Intolerância

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André
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Mensagem por André »

Fernando Silva escreveu:
André escreveu:O seu grau de solidariedade humana ninguém tem direito de exigir, eu não posso dizer o quanto deve ter. Posso apenas avaliar, como vc pode avaliar o meu. Como os pobres não podem exigir de vc pessoalmente, vc não pode exigir que eles tenham menos filhos. Tratar dessa forma é tratar de forma privada, estou tratando no público, e no público uma questão dessas não é no particular é uma questão de Estado e como tal deve ser decidida democraticamente, sendo universal ou válida para todos, pobres e ricos. Deve também representar os anseios da população.


1-Só que não é uma questão retórica nem um problema que acontece do outro lado do mundo. Acontece na minha rua. Eu me sinto ameaçado por esse bando de menores que vive por aí, sem querer nem voltar para casa nem ir para um asilo, vivendo de pequenos e grandes crimes e sabendo-se inimputáveis e intocáveis segundo a lei.

2-Você disse que os pobres têm muitos filhos para ter certeza de que alguns vão sobreviver ou para que eles os sustentem na velhice. Acho que isto pode até acontecer, mas me parece uma visão romantizada da pobreza.

3-Pobreza resulta em ignorância, promiscuidade e violência. E esse bando de crianças indesejadas, nascidas de relações casuais (e não de famílias estáveis), acaba nas ruas e no crime por não ter quem as eduque ou por se sentirem um incômodo.


1-Claro que entendo que a lei tem que ser cumprida e impunidade é um grande problema. Eu tb quando volto tarde da noite tenho medo, o condomínio tem a 2 quilômetros uma favela, e sabemos de crimes por perto. Agora se direitos sociais forem garantidos, maior qualidade de vida for alcançada, e oportunidades fora do crime forem mais claras e palpáveis a tendência é que menos gente entre nessa. Isso tem que ser uma política do Estado exigida, regulada, democraticamente pela população. Em nome do seu bem estar, e não apenas dos pobres, mas nosso tb, afinal uma sociedade com menos violência beneficia a todos.

2-Na verdade existem estudos sobre isso (posso perguntar para o pessoal que trabalha em setor de planejamento da Saúde da Família, conheço alguns). Claro tb que não estou dizendo que são todos os pobres tem mais filhos devido a essa razão. Mas boa parte sim e não me baseio em uma visão pessoal mas em estudos sobre o assunto que já lí.

3-Boa parte sim. Mas convêm lembrar que muitos pobres são pobres pq ganham salário mínimo, e para tanto são trabalhadores. As domesticas, e a infinidade de trabalhos de salários mínimos, muitos sobrevivem com isso.

Se vc admite que pobreza tem essas conseqüências, e para mim tem mas não em todos, já que conheço muitos pobres trabalhadores, honestos, e pacíficos. É relevante pensar que diminuindo a pobreza a tendência é a diminuição desses índices. A questão é como fazer isso? Programas sociais condicionais, e melhoria da garantia dos direitos sociais ( e esses definem bem o que é o básico), está no âmago de como se começa a resolver isso.

Agora para ter mais recursos tem que se limitar se possível acabar com corrupção, e além de eliminar a impunidade, mecanismos de controle social são essenciais para esse objetivo. Acreditar na figura de um juiz ou um promotor justiceiro é romântico, mas pouco prático, mecanismos de controle e denuncia, e espaço para pressão da população, são essenciais. Se isso houver, e a corrupção continuar a responsabilidade não será apenas dos corruptos, mas de todos que são coniventes com o fato. Já em uma democracia restrita fica muito mais difícil, e ficamos muito na dependência do judiciário.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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André
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Mensagem por André »

Fernando Silva escreveu:
André escreveu:
Fernando Silva escreveu:2)No Brasil, não acho que haja políticos moralmente e tecnicamente capacitados a tomar decisões. Há o risco permanente de votarem conforme seus interesses, por demagogia, ou segundo ideologias obtusas.

2)Concordo, e por isso não confio na classe política. Acredito que depositar mais poder nos cidadãos e tirar dos políticos, inclusive por isso, é uma alternativa muito melhor. Algo que deve se fazer de forma progressiva, precisa virar uma bandeira...

Mas que não sejam os "movimentos sociais", com seu "uniforme de camponês", carregando (ou melhor, empunhando) ameaçadoramente suas enxadas e foices que só servem como arma, já que nunca foram usadas para cultivar a terra, um mar de bandeiras vermelhas invadindo e destruindo a propriedade alheia e se opondo a qualquer iniciativa que ofereça o risco de resolver algum problema.


Eu não falei em "movimentos sociais". Falei em cidadãos, e quando falo sobre esse coletivo, nele eu estou incluído, vc, todos os brasileiros, de todas as classes.

Dar mais poder aos cidadãos é fornecer mais poder para mim, para vc, para todos os brasileiros, e diminuir o poder da classe política, pois ela não é digna de confiança.

Ta claro?? Pq vc imaginar que falava de algum setor separado contraria tudo que vinha dizendo, pois a defesa de empoderar os cidadãos, é universal, não é apenas para uma determinada classe, ou grupo, nem poderia ser.
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O ENCOSTO
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Mensagem por O ENCOSTO »

André escreveu:
Fernando Silva escreveu:
André escreveu:
Fernando Silva escreveu:2)No Brasil, não acho que haja políticos moralmente e tecnicamente capacitados a tomar decisões. Há o risco permanente de votarem conforme seus interesses, por demagogia, ou segundo ideologias obtusas.

2)Concordo, e por isso não confio na classe política. Acredito que depositar mais poder nos cidadãos e tirar dos políticos, inclusive por isso, é uma alternativa muito melhor. Algo que deve se fazer de forma progressiva, precisa virar uma bandeira...

Mas que não sejam os "movimentos sociais", com seu "uniforme de camponês", carregando (ou melhor, empunhando) ameaçadoramente suas enxadas e foices que só servem como arma, já que nunca foram usadas para cultivar a terra, um mar de bandeiras vermelhas invadindo e destruindo a propriedade alheia e se opondo a qualquer iniciativa que ofereça o risco de resolver algum problema.


Eu não falei em "movimentos sociais". Falei em cidadãos, e quando falo sobre esse coletivo, nele eu estou incluído, vc, todos os brasileiros, de todas as classes.

Dar mais poder aos cidadãos é fornecer mais poder para mim, para vc, para todos os brasileiros, e diminuir o poder da classe política, pois ela não é digna de confiança.

Ta claro?? Pq vc imaginar que falava de algum setor separado contraria tudo que vinha dizendo, pois a defesa de empoderar os cidadãos, é universal, não é apenas para uma determinada classe, ou grupo, nem poderia ser.


Nada indica que "os cidadãos" fariam algo melhor.

Já posso ver "os cidadãos" se dedicando a irem votar nos mais diversos projetos, sem ninguém os manipulando nem nada.

Imagine só mandar "os cidadãos" votarem aumentos salariais de suas respectivas categorias.

Vai ser uma beleza. Na Suiça funciona.

Já falei sobre o sistema adotado em Monaco?
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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

André escreveu:Ta claro?? Pq vc imaginar que falava de algum setor separado contraria tudo que vinha dizendo, pois a defesa de empoderar os cidadãos, é universal, não é apenas para uma determinada classe, ou grupo, nem poderia ser.

O problema é que são eles que tomam as iniciativas, não a maioria silenciosa.
Quando alguém diz "Vamos fazer, vamos acontecer!", a primeira coisa que me vem à cabeça são os "movimentos sociais", com o apoio silencioso de uma sociedade que sofreu uma doutrinação de esquerda desde o berço.
Não creio que esses grupos pensem como você. Você é muito moderado e muito de direita, na visão deles.

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu: Hoje em dia, essa disseminação ideológica no sentido de valorizarmos as diferenças, não significa que nosso coração ficou mais manso, pois é que a não valorização, nem que seja às custas do fingimento ou constante repressão de impulsos e instintos naturais, seria uma ameaça para todos nós.


Edson,

Você resumiu um erro de interpretação que está na raiz de todo problema.
Não temos que valorizar a diferença, pois a diferença não tem valor em si.
Temos que valorizar a diferença naquilo que tem de valor, o que é outra coisa.

Tome o exemplo das raças, independente de o quão incorreto ou impreciso seja a definição de raças humanas.
A priori a diferença entre raças, per si, não tem por que ser valorizada.
O que deve ser feito é o reconhecimento do valor individual das pessoas, independente da raça, ou seja, valorizar o diferente em detrimento de uma diferença irrelevante.

Note que neste exemplo específico, o racismo é a mais pura expressão da valorização da diferença de raças em si, enquanto o combate ao racismo se define em seu oposto, que é a valorização da semelhança entre os seres humanos acima da diferença racial.

Quando alguém é diferente por ser mais corajoso, mais nobre ou mais inteligente, seu mérito está na coragem, nobreza ou inteligência, não na diferença, que per si não quer dizer absolutamente nada.

Outra expressão deste conceito sacralizado pelo politicamente correto é diversidade.
Ora, diversidade pode ser boa ou ruim.
O BEM único é melhor que infinitos males, mesmo que a diversidade seja nula no primeiro e infinita no segundo.

A vantagem da diversidade é que quanto maior o número de alternativas imperfeitas, mais oportunidades se tem para optar pela melhor delas e assim reduzir a imperfeição. Note que a existência de uma única alternativa perfeita torna a diversidade indesejável.
No caso das alternativas imperfeitas, o mérito não está na diversidade em si, pois uma vez definida a melhor alternativa, ela se torna preferencial, recomendando a redução da diversidade.
A diversidade, portanto, pode ser um meio, mas não um fim.

O exemplo das civilizações e culturas é bastante claro.
Se em um universo de civilizações e culturas distintas entre si, uma delas valoriza a liberdade e os direitos individuais e todas as demais praticam diferentes formas de escravidão e tirania, é mais razoável optar pela redução da diversidade em benefício da melhor alternativa.


Edson Jr escreveu: É inegável que nossa civilização atingiu tal nível de interdependência que, agir com indiferença com as pessoas, com tudo e todos, é como dar um tiro no próprio pé. No entanto, na essência, nada parece ter mudado significativamente. Se alguém nos tempos primitivos sentia um impulso para dominar, bastava ter maior força, sem a necessidade de grandes idéias. Hoje em dia, é aquele que conta o melhor blá blá blá, quer seja através de uma religião ou mediante alguma filosofia.


A dominação sempre foi efeito de uma liderança eficiente mais do que da força em si, afinal força é uma questão de número e número é uma questão de quantos se dispõe a seguir determinado líder.

De certa forma, não há como fugir deste fato em nenhuma época.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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André
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Mensagem por André »

O ENCOSTO escreveu:
André escreveu:
Fernando Silva escreveu:
André escreveu:
Fernando Silva escreveu:2)No Brasil, não acho que haja políticos moralmente e tecnicamente capacitados a tomar decisões. Há o risco permanente de votarem conforme seus interesses, por demagogia, ou segundo ideologias obtusas.

2)Concordo, e por isso não confio na classe política. Acredito que depositar mais poder nos cidadãos e tirar dos políticos, inclusive por isso, é uma alternativa muito melhor. Algo que deve se fazer de forma progressiva, precisa virar uma bandeira...

Mas que não sejam os "movimentos sociais", com seu "uniforme de camponês", carregando (ou melhor, empunhando) ameaçadoramente suas enxadas e foices que só servem como arma, já que nunca foram usadas para cultivar a terra, um mar de bandeiras vermelhas invadindo e destruindo a propriedade alheia e se opondo a qualquer iniciativa que ofereça o risco de resolver algum problema.


Eu não falei em "movimentos sociais". Falei em cidadãos, e quando falo sobre esse coletivo, nele eu estou incluído, vc, todos os brasileiros, de todas as classes.

Dar mais poder aos cidadãos é fornecer mais poder para mim, para vc, para todos os brasileiros, e diminuir o poder da classe política, pois ela não é digna de confiança.

Ta claro?? Pq vc imaginar que falava de algum setor separado contraria tudo que vinha dizendo, pois a defesa de empoderar os cidadãos, é universal, não é apenas para uma determinada classe, ou grupo, nem poderia ser.


Nada indica que "os cidadãos" fariam algo melhor.

Já posso ver "os cidadãos" se dedicando a irem votar nos mais diversos projetos, sem ninguém os manipulando nem nada.

Imagine só mandar "os cidadãos" votarem aumentos salariais de suas respectivas categorias.

Vai ser uma beleza. Na Suiça funciona.

Já falei sobre o sistema adotado em Monaco?


Primeiro: Ao dizer que nada indica que "os cidadãos" fariam melhor vc demonstra, como eu já tinha apontado, a crítica elitista, que não confia na democracia de fato, que preferia, talvez, mesmo que não tenha coragem de admitir, que um governo autoritário implantasse a força o modelo Coreano ou da Índia, no que tange a economia, que vc se negligenciou de dizer especificamente o que nesses modelos apóia, dependendo do que for nada impede que eu concorde com pontos e discorde de outros, sem saber especificamente o que está sendo defendido é que não da para emitir opinião.

Ou talvez tenha esperança que uma coligação de direita ganhe o poder pelas urnas e vc não tenha que se preocupar mais com isso.

Já eu quero que a responsabilidade de todos aumente, que não deleguemos tanta aos políticos, que a decisão seja nossa, e eles estejam lá muito mais para implementar, não para decidir por nós.

Segundo: Manipulação é muito maior e mais fácil, na democracia representativa. Na qual o financiamento de campanha prende os políticos, na qual acordos são feitos fora do grande palco. A informação deve ser livre, cada um tente manipular para o seu lado, mas se for a população a decidir ela influenciada como sempre estará irá decidir e ter que arcar com as consequencias sem ter bodes expiratórios tão fáceis e prontos se as coisas não derem certo, vão ser forçados a olhar para o próprio umbigo.

Outra é muito mais fácil manipular em disputas personalizadas, estilo Lula x Serra, e por ai vai. Pois se discute menos s propostas e mais os indivíduos, terreno de manipulação mais fértil. Em uma democracia mais aberta, os políticos são forçados a sair do personalismo, da egolatria, ridícula, e ter que disputar perspectivas, projetos, o que por si só diminui e muito a margem de manipulação.

Lógico que nenhuma categoria poderia votar aumento salarial deles próprios, esse argumento é ridículo e inventa algo que não tem base real para se contrapor. Fora que as votações seriam relativas a coisas que afetam todos, nunca uma categoria apenas, é justamente contra o autoritarismo e o corporativismo (Ou qualquer defesa singularizada, já que a idéia é prezar por todos) que a idéia da ampla democratização surge, ela marca o oposto do que vc disse. Lembra-me a coisa dos políticos votarem nos próprios aumentos, ta ai uma coisa que tenho praticamente certeza que em uma democracia popular seria abolido logo de cara, ou vcs acham que a maioria da população tem alta opinião da classe política, e confia neles ao ponto de dar a eles poder sobre os próprios salários?
Editado pela última vez por André em 21 Dez 2007, 15:40, em um total de 1 vez.
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Apáte
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Mensagem por Apáte »

André escreveu:
Fernando Silva escreveu:
André escreveu:
Fernando Silva escreveu:2)No Brasil, não acho que haja políticos moralmente e tecnicamente capacitados a tomar decisões. Há o risco permanente de votarem conforme seus interesses, por demagogia, ou segundo ideologias obtusas.

2)Concordo, e por isso não confio na classe política. Acredito que depositar mais poder nos cidadãos e tirar dos políticos, inclusive por isso, é uma alternativa muito melhor. Algo que deve se fazer de forma progressiva, precisa virar uma bandeira...

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André
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Mensagem por André »

Fernando Silva escreveu:
André escreveu:Ta claro?? Pq vc imaginar que falava de algum setor separado contraria tudo que vinha dizendo, pois a defesa de empoderar os cidadãos, é universal, não é apenas para uma determinada classe, ou grupo, nem poderia ser.

O problema é que são eles que tomam as iniciativas, não a maioria silenciosa.
Quando alguém diz "Vamos fazer, vamos acontecer!", a primeira coisa que me vem à cabeça são os "movimentos sociais", com o apoio silencioso de uma sociedade que sofreu uma doutrinação de esquerda desde o berço.
Não creio que esses grupos pensem como você. Você é muito moderado e muito de direita, na visão deles.


Mas em uma democracia ampliada a maioria não seria silenciosa, e esses grupos teriam que se sujeitar a vontade dela.

O problema de fato é que as pessoas têm medo, tem medo da população com poder, tem medo de mudanças, e preferem delegar responsabilidade e poder a outros. E quando não dá certo o bode expiatório, o culpado, aquele para quem todos podem apontar o dedo e dizer "FOI ELE" já está pronto. Para em breve ser substituído por outro, com discurso de esperança, para depois de um tempo se tornar novamente bode expiatório, e com isso, os cidadãos, essa maioria silenciosa, não precisa olhar para dentro de si mesma, e perceber a responsabilidade que tem, e de fato tem, no destino do país. A história não se repete, mas dessa forma as transformações que ocorrem, vão numa morosidade impressionante.

Eu sei que esses radicaloides de esquerda não me consideram esquerda de fato, assim como a direita me abomina, e diz que sou marxista e comunista. Eu acho no mínimo engraçado que os extremos sejam cegos ao ponto de não ver as nuances, não apenas nas minhas posições, mas em geral. Mas os extremistas são assim mesmo é uma profissão de fé. E fé em um programa rígido, com dogmas, não uma fé em princípios, capaz de agregar significados, de se alterar, não raciocinando no absoluto, mas buscar o que é mais justo, e eficiente, para todos.
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docdeoz
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Re: Intolerância

Mensagem por docdeoz »

Claudio Loredo escreveu:

Ser tolerante para com os outros é um difícil exercício que devemos praticar. Pois, ao longo de gerações, desde que viviamos em tribos nas selvas africanas, aprendemos a olhar para quem é diferente com sentimentos negativos. Seja essa diferença a cor da pele, a etnia, a religião, a nacionalidade ou até opiniões muito divergentes das nossas. Então ser tolerante é uma luta contra este passado, mas uma luta que vale a pena ser vencida em nome da paz.

Quero aqui falar especificamente sobre intolerâncias em relação a opiniões: visões de mundo e ideiais econômicos e sociais.

Cada um de nós tem uma opinião diferente sobre o que seria o ideal para a convivência social. Isto porque temos experiências de vida diferentes e expectativas diferentes. A partir dai, podemos achar que nossa opinião é a melhor e passar a agredir os outros que não compartilham das mesmas opiniões que as nossas. Afinal, eles estão atrapalhando o futuro ideal que estamos esperando.

Para deixar de ser intolerante, procure se colocar no lugar do outro ao invés de criminalizar o outro que pensa diferente. Procure ver que o pensamento do outro aponta para necessidades que você ainda não observou. Pois nossa existência neste mundo é limitada. Devido a este limitação, o pensamento analitico é um desafio.

Se você é de esquerda, procure ver que o livre mercado é uma necessidade humana e precisa ser atendida. Dai, não achincalhe com pensamentos de direita. O mesmo digo em relação a quem é direita, veja que os direitos trabalhistas são importantes, dai leve isto em consideração quando for propor maiores liberdades comerciais.

Ao invés de agredir a idéia dos outros, poderiamos mostrar a beleza das suas. Mostrar a beleza da liberdade comercial é melhor do que criminalizar qualquer questionamento sobre esta liberdade. Falar da importância da harmonia social é melhor do que demonizar o mercado.

O mesmo acontece em relação a religião. Ficamos chocados quando são postados aqui notícias sobre apedrejamentos nos países muçulmanos, mas esquecemos que aqui no Brasil acontecem inumeras vezes mais atos barbaros nas favelas do que nestes países e não nos chocamos com isto. O que mostra que a barbárie não está na religião, está dentro de nós e precisamos lutar contra ela.

Procure ver também que a sociedade ideal que você imagina pode jamais se tornar realidade. Isto não será culpa sua e nem de ninguém. Não temos controle nem mesmo sobre nós, imagina sobre nossa sociedade ou país. Não sabemos como será o dia de amanhã. Nem sobre o que será de nós amanhã. Vivemos sem controle sobre nada. Se revoltar porque as coisas não são como deveriam ser é pura bobagem. Tudo está além do seu controle, como as estrelas do céu e o nosso proprio universo.

Por isso, não agrida os outros que pensam diferente. Nem demonize tudo o que vai contra suas idéias. Isto em nada vai adiantar e pode se voltar contra você mesmo. Apenas observe a vida, pois isto é tudo o que você pode fazer.

A revista Carta Capital disse que o nosso fórum é um local de encontros de ateus na internet. Vamos fazer da nossa webcasa um local onde os questionadores possam se sentir a vontade, idependentemente de sua orientação política ou filosófica. Vamos procurar atender a necessidade que as pessoas tem de exporem suas ideias e vê-las sendo questionadas numa boa.


[/b]


Muito bem...

Poucos entenderam que, além de querer atucanar os ateus, :emoticon12: montei um banco de dados:

http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm= ... 3199793906
(HNT) ויאמר אלי אחד מן־הזקנים אל־תבכה הנה נצח האריה אשר הוא משבט Rev 5:5
http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?t=13986
http://rv.cnt.br/viewtopic.php?t=14653

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clara campos
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Mensagem por clara campos »

Acauan
Antes de mais deixa-me dizer-te que fiquei quase sem ´fôlego ao ler este teu post, pois à muito que não via uma reflexão tão lúcida sobre um tema que é provavelmente um dos meus predilectos.
Não quer isto dizer que concorde na essência contigo, como muito aprazará a mostrar.

Acauan escreveu:
Você resumiu um erro de interpretação que está na raiz de todo problema.
Não temos que valorizar a diferença, pois a diferença não tem valor em si.
Temos que valorizar a diferença naquilo que tem de valor, o que é outra coisa.

Perfeito.
É realmente uma interpretação comum mas absurda.
Só porque é diferente, não significa que seja bom.
A diferença não é realmente um critério de valor.
Contudo - e isto é mais uma reflexão do que propriamente uma opinião - a diferença proporciona momentos e situações de confronto que podem conduzir a uma melhoria.
Assim, a diferença é sim boa enquanto força anti-inércia, enquanto potenciadora de crescimento, evolução. Ou seja, é uma contrariadora da estagnação que possa advir da igualdade.

Acauan escreveu:
Outra expressão deste conceito sacralizado pelo politicamente correto é diversidade.
Ora, diversidade pode ser boa ou ruim.
O BEM único é melhor que infinitos males, mesmo que a diversidade seja nula no primeiro e infinita no segundo.

(...)
No caso das alternativas imperfeitas, o mérito não está na diversidade em si, pois uma vez definida a melhor alternativa, ela se torna preferencial, recomendando a redução da diversidade.
A diversidade, portanto, pode ser um meio, mas não um fim.

Tenho uma visão um pouco mais holística de diversidade.
Embora teoricamente concorde que é um meio para o fim da perfeição, a perfeição absoluta não existe, como sabemos, na prática.
A perfeição é uma medida relativa, comparativa, e a comparação entre iguais é apenas um reflexo.

Na evolução social, como biológica, a diversidade é efectivamente um meio para melhorar. Contudo, o melhor, é um processo contínuo, inacabado, pelo que a diversidade é algo que jamais se pode dizimar.
Repara por exemplo que um sistema democrático deve apresentar mecanismos por forma a que facções não democráticas se expressem, apesar de existirem vários mecanismos de contenção e manutenção.
Contudo, a existência de hipóteses alternativas imperfeitas pode ter o seu papel na manutenção da melhor hipótese, ou na escolha contínua das melhores hipóteses.

Um comunista uma vez disse-me que o comunismo apenas seria positivo se todas as pessoas do mundo fossem comunistas.
Como isto é absolutamente impossível por ser uma meta na prática inantigível, o que muitos regimes comunistas era eliminarem os não-comunistas.
O raciocínio é o seguinte "alcançámos o regime perfeito, os que se lhe oposurem devem ser eliminados".
Na prática, as consequências são obviamente catastróficas, independentemente do desenlace. É que na verdade, diferenças e semelhanças dão-se apenas em determinadas esferas, e não há como garantir A hipótese perfeita.

Assim, a valorização da diversidade, como um meio a manter (sendo este praticamente um fim), é uma forma de reconhecer que as metas perfeitas são inalcançáveis e que resultam de processos evolutivos.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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docdeoz
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Mensagem por docdeoz »

Acauan escreveu:

--------------------------------------------------------------------------------

Você resumiu um erro de interpretação que está na raiz de todo problema.
Não temos que valorizar a diferença, pois a diferença não tem valor em si.
Temos que valorizar a diferença naquilo que tem de valor, o que é outra coisa.

Mas quem define o que é de valor ou não???????????????

Sciam Br - História 7, O homem em busca das origens

Darwinismo Social e a arte da reconciliação

Edgar Assis do Carvalho

p. 86

Após comentários sobre o contato entre a civilização e as sociedades primitivas, com”magias e mitos como algo irracional”:

“Não foram apenas as populações indígenas que sofreram na pele o preconceito e a intolerância civilizatórios. Embora as concepções da teoria darwinista e os mecanismos da seleção natural e da sobrevivência dos mais aptos fossem válidos para a evolução da vida em geral, sua aplicação para a sociedade redundou em racismos e genocídios de toda ordem {darwinismo social de Spencer?- docdeoz}. É mais do que sabido que a transferência de conceitos e pressupostos teóricos e conceituais de uma área para outra é problemático. No caso das sociedades humanas, serviu de alavanca e justificativa para a expansão das ideologias raciais nazi-fascistas do século XX concretizados em guerras e extermínios planetários. Não resta dúvida que, neste terceiro milênio, o problema permanece e que os “mais aptos” se arrogam o direito de reger o destino da vida. Basta olhar o mapa do mundo para saber disso.”
(HNT) ויאמר אלי אחד מן־הזקנים אל־תבכה הנה נצח האריה אשר הוא משבט Rev 5:5
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RicardoVitor
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Re.: Intolerância

Mensagem por RicardoVitor »

Andre TJ escreveu:Eu tb não me sinto pessoalmente responsável em termos de culpa, porém sou solidário com relação a outros seres humanos, e quero o bem deles


André, quanto (%) você doa por mês, dos seus rendimentos, a outros seres humanos?
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Re.: Intolerância

Mensagem por RicardoVitor »

André, o que você acha da frase em minha assinatura?
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Edson Jr
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Re.: Intolerância

Mensagem por Edson Jr »

Acauan!

Amanhã te respondo, meu guerreiro...estou numa lan e aqui ela fecha mais cedo!

Até mais!
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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André
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Re: Re.: Intolerância

Mensagem por André »

RicardoVitor escreveu:
Andre TJ escreveu:Eu tb não me sinto pessoalmente responsável em termos de culpa, porém sou solidário com relação a outros seres humanos, e quero o bem deles


André, quanto (%) você doa por mês, dos seus rendimentos, a outros seres humanos?


Eu acabei de entrar no mestrado não tenho ainda rendimentos. Minha família doa para instituições de caridade. Porém não considero isso o essencial. O essencial é que escrevi um livro, dedico o meu trabalho, seja como professor, seja como pesquisador, para contribuição, o que me move a trabalhar não é dinheiro, se fosse não teria escolhido nem ser professor, nem pesquisador, nem escritor. Ou seja, o meu trabalho, todo ele, é em si a expressão dessa solidariedade, e pessoalmente, considero doar dinheiro, algo muito menor, do que desenvolver sua atividade em função disso. Claro que tem valor, e respeito, mas o indicativo maior, para mim, seria se envolver e dedicar tempo, e trabalho, para esse fim.

Se vc mede por doações e por dinheiro, apenas, eu somente tenho a lamentar, pois é uma visão estreita. Por isso até confundem com caridade o trabalho de pessoas que já relatei no fórum, que seu trabalho, é em si, seu meio de contribuição para a sociedade. Quando um trabalho desses é muito mais do que caridade, alias é algo profundamente diferente, a única coisa que tem em comum, é a razão, o impulso solidário, que tem gente que não entende, até pq não compartilha.

Eu tenho um amigo que poderia ter ficado rico, optou por um trabalho de professor e planejamento, em termos de dinheiro, ele poderia ganhar bem mais e doar bem mais dinheiro, no entanto embora a contribuição em dinheiro hoje que ele fornece é pequena, a contribuição que ele realiza, através de projetos, e do seu trabalho, e quantos bons alunos ele ajudou a formar, quantos gestores de saúde... é uma contribuição de cunho solidaria, muito maior do que o dinheiro lhe permitiria no outro trabalho.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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André
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Re: Re.: Intolerância

Mensagem por André »

RicardoVitor escreveu:André, o que você acha da frase em minha assinatura?


Ela é verdadeira para todas as experiências autoritárias de esquerda ( sendo que concordo com o Sama no que tange a população que em geral, não da a minima para patrimonio público, mas isso não uma regra definitiva, nem imutável), e nisso é o oposto do que defendo. Já que defendo justamente o alargamento da democracia. Como Orwell considero as experiências autóritarias de esquerda o oposto dos valores que acreditamos, e como ele não deixo de ser de esquerda, apenas não sou da esquerda autoritária.

Nesse sentido, me sinto muito mais próximo, ideologicamente, de um liberal democrata americano, do que dos socialistas que defendem qualquer coisa parecida com Stalinismo, ou ditadura qualquer.
Editado pela última vez por André em 22 Dez 2007, 00:22, em um total de 1 vez.
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André
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Mensagem por André »

Antes, Ricardo, que vc diga que é hipocrisia, vou me antecipar e explicar. Seria hipocrisia se eu pedisse que as pessoas doassem para caridade, mas não peço, respeito e acho uma boa atitude de quem faz, mas considero um mero paliativo, algo que simplesmente não é solução. E não penso mal de quem não faz. Quando vier o dinheiro da bolsa posso destinar uma parte para uma instituição, mas sinceramente isso nem se compara ao fato de eu ter lecionado de graça por 4 meses em um colégio público, ter ajudado um amigo e lecionado em seu lugar quando ele não podia apos uma operação, nem muito menos se compara ao trabalho e a dificuldade de fazer e publicar um livro, que tem como uma de suas funções, divulgar idéias que entendo são essenciais para de fato realizar transformações significativas. O motor por trás de todo meu trabalho é uma preocupação social, movida pela solidariedade, uma motivação inclusive de cunho ético. Doei meu tempo, meu estudo, priorizando não ganhos pessoais, que vem mas são menores do que conseguiria em outras atividades, mas priorizando a contribuição.

O que alguns não entendem é que eu estaria disposto a pagar mais impostos, se esses forem revertidos em benefícios e programas com condicionais eficientes para levantar as pessoas da pobreza. Votaria em um plebiscito desses, faria campanha. Entendo que a solução individual, privada, é pequena, e incapaz, tem que ser uma política pública, tem que abarcar todos, e tem que ser uma escolha democrática, não um ato messiânico.
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zencem
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Mensagem por zencem »

Fernando Silva escreveu:
zencem escreveu:
Fernando Silva escreveu:Deve valer a pena esse stress todo, caso contrário todo mundo largaria a cidade grande e iria viver pelado no meio do mato, comendo o que encontrasse.

Na verdade, o homem tem pavor do silêncio, do fare niente, do contato com o próprio pensamento, com a sua mente, tem pavor de ficar só.

Não que eu advogue a solidão, mas não compreendo porque ele deva ter medo de ficar sozinho.

Eu prezo muito minha privacidade e passo às vezes dias inteiros sozinho (tirando a Internet). Só que tudo isto com conforto, o que eu não teria no meio do mato (e nem privacidade também, no meio de uma tribo).


Será que os índios vivem constantemente apinhados no meio da tribo, como se fossem moscas ao redor da bosta?

Eu acho que não!

Ao olhar para um índio, mesmo para aquele que já está muito próximo da agitação da civilização branca,
me transmite a sensação de uma mente silenciosa e descolada.

O Acauan, mas experiente, pode nos dar um toque da realidade a respeito.
Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

zencem escreveu:
Ao olhar para um índio, mesmo para aquele que já está muito próximo da agitação da civilização branca,
me transmite a sensação de uma mente silenciosa e descolada.

Na minha firma, o pessoal que faz os serviços mais braçais é justamente o menos estressado.
Eles passam o dia operando máquinas, carregando coisas de lá pra cá, fazendo tarefas repetitivas, mas, quando termina o expediente, terminou. Não ficou nada pendente. E eles não voltam no dia seguinte preocupados com o serviço a fazer.

Eu, por outro lado, posso até nem me cansar fisicamente, mas esquento a cabeça o dia todo com "trocentos" problemas e vou para casa estressado com o que não deu para resolver e o que eu sei que vai estourar na minha mão no dia seguinte.
Até mesmo o que foi resolvido não necessariamente me deixa mais relaxado. O stress e o desgaste psicológico permanecem. São como cicatrizes.

O resultado é que eu vou para casa com a cabeça quente e os outros saem assobiando e contando piadas como se não tivessem nenhum problema no mundo.

Mesmo assim, eu não gostaria de viver a vida deles. E mesmo que ficasse rico, não conseguiria passar a vida na praia tomando água de coco.

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Você resumiu um erro de interpretação que está na raiz de todo problema.
Não temos que valorizar a diferença, pois a diferença não tem valor em si.
Temos que valorizar a diferença naquilo que tem de valor, o que é outra coisa.


docdeoz se antecipou bem. Afinal de contas, quem define o valor de alguma coisa?

O valor de algo, Acauan, parece depender daquilo que uma pessoa quer. Se o desejo de alguém está em aumentar seu domínio e poder de influência, ela irá buscar justamente os valores que aumentam as chances de concretização de seus desejos.

Da mesma forma, desprezará outros valores que contrariem suas íntimas expectativas. Outro detalhe curioso é que, a medida que desprezamos os valores que nos contrariam, tendemos a supervalorizar os nossos próprios valores. Dessa forma, a real medida de um valor seria meramente subjetiva e de cunho absolutamente pessoal.

continua...
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Fernando Silva
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Mensagem por Fernando Silva »

clara campos escreveu:Tenho uma visão um pouco mais holística de diversidade.
Embora teoricamente concorde que é um meio para o fim da perfeição, a perfeição absoluta não existe, como sabemos, na prática.
A perfeição é uma medida relativa, comparativa, e a comparação entre iguais é apenas um reflexo.

Na evolução social, como biológica, a diversidade é efectivamente um meio para melhorar. Contudo, o melhor, é um processo contínuo, inacabado, pelo que a diversidade é algo que jamais se pode dizimar.

Eu diria que a diversidade tem que ser mantida porque:
-No caso da biologia, não há espécies melhores que outras. Todas são necessárias e dependem umas das outras.
-Nos outros casos, simplesmente não sabemos o que pode ser descartado. Aquilo que nos parece inferior ou inadequado pode ter uma função importante que não percebemos.

O Acauan citou um caso claro, como a escravidão, mas nem sempre a coisa é assim tão óbvia. Além disto, aspectos éticos e morais à parte, nem todos gostam das mesmas coisas.

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Note que neste exemplo específico, o racismo é a mais pura expressão da valorização da diferença de raças em si, enquanto o combate ao racismo se define em seu oposto, que é a valorização da semelhança entre os seres humanos acima da diferença racial.


Na minha opinião, Acauan, admirar as diferenças de cor, assim como admirar as mais variadas cores das flores, também é uma forma de valorização. Valorizar as semelhanças também.

Vejo o racismo sob um outro prisma. Tendemos a projetar nossas imperfeições e fraquezas não naquilo que é semelhante, mas no que é diferente. Dessa maneira, o problema do racismo não estaria tão somente na valorização das diferenças, mas em vê-las como um bode expiatório das próprias fraquezas, fragilidades ou limitações.

...continua...
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Mensagem por Edson Jr »

Fernando Silva escreveu:
clara campos escreveu:Tenho uma visão um pouco mais holística de diversidade.
Embora teoricamente concorde que é um meio para o fim da perfeição, a perfeição absoluta não existe, como sabemos, na prática.
A perfeição é uma medida relativa, comparativa, e a comparação entre iguais é apenas um reflexo.

Na evolução social, como biológica, a diversidade é efectivamente um meio para melhorar. Contudo, o melhor, é um processo contínuo, inacabado, pelo que a diversidade é algo que jamais se pode dizimar.

Eu diria que a diversidade tem que ser mantida porque:
-No caso da biologia, não há espécies melhores que outras. Todas são necessárias e dependem umas das outras.
-Nos outros casos, simplesmente não sabemos o que pode ser descartado. Aquilo que nos parece inferior ou inadequado pode ter uma função importante que não percebemos.

O Acauan citou um caso claro, como a escravidão, mas nem sempre a coisa é assim tão óbvia. Além disto, aspectos éticos e morais à parte, nem todos gostam das mesmas coisas.


Minha visão sobre a diversidade é bastante similar a da Clara e do Fernando.

Parece que algo dentro de nós pressente que, por mais que os outros nos encham o saco, vale a pena valorizar as diferenças, para nosso próprio bem.
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Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:A dinâmica é mais complexa. Na verdade as chamadas idéias distintas das nossas ou mesmo opostas a elas tendem a ser aceitas passivamente, desde que introduzidas de um modo que manipule as características que relatou ao invés de confrontá-las diretamente.
Publicitários, políticos, líderes religiosos fazem isto o tempo todo.


Sim, é verdade!

Mas isso estaria relacionado muito mais ao fato das pessoas não terem força ou coragem na criação de suas próprias idéias, sem qualquer relação (ao menos aparentemente) ao valor das idéias. Uma idéia estúpida de alguém estúpido e cheio de si (mas malandro) sempre será bem vinda por uma boa parcela de ignorantes.

Ou ingênuos (para ser eufemista).
:emoticon1:

Acauan escreveu:Algumas diferenças não devem ser valorizadas ou sequer toleradas, como por exemplo as que negam os fundamentos da civilização ocidental de santidade da vida humana, liberdade e auto-determinação do indivíduo.


Em outras palavras: "Algumas diferenças não devem ser valorizadas segundo nosso juízo de valor único, pessoal, individual e peculiarmente subjetivo."

A redundância foi proposital! :emoticon16:
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Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Quando alguém é diferente por ser mais corajoso, mais nobre ou mais inteligente, seu mérito está na coragem, nobreza ou inteligência, não na diferença, que per si não quer dizer absolutamente nada.


Cara, isso dá no mesmo!

Suponhamos que eu seja inteligente, mas não corajoso e, você seja corajoso, mas não inteligente. Há de admitir que possuo uma qualidade que você não possui. Da mesma forma que você possui uma qualidade que não possuo.

Das quatro uma. Ou valorizo o que você possui de diferente, ou invejo, ou desprezo, ou condeno. E tudo isso segundo o meu próprio juízo de valor!
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Trancado