Miles Teg escreveu:André escreveu:
Cara ser intervencionista na economia não é privilegio da esquerda, depende da direção da intervenção.
[...]
As ditaduras de direita nacionalista se caracterizam por Estado forte, que interfere muito na economia, mas invés de socializar riqueza, favorece ao contrario a concentração, empresas, e burguesia. Já a socialização, objetiva favorecer as classes trabalhadoras (O modelo autoritário e expropriador disso se mostrou altamente ineficaz e problemático, e gerou uma elite política burocrática como beneficiada, mas essa é outra discussão).
1)Eu não quis sugerir que qualquer intervenção é inerentemente de esquerda, mas justamente mostrar que essas intervenções foram consideravelmente de esquerda.
No texto que eu coloquei, diz justamente que foi isso que o nazismo fez. Taxou os mais ricos, e amenizou para os pobres (a maioria). Daí ter tido grande apoio popular. Não é como se os alemães fossem uma raça maligna.
Quanto a propriedade privada, apesar do nazismo tê-la mantido, bem como grandes empresas privadas, Hitler dizia que no socialismo "de verdade" tinha propriedade privada, contrastando com o comunismo, e ao mesmo tempo, apesar das grandes empresas não terem sido estatizadas, estavam praticamente sob controle do governo (sob o risco de serem estatizadas se não fossem subordinadas o bastante).
A defesa da propriedade privada no regime nazista, e todos aspectos reacionários, na cultura e tudo mais, indicam que apesar de sua especificidade ele pode ser caracterizado como próximo do fascismo
2)Mas veja. Você mesmo diz ser de esquerda, e, tanto quanto me lembro, não é contra propriedade privada. Não estou te comparando com nazistas nem nada disso, só estou dizendo que não é porque havia proteção à propriedade privada (o que Hitler chamou de socialismo "de verdade") que é classificável como "de direita". Ao mesmo tempo, não sei se os aspectos culturais são muito importantes, uma vez que, de certa forma, o ministério da cultura do Brasil poderia defender coisas tipicamente brasileiras, como samba e carnaval, sem que isso leve ao governo a ser classificado como de direita integralista.
Eu acho que direita e esquerda como "meta classificações", que podem ser muito abrangentes, é algo bastante inútil, que só serve para se discutir se o nazismo é de direita ou esquerda, praticamente. Fora isso, o uso mais popular é no aspecto econômico, principalmente. Acho que os termos mais "reais" na prática seriam direita sendo liberalismo econômico tendendo ao individualismo, e esquerda coletivismo e socialismo.
Mas mesmo essas classificações menos abrangentes não contém coisas que são indissociáveis, então o que eu acho melhor mesmo é falar apenas dos ítens específicos em vez de dar rótulos abrangentes para poder generalizar, meio como, um texto intitulado "ecos do nazismo", condenando anti-tabagismo e planejamento familiar. Um texto assim seria "direitista", diga-se de passagem, e acho que realmente já vi algo similar.
P.S Todos podemos concordar, que qualquer teoria autoritária é repugnante.
3)Bem, na verdade acho que até isso pode ser generalização além da conta. Bem, na verdade não discordo totalmente, acho que autoritarismo sempre tem algo inerentemente repugnante, mas talvez possa ser em alguns casos - examinando o autoritarismo de forma totalmente modular, sem associações com qualquer coisa do passado - uma política melhor do que a alternativa não-autoritária mais viável.
E esse joguinho com nazismo e fascismo de empurrar para um lado ou para o outro é simplesmente não querer ver no seu campo ideológico uma das piores, se não for a pior, idéia por trás de movimentos políticos que já houve.
Exato. Ou inversamente, tentar associar com o outro lado, como é comum os fundamentalistas fazerem com ateísmo e ciência, quanto a nazismo ou mais propriamente (quanto a ateísmo, nem tanto quanto à ciência) comunismo.
A analise fora da mentalidade de “jogar pro meu time” permite ver quais os elementos do fascismo e nazismo vieram da esquerda, e quais vieram do patrimônio histórico da direita. Como permite ver a essência de direita nas ditaduras nacionalistas como foi o caso do nosso país. E tb permite a condenação universal, mesmo que com graus diferentes, de todas experiências autoritárias e/ou totalitárias. Mesmo que a defesa do grau de democracia, meramente representativa, direta, semi-direta, ampliada, de massas... varie
4)Eu acho importante uma análise mais "modular" dos componentes das coisas todas para fugir dessas associações/polarizações que tendem a simplificações maniqueistas. "Decompondo" melhor as coisas todas em vez de simplesmente direita e esquerda, nazistas, comunistas, ou qualquer outro tipo de praticante de atrocidade deixam de ser demônios inumanos e caricatos que não poderiam nunca ter algo a ver "conosco", e passam a ser simplesmente gente, nesses casos, vítimas de populismo associado a uma sutil lavagem cerebral levando a uma "pseudo-especiação" psicológica: "eles", os judeus, e/ou os capitalistas, são menos que humanos. Acho que "humanizando" mais os nazistas e etcs, nos ajuda a ficar mais alerta com a forma como alguns podem estar falando de americanos, playboys, muçulmanos, terroristas, ateus, etc. Ao mesmo tempo que não fazemos a mesma coisa, de forma um pouco mais sutil.
Tinha até um video interessante com esse tema no youtube, um vídeo antigo...