Apologia ao Ateísmo
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Apologia ao Ateísmo
Jornal de Piracicaba, 30 de Outubro de 2007
Apologia do ateísmo
Daniel A. B. Modolo
O ateísmo é algo presente na sociedade e indica uma posição filosófica racional e cética perante o mundo, dotado de uma visão racionalista e completamente desvinculada de misticismos desnecessários -- e em "misticismo" inclui-se também a supervalorizada religião ocidental, o cristianismo. A crença no divino -- ou no sobrenatural de maneira geral -- é onipresente (com o perdão do trocadilho) em nossa sociedade. Para todos os cantos a serem olhados, há alguém pregando sua própria forma fantástica de criação do universo e sobre como não somos frutos de nucleotídeos autoreplicantes oriundos de uma sopa primitiva, e sim produtos de uma criação planejada por um ser supremo. Os ateus, em diametral oposição a essas pessoas, preferem ater-se ao demonstrável e observável; à ciência da realidade objetiva que explica fenômenos através de leis que podem ser aplicadas em todo e qualquer caso.
Ainda é presente na sociedade o pensamento que a descrença no sobrenatural advém da revolta interior com seu deus pessoal. Tal asserção não poderia ser mais falsa. Na verdade, a consciência atéia é proveniente da análise racional da conjuntura em que se está inserido e do questionamento mais básico -- o "por quê?" -- tal fazem as crianças com sete anos de idade. O naturalista, ou ateu, é o eterno cientista pueril: aquele que não se contenta em acreditar que as crianças nascem de uma sementinha que o papai planta na barriga da mamãe e, na verdade, querem entender o encontro dos gametas na tuba uterina e a fusão do núcleo deles, com a reunião dos cromossomos homólogos.
Muitos clamarão que a idéia de um deus é necessária para explicar o universo, e que o ateísmo não conseguiria, pela ciência, explicar a origem do universo, por exemplo, já que nem ao menos a origem da vida a tese darwinista a explica com objetividade. O fato é que o ateísmo não tem a pretensão de explicar o mundo de uma vez por todas, mas justamente o contrário: pretende explicá-lo passo a passo, com evidências mutuamente suportáveis e definitivamente não embasadas em opiniões, pessoas ou hipóteses que não resistem ao teste. O ateísmo consiste em uma visão desmistificada do mundo e possui, por princípio básico, a aceitação somente daquilo que possa ser comprovado. Ponto final.
Alguém poderia dizer: "Ora, mas ateus não podem provar a inexistência de Deus!". É claro que não podemos! Afinal, nem faz muito sentido dizer "provar a inexistência" . O ônus da prova cabe ao afirmante e, como há pessoas que afirmam que há um deus, a prova cabe a elas. Se isso ainda é insuficiente, analogamente peço para que qualquer teísta me "prove a inexistência" de trolls que vivem no subterrâneo de Manhattan. Eles existem, eu já vi, e tenho cinco amigos que confirmam sua existência. O que minha crença possui para ser menos válida que a dos teístas? Por favor, rogo que não caiam em um argumentum "ad populum"...
Por fim, resta dizer qual a intenção que há em se escrever um texto deste estilo. Minha intenção não é convencer as pessoas de que o ateísmo é o melhor caminho a se seguir -- isso seria até idiotice, dado que o ateísmo é uma convicção pessoal e advinda do questionamento interno --, mas sim expor aos teístas que nós não somos demônios bíblicos de rabo e chifre, nem mesmo revoltados com a vida. Somos, sim, pessoas que se preocupam em ter o mínimo discernimento sobre o mundo em que vivemos sem ter de apelar para aquilo que (supostamente) não pode ser compreendido pelas nossas mentes. Se há alguma intenção de conversão, ela é fazer com que aqueles que têm essa tendência naturalista de pensamento tenham a coragem de se assumir descrentes perante essa sociedade hipócrita e intolerante, que se traveste de moralista. Não é vergonha alguma admitir-se errado -- e assim o farei tão logo haja evidência para a existência de um deus --, muito menos de professar sua descrença.
Ponho-me à disposição para eventuais respostas que surgirão a esse artigo, afinal, ao contrário do que se professa, política, futebol e religião são discutíveis sim.
Daniel A. B. Modolo é estudante
http://www.jornaldepiracicaba.com.br
Apologia do ateísmo
Daniel A. B. Modolo
O ateísmo é algo presente na sociedade e indica uma posição filosófica racional e cética perante o mundo, dotado de uma visão racionalista e completamente desvinculada de misticismos desnecessários -- e em "misticismo" inclui-se também a supervalorizada religião ocidental, o cristianismo. A crença no divino -- ou no sobrenatural de maneira geral -- é onipresente (com o perdão do trocadilho) em nossa sociedade. Para todos os cantos a serem olhados, há alguém pregando sua própria forma fantástica de criação do universo e sobre como não somos frutos de nucleotídeos autoreplicantes oriundos de uma sopa primitiva, e sim produtos de uma criação planejada por um ser supremo. Os ateus, em diametral oposição a essas pessoas, preferem ater-se ao demonstrável e observável; à ciência da realidade objetiva que explica fenômenos através de leis que podem ser aplicadas em todo e qualquer caso.
Ainda é presente na sociedade o pensamento que a descrença no sobrenatural advém da revolta interior com seu deus pessoal. Tal asserção não poderia ser mais falsa. Na verdade, a consciência atéia é proveniente da análise racional da conjuntura em que se está inserido e do questionamento mais básico -- o "por quê?" -- tal fazem as crianças com sete anos de idade. O naturalista, ou ateu, é o eterno cientista pueril: aquele que não se contenta em acreditar que as crianças nascem de uma sementinha que o papai planta na barriga da mamãe e, na verdade, querem entender o encontro dos gametas na tuba uterina e a fusão do núcleo deles, com a reunião dos cromossomos homólogos.
Muitos clamarão que a idéia de um deus é necessária para explicar o universo, e que o ateísmo não conseguiria, pela ciência, explicar a origem do universo, por exemplo, já que nem ao menos a origem da vida a tese darwinista a explica com objetividade. O fato é que o ateísmo não tem a pretensão de explicar o mundo de uma vez por todas, mas justamente o contrário: pretende explicá-lo passo a passo, com evidências mutuamente suportáveis e definitivamente não embasadas em opiniões, pessoas ou hipóteses que não resistem ao teste. O ateísmo consiste em uma visão desmistificada do mundo e possui, por princípio básico, a aceitação somente daquilo que possa ser comprovado. Ponto final.
Alguém poderia dizer: "Ora, mas ateus não podem provar a inexistência de Deus!". É claro que não podemos! Afinal, nem faz muito sentido dizer "provar a inexistência" . O ônus da prova cabe ao afirmante e, como há pessoas que afirmam que há um deus, a prova cabe a elas. Se isso ainda é insuficiente, analogamente peço para que qualquer teísta me "prove a inexistência" de trolls que vivem no subterrâneo de Manhattan. Eles existem, eu já vi, e tenho cinco amigos que confirmam sua existência. O que minha crença possui para ser menos válida que a dos teístas? Por favor, rogo que não caiam em um argumentum "ad populum"...
Por fim, resta dizer qual a intenção que há em se escrever um texto deste estilo. Minha intenção não é convencer as pessoas de que o ateísmo é o melhor caminho a se seguir -- isso seria até idiotice, dado que o ateísmo é uma convicção pessoal e advinda do questionamento interno --, mas sim expor aos teístas que nós não somos demônios bíblicos de rabo e chifre, nem mesmo revoltados com a vida. Somos, sim, pessoas que se preocupam em ter o mínimo discernimento sobre o mundo em que vivemos sem ter de apelar para aquilo que (supostamente) não pode ser compreendido pelas nossas mentes. Se há alguma intenção de conversão, ela é fazer com que aqueles que têm essa tendência naturalista de pensamento tenham a coragem de se assumir descrentes perante essa sociedade hipócrita e intolerante, que se traveste de moralista. Não é vergonha alguma admitir-se errado -- e assim o farei tão logo haja evidência para a existência de um deus --, muito menos de professar sua descrença.
Ponho-me à disposição para eventuais respostas que surgirão a esse artigo, afinal, ao contrário do que se professa, política, futebol e religião são discutíveis sim.
Daniel A. B. Modolo é estudante
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Livre pensar é só pensar!
- Fernando Silva
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Re.: Apologia ao Ateísmo
O óbvio, que já conhecemos, mas que é sempre bom repetir.
E é interessante que artigos e livros sobre o ateísmo estejam cada vez mais aparecendo na mídia.
Arranjou sarna para se coçar
E é interessante que artigos e livros sobre o ateísmo estejam cada vez mais aparecendo na mídia.
Ponho-me à disposição para eventuais respostas que surgirão a esse artigo, afinal, ao contrário do que se professa, política, futebol e religião são discutíveis sim.
Arranjou sarna para se coçar

- Jeanioz
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Re.: Apologia ao Ateísmo
Estou me segurando para não lançar uma paranóia religiosa aqui... 

"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte
"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte
"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte
Re.: Apologia ao Ateísmo
Sinceramente, vai ser muito difícil o discurso ateu ser levado a sério enquanto se repetir estes argumentos compostos de frases feitas que qualquer um minimamente informado sobre o tema pode refutar.
Resumindo, levanta-se de novo a ladainha de que ateus são racionais e religiosos não, uma bobagem reducionista criada por dois estereótipos – os fundamentalistas cristãos que tentam provar assuntos de Fé com linguagem científica e os ateus cientificistas militantes, que tentam negar assuntos de Fé com o método científico.
Estes dois grupos sequer são representativos do universo em que estão incluídos, uma vez que a maioria dos ateus não é militante, não é cientificista e desenvolveu seu ateísmo por conta de sua própria história pessoal de vida.
Só que estes ateus não aparecem, enquanto a militância é ruidosa, como em qualquer grupo.
Fundamentalistas cristãos, principalmente os auto-denominados criacionistas científicos são a ralé do pensamento religioso, sendo que tomá-los por adversários intelectuais e proclamar vitória contra a religião ao vencê-los é contar vantagem por bater em bêbado.
O pensamento cristão foi moldado por pelo menos mil anos de discussões filosóficas, das quais participaram alguns dos maiores gênios da humanidade, inclusive cientistas, matemáticos e literatos que eram também teólogos.
Isto não quer dizer que estejam certos, claro, nem que se sejam irrefutáveis, óbvio, mas reduzi-los a um grupo de patetas que não saberiam enxergar um círculo na ponta de um cilindro é apenas uma forma de autopromover-se à altura de sentinela intelectual da humanidade, coisa que só corrobora o estereótipo de arrogante que alguns insistem de apontar a todos os ateus.
Resumindo, levanta-se de novo a ladainha de que ateus são racionais e religiosos não, uma bobagem reducionista criada por dois estereótipos – os fundamentalistas cristãos que tentam provar assuntos de Fé com linguagem científica e os ateus cientificistas militantes, que tentam negar assuntos de Fé com o método científico.
Estes dois grupos sequer são representativos do universo em que estão incluídos, uma vez que a maioria dos ateus não é militante, não é cientificista e desenvolveu seu ateísmo por conta de sua própria história pessoal de vida.
Só que estes ateus não aparecem, enquanto a militância é ruidosa, como em qualquer grupo.
Fundamentalistas cristãos, principalmente os auto-denominados criacionistas científicos são a ralé do pensamento religioso, sendo que tomá-los por adversários intelectuais e proclamar vitória contra a religião ao vencê-los é contar vantagem por bater em bêbado.
O pensamento cristão foi moldado por pelo menos mil anos de discussões filosóficas, das quais participaram alguns dos maiores gênios da humanidade, inclusive cientistas, matemáticos e literatos que eram também teólogos.
Isto não quer dizer que estejam certos, claro, nem que se sejam irrefutáveis, óbvio, mas reduzi-los a um grupo de patetas que não saberiam enxergar um círculo na ponta de um cilindro é apenas uma forma de autopromover-se à altura de sentinela intelectual da humanidade, coisa que só corrobora o estereótipo de arrogante que alguns insistem de apontar a todos os ateus.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Re: Re.: Apologia ao Ateísmo
Acauan escreveu:Sinceramente, vai ser muito difícil o discurso ateu ser levado a sério enquanto se repetir estes argumentos compostos de frases feitas que qualquer um minimamente informado sobre o tema pode refutar.
Resumindo, levanta-se de novo a ladainha de que ateus são racionais e religiosos não, uma bobagem reducionista criada por dois estereótipos – os fundamentalistas cristãos que tentam provar assuntos de Fé com linguagem científica e os ateus cientificistas militantes, que tentam negar assuntos de Fé com o método científico.
Estes dois grupos sequer são representativos do universo em que estão incluídos, uma vez que a maioria dos ateus não é militante, não é cientificista e desenvolveu seu ateísmo por conta de sua própria história pessoal de vida.
Só que estes ateus não aparecem, enquanto a militância é ruidosa, como em qualquer grupo.
Fundamentalistas cristãos, principalmente os auto-denominados criacionistas científicos são a ralé do pensamento religioso, sendo que tomá-los por adversários intelectuais e proclamar vitória contra a religião ao vencê-los é contar vantagem por bater em bêbado.
O pensamento cristão foi moldado por pelo menos mil anos de discussões filosóficas, das quais participaram alguns dos maiores gênios da humanidade, inclusive cientistas, matemáticos e literatos que eram também teólogos.
Isto não quer dizer que estejam certos, claro, nem que se sejam irrefutáveis, óbvio, mas reduzi-los a um grupo de patetas que não saberiam enxergar um círculo na ponta de um cilindro é apenas uma forma de autopromover-se à altura de sentinela intelectual da humanidade, coisa que só corrobora o estereótipo de arrogante que alguns insistem de apontar a todos os ateus.
Eureka!
É isto que tenho tentado dizer, mas de forma muito mais eloquente

- Jeanioz
- Mensagens: 5473
- Registrado em: 27 Set 2006, 16:13
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- Localização: Curitiba - Paraná
Re: Re.: Apologia ao Ateísmo
Pug! escreveu:Eureka!
É isto que tenho tentado dizer, mas de forma muito mais eloquente
Pug, seu jeito "eloquente" de falar as coisas não é tão eloquente assim...

Ás vezes parece que você fala por metáforas para fazer igual Jesus e dividir todos nós em religiões diferentes que te interpretam de maneiras diferentes.

"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte
"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte
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"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
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