, não desapareceria apenas a violência. Desapareceria o tráfico. Os criminosos teriam que se mudar para outros ramos de atividade.

Vou me repetir: bebida e cigarros são legalizados, mas isto nunca impediu o contrabando e a fabricação clandestina desses produtos.
Vans foram legalizadas, mas continuam chegando vans ilegais para disputar os passageiros.
Etc. etc. etc.


Até concordo em parte, mas se vende muito mais legalmente do que ilegalmente. Sem dizer que quem compra o LEGAL sabe que a qualidade é indiscutível. Quem compra Viski barato, tem enchaqueca, nauseas e cara de idiota depois. Além disso, esse barato não vale a pena por ser uma falsificação. Os pobres que conheçopreferem uma boa cachaça nacional (sem frescuras) como 51, Pitu, Barreiro, etc do que tomar estas porcarias falsificadas. Quem tem uma graninha mas não quer desembolsar um Johnny Walker Red, vai de salinas ou Ipioca mesmo. Qualquer Passport nacional é muito melhor que um Chivas falso.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

Imagem

Avatar do usuário
Johnny
Mensagens: 14128
Registrado em: 10 Mar 2006, 16:06
Gênero: Masculino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Johnny »

Cigarros, hoje já temos fabricas nacionais com preços iguais aos "importados". Acho que a legalização traria mais benefícios que o contrário, mesmo eu sendo contra o uso de drogas atualmente ilegais por prejudicarem a assistência médica pública. Mas preferem ver as pessoas cheirando tiner que lança argentino. Tudo faz parte da hipocrisia politica tupiniquin.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

Imagem

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Mensagem por Fernando Silva »

Bellé escreveu:O povo* não quer que a favela acabe, não querem "aquela" gente andando nas suas ruas, comendo em seus resaturantes e "curtindo a sua praia... tentam em vão afastar e não enxergar os invisíveis da sociedade!!!

E...se a favela resolvese se pintar de cor e descer o moro...

O Rio conviveu em relativa paz com suas favelas por muitas décadas. Era conveniente para os ricos ter seus empregados morando próximo e vice-versa e ainda é assim, só que agora favelado virou suspeito por conviver com a bandidagem.
Nunca se pode ter certeza de que ele não está dando dicas para alguma facção.

Lembro também que classe alta, média e favelados sempre se misturaram nas praias - até que criaram linhas de ônibus diretas dos subúrbios para a zona sul e começaram assaltos e arrastões.

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Fernando Silva »

Ateu Tímido escreveu:Políticas sociais que dêem às pessoas outras opções além de trabalhar para o tráfico são essenciais a longo prazo, sim.

Para se implantarem políticas sociais é preciso primeiro reconquistar o território "estrangeiro".

E lembro que bandido não é bandido apenas porque não teve outra opção na vida, caso contrário filhinhos de papai seriam todos santos.

O bandidão gosta do poder que exerce, gosta do monte de adolescentes (inclusive de classe média) que se joga em cima dele, gosta do dinheiro fácil, gosta da adrenalina.

Não vou generalizar e dizer que são todos assim, mas suponho que muitos não se interessariam em largar essa vida e virar um trabalhador anônimo com dinheiro honesto porém contado.

Avatar do usuário
Adrianoped
Mensagens: 229
Registrado em: 21 Jan 2007, 16:16

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Adrianoped »

E seria mais fácil uma guerra ideológica contra o consumo de drogas, e uma repreensão dura aos atos ilícitos dos viciados e usuários, do que o governo passar a mão na cabeça deles e querer evitar que os coitadinhos se droguem. Quem for doente que seja tratado.

Agora ficar guerreando por causa de uma situação criminosa que o próprio governo cria (tráfico) é algo que não está dando resultado. Ainda mais pela globalização do crime. Também vejo como contraditório dizer que a culpa é dos consumidores e ficar promovendo mortes e financiando o crime através da ilegalidade.

Se os usuários são os culpados pelo tráfico e a interferência estatal não consegue regular esse setor através do uso da força, seria mais fácil então regularizar este comércio e trabalhar com campanhas educativas e políticas de redução de danos (que são vistas atualmente como apologia).
Filosofia ateísta - Blog com textos sobre ateísmo e filósofos ateus

http://adrianoped.blogspot.com/

Avatar do usuário
Johnny
Mensagens: 14128
Registrado em: 10 Mar 2006, 16:06
Gênero: Masculino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Johnny »

O que vejo misturar aqui é pobreza com bandidagem. Morei perto de favelas em Campinas, tive muitos amigos que moravam lá por não terem condições de pagarem aluguel ou comprarem um terreno (até tinha terreno barato mas daí ter que acordar as 3 da matina e chegar em casa as 8 da noite, tem que ter muita coragem. Bandido toma posse em qualquer lugar e alicia também em qualquer lugar, seja em favelas, escolas...
O que precisa é parar de achar que favelado é bandido quando se sabe muito bem que isso não chega nem perto. Se a favela existe é porque o pobre não tem grana para construir uma coisa decente. Antes das favelas existia a COHAB, APE, etc...Se o governo der uma casa para cada favelado, eles vão continuar na mesma situação, só vai mudar o nome. O governo tem mais participação na fabricação das favelas do que outra coisa. Dizem que a culpa é da sociedade, mas o governo é o que? Exército?
Aqui em Aracaju as favelas começaram a crescer agora. Existe um bairro chamado Terra Dura que possui o maior indice de criminalidade. As pessoas vão se acostumando com a elevação do crime lineare comparam com os grandes centros e acham que é normal. Mostram o Bronx, Brooklin e acham que aqui é o paraiso. E assim vai.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

Imagem

Avatar do usuário
Acauan
Moderador
Mensagens: 12929
Registrado em: 16 Out 2005, 18:15
Gênero: Masculino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Acauan »

Samael escreveu:
Fernando Silva escreveu:
Ateu Tímido escreveu:Enfim, desaparecendo a proibição, não desapareceria apenas a violência. Desapareceria o tráfico. Os criminosos teriam que se mudar para outros ramos de atividade.


Vou me repetir: bebida e cigarros são legalizados, mas isto nunca impediu o contrabando e a fabricação clandestina desses produtos.
Vans foram legalizadas, mas continuam chegando vans ilegais para disputar os passageiros.
Etc. etc. etc.


Não acho que o caso seja análogo, devido ao alto custo que traficantes possuem com relação a armamento, subornos, etc. Acho que ocorreria algo próximo ao que ocorreu ao jogo do bicho: a coisa deixaria de ser tão lucrativa e os traficantes, aos poucos, mudariam para outra atividade criminosa que lhes conferissem lucros exorbitantes.


A defesa da legalização das drogas pesadas em geral destaca as diferenças que lhes são convenientes entre o tráfico de entorpecentes e outros comércios clandestinos, enquanto silenciam sobre outros aspectos destas mesmas diferenças que podem ser usadas contra a proposta de legalização.

1. Cocaína não é tabaco ou álcool. Sua venda, mesmo legalizada, exigiria, no mínimo, restrições semelhantes às prescritas para os medicamentos tarja preta, o que implicaria em controle direto sobre quem compra e consome drogas. Muitos usuários prefeririam abastecer-se com traficantes e garantir o anonimato do que se expor publicamente desta forma;

2. Álcool e tabaco sempre foram mercadorias legais, cuja produção é dominada há séculos por grandes corporações especializadas. Falsificadores ou comerciantes ilegais têm que competir em condições de desvantagem contra quem domina mercados, tecnologias e capitais. Com as drogas pesadas ocorre o contrário, pois nesta área são os traficantes que dominam mercados, tecnologias e capitais, sendo que qualquer empresa que se aventure por este ramo corre os riscos de ser responsabilizada judicialmente pelos efeitos dos produtos vendidos, cair em desgraça com a opinião pública como indústria da morte e ainda concorrer com terroristas armados que praticam um marketing de guerra muito diferente daquele que executivos convencionais estudaram em seus MBA's;

3. A queda dos preços nunca inibiu o tráfico. Os preços da cocaína caíram continuamente por décadas e neste período o tráfico e seu poder armado aumentaram também continuamente.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Avatar do usuário
Samael
Mensagens: 13718
Registrado em: 19 Out 2005, 13:31
Gênero: Masculino
Contato:

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:
Samael escreveu:
Fernando Silva escreveu:
Ateu Tímido escreveu:Enfim, desaparecendo a proibição, não desapareceria apenas a violência. Desapareceria o tráfico. Os criminosos teriam que se mudar para outros ramos de atividade.


Vou me repetir: bebida e cigarros são legalizados, mas isto nunca impediu o contrabando e a fabricação clandestina desses produtos.
Vans foram legalizadas, mas continuam chegando vans ilegais para disputar os passageiros.
Etc. etc. etc.


Não acho que o caso seja análogo, devido ao alto custo que traficantes possuem com relação a armamento, subornos, etc. Acho que ocorreria algo próximo ao que ocorreu ao jogo do bicho: a coisa deixaria de ser tão lucrativa e os traficantes, aos poucos, mudariam para outra atividade criminosa que lhes conferissem lucros exorbitantes.


A defesa da legalização das drogas pesadas em geral destaca as diferenças que lhes são convenientes entre o tráfico de entorpecentes e outros comércios clandestinos, enquanto silenciam sobre outros aspectos destas mesmas diferenças que podem ser usadas contra a proposta de legalização.

1. Cocaína não é tabaco ou álcool. Sua venda, mesmo legalizada, exigiria, no mínimo, restrições semelhantes às prescritas para os medicamentos tarja preta, o que implicaria em controle direto sobre quem compra e consome drogas. Muitos usuários prefeririam abastecer-se com traficantes e garantir o anonimato do que se expor publicamente desta forma;

2. Álcool e tabaco sempre foram mercadorias legais, cuja produção é dominada há séculos por grandes corporações especializadas. Falsificadores ou comerciantes ilegais têm que competir em condições de desvantagem contra quem domina mercados, tecnologias e capitais. Com as drogas pesadas ocorre o contrário, pois nesta área são os traficantes que dominam mercados, tecnologias e capitais, sendo que qualquer empresa que se aventure por este ramo corre os riscos de ser responsabilizada judicialmente pelos efeitos dos produtos vendidos, cair em desgraça com a opinião pública como indústria da morte e ainda concorrer com terroristas armados que praticam um marketing de guerra muito diferente daquele que executivos convencionais estudaram em seus MBA's;

3. A queda dos preços nunca inibiu o tráfico. Os preços da cocaína caíram continuamente por décadas e neste período o tráfico e seu poder armado aumentaram também continuamente.


Faz sentido. Entretanto, falar sobre a liberalização da cocaína se emperra mais na primeira questão que você levantou, sobre as tentativas fracassadas na Europa.

Mas eu discordo da sua terceira assertiva. Discordo porque é comum que os preços caiam com uma oferta maior de produtos. É bem possível que, apesar da baixa dos preços, esses mesmos traficantes estejam é faturando mais, visto que com o "boom" inicial da venda do produto, possam estar plantando muito mais e tendo mais capital em reserva de forma a lidar com margens de lucro menores.

Ainda assim, não vejo problemas em drogas mais fracas, como é o caso da própria maconha.

Avatar do usuário
Apo
Mensagens: 25468
Registrado em: 27 Jul 2007, 00:00
Gênero: Feminino
Localização: Capital do Sul do Sul

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Apo »

Fernando Silva escreveu:
Ateu Tímido escreveu:Políticas sociais que dêem às pessoas outras opções além de trabalhar para o tráfico são essenciais a longo prazo, sim.

Para se implantarem políticas sociais é preciso primeiro reconquistar o território "estrangeiro".

E lembro que bandido não é bandido apenas porque não teve outra opção na vida, caso contrário filhinhos de papai seriam todos santos.

O bandidão gosta do poder que exerce, gosta do monte de adolescentes (inclusive de classe média) que se joga em cima dele, gosta do dinheiro fácil, gosta da adrenalina.

Não vou generalizar e dizer que são todos assim, mas suponho que muitos não se interessariam em largar essa vida e virar um trabalhador anônimo com dinheiro honesto porém contado.


Já viu os filhos destes bandidos com auto-estima elevada falando sobre o que querem ser no futuro? Bandido ou polícia é a resposta que eles quase invariavelmente dão. Papai é poderoso.

Um amigo meu que morava atrás de uma favela em SP ( atrás mesmo , muro colado), só sossegou quando passou a doar algum dinheiro em espécie às famílias dos traficantes da favela ( eles têm filhos espalhados e não apenas uma família). Entrou numa negociação "tácita", depois de cansar de ver caras e bocas ( e canos ) em toda a esquina que ele cruzava até chegar em casa. E só andava numa Brasília velha caindo aos pedaços.
Imagem

Avatar do usuário
Apo
Mensagens: 25468
Registrado em: 27 Jul 2007, 00:00
Gênero: Feminino
Localização: Capital do Sul do Sul

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Apo »

Johnny escreveu:O que vejo misturar aqui é pobreza com bandidagem. Morei perto de favelas em Campinas, tive muitos amigos que moravam lá por não terem condições de pagarem aluguel ou comprarem um terreno (até tinha terreno barato mas daí ter que acordar as 3 da matina e chegar em casa as 8 da noite, tem que ter muita coragem. Bandido toma posse em qualquer lugar e alicia também em qualquer lugar, seja em favelas, escolas...
O que precisa é parar de achar que favelado é bandido quando se sabe muito bem que isso não chega nem perto. Se a favela existe é porque o pobre não tem grana para construir uma coisa decente. Antes das favelas existia a COHAB, APE, etc...Se o governo der uma casa para cada favelado, eles vão continuar na mesma situação, só vai mudar o nome. O governo tem mais participação na fabricação das favelas do que outra coisa. Dizem que a culpa é da sociedade, mas o governo é o que? Exército?
Aqui em Aracaju as favelas começaram a crescer agora. Existe um bairro chamado Terra Dura que possui o maior indice de criminalidade. As pessoas vão se acostumando com a elevação do crime lineare comparam com os grandes centros e acham que é normal. Mostram o Bronx, Brooklin e acham que aqui é o paraiso. E assim vai.

Desculpa, mas aqui em Porto Alegre, toda a iniciativa pública de construção, reconstrução, reforma e realocação de comunidades carentes, resultou em depredação total do patrimônio em poucos anos. Era limpinho e pintadinho e servia de moradia com bastante conforto ( perto do que eles tinham), mas virou favela de novo e o comércio ilegal de drogas e prostituiçao se instala invariavelmente.
Assim como escolas públicas construídas com tudo novinho. Destróem tudo. Seriam os ricos que invadem e destróem? Algum ser intangível? Reclamam que não tem telefone, mas depredam os telefones públicos, reclamam que não tem ruas urbanizadas e roubam as pedras de pavimentação da frente da própria casa para vender e comprar sei lá o quê. Reclamam que não tem comércio perto, mas a fruteira tem que vender pinga senão não sobrevive. E ainda é assaltada. Uma loja de calçados foi queimada porque o dono foi assaltado e chamou a polícia. O cara desistiu. Era pobre também. Mas ali ficou impossível.

Aliás, na favelinha aqui perto do meu bairro ( aqui não chamamos de favela e sim de vila), a única coisa que permanece mais ou menos limpa é a igrejinha na entrada da rua que dá o acesso à comunidade. Lá dentro é o Vietnã.
Imagem

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Fernando Silva »

Apo escreveu:Desculpa, mas aqui em Porto Alegre, toda a iniciativa pública de construção, reconstrução, reforma e realocação de comunidades carentes, resultou em depredação total do patrimônio em poucos anos. Era limpinho e pintadinho e servia de moradia com bastante conforto ( perto do que eles tinham), mas virou favela de novo e o comércio ilegal de drogas e prostituiçao se instala invariavelmente.

As primeiras iniciativas aqui no Rio, na década de 50 e 60, viraram favelas rapidamente. Os favelados arrancavam pias e vasos sanitários de seus próprios apartamentos novos para vender.

Suponho que, de lá para cá, a coisa tenha melhorado, pelo menos nas favelas urbanas, que têm gatonet, antena parabólica, ar condicionado e luz elétrica de graça (paga por nós, da classe média).

Entretanto, se o conhecimento dos bens de consumo e utensílios domésticos aumentou, a mentalidade de fazer um filho atrás do outro sem pensar no futuro, por exemplo, ainda é a mesma. E não é por falta de acesso à TV, é uma questão de cultura e de falta de visão hereditária.

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Najma »

É... dá o que pensar. A impressão é que sem sentir a importância de ser civilizado, pessoas voltam à barbárie rapidinho. O que faz a diferença entre um favelado e alguém que mora num bairro nobre é a estrutura social em que está alicerçado. :emoticon1:
Imagem

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Najma »

Um rico que rouba numa boutique é cleptomaníaco ou sofre de algum transtorno. Um pobre que rouba é ladrão. Um ser de colarinho branco que destrói o patrimônio da sociedade pelo usufruto do dinheiro público é corrupto. Um pobre que depreda o patrimônio é um marginal desajustado.

Um assassino serial que sente prazer em ver o sangue escorrendo de suas vítimas é preso ou morto e invariavelmente é tido como um perigo a ser evitado. Um cirurgião que se realiza ao ver o mesmo sangue escorrendo enquanto salva vidas é aclamado. Mas a mesma frieza de encarar vísceras e sentir algum prazer nisso, é o que move ambos. :emoticon1:
Imagem

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re.: Pré-conceitos

Mensagem por Najma »

Tive um amigo que dizia que a diferença entre um viciado em maconha rico e um viciado pobre é a "viagem". Ambos estão fugindo da realidade mas enquanto um busca inspiração no efeito psicotrópico, outro apenas quer enxergar as coisas de um modo diferente. E, não adianta: se ambos forem burros sem bagagem cultural, a viagem vai ser burra... :emoticon1:
Imagem

Avatar do usuário
Bellé
Mensagens: 542
Registrado em: 18 Mai 2007, 10:15
Gênero: Masculino
Localização: Frederico Westphalen - RS

Mensagem por Bellé »

Lembram dessa obra...

Marcola e Jabor!!!

Estamos todos no inferno. Não há solução; pois, não conhecemos nem o problema.

- Você é do PCC?

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... Vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução é que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez: alocou uma verba para nós? E nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...

- Mas... A solução seria...

- Solução? Não há mais solução, cara... A própria idéia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios...). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psico-social profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível.Não há solução.

- Você não tem medo de morrer?

- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado n’uma vala... Vocês, intelectuais, não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas, meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse País. Não há mais proletários ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

- O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$ 40 milhões, como o Beira-Mar, não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

- Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... P’ra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioativa?

- Mas... não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... Na boa... Na moral... Estamos todos no centro do insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... Não tem saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabe por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogna speranza voi che entrate!" Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.


Quanta bobagem!!! :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
O poder é parte da fraqueza de um homem sem deus...

Bellé

Trancado