'Tropa de Elite': moradores criticam apologia ao Bope

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Jack Torrance
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Mensagem por Jack Torrance »

Ateu Tímido escreveu:É de arrepiar todos os pelos ouvir o sujeito dizendo que "achar que polícia pode sobir morro para cumprir a lei" é ingenuidade, depois defendendo que o policial prendesse os colegas "maconheiros" e os enquadrasse na Lei de Tóxicos, dizendo que "Policial tem que cumprir a lei".


Na estória há um contexto entre os policiais corruptos e o Matias, um policial honesto. E ele não subiu o morro como os corruptos para buscar a grana do "arrego", ele subiu para estudar.

Ateu Tímido escreveu:"Cumprir a lei" é escolher quem morre e matar impunemente para quem fez o filme. Como outros já disseram, os que se opõem ao modus operandi do Bope são, no filme, necessariamente idiotas, bandidos ou as duas coisas.


Infelizmente é assim que funciona. Ou será que só no papo marginal vai entregar marginal?

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Jack Torrance
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Mensagem por Jack Torrance »

Fernando Silva escreveu:
Jack Torrance escreveu:
Samael escreveu:Não vi nenhuma grande apologia ao BOPE no filme.

Se aquilo lá for apologia, eu quero ver o que seria então uma oposição.

Só de não fazer apologia dos "coitadinhos e injustiçados" dos bandidos já é um progresso.


"Cidade de Deus" foi um passo, agora o "Tropa de Elite" outro. "Carandiru" tratou bandidos como coitadinhos. Basta ver a cena em que um policial da tropa de choque entra na cela, diz que vai deixar tal bandido vivo e vai embora; depois volta e diz que mentiu e mata o detento. O pior foi a cena com a fala do policial, tipo: "-Eu te enganei." (depois de dizer que iria embora e deixar o detento vivo). Mas o que houve no Carandiru foi um massacre mesmo.

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BOO
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Mensagem por BOO »

Tropa de elite do Bope persegue Hulk de Edward Norton em favela do Rio

Publicada em 06/11/2007 às 21h54m
Bianca Kleinpaul - O Globo Online

O ator Edward Norton como Brunce Banner, o cientista que se transforma no Hulk quando fica furioso/ Foto O Globo - André Coelho

RIO - Bruce Banner caminha pelas ruas da Favela Tavares Bastos, no Catete, de casaco, capuz e mochila nas costas. Atrás dele, homens de preto e fuzil na mão. Será o Bope perseguindo Hulk? Bem que poderia... O monstro verde está no Rio em busca da cura para sua condição, mas não terá sossego com nossa tropa de elite. Segundo o roteiro, quem o persegue são soldados do Exército. Bastou acompanhar o primeiro dia de filmagem de "The Incredible Hulk", na terça-feira ( veja fotos), para acreditar que policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) vão dar o ar da graça na superprodução hollywoodiana. Tem até carro cenográfico semelhante ao veículo blindado, conhecido como Caveirão.

Se na ficção os homens de preto perseguem Banner e seu alter-ego Hulk, na realidade, o Bope ajuda policiais militares na proteção do protagonista Edward Norton e do vilão Tim Roth (o Abominável, no filme), além de toda a equipe de produção. O batalhão do Bope é localizado no coração da favela do Catete, levando até major Vargas, conhecido como "síndico" pelos moradores, ver de perto toda movimentação.

A perseguição seguirá por mais dez dias em outras ruas do Rio. E Hulk ainda dará muitas voltas nos homens de preto. Está marcada para a próxima terça-feira a fuga do gigante furioso - vivido por um dublê americano que ganhará cor e tamanho no computador - pelos Arcos da Lapa. Dizem que a aberração ainda passará pelas praias de Ipanema e Copacabana, mas sabe-se muito pouco sobre os detalhes da produção. O estúdio Universal Pictures e a Marvel fazem segredo absoluto das filmagens no Brasil. Proíbem presença de imprensa no set ou qualquer entrevista com atores e produção.

O carro cenográfico imitando o caveirão do Bope/ Foto O Globo - Hipólito Pereira

Já os moradores da Tavares Bastos aproveitam os momentos de fama. Dão entrevistas a jornalistas e contam como o filme vem modificando suas rotinas. Muitas casas ganharam uma repaginada, ganharam lajes e seus donos receberam entre R$ 50 e R$ 200 pelo aluguel de um terraço. Cerca de 150 pessoas locais foram contratadas para mão-de-obra e figuração. A produção ainda promete contribuir com R$ 10 mil para a construção do posto de saúde e doação de computadores para a escolinha. Enquanto isso, terão que conviver com a confusão de sobe-e -desce de carros pelas estreitas ruas e muitos gritos de "action!".

Além de correr dos homens de preto, Edward Norton -conhecido por "A outra história americana", "Clube da luta" e "Dragão vermelho" - dá palpites no cenário e orienta o diretor, o francês Louis Leterrier, de apenas 34 anos e "Cão de briga", com Morgan Freeman, em seu currículo. O ator, que está no Rio desde a semana passada, também é roteirista do filme junto com Zak Penn (de "X-Men" e "Elektra").

O ator Tim Roth visita o set desta terça-feira: ele é o vilão Abominável no filme 'The Incredible Hulk'/ Foto O Globo - Hipólito Pereira

Além de Roth e Norton, o ator William Hurt também está na cidade. Ele é o intérprete do general Thaddeus Thunderbolt Ross, o homem que dedica sua vida a capturar Hulk. E, por acaso, ele é pai da namoradinha de Bruce Banner, a bela Betty Ross, vivida neste filme por Liv Tyler (de "Senhor dos anéis").

Uma boa notícia para os fãs: esta segunda adaptação do Incrível Hulk não é a continuação da produção de 2003, dirigida por Ang Lee e estrelada por Eric Bana e Jennifer Connelly. Desta vez, os estúdios prometem mais ação e menos computação. O longa tem estréia prevista para 13 de junho de 2008 nos EUA.

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Jeanioz
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Re: Re.:

Mensagem por Jeanioz »

BOO escreveu:Antigamente, quando o BOPE entrava na favela, colocava terror mesmo. mas depois do filme, galera vai até apertar a mão...


Que bom que agora o povo está apertando a mão das pessoas certas.
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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Najma
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Mensagem por Najma »

:emoticon1:

Logo mais numa primeira página de jornal:

Bandido joga a arma no chão e sai pra pedir autógrafo... :emoticon22:
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Samael
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Mensagem por Samael »

Fernando Silva escreveu:No Brasil não há heróis, há mártires.
Um filme chamado "American ninja" trás implícito o orgulho: "Nós também podemos ser ninjas".
Se fizessem um filme chamado "O ninja brasileiro", iam achar logo que era dos Trapalhões.
Precisamos de filmes com heróis. Precisamos de gente de quem nos orgulhar. Os personagens do "Tropa de elite" ainda são meio indefinidos, uma mistura de bem e mal e um retrato da realidade, mas já é um progresso que as crianças queiram ser policiais e não bandidos.


American Ninja?! Aquela tranqueira oitentona com o Michael Dudikoff?!

Meu deus, pegou pesado...

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Apáte
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Não vejo filmes nacionais.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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user f.k.a. Cabeção
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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Ateu Timido escreveu:Aliás, de todas as representações de universitários no cinema brasileiro, não me lembro de ter visto um grupo mais idiota e estereotipado que o de Tropa de Elite



Eu li por ai que eles aparecem fazendo discurso anti-policia e "obras sociais" entre um baseado e uma carrerinha.

E ai eu imaginei: como a descricao poderia ser mais perfeita?


Mudando de assunto, mas nem tanto...

Agora vemos a "Folha de Sao Paulo" numa campanha aberta de difamacao do BOPE. E quando a Folha comeca uma campanha, eu comeco a anti-campanha. VIVA O BOPE!

Estou cada vez mais ansioso para assistir o filme ai no Brasil. Nao quero assistir aqui porque provavelmente as copias serao dubladas (sim, eles passam filmes DUBLADOS no cinema).

Talvez eu acabe me frustrando nessa expectativa, ja que nao deixa de ser um filme nacional.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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emmmcri
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Mensagem por emmmcri »

user f.k.a. Cabeção escreveu:

Eu li por ai que eles aparecem fazendo discurso anti-policia e "obras sociais" entre um baseado e uma carrerinha.

E ai eu imaginei: como a descricao poderia ser mais perfeita?




O mais triste é que você está falando sério.
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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Fernando Silva
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Re: Re.:

Mensagem por Fernando Silva »

Samael escreveu:American Ninja?! Aquela tranqueira oitentona com o Michael Dudikoff?!

Meu deus, pegou pesado...

O ponto aqui não é a qualidade do filme e sim o orgulho nacional americano, que nós não temos (a não ser nas copas do mundo...).

Quantos filmes com personagens heróicos feitos no Brasil você conhece?

Havia um cara que fazia uns filmes bem trash, com orçamento mínimo, onde ele era o machão que matava os bandidos e comia todas, mas ele foi a exceção que confirma a regra.

Temos vergonha de ser heróis da causa do bem. Herói no Brasil, só no esporte (e sujeito a levar porrada na primeira falha).

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Tropa de Elite – Fechando um ciclo de trinta anos

O filme Tropa de Elite pode não apresentar nenhuma novidade como narrativa cinematográfica, limitando-se a adaptar para um cenário do Brasil contemporâneo a batida fórmula hollywoodiana do policial que rompe com o sistema corrupto à sua volta e faz justiça seguindo suas próprias regras.

A novidade é que enquanto os Dirty Harry e Martin Riggs são combatentes individuais, heróis solitários, o capitão Nascimento representa uma instituição que assume este papel coletivamente – o BOPE – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Tropa de Elite fecha um ciclo de trinta anos na temática polícia x bandido, no cinema nacional.
Em 1977 foi lançado Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, de Hector Babenco, filme que hoje poderia ser resumido como um "Tropa do Elite" virado do avesso.

O cruzamento entre os dois filmes pode ser feito a partir de uma frase atribuída ao personagem título do filme de Babenco – Polícia é polícia, bandido é bandido.
Frase que ninguém estranharia se ouvisse da boca do Capitão Nascimento, entre um pedido de saco e outro, mas que tinha conotação oposta no filme que a originou.

Babenco transformou em tragédia grega a vidinha desgraçada de um criminoso vagabundo, mostrado como uma marionete sob as irresistíveis forças do sub-mundo de um estado policial, representadas pelo chamado Esquadrão da Morte.
Nesta realidade, a frase polícia é polícia e bandido é bandido assumia ares de ironia e denúncia, em uma história em que os dois grupos se igualavam nas ações e se diferenciavam apenas no destino, a morte inglória para o bandido sem alternativas e a impunidade para seus diabólicos manipuladores policiais.

Ou seja, o filme de Babenco é bosta de vaca.
Mais tarde ele faria Pixote, a Lei do mais fraco e repetiria a dose.

Coisa parecida já havia sido feita em 1962, em O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Faria, mostrando que o mau hábito de fazer bandido aparecer bem na cena já vem de longe no cinema brasileiro, mesmo quando o meliante respondia pela alcunha de Tião Medonho, o que já dá uma idéia.
Mas ainda era melhor que a bosta de vaca do Babenco.

No, espero, canto do cisne desta abordagem do tema, temos Cidade de Deus, do Meirelles, que apenas juntou competência técnica aos pecados de seus antecessores.

Em Tropa de Elite, polícia é polícia e bandido é bandido, ponto.
É isto que deixou muita gente revoltadinha com o filme, afinal que seria de boa parte da intelectualidade brasileira sem aquilo que chamam de nuances, que uma vez reconhecidas geram comentários cheios de análises inteligentes.

Não tem lugar para isto em Tropa de Elite.
Combater quadrilhas munidas com armamento militar pesado, entricheiradas em favelas superpovoadas, deixa pouco espaço para sutilezas.
Estas sutilezas podem incluir direitos civis e garantias individuais.
Implicações há, mas o fato é que se há trinta anos platéias saíam dos cinemas com uma cara de "Ah..., coitadinho do Lúcio Flávio", hoje não parecem lá muito tocadas com o fim dado ao traficante Baiano, já que a frase "traz a doze" vem sendo repetida em contextos muito longe de ser trágicos.

Ou seja, Tropa de Elite reflete uma nova crença em que polícia é polícia e bandido é bandido, sem nuances ou viadagens ideológicas, o que dá na mesma.
É um bom começo e, por isto, o filme já vale a pena.

Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Samael
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Mensagem por Samael »

Fernando Silva escreveu:
Samael escreveu:American Ninja?! Aquela tranqueira oitentona com o Michael Dudikoff?!

Meu deus, pegou pesado...

O ponto aqui não é a qualidade do filme e sim o orgulho nacional americano, que nós não temos (a não ser nas copas do mundo...).

Quantos filmes com personagens heróicos feitos no Brasil você conhece?

Havia um cara que fazia uns filmes bem trash, com orçamento mínimo, onde ele era o machão que matava os bandidos e comia todas, mas ele foi a exceção que confirma a regra.

Temos vergonha de ser heróis da causa do bem. Herói no Brasil, só no esporte (e sujeito a levar porrada na primeira falha).


Em geral, isso só tem qualquer motivo para ocorrer num país de História e mitificação sólida, onde exista patriotismo e, mais importante, onde as pessoas não têm coisas mais urgentes com o que se preocupar.

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Samael
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Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:Em Tropa de Elite, polícia é polícia e bandido é bandido, ponto.
É isto que deixou muita gente revoltadinha com o filme, afinal que seria de boa parte da intelectualidade brasileira sem aquilo que chamam de nuances, que uma vez reconhecidas geram comentários cheios de análises inteligentes.


Um pouquinho de pretensão freudiana achar que se pode fazer uma abordagem dessas para se dizer o porquê da irritação de alguém com o filme. Até onde eu saiba, a irritação de muita gente com o filme passa longe de "polícia é polícia e bandido é bandido", aliás, minto, passa perto sim dessa abordagem, porque polícia que descumpre lei, é bandido. Lógica simples, rápida e direta, tipo de lógica que a direita tanto acusa a esquerda de não ter, mas que ultimamente tem feito malabarismos retóricos gigantescos para fugir da questão.

Eu gostei bastante do filme. Gostei do efeito em cadeia causado pela hipocrisia de meia dúzia de estudantes endinheirados e estereotipados (aliás, meia dúzia não, o Bruno está certo, a turma inteira), e gostei das "pústulas gigantescas cheias de pús", aquela corrupção que entala na garganta, a ponto de um coronel militar se dignar a mandar traficantes executarem um subordinado seu. Achei patética a abordagem "Charles Bronson" do BOPE, mas achei super-legal quando a instituição também começa a soltar "seu pús", demonstrando todo o seu machismo, mau-caratismo, autoritarismo e o mal que aquele tipo de vida pode causar ao próprio indivíduo (o pânico do Capitão Nascimento) e a seus próximos (mulher e filho)

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Apáte
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Mensagem por Apáte »

MÍDIA SEM MÁSCARA - MAIS ESQUERDISTA QUE NUNCA

O filme-tucano
por Felipe Atxa em 16 de outubro de 2007

Resumo: Como é que um filme onde todos os policiais são assassinos torturadores ou covardes corruptos e suas atividades apenas geram violência, ignorando as inúmeras vidas que são salvas por elas, pode ser considerado "pró-polícia" ou representar "algo novo" em relação a tradicional imagem da polícia apresentada pelas esquerdas?

© 2007 MidiaSemMascara.org

"O uso de drogas existe desde que o mundo é mundo e não vai ser a repressão que vai acabar com o consumo. Mas a legalização pode acabar com o tráfico."; “Fico preocupado quando vejo o capitão Nascimento ser tratado como herói. Fico pensando como reagiria ao filme uma platéia sueca. Não creio que pensariam naqueles policiais torturadores como heróis, assim como muita gente que vê o filme aqui pensa.” - Wagner Moura, ator principal do longa (http://www.vnews.com.br/site_new/detalh ... 542&type=5)

"Polícia era uma coisa que eu abominava. Continuo com a mesma opinião, mas agora conheço as pessoas". - André Ramiro, ator do filme (http://www.medianeira.com.br/noticias.php?id=607499)

"Havia interação com os moradores. Às vezes os traficantes apareciam e davam conselhos, como: 'Não é assim que se queima um cadáver". - José Padilha, diretor, sobre as filmagens (http://cinema.terra.com.br/interna/0,,O ... 76,00.html)


De tempos em tempos, brasileiros inteligentes, cansados da dominação esquerdista na cultura, agarram-se ao primeiro filme “diferente” que vêem pela frente, na esperança de que “algo possa mudar” ou ser sinalizado num contexto amplamente dominado pelo pensamento único. Esse fenômeno vem desde “2 Filhos de Francisco” (ode à iniciativa individual? Claro que não: os vilões do filme são o “empresário corrupto” – que se aproveita dos cantores mirins - e o “governo militar” – motivo da censura da música da dupla na rádio - , mostrando que o sucesso só vem quando o “pobre se mobiliza” – o pai dos cantores, que convence seus colegas de canteiro de obras a telefonar para a rádio pedindo que toquem a canção dos filhos) e chega agora a “Tropa de Elite”. (Em tempo: os “cérebros” por trás de “2 Filhos de Francisco” notabilizaram-se também por fazer campanha para Lula e dar declarações de deboche a respeito do movimento “Cansei”.) (http://odia.terra.com.br/cultura/htm/geral_119731.asp)

Tudo é altamente suspeito em “Tropa de Elite”. A começar com o escândalo feito em relação à pirataria do DVD do filme, que coloca a produção em situação extremamente confortável: ocasiona uma publicidade gratuita gigantesca, e ao mesmo tempo permite ao filme um salvo-conduto caso não estoure na bilheteria: “ah, foi por causa da pirataria”. Quem conhece minimamente o mercado cinematográfico sabe que há uma diferença imensa entre o público que compra um DVD falso de um camelô a 5 reais do espectador que paga 18 reais num cinema de shopping. Sabe também que o público de Cinema Brasileiro é, por si só, diferenciado em relação ao público de forma geral. A pirataria prejudica “Tropa de Elite”, mas prejudica muito antes e com muito mais força filmes como “Homem-Aranha 3”. Não se vêem camisetas explorando o fato distribuídas pelos produtores desses filmes norte-americanos.

Quem vê o filme e o chama de “conservador” ou “revanchista” não percebe o óbvio: seu caráter é de denúncia contra a violência policial, contra o “sistema”, engenhosamente posicionado para confundir a opinião pública e se passar por um “filme brasileiro diferente”. Diferente coisa nenhuma: feito com 9 milhões em dinheiro público (http://sif.ancine.gov.br/projetosaudiov ... lic=040238), dirigido por um cineasta cujo filme anterior é um libelo contra as “desigualdades sociais” (http://www.cineclick.com.br/cinemateca/ ... cine=10821), co-distribuído pelo magnata esquerdista Harvey Weinstein (http://www.imdb.com/name/nm0005544/bio), baseado no livro de um célebre sociólogo esquerdista colega de MV Bill (http://www.luizeduardosoares.com.br/), a partir de depoimentos de ex-policiais que saíram do BOPE exatamente para fazer carreira como civis denunciando os “abusos” dos ex-colegas (http://www.luizeduardosoares.com.br/). Atores e diretores, preocupados em desfazer o “mal-entendido”, não cansam de ir à TV para defender a legalização das drogas. Não dizem, obviamente, se os milhares de assassinos e bandidos envolvidos com o tráfico deverão ser automaticamente “legalizados” junto com o produto que vendem, ou se deverão partir para negócios correlatos, como seqüestro e roubo a banco. Ou ainda se, pensando-se numa “terceira via”, serão agraciados por algum governo com uma espécie de “Bolsa-Vagabundo”, para ex-criminosos de crimes que não mais existem e pelos quais não poderão mais ser condenados (lembremos que modificações na lei penal podem retroagir para beneficiar o réu).

É falso se afirmar que não há heróis em “Tropa de Elite”. Há, sim, precisamente um: Maria, a garota que trabalha na ONG, interpretada por Fernanda Machado. Ela é gentil, bem-intencionada e honesta o tempo todo. O que o filme “quer dizer com isso”? Que há gente de bem nas ONGs - mas não na polícia: os policiais, quando não são corruptos covardões, são assassinos em série e espancadores. As personagens dos bandidos têm a profundidade de uma folha de papel de seda. O filme é relativamente crítico quanto ao papel das organizações sociais e sua relação com criminosos, mas seu foco não é esse: o tiro certeiro de “Tropa de Elite” é contra, mais uma vez, as classes médias urbanas. Drogadas e depravadas, aproveitam-se dos serviços da mão-de-obra de favelados, meninos de rua etc. E os pobres, mais uma vez, são vítimas das circunstâncias, robôs sociológicos fazendo o que o “sistema apodrecido” os ordena.

O que se diria de um filme que, abrindo mão de mostrar algum dos mil gols que Romário fez, por exemplo, escolhesse a dedo dois ou três episódios desabonadores de sua carreira? Ninguém seria inocente o suficiente para dizer que o filme imaginário mostraria o “ponto de vista de Romário”, ou que fizesse uma “celebração de sua carreira”. Pois bem: o caso de “Tropa de Elite” é análogo a esse. Entre milhares de operações levadas a cabo por um batalhão de elite, o filme escolhe narrar duas ou três que supostamente teriam acontecido, e dado muito errado: os policiais erram a mão, descumprem a lei e atentam contra os direitos de cidadãos desarmados. O filme seria “pró-polícia” se arriscasse mostrar as milhares de operações efetuadas pela tropa e as conseqüentes milhares de vidas salvas por suas ações. Mas a produção está pouco interessada nisso: o melhor que apreende dos policiais é os tapas na cara que dão nos suspeitos desarmados.

O mais incrível da história toda é como direitistas e conservadores, acostumados a perceber – com razão - manipulações esquerdistas por todos os lados, tenham tanta dificuldade de enxergar o óbvio: o filme não será usado, nem aqui nem lá fora, como uma celebração do policial honesto e incorruptível, mas sim para, mais uma vez, colocar em xeque toda e qualquer ação da justiça armada contra o banditismo organizado. Quando a polícia age, na óptica do filme, o faz à margem da lei (torturando, espancando e matando). Melhor que não aja, então: porque o problema é, antes que repressivo, de “distribuição de renda”, “excesso de desigualdade”, etc. A mesma ladainha esquerdista de sempre, facilmente percebida caso se deixe um pouco de lado o conteúdo do filme (a “historinha”) e se reserve um pouco mais de atenção a sua mensagem (o que o filme “quer dizer”, no final das contas?). A questão é que o filme, o diretor, os produtores e o distribuidor perceberam que o público, cansado de ver bandidos glorificados na tela ou na televisão, reagiria de forma entusiasmada à “catarse de justiça violenta” promovida pelo Capitão Nascimento. Nunca se viu um filme sobre nazistas utilizar de forma despreocupada a suástica em sua logomarca de divulgação. Pois bem: “Tropa de Elite” coloca a caveira do BOPE no cartaz do filme, apelando aos instintos de uma platéia sedenta de um pouco de ordem na bagunça judicial em que se transformou o país. Mas os produtores não querem ser confundidos com “esse tipo de gente”. Querem os milhões de reais em ingressos vendidos para “fascistas”, “conservadores” e “direitistas”, mas abominam ser confundidos com eles. Similar ao caso dos Democratas ou do PSDB de São Paulo, por exemplo, que permitem que o dinheiro público financie a propaganda da “revolução social” (http://www.midiasemmascara.com.br/artig ... anguage=pt), mas precisam dos votos da direita para ter existência eleitoral.

Da mesma forma como pouco se pode esperar de políticos cujos partidos estão umbilicalmente ligados a organizações internacionalistas ou revolucionárias como o Foro de SP e o Diálogo Interamericano (pois cada ação isolada só pode ser compreendida à luz de um projeto maior, na linha do tempo e correlacionada com dezenas de outras ações aparentemente também isoladas, mas que passam a fazer sentido se vistas dentro de um processo revolucionário), um filme produzido dentro de um esquema altamente dependente do Estado esquerdista e inspirado pela intelectualidade militante não poderia ser visto como nada além de outra iniciativa de um projeto maior de dominação cultural, determinado e levado a cabo, obviamente, pela mesma esquerda que atua na política e na guerra ideológica. Pensar qualquer coisa diferente disso é estar tão equivocado quanto aqueles que acreditam que o PSDB é um partido conservador ou que o Democratas possa, sozinho, fazer frente a 40 anos de fomentação do pensamento esquerdista nos corações e mentes

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6118


Parei no vermelho. Defender uma vagaba daquelas é demais.
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Re: Re.:

Mensagem por Tulio »

Samael escreveu:
Acauan escreveu:Fuzil!
o BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil


Só esta cena, já vale o filme.


Eles podem acreditar no que bem entenderem, desde que não atuem como criminosos.


Diga isso aos petralhas :emoticon2:
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Mensagem por Tulio »

Acauan escreveu:

[...]

Ou seja, Tropa de Elite reflete uma nova crença em que polícia é polícia e bandido é bandido, sem nuances ou viadagens ideológicas, o que dá na mesma.

[...]



:emoticon12:
Editado pela última vez por Tulio em 17 Nov 2007, 11:47, em um total de 1 vez.
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Mensagem por Acauan »

Samael escreveu:
Acauan escreveu:Em Tropa de Elite, polícia é polícia e bandido é bandido, ponto.
É isto que deixou muita gente revoltadinha com o filme, afinal que seria de boa parte da intelectualidade brasileira sem aquilo que chamam de nuances, que uma vez reconhecidas geram comentários cheios de análises inteligentes.


Um pouquinho de pretensão freudiana achar que se pode fazer uma abordagem dessas para se dizer o porquê da irritação de alguém com o filme.


Não quando este alguém é, como clara e explicitamente citada, "boa parte da intelectualidade brasileira", mais exatamente aquela que gosta de identificar e discutir nuances, principalmente em questões morais óbvias para todo o resto da humanidade.

O que, como e porque esta turma pensa não é segredo para ninguém que os lê, ainda mais quando o faz há décadas, e portanto apenas conclui sobre algo que os próprios tornaram público e notório.
Nós, Índios.

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Re: Re.:

Mensagem por Samael »

Tulio escreveu:
Samael escreveu:
Acauan escreveu:Fuzil!
o BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil


Só esta cena, já vale o filme.


Eles podem acreditar no que bem entenderem, desde que não atuem como criminosos.


Diga isso aos petralhas :emoticon2:


Vira o disco.

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Samael
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Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:
Samael escreveu:
Acauan escreveu:Em Tropa de Elite, polícia é polícia e bandido é bandido, ponto.
É isto que deixou muita gente revoltadinha com o filme, afinal que seria de boa parte da intelectualidade brasileira sem aquilo que chamam de nuances, que uma vez reconhecidas geram comentários cheios de análises inteligentes.


Um pouquinho de pretensão freudiana achar que se pode fazer uma abordagem dessas para se dizer o porquê da irritação de alguém com o filme.


Não quando este alguém é, como clara e explicitamente citada, "boa parte da intelectualidade brasileira", mais exatamente aquela que gosta de identificar e discutir nuances, principalmente em questões morais óbvias para todo o resto da humanidade.

O que, como e porque esta turma pensa não é segredo para ninguém que os lê, ainda mais quando o faz há décadas, e portanto apenas conclui sobre algo que os próprios tornaram público e notório.


Se a questão é descer o cacete ideológico em quem tenta relativizar o conceito de "policial" e "bandido" não sei nem porque te respondi, visto que concordo plenamente contigo quanto a isso.

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Tulio
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Re: Re.:

Mensagem por Tulio »

Samael escreveu:
Tulio escreveu:
Samael escreveu:
Acauan escreveu:Fuzil!
o BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil


Só esta cena, já vale o filme.


Eles podem acreditar no que bem entenderem, desde que não atuem como criminosos.


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Anna
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Re: Re.:

Mensagem por Anna »

Tulio escreveu:
Samael escreveu:
Tulio escreveu:
Samael escreveu:
Acauan escreveu:Fuzil!
o BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil


Só esta cena, já vale o filme.


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Quáquáquá!!
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