Alter-ego escreveu:Aprendendo mais sobre a Inquisição (para não sair repetindo idéias prontas...):
A tortura era o método normalmente aplicado, por todos os países, por todas as polícias, e permitido por todos os códigos legais até o século passado.
Foi a Igreja a primeira a não aceitar a confissão sob tortura como prova de culpa.
Na Inquisição - ao contrário do que se fazia em todas as partes, a tortura só podia ser aplicada uma vez, sem derramamento de sangue, só com a aprovação do Bispo e com a assistência de um médico. Os papas sempre preveniram os inquisidores de que eles eram pastores e não torturadores nem carrascos.
Nas prisões de todos os países, toda pena capital era precedida de torturas punitivas. Por isso os acusados preferiam ser julgados pela inquisição, onde o tratamento era sempre muito menos cruel.
Na Inquisição visava-se a conversão e não a punição do acusado. Por isso, a Inquisição era o único tribunal do mundo que começava dando um prazo de perdão: quem se acusasse de ter agido contra a Fé dentro de um prazo de 15 a 30 dias estava perdoado. O acusado, em qualquer fase do processo, pedindo perdão, estava perdoado.
Prof. Bernardino Gonzaga, Usp, em A Inquisição e seu mundo
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Alter, a mim pouco me importa o que a iquisição deveria ter sido na teoria (que já é bastante mau), mas interesso-me mais pelo que foi na prática.
O clima de medo que se viveu na altura persiste ainda hoje nas mentes de europeus, principalmente espanhóis e portugueses, não dá para explicar este "terror" que persiste à séculos, que nos enche de vergonha e pesadelos.
O clima de delatação e medo que se vivia está amplamente documentado, quer em textos, quer em imagens.
Devido aos abusos cometidos em Espanha, o papa sequer queria permitir a instalação da Inquisição em Portugal, mas os reis ibéricos bateram o pé, e assim o pesadelo chegou cá também.
São assustadores o números de mulheres acusadas de bruxaria queimadas.
Tudo indica que os processos não foram nada limpinhos, e que os registos "legais" que ficaram são verdadeiramente distantes da realidade.
Quanto aos judeus, eles foram chacinados aos
milhares em espanha, sem qualquer julgamento (e não estavam dentro da igreja).
Foram forçados a convertere-se e depois foram novamente perseguidos.
Ainda hoje "marrano" é uma ofensa.
A miséria e terror que a inquisição trouxe foi não apenas física, mas também psicológica.
Apesar dos métodos governamentais serem mais violentos dos que os da inquisição, a verdade é que não conseguiram instalar o clima de terror que a inquisição trouxe.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)