André escreveu:Apo escreveu:André escreveu:Apo escreveu:Lúcifer escreveu:Apo, temos que dar um pequeno desconto para o André que, por sua idade, ele nunca vivenciou uma ditadura. Claro que o que ele disse no primeiro post tem até a sua razão, mas somente quem vivenciou uma experiencia ditatorial é que sabe o que se sofre.
Eu sei....mas sabe...quando uso este tipo de argumento, os mais jovens se inflam...acham que é pretensão e prepotência de gente velha...o que é uma pena...mas fazemos o quê?
Eles têm umas teorias tiradas de livros, são idealistas e sonham com algo irreal. Mas nem todos são assim. Alguns sacam a coisa no ar.
"Sentir" cheiro de ditadura e de liberdade real, só mesmo vivenciando na pele.
"Alguns sacam a coisa no ar."
{Lógica da Apo on}
Quem discorda de mim é sonhador, ingênuo e bobo.
Quem concorda é realista, esperto e saca das coisas.
{Lógica da Apo off}
Olha a dicotomia. É maniqueísmo puro.
Eu não gosto de ficar estereotipando, ou reduzindo as pessoas, é um discurso autoritário, bem antidemocrático. Percebam "Eles" são isso e isso. Já quem Sentiu, e quem saca...
Invés de debater a questão passa a se debater as pessoas. Suas características, potencias.... é a personalização do debate. Típico de debate político nos quais os políticos citam como são melhores que os outros, pessoalmente, invés de debater as questões, expor seus projetos. A qualidade do debate personalizado é extremamente baixa, e de praticamente nenhuma utilidade.
P.S. O Abmael merece elogios. O caráter de pesquisa vai mostrando, pelo menos até agora, que para a maioria, por aqui, os fins justificam os meios. Que democracia para esses é quando funciona ao seu favor, quando não funciona não pode ser democracia.
Para mim os fins não justificam os meios. Apenas meios democráticos, éticos, honrados, podem gerar fins igualmente de valor. Que não é pq eu discordo que vou querer impor minha visão, e respeito a decisão democrática de outros povos. Que apenas quando o governo cerceia e impede oposição, a persegue, e limita as liberdades, é que a luta direta contra tal regime para derrubá-lo é admissível, fazendo logo depois eleições direitas, pois o interresse é restaurar liberdades políticas, e um regime democrático. Se possível evitando derramamento de sangue.
Mas estou na minoria.
A brincadeirinha da primeira parte do post nem merece comentários. É típica de quem discorda e ponto. EU JAMAIS DIRIA UMA ASNEIRA DESTAS ME BASEANDO APENAS NO QUE EU PENSO OU VIVI. Que coisa mais infantil, André!. Quando vocês aqui dizem estas coisas a respeito do que seria a MINHA lógica, fico decepcionada com o que vocês me imputam. É lamentável.
Não fui apenas a viver a isto e pensar assim. Não me tomem por uma criança de 5 anos.
Eu apenas respondi ao Lucifer sobre a questão de vivenciar 25 anos de uma coisa que vocês, mais jovens nem sonham o que seja, apenas imaginam e a visão de vocês é totalmente difusa da realidade ( aqui no Brasil agora, porque com 12 anos eu já entendia muito bem o que era viver uma ditadura sem precisar ler livrinho algum).
Apo foi uma reação. Ser chamado de ingênuo, de que não saca das coisas, enche o saco. Fora que é um desvio do debate.
Andrezinho....tu não tens mais idade para não entender uma coisa básica: quem viveu, sabe mais do quem leu. É ingenuidade mesmo e um pouco de teimosia não ouvir as pessoas que viveram algo darem um parecer que transcende em muito a versão oficial da história ( ou pior, a versãozinha filosofada das teorias, pois são simplificadas demais perto do pega prá capar).
Se o Zencem, que tem 67 anos, vier me contar algo que aconteceu na década de 50 ( quando eu não era nada, nem anjinho ainda), eu vou ter que, inevitavelmente colocar os meus anos de estudo acadêmico de lado e ouví-lo com muita atenção. É bem provável que ele tenha mais para me mostrar do que os livros dizem ou querem dizer.E de forma alguma, isto será sair do debate, antes será um agregar valioso ao material que eu até então, dispunha. Pego o que ele me narra, descreve, retrata, exemplifica com fatos reais, contidos num contexto determinado no tempo e lugar ( portanto, SÃO HISTÓRIA), e paro para questionar as coisas. Juntar as coisas é muito saudável, e demonstra que estudar não é um ato solitário, onde se encerra uma visão sobre um assunto pelo que lemos ou em cima de uma ideologia particularmente moldada apenas num sentido. Durante a vida, vamos mudando e afinando a sintonia sobre o que parece ser e sobre o que é. Nunca temos total certeza. Mas tem coisas que precisamos aceitar e uma delas é aquilo que aqueles que viveram alguma coisa, tem para nos trazer ( mesmo que seja um pouco de visão particular, ela é rica de dados que passam ao largo da história oficial, que é apenas documentada de forma a interessar a quem escreve, ainda mais em períodos de pouca liberdade).
Agora, faça um exercício simples:
Seu filho no futuro, quando estudar nos livros governo Collor ou Sarney, vai saber mais do que você, que viveu os dois governos no seu dia a dia? Já pensou nas discussões que podem advir quando vocês defrontarem o assunto em algum papo durante um dever de casa ou se ele quiser emitir alguma opinião baseada no que está lendo e aprendendo na escola?
Não é questão de ser chato ser chamado de ingênuo André...eu tenho certamente uma dose enorme de ignorância se for sentar para debater segunda guerra mundial com alguém que lutou no front ou que viveu aqueles anos. E não tem outro jeito: preciso me dobrar à esta realidade. Por que não?
Lembro de ter estudado Batalha de Suez. Depois fui trabalhar no Ministério do Exército e lá conheci gente que esteve nas linhas de combate em Suez. Fiquei quieta ouvindo o que eles tinham a contar. Quem era eu para achar que sabia da história mais do que eles? Depois fiz perguntas e debati, mas jamais subestimei o que eles viveram.
Assim como conheço refugiados das FARC que freqüentam a minha casa. Eles são minhas fontes, e não apenas livros.
Conheci fugitivos vindos de Angola, que eram meus vizinhos. Ouvi muito mais deles do que tudo que está nos livros.
Convivi com um guerrilheiro nicaraguense e a família dele que vivia aqui. Ele veio 2 vezes ao Brasil e falei com ele pessoalmente 6 vezes. O cara voltou para lá e anos depois mandaram os pertences dele dentro de uma caixa pelo correio, pois o corpo foi achado esquartejado num saco de plástico.
A esposa me mostrava as cartas dele.
Os livros são bons, mas são apenas uma parte amorfa da história.