Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

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O ENCOSTO
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Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por O ENCOSTO »

Conhecido por não poupar nem mesmo Madre Teresa de Calcutá, o jornalista e crítico literário Christopher Hitchens agora mira em Deus. É dele um dos lançamentos de 2007 que têm como tema o ateísmo, integrando uma onda de intelectuais combatentes da fé atuando em pleno apogeu dos conflitos religiosos. Hitchens estará em Porto Alegre na terça-feira para participar do seminário Fronteiras do Pensamento. Os ingressos estão esgotados, mas ele autografa na mesma terça, às 21h, no hall do Salão de Atos da UFRGS.

O jornalista, ensaísta e crítico literário britânico Christopher Hitchens está na lista negra criada pelo esquerdismo mundial para enquadrar todos aqueles que se negam a comprar o seu pacote ideológico completo, aquele que inclui ficar sempre do lado da Palestina, contra os EUA e a favor do aborto - para citar apenas algumas questões que integram o kit.

Aos integrantes desta lista negra, os que tentam negociar o pacote a la carte, discutindo ponto a ponto, cola-se o rótulo de conservador - ou neoconservador, termo bastante utilizado depois do 11 de setembro. Hitchens não só nega o rótulo como redigiu um manual para aqueles que pretendem fugir da patrulha esquerdista. Em Cartas a um Jovem Contestador (Cia das Letras, 2006), o jornalista explica, em forma de cartas escritas a um aluno imaginário, como se tornar um pensador livre ao ponto de ficar à vontade para criticar figuras aparentemente intocáveis - como Madre Teresa de Calcutá - e apoiar, de forma cartesiana, determinadas ações de verdadeiras "encarnações do mal", como George W. Bush.

Hitchens é um animal argumentativo, embora isso fique mais explícito em seus artigos do que em entrevistas, fazendo com que questões consideradas indiscutíveis - como a condenação à invasão do Iraque - voltem à pauta, inclusive à luz de uma ética humanitária.

Em seu racionalismo radical, o jornalista bate de frente com questões caras - e, freqüentemente, carregadas de demagogia - à esquerda, como o relativismo cultural. O autor é implacável com os métodos islâmicos, sejam eles justificados ou não pela religião ou pela cultura, já tendo usado o termo "fascismo islâmico" para criticar as ameaças do mundo oriental aos editores europeus que publicaram cartuns de Maomé, por exemplo. Em 1989, quando um fatwah teocrático ameaçou de morte o escritor Salman Rushdie, Hitchens denunciou a indiferença e as hesitações ocorridas entre os intelectuais para negar apoio ao colega. Tais tergiversações, para Hitchens, encarnavam a tendência da boa parte dos pensadores para justificar qualquer ato islâmico - inclusive o 11 de setembro.

Agora, com seu novo livro, Deus não é Grande - Como a Religião Envenena Tudo (Ediouro, 286 páginas, R$ 44,90), o jornalista confirma sua postura de livre pensador ao compartilhar uma bandeira típica da esquerda: a ojeriza por religiões.

Em entrevista ao Cultura por telefone, direto de Washington, onde reside, Hitchens optou por responder tudo de forma clara e direta. As religiões são ruins porque elas mentem. Simples assim.

Cultura - Deus não é Grande acaba de ser lançado no Brasil. Em que este se difere de outros livros sobre ateísmo que estão chegando ao mercado?

Christopher Hitchens - A diferença é que eu não sou um cientista. E eu acredito que o argumento contra a religião foi feito antes de Darwin e antes de Einstein. Sou um crítico literário e um correspondente estrangeiro. Em meus livros, eu argumento baseando-me em exemplos que eu vi viajando pelo mundo, exemplos dos perigos da religião.

Cultura - Richard Dawkins, no seu livro Deus, Um Delírio, diz que pretende converter as pessoas ao ateísmo. Ele não corre o risco de incorrer no mesmo erro das religiões ao tentar isso?

Hitchens - Eu não estou tentado converter pessoas. Não...

Cultura - O senhor concorda com aqueles que dizem que a religião foi a responsável por importantes princípios morais para a construção da civilização?

Hitchens - Não, isto está errado. Religião não é a fonte da moralidade, a moralidade vem da solidariedade humana, e ela surge em todas as sociedades, desde os tempos antigos. Religião, pelo contrário, prega a imoralidade. Ela conta mentiras para as crianças sobre céu e inferno, ela cria contos de fada aos adultos. Mente sobre a morte concreta, que é algo inevitável e inescapável. Eles praticam mutilação genital e repressão sexual, que levam à perversão e à hipocrisia. Ou seja, é imoral, vai contra a solidariedade humana e, é claro, é responsável pela subordinação das mulheres.

Cultura - A religião pode ser substituída pelo quê na vida das pessoas?

Hitchens - Não há um substituto, porque não queremos repetir o erro. Deixar de se impressionar pelas mentiras e imoralidades da religião é algo que não requer substituto. Se você consegue se emancipar da noção de imoralidade da religião, você não precisa de nenhum substituto. A emancipação é uma coisa boa por si só.

Cultura - Como você imagina politicamente um mundo em que ninguém acredita em Deus?

Hitchens - Eu não consigo imaginar, porque não há o perigo de isso acontecer. A espécie humana é programada de certa maneira para ser religiosa porque é uma espécie muito egocêntrica. É facilmente persuadida de que é o objetivo de algum plano divino. Em segundo, é uma espécie muito medrosa, e tem particular medo da morte.

Cultura - O mundo oriental depende mais da religião do que o ocidental?

Hitchens - Não. Acho que o problema é o mesmo para todos. O budismo não é exatamente uma religião, mas uma prática espiritual. É difícil medir.

Cultura - Há o mito de que, em países corruptos e pobres como o Brasil, as igrejas neopentecostais poderiam prestar um serviço às camadas mais pobres, até mesmo facilitando a ascensão social. A religião pode ser útil dependendo do contexto de uma sociedade?

Hitchens - Ninguém é tão pobre que precise aprender moralidade com os pentecostais.

Cultura - A religião não pode ter nenhuma utilidade?

Hitchens - Não é útil ser enganado. Não é útil que te digam para acreditar em coisas. É o mesmo problema em todos os lugares, sem diferença. As escolhas entre razão e fé estão em todas as sociedades e entre todos os indivíduos. Eles precisam decidir por si mesmos por que estão aqui. Por causa da biologia ou por causa do divino. Mas a questão é a mesma em Porto Alegre ou na Islândia.

Cultura - O senhor costuma criticar intelectuais de esquerda, como Noam Chomsky. O senhor é um conservador, como dizem, ou apenas um contestador?

Hitchens - Eu não sou um conservador. Não sou membro de nenhum partido ou movimento.

Cultura - Era mais difícil ser um pensador livre durante a Guerra Fria ou neste período de conflito contra o terrorismo?

Hitchens - Na Guerra Fria era muito mais difícil para muita gente. Não apenas por causa dos perigos físicos em alguns países, mas por causa da divisão do mundo entre dois blocos entre os quais você tinha que escolher uma. Isso teve um efeito muito nocivo para a atividade mental.

Cultura - Não é contraditório que você apoie fortemente as ações de um governo tão identificado com a religião, como o de George W. Bush?

Hitchens - Não. O ato de libertação do Iraque, que passou pelo congresso e determinou que esta deveria seria a política dos Estados Unidos, remover o regime de Saddam Russein, foi aprovado em 1998 com nenhum voto contra, sob a administração Bill Clinton e Al Gore. Foi um consenso nacional, de que era preciso derrubar Saddam e seu governo.
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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por O ENCOSTO »

Das fogueiras cristãs aos aviões do WTCO púlpito de Christopher Hitchens no Brasil é um livro de capa amarelo-canário chamado Deus não é Grande - Como a Religião Envenena Tudo. A mesma obra, com outra capa e um título mais curto (God is not Great), vendeu mais de 300 mil exemplares nos Estados Unidos. Seu texto é um dos mais inflamados e articulados entre a recente leva de polêmicos livros que tratam de religião e celebram o encontro dos novos ateus. Hitchens é irônico, um pouco sarcástico e calça os ícones religiosos orientais e ocidentais com uma bazuca. Explode todos sem dó nem fé, usando a História como sua mira laser.

No Brasil, país absolutamente católico com seu Deus definido, santos e santas protetoras, céu e inferno e representantes oficiais na Terra com batina ou sem, o livro já escala com fôlego e músculo a lista dos mais vendidos. Gera provocações, desconfiança, discussões, palavrões e uma certeza: o jornalista, professor e escritor inglês, e polemista antes de tudo, não fala apenas com a sua classe.

Não o deixaram falando sozinho depois das aulas ou escrevendo colunas em jornais de leitores passageiros. Multidões querem ouvir, ler, entender, discutir, saber das suas pregações. Seu ateísmo é best-seller. Sua voz interfere no debate público. Sua pregação começa a ganhar eco e textos de outros escritores atentos.

Hitchens é um dos sem-Deus, os que acreditam mais no homem e nas ações terrenas, nos éticos e nos retos. Os que imaginam que vale mais estender a mão ao necessitado do que rezar um fervoroso Pai-Nosso de joelhos. O autor europeu é do grupo dos desconfiados, dos céticos, dos que nunca visualizaram a sempre prometida chave religiosa que abre a portinhola do outro (novo) mundo.

São os que definitivamente acreditam que a verdadeira preocupação da humanidade deve ser o homem. Nada mais. Os que imaginam ainda que Shakespeare, Dostoievsky e Tolstoi representam melhor os dilemas morais e éticos do que qualquer escritura que se defina como "sagrada" - as aspas são do autor.

Em Deus não é Grande - Como a Religião Envenena Tudo o britânico locomove-se com segurança e inteligência por séculos de história e questiona duramente o nascimento e o desenvolvimento das religiões - todas as que importam ao homem do começo do século 21. Pergunta (e não encontra respostas): por que os milagres, as aparições, as anunciações se dão sempre em lugares ermos, nos desertos do Oriente Médio, normalmente envolvendo gente iletrada, atrasada, desconectada com a realidade? Por que os livros sagrados têm tantas versões? Por que alguns são colagens de outros? Por que no manto das religiões sempre pingam gotas de sangue de inocentes em distintas épocas da humanidade?

Das fogueiras cristãs que queimavam mulheres na Idade Média, dos mórmons que não consideravam negros gente até a metade do século passado, dos fanáticos extremistas islâmicos que jogaram dois aviões no WTC com o rótulo de Alá, dos religiosos que negam preservativos aos ignorantes da África, de homens, proclamados homens de Deus, que fizeram alianças com os mais variados monstros da vida humana, tendo Hitler como um exemplo recente, de pouco mais de meio século.

Formado em filosofia, política e economia, Christopher Hitchens faz perguntas, mas não acha na religião luz capaz de iluminar questões decisivas da existência humana. Ele procura, porém, não consegue ver, encontrar, acreditar num ser supremo, muito menos nos seus arautos. As religiões com as suas profusões de deuses, símbolos e promessas, lutas entre irmãos do mesmo credo, guerras em nome de Deus, seja ele qual for, não oferecem pistas seguras às filas das nossas interrogações existenciais.

Se oferecessem, por que Jesus curaria o cego e não a cegueira? "Deus não criou o homem à sua imagem. Evidentemente foi o contrário...", responde Hitchens.

Hitchens está ao lado da ciência e não vacila. Quanto mais a ciência avança, mais o homem é amparado na sua evolução e se conhece e se descobre. Sabe de onde veio e aplaca a nossa ignorância. A religião, que surgiu primeiro que a ciência, ainda ergue muros de aço e tenta desacelerar os avanços do conhecimento. Hitchens tem certeza de que a religião é invenção do homem e há uma infantaria de outras teses que dizem o contrário. Em certo momento, ele até se socorre em Sigmund Freud, dizendo que "a religião sofria de uma deficiência incurável: era excessivamente fruto do nosso próprio desejo de fugir da ou sobreviver à morte".

Ateu, Christopher Hitchens procura respostas. Tanto quanto os que olham para os céus em busca de algo.
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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por O ENCOSTO »

Podemos acrescentar mais outra questão às dúvidas do Sócrates condenado à morte, cogitadas por Nietzsche: "Será que a religião é também um correlato e suplemento necessário da ciência?". Afinal, nos tempos clássicos da filosofia alemã, arte, religião e filosofia (ou ciência) pertenciam juntas ao espírito absoluto. Cada uma, em sua linguagem, falava dos mesmos temas, os mais nobres interesses do ser humano (Hegel): de onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da vida, quais os valores que merecem ser defendidos, como não desperdiçar nossa vida no tempo que nos é concedido, como nos devemos portar frente aos outros, enfim: há algum modelo na história, decisivo, que deva ser imitado? Ou: como viver as grandes paixões, como explicar o sofrimento, como enfrentar a angústia, o que fazer da liberdade, se é que ela é possível?

Se o poeta Heine, nos tempos do jovem Marx, fazia suas sátiras sobre o velho Deus, e Lessing contava sua parábola sobre as três religiões e a dificuldade de decidir qual delas seria a verdadeira, o século 19 terminou com um veredicto tão simples quanto prenhe de conseqüências: Deus está morto. Nietzsche não queria sua morte, apenas atestou o óbito. Deus não contava mais, não mudava mais nada nos destinos do planeta, nem em assuntos de ciência, nem de moral. O século 19 foi o tempo do ateísmo e da Aufklärung científica. Por que então, após cem anos, novos ateus vendem seus best-sellers na tentativa de tirar ateus da casinha e levá-los a reconhecer publicamente seu orgulho ateu?

A coluna da Folha de S. Paulo deste 27 de outubro justifica assim por que ler o livro de Sam Harris, Carta a uma Nação Cristã (um manifesto contra as religiões e uma defesa do ateísmo e do racionalismo): "O best-seller é lançado com a chancela de outro polêmico crítico da fé, o biólogo evolucionista Richard Dawkins (autor de Deus, um Delírio), que assina o prefácio". E na internet podemos ler a sinopse do Tratado de Ateologia, de Michel Onfray: "Os três monoteísmos, animados por uma mesma pulsão de morte genealógica, partilham uma série de desprezos idênticos: ódio à razão e à inteligência, ódio à liberdade; ódio a todos os livros em nome de um único; ódio à vida; ódio à sexualidade, às mulheres e ao prazer; ódio ao feminino; ódio ao corpo, aos desejos, às pulsões. Em vez e no lugar de tudo isso, judaísmo, cristianismo e islã defendem: a fé e a crença, a obediência e a submissão, o gosto pela morte e a paixão pelo além, o anjo assexuado e a castidade, a virgindade e a fidelidade monogâmica, a esposa e a mãe, a alma e o espírito. Equivale a dizer a vida crucificada e o nada celebrado..."

Adentramos o terceiro milênio discutindo as grandes religiões monoteístas. Mas parecia que Nietzsche já havia dito tudo o que era possível, contra o budismo, o judaísmo e o cristianismo. Contudo, nos dias de hoje há motivação extra: o fundamentalismo islâmico assume atos terroristas; Bush apela para Deus (e para a mentira deslavada) a fim de ocupar países que lhe são antipáticos (e que possuem petróleo); o fundamentalismo americano impõe o ensino do criacionismo nas escolas; a democracia francesa proíbe alunas de usar véu; judeus e árabes, filhos de Abraão, se odeiam e bombardeiam; bispos de denominações mais recentes parecem só pensar no dízimo e no lucro, enquanto os mais antigos silenciam sobre repetidos atos de pedofilia de um clero forçado ao celibato, e favorecem a hipocrisia católica institucionalizada, na moral sexual. O teólogo Hans Küng perguntou, na Unisinos: "De um milhão de jovens que vão a Roma aplaudir o Papa, quantos estão com preservativos no bolso?" (Acrescentemos: e quantos casos de gravidez não planejada brotam num megaevento desses?) As religiões hoje estão com muita energia, para o bem e para o mal.

O que isso tudo tem a ver com a fé, a esperança e o amor? Kierkegaard, no século 19, alertava para dois pontos: não se deve defender o cristianismo, muito menos barganhando, liquidando. Melhor defender os que não conseguem viver de acordo com uma religião tão sublime, que prega um amor tão difícil de praticar em nossa sociedade. Por isso mesmo, cuidado para não responder depressa a Onfray que não existe uma oposição entre a cruz e o mundo, entre a fé e a vida natural! O mundo não está assim tão bom e tão perfeito que devamos considerar assembléias, eleições e jornais como a última palavra da sabedoria. Em geral é apenas a melhor alternativa. E nos congressos científicos, não rola também muita vaidade, ambição e política? Ou isto só se dá entre os religiosos?

Algo assim é o que preocupa quem lê com atenção o citado livro de Dawkins. Ele parece crer piamente no racionalismo e na ciência, parece que para ele a existência não tem mistérios nem tragédias, nem problema algum que não se possa explicar com a seleção natural darwinista. Freud explica, Marx explica, Hegel explica... Isto cansa tanto quanto o idolatrar velhas doutrinas medievais. Hans Küng, em seu livro sobre ciências naturais e religião (O Princípio de Todas as Coisas, Vozes, 2007), fez um esforço nada trivial para estudar as ciências. Por que será que Dawkins acha que é possível (e racional) liquidar em poucas páginas toda a pesquisa histórica e exegética do Novo Testamento, e num só capítulo destruir o esforço secular da reflexão que buscava entender a fé? Se John P. Meyer, em seu Um Judeu Marginal, precisa de meia dúzia de volumes para estudar os detalhes do Jesus histórico, sem discutir o Cristo da fé, o biólogo Dawkins descarta fácil o Messias da Galiléia: porque as listas genealógicas dos evangelhos não coincidem! O que surpreende no Dawkins atual é seu otimismo, sua fé ingênua na explicação científica. Deus deixará de ser um delírio, analisado desta maneira?


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Fernando Silva
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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Fernando Silva »

Sobre o terceiro artigo acima, lembro as palavras de Dom Eusébio Scheid durante a missa de ontem:

"Eu perdi uma irmã muito cedo. Quando ela morreu, tive dificuldades em aceitar que Deus fosse bom. Como é que ele pode ser bom se roubou o que eu tinha de mais caro? Minha mãe, embora muito abatida, disse "Agora é que você tem que aceitar que Deus é bom". Ele faz coisas tão bem que não conseguimos entender. E isso me tocou tão forte que adotei o lema de que Deus é bom".

É a tática da avestruz (embora, na verdade, ela não faça isto): enterrar a cabeça na areia para não ver os fatos.

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Soviete Supremo
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Re: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Soviete Supremo »

O ENCOSTO escreveu:Cultura - Há o mito de que, em países corruptos e pobres como o Brasil, as igrejas neopentecostais poderiam prestar um serviço às camadas mais pobres, até mesmo facilitando a ascensão social. A religião pode ser útil dependendo do contexto de uma sociedade?

Hitchens - Ninguém é tão pobre que precise aprender moralidade com os pentecostais.


Que bordoada. :emoticon12:
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

O Capital – edição resumida - Karl Marx e Julian Borchardt - 7ª edição – pág.139

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Re: Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Jack Torrance »

Fernando Silva escreveu:Sobre o terceiro artigo acima, lembro as palavras de Dom Eusébio Scheid durante a missa de ontem:

"Eu perdi uma irmã muito cedo. Quando ela morreu, tive dificuldades em aceitar que Deus fosse bom. Como é que ele pode ser bom se roubou o que eu tinha de mais caro? Minha mãe, embora muito abatida, disse "Agora é que você tem que aceitar que Deus é bom". Ele faz coisas tão bem que não conseguimos entender. E isso me tocou tão forte que adotei o lema de que Deus é bom".

É a tática da avestruz (embora, na verdade, ela não faça isto): enterrar a cabeça na areia para não ver os fatos.


Sem contar que nada do que ele disse faz sentido.

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Soviete Supremo
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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Soviete Supremo »

Lendo todos os três artigos parece que o livro do Hitchens é, em qualidade literária, melhor que esse último do Dawkins (Deus - um delírio).
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Caro Colega »

"Hitchens é um dos que acreditam mais no homem e nas ações terrenas, nos éticos e nos retos. Quanto mais a ciência avança, mais o homem é amparado na sua evolução e se conhece e se descobre. Sabe de onde veio e aplaca a nossa ignorância."

Coitado desse infeliz!.. em que mundo ele vive? No planeta Terra??? Se sim, o cara vive dormindo o dia inteiro, todos os dias, 24 horas por dia. Se quer se levanta para olhar pela janela e ver a miséria humana e por onde ela caminha até o seu destino nefasto. Já li e já ouvi sobre esse Hitchens. É um perturbado, que realmente, a confusão das religiões o deixou assim.

Por fim, há uma frase que arremata o todo o texto: Ateu, Christopher Hitchens procura respostas. Tanto quanto os que olham para os céus em busca de algo.

Caro C :emoticon50: lega
"Agradeço a Deus por me emprestar diariamente o coração que pulsa, o oxigênio que respiro, o solo em que caminho e milhões de intens para que eu exista. Ele suportou meu cético ateísmo, me levou a encontrar a Sua assinatura atrás da cortina da existênica e me fez enxergar que Seu sonho de ver a espécie humana unida, fraterna e solidária é o maior de todos os sonhos." - (Augusto Cury)
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Darwin quer banana.. uh! hu!..

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Soviete Supremo
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Mensagem por Soviete Supremo »

Caro colega,

Não fale abobrinhas. O sujeito conhece o mundo inteiro; é correspondente internacional.

Christopher Hitchens - A diferença é que eu não sou um cientista. E eu acredito que o argumento contra a religião foi feito antes de Darwin e antes de Einstein. Sou um crítico literário e um correspondente estrangeiro. Em meus livros, eu argumento baseando-me em exemplos que eu vi viajando pelo mundo, exemplos dos perigos da religião.
Editado pela última vez por Soviete Supremo em 04 Nov 2007, 08:46, em um total de 1 vez.
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

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Re: Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Fernando Silva »

Caro Colega escreveu:É um perturbado, que realmente, a confusão das religiões o deixou assim.

Já ouvi esse "argumento" de uma crente: "De tanto você estudar as religiões, misturou tudo na cabeça e ficou confuso. Eu fico só com a Bíblia e não me confundo".

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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Soviete Supremo »

São os crentes tentando justificar sua limitação. :emoticon3:
“A classe capitalista fornece continuamente à classe operária letras de câmbio por uma parte do produto fornecida pela segunda, mas encampada pela primeira. Mas o operário continua a devolvê-la à classe capitalista, retirando a parte que lhe toca por seu próprio produto. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam essas relações.”

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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Soviete Supremo »

Comprei o livro "deus não é grande". Até onde li não é um livro de pregação da ciência em favor do ateismo. Chamaria-o de crítica humanista. Os temas são mais voltados para a política e são feitas mais citações a obras literárias/filosóficas/históricas do que a estudos científicos. Também é muito abrangente; fala do islã, do judaísmo, hinduísmo entre outros. Muito diferente do Dawkins que mira direito no protestantismo norte-americano.

Vou reproduzir um trecho:

"Comer carne de porco era considerado algo especial, até mesmo privilegiado e ritualístico. (Essa confusão louca entre sagrado e profano é encontrada em todos os credos em todas as épocas.) A simultânea atração e repulsão derivam de uma raiz antropomórfica: o olhar do porco, o gosto do corpo, os gritos de agonia do porco e a evidente inteligência do porco lembravam de forma excessivamente desconfortável o humano. Assim, porcofobia - e a porcofilia - provavelmente teve origem em uma noite de sacrifício humano e mesmo canibalismo da qual os textos sagrados frequentemente dão mais que um vislumbre."

:emoticon20:
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Re.: Ele contesta até Deus - Christopher Hitchens

Mensagem por Fernando Silva »

Talvez o problema com o porco seja o fato de ele viver na lama e transmitir tantas doenças.
Já estive num matadouro e vi na parede a tabela de doenças encontradas:
tuberculose, sífilis, brucelose, gonorréia etc.

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Mensagem por Soviete Supremo »

Se fossem proibir a carne de porco em razão de doenças, teriam de proibir outras carnes também. No livro os rabinos tentam dar uma explicação "racional" para a proibição, afirmando que a carne de porco trazia triquinose. Mas tal explicação também não é muito convincente. Embora os lixos citadinos judaicos desencavados pelos arqueólogos não tivessem restos de porcos, outros povos cananitas consumiam porcos e pouco adoeciam.

Parece que era (é) superstição mesmo.
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