Protegendo os pobres do mundo

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emmmcri
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por emmmcri »

Liberais defendem apaixonadamente as suas idéias aqui no RV, a ponto de poucas vezes se ver alguns deles reconhecerem as fraquezas de sua ideologia e os méritos de outras.
Eles estão cegados, mas afirmam o contrário. Aqui é assim, deu certo eles arrumam um jeito com suas acrobacias de erudição para creditar ao liberalismo, deu errado o mesmo para criticar ideologias contrárias.
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Joe
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Mensagem por Joe »

Sabe de uma coisa:

- Foda-se discutir sobre pobreza, eu vou é estudar e procurar ficar rico e se um dia tiver dinheiro o suficiente eu vou ajudar o pobre. Muito mais fácil do que falar sobre a criança da africa passando fome, porque essa discussão toda não vai interferir em nada, pois a criança vai estar com fome ainda.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

clara campos escreveu:Muitas vezes os "debates" aqui do ReV transformam-se em monólogos intercalados, diálogos autistas, que tanto reflectem o que penso ser a postura política mundial. Cada um escolhe o seu "time", e depois cada "time" puxa o seu lado da corda a ver quem tem mais força.

Nós já vimos o mal que aquilo a que chamaram comunismo fez aos países que o adotaram.
Nós já vimos como progrediram os países capitalistas.
Por outro lado, os ataques ao liberalismo são todos com base no mal que ele causou ao ser, supostamente, imposto por alguns países a outros.

Não defendo o liberalismo cego, cada um por si, mas acho que essa forma de liberalismo é a que foi tentada no século 19 e depois abandonada.

O que temos hoje é liberalismo sob controle de governos, com resultados variáveis segundo cada país e a qualidade e o nível de controle, além de guerras comerciais entre corporações mundiais (que extrapolam países e seus governos) e muito "coitadismo" e culpabilização de outros pela própria miséria sem se apresentarem evidências claras.

Sim, também sou contra ideologia pela ideologia. É o que fazem os comunistas obtusos: "Temos que seguir a ideologia e danem-se os resultados. Se as coisas funcionarem seguindo-se outro método, não serve".

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emmmcri
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Mensagem por emmmcri »

Huxley escreveu:Na verdade, não vi nenhuma passagem deste artigo do Chang com pedido anti-liberalização comercial.Alguns, equivocadamente, pensam que isso é anti-liberalização comercial:

Chang escreveu:“O sistema econômico global deve apoiar os esforços dos países em desenvolvimento, permitindo que usem mais livremente os instrumentos de promoção de indústria nascente”


Aqui nota-se claramente o que essas pessoas não entenderam.Protecionismo a indústrias nascentes é um caso a parte no contexto da inserção do comércio internacional.A política de substituições de importações nestes casos encontra suporte teórico na literatura sobre as indústrias nascentes, que diz que devido a falhas de mercado, indústrias novas em países em desenvolvimento têm custos médios de produção maiores que a de países onde elas já estão plenamente instaladas.Essas falhas de mercados podem ser tanto devido às falhas no mercado de crédito ou restrições de escala em decorrência do estágio do desenvolvimento do país.Isso é AMPLAMENTE ACEITO na literatura econômica, até mesmo representantes da direita tupiniquim fazem a distinção CLARA entre o protecionismo para indústria nascente e protecionismo para indústrias já estabelecidas:

Gustavo Franco:
http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/Epoc ... 0ruins.htm

Maria Cristina Terra:
http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/Agenda%20Perdida.pdf (ver páginas da 29 a 33-LEITURA OBRIGATÓRIA para quem quiser entender do assunto)

“Que a indústria nascente precisaria de uma aduaneira temporária para sobreviver por suas próprias pernas é uma questão fora de dúvida”.Mário Henrique Simonsen (2002).“Textos Escolhidos”.Editora FGV, p.213. ou Exame (edição especial), 7-2-1990.

Vale lembrar que muitos países que atualmente são considerados “países industrializados desenvolvidos” já foram países em desenvolvimento com indústrias nascentes.Mesmo os economistas mais ortodoxos (a maioria, pelo menos) não dizem “abaixo a política industrial em indústrias nascentes”.O que eles dizem é que a política industrial requer detecção de falhas de mercado que inviabilizam a implementação da indústria no curto prazo e a garantia que depois essas indústrias irão se desenvolver sem medidas protecionistas adicionais e permanentes.Se o professor Chang é estatólatra-nacionalista por defender proteção a indústria nascente, então aquele que foi conhecido como o mais influente anti-estatólatra-nacionalista brasileiro de todos os tempos (o professor Mário Henrique Simonsen) também é.


Considerando a literatura sobre as falhas de mercado em contexto de indústrias nascentes e os resultados econômicos observados em vários países, observa-se que existem argumentos convincentes para quem diz que o apoio público a industrialização foi essencial a indústrias desses países e ainda com impacto no crescimento econômico.Isso NÃO É falácia “aconteceu depois, logo foi causado por”.A política industrial não se realiza apenas por tarifas, mas também por subsídios e linhas de créditos baratas criadas pelo Estado.Obviamente, essa política industrial não está isenta de custos sociais (proteção gera perda de renda real dos consumidores e ineficiência em alguns setores), mas o impacto que algumas tiveram no crescimento econômico de alguns países mais que superou os custos.

Outra coisa que ninguém percebeu foi que Chang em nenhum momento disse que o modelo dirigista de industrialização era caminho universal a ser seguido.Se fosse esse o caso, ele teria feito uma generalização.Como disse Pessali na resenha cujo link postaram aqui:“Chang ilustra com alguma fartura quão variadas foram as estratégias de desenvolvimento implementadas por cada um daqueles países”.Num livro de um economista paraibano muito famoso, vi uma coisa interessante.A Coréia do Sul tinha um programa de crédito subsidiado que consumia 10% do PIB que previa apoio das empresas com a condição de fazerem investimentos em setores estratégicos em planos qüinqüenais (Furtado, 1992. Brasil: A construção interrompida. Rio de Janeiro, Paz e Terra, p.50). E como disse o professor Chang, em muitos setores de zona de processamento de exportação, a Coréia do Sul (e também Taiwan, que ele esqueceu de mencionar) FECHOU as portas para o investimento estrangeiro direto e optou pelo incentivo das firmas pelo aprendizado tecnológico através contratos de licença, ou seja, optou pela compra de tecnologia externa antes de criar sua própria tecnologia.Isso nada tem a ver com “atualização tecnológica das firmas locais através da abertura ao investimento externo” como muitos leigos imaginam. Nestes setores, a transformação desta economia de "imitadora" ou importadoras de tecnologia para geradoras de inovações tecnológicas foi radicalmente diferente do que estes imaginam.Na verdade, instituiu-se a reserva de mercado em vários setores (principalmente na indústria de semicondutores).O contato com os compradores de exportações como fonte de aperfeiçoamento da qualidade e design dos produtos e o ambiente de concorrência dos mercados internacionais (sobretudo pela exploração das economias de escala dos países mais avançados) foram os fatores de busca de melhor produtividade (e competitividade) tão boa ou superior a uma estratégia de abertura as importações no mercado interno (que num contexto de indústria recém-nascida seria até maléfico).Não é preciso a última coisa acontecer para existir uma influência do mercado na alocação dos investimentos.Cabe ressaltar que os governos dos Tigres Asiáticos liberaram as importações de equipamentos e bens intermediários de modo que seus fabricantes escolhessem entre os insumos domésticos e os insumos importados. Isso aprofundou a substituição de importações de alguns bens de consumo finais.

Citaram aqui o trágico modelo de substituição de importações adotado pelo Brasil no período do “milagre”.Mas a onda de protecionismo as indústrias brasileiras no período do “milagre brasileiro” (nas décadas de 60 e 70) tinha uma particularidade.Muitas das indústrias protegidas NÃO TINHAM NADA DE “NASCENTES”.Foi um modelo de substituição indiscriminada das importações e de proteção temporária e declinante (como requeria o bom senso econômico), transformaram em proteção permanente e crescente, que resultou em perda de dinamismo tecnológico e baixo crescimento da produtividade.Pior, a política industrial não cobrava metas de desempenho das empresas (através da ameaça de cancelamento de apoio público), como faziam os governos dos Tigres Asiáticos.E como disse o professor Simonsen na Exame, à medida que ganha capital e tecnologia, uma indústria substituidora de importação pode facilmente passar a condição de indústria exportadora, coisa que a Cepal parece ter se esquecido.

O caso mais evidente do protecionismo exagerado se encontrava no caso da proteção a bens intermediários, que afetava negativamente a produtores de bens de consumo finais, já que estes teriam que comprar insumos e bens de capital via de regra mais caros ou menos eficientes que os importados.As máquinas e equipamentos deveriam ser os últimos itens da agenda de substituição de importações, simplesmente porque são indispensáveis à atualização tecnológica, como já argumentou Roberto Campos:
Pensadores brasileiros/ Roberto Campos/ O mito da política industrial

Cabe ressaltar ainda que o modelo de industrialização dos EUA e vários países europeus FOI O MESMO ADOTADO PELO BRASIL, ainda que em diferentes graus e estágios.Ou seja, a empresa mista ou o "empresário protegido” era a instituição paradigmática por trás da industrialização.Aqui vai outro artigo de Campos sobre o assunto:
Pensadores brasileiros/ Roberto Campos

Aqui vão dois textos sobre o modelo de industrialização (conhecido como modelo “plataformas de exportações”) dos Tigres Asiáticos:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S01 ... ci_arttext

http://docentes.fe.unl.pt/~amateus/publ ... ASIA1D.htm

Quanto à presença de Neoliberalismo na América Latina e das políticas prescritas pelo chamado “Consenso de Washington”, isso foi um fato tanto na Argentina, quanto no México, duas das principais economias latino-americanas.Eu já estudei o caso da Argentina na universidade e posso dizer que ela seguiu toda (ou quase) a cartilha neoliberal à risca: diminuição da carga fiscal, juros de mercado, abertura comercial, liberalização financeira, redução das barreiras ao investimento estrangeiro direto, privatização, desregulamentação (inclusive, flexibilizou as leis trabalhistas).Para quem não sabe, o próprio criador da expressão “Consenso de Washington”, o professor John Williamson fez mea-culpa e disse que o fracasso de alguns países se deveu a ausência de três fatores que ele omitiu no texto do Consenso (Maílson da Nóbrega, 2005. “O Futuro Chegou”. Editor Globo, p.66,67): (1) alguns países se aproveitaram o câmbio valorizado para atrair capitais e utilizaram a rigidez cambial como âncora da inflação; como resultado, o estancamento de fluxo de capitais gerado pelas crises financeiras da década de 90 gerou o caos; (2) faltou as reformas nas instituições (normas relativas ao processo político e eleitoral que reduzem as incertezas); (3); faltou à prática de políticas públicas que tivesse impacto não só no curto, mas também no longo prazo econômico.Além disso, Williamson cita o Chile, o país que seguiu a cartilha neoliberal e agiu de maneira oposta à Argentina nesses três fatores citados, teve a quarta maior crescimento econômico no mundo na década de 90.Enfim, embora isso mostre que o Neoliberalismo não pode ser usado como bode expiatório, também é certo dizer que certos governos acreditaram que, como certa vez disse Joseph Stiglitz, “bastaria tirar o governo do caminho para permitir aos mercados funcionarem e o desenvolvimento simplesmente adviria".Em outras palavras, a América Latina representa um bom caso para mostrar como a anteposição que alguns fazem de Estado e mercado é ingênua e simplista. Muito mais produtivo é questionar “quais políticas dão certo, como, por que e em quais circunstâncias?”.
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emmmcri
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por emmmcri »

UP !
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Aranha
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Aranha »

Um Comentário:

- Li "Chutando a Escada" e gostei do livro, tirando as conclusões cheias de teorias conspiratórias de países ricos sacaneando pobres, o resto é uma crítica válida, ainda que contestável em muitos pontos, discordo, por exemplo quando ele defende a implantação de instituiçoes conforme amadurecimento de cada país, a velocidade das transformações hoje em dia não permite tal coisa, no entanto, concordo com ele que fórmulas prontas de desenvolvimentismo tem que ser adaptadas a cada realidade, políticas de amortecimento social, por exemplo, são necessárias numa transição para o liberalismo em países com grande desigualdada na distribuição de renda, para assim dirimir risco de retrocesso político-ideológico.

Abraços,
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zencem
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Mensagem por zencem »

Joe escreveu:Sabe de uma coisa:

- Foda-se discutir sobre pobreza, eu vou é estudar e procurar ficar rico e se um dia tiver dinheiro o suficiente eu vou ajudar o pobre. Muito mais fácil do que falar sobre a criança da africa passando fome, porque essa discussão toda não vai interferir em nada, pois a criança vai estar com fome ainda.


...e elegendo uma porção de picaretas. :emoticon12:

Pobre e criança faminta sempre foi um prato cheio em comício de político sem vergonha. :emoticon6:
Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Tally
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Mensagem por Tally »

Odeio falar de pobres e de crianças maltratadas. Nossos filmes só expressam isso, por esse motivo, não assisto a filmes nacionais.O Brasil tem muitas belezas naturais, se quisessem incrementar o maldito turismo, parariam de fazer só esse tipo de filmes.Afinal em qualquer lugar tem favelas, crianças na rua, e miséria. Até nos EUA tem. Que vão para o diabo com essas imagens que projetam do Brasil. Ladrões, trabalho escravo,crianças pedindo esmolas, miséria , só isso que o Brasil tem?
E só o Brasil que tem?
Não.Mas os outros incrementam seu turismo, ganham dinheiro com ele e escondem muito bem suas misérias. Vide Haway , Thaity,etc.
Cansei .Realmente, não assisto a filmes nacionais e o último livro que li de autor nacional faz anos.Carandiru. E para mim chegou.Não estou a fim de ficar down para que nosso amado presidente possa pedir empréstimos ou fazer demagogia em nome das "misérias" do país que ele próprio permite.
Escolho meus inimigos a dedo,
porque não dou a qualquer um a honra de me enfrentar..
Aos que me invejam, desejo vida longa,
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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Tally escreveu:Odeio falar de pobres e de crianças maltratadas. Nossos filmes só expressam isso, por esse motivo, não assisto a filmes nacionais.O Brasil tem muitas belezas naturais, se quisessem incrementar o maldito turismo, parariam de fazer só esse tipo de filmes.Afinal em qualquer lugar tem favelas, crianças na rua, e miséria. Até nos EUA tem. Que vão para o diabo com essas imagens que projetam do Brasil. Ladrões, trabalho escravo,crianças pedindo esmolas, miséria , só isso que o Brasil tem?
E só o Brasil que tem?
Não.Mas os outros incrementam seu turismo, ganham dinheiro com ele e escondem muito bem suas misérias. Vide Haway , Thaity,etc.
Cansei .Realmente, não assisto a filmes nacionais e o último livro que li de autor nacional faz anos.Carandiru. E para mim chegou.Não estou a fim de ficar down para que nosso amado presidente possa pedir empréstimos ou fazer demagogia em nome das "misérias" do país que ele próprio permite.


Desde que Central do Brasil concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro (sem a mais mínima chance contra A Vida é Bela) um monte de diretores de cá investem na idéia de que mostrar o Brasil como se o país todo fosse um grande Morro do Urubu faz o filme ganhar defensores lá em Hollywood.

Alguns filmes são até tecnicamente bons, como Cidade de Deus, mas de fato enche o saco esta tal de estética da fome.
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Tally
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Mensagem por Tally »

Acauan:
Central do Brasil foi bem feito. Mas nada que se compare a "A Vida é Bela".
Agora, tudo bem, concorreu, ganhou o urso de prata, mais não sei que prêmios, etc. isso porque o elenco era de peso, não porque a história fosse grande coisa, ou a paisagem, ou ....não.
Agora, continuar a fazer coisas assim é burrice.
Mostre a beleza natural de Fernando de Noronha por ex.
Ou de Florianópolis, ou do Paraná, tantos estados!
Mas em nossos filmes só aparece Bahia, Bahia, Bahia, candomblé,ignorância, pobreza, trabalho escravo, desgraças, assaltos, roubos, favelas, morte e miséria.
Onde estão as belas morenas de nosso país?
Ou as brancas tomando sol à praia?Não se vê nada disso.
Nem siquer faculdades,ou pessoas cultas aparecem.
Parece uma imensa aldeia.Essa é a imagem projetada no exterior
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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Tally escreveu:Acauan:
Central do Brasil foi bem feito. Mas nada que se compare a "A Vida é Bela".
Agora, tudo bem, concorreu, ganhou o urso de prata, mais não sei que prêmios, etc. isso porque o elenco era de peso, não porque a história fosse grande coisa, ou a paisagem, ou ....não.
Agora, continuar a fazer coisas assim é burrice.
Mostre a beleza natural de Fernando de Noronha por ex.
Ou de Florianópolis, ou do Paraná, tantos estados!
Mas em nossos filmes só aparece Bahia, Bahia, Bahia, candomblé,ignorância, pobreza, trabalho escravo, desgraças, assaltos, roubos, favelas, morte e miséria.
Onde estão as belas morenas de nosso país?
Ou as brancas tomando sol à praia?Não se vê nada disso.
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Justiça seja feita, Dois Filhos de Francisco, que passou na TV outro dia, apesar da trilha sonora insuportável, mostra um Brasil onde gente honesta, trabalhadora e perseverante vence na vida.

Nem todos ficam milionários como os protagonista, claro, mas a mensagem é esta.
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Mensagem por Aranha »

Acauan escreveu:
Tally escreveu:Acauan:
Central do Brasil foi bem feito. Mas nada que se compare a "A Vida é Bela".
Agora, tudo bem, concorreu, ganhou o urso de prata, mais não sei que prêmios, etc. isso porque o elenco era de peso, não porque a história fosse grande coisa, ou a paisagem, ou ....não.
Agora, continuar a fazer coisas assim é burrice.
Mostre a beleza natural de Fernando de Noronha por ex.
Ou de Florianópolis, ou do Paraná, tantos estados!
Mas em nossos filmes só aparece Bahia, Bahia, Bahia, candomblé,ignorância, pobreza, trabalho escravo, desgraças, assaltos, roubos, favelas, morte e miséria.
Onde estão as belas morenas de nosso país?
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Justiça seja feita, Dois Filhos de Francisco, que passou na TV outro dia, apesar da trilha sonora insuportável, mostra um Brasil onde gente honesta, trabalhadora e perseverante vence na vida.

Nem todos ficam milionários como os protagonista, claro, mas a mensagem é esta.



- Não esqueçamos de Tropa de Elite que determinou corretamente o papel da polícia e do bandido sem apelar em momento algum para a estética da fome.


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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Abmael escreveu:- Não esqueçamos de Tropa de Elite que determinou corretamente o papel da polícia e do bandido sem apelar em momento algum para a estética da fome.


Acauan, em 17/11/2007 às 0:35, escreveu:Tropa de Elite – Fechando um ciclo de trinta anos

O filme Tropa de Elite pode não apresentar nenhuma novidade como narrativa cinematográfica, limitando-se a adaptar para um cenário do Brasil contemporâneo a batida fórmula hollywoodiana do policial que rompe com o sistema corrupto à sua volta e faz justiça seguindo suas próprias regras.

A novidade é que enquanto os Dirty Harry e Martin Riggs são combatentes individuais, heróis solitários, o capitão Nascimento representa uma instituição que assume este papel coletivamente – o BOPE – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Tropa de Elite fecha um ciclo de trinta anos na temática polícia x bandido, no cinema nacional.
Em 1977 foi lançado Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, de Hector Babenco, filme que hoje poderia ser resumido como um "Tropa do Elite" virado do avesso.

O cruzamento entre os dois filmes pode ser feito a partir de uma frase atribuída ao personagem título do filme de Babenco – Polícia é polícia, bandido é bandido.
Frase que ninguém estranharia se ouvisse da boca do Capitão Nascimento, entre um pedido de saco e outro, mas que tinha conotação oposta no filme que a originou.

Babenco transformou em tragédia grega a vidinha desgraçada de um criminoso vagabundo, mostrado como uma marionete sob as irresistíveis forças do sub-mundo de um estado policial, representadas pelo chamado Esquadrão da Morte.
Nesta realidade, a frase polícia é polícia e bandido é bandido assumia ares de ironia e denúncia, em uma história em que os dois grupos se igualavam nas ações e se diferenciavam apenas no destino, a morte inglória para o bandido sem alternativas e a impunidade para seus diabólicos manipuladores policiais.

Ou seja, o filme de Babenco é bosta de vaca.
Mais tarde ele faria Pixote, a Lei do mais fraco e repetiria a dose.

Coisa parecida já havia sido feita em 1962, em O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Faria, mostrando que o mau hábito de fazer bandido aparecer bem na cena já vem de longe no cinema brasileiro, mesmo quando o meliante respondia pela alcunha de Tião Medonho, o que já dá uma idéia.
Mas ainda era melhor que a bosta de vaca do Babenco.

No, espero, canto do cisne desta abordagem do tema, temos Cidade de Deus, do Meirelles, que apenas juntou competência técnica aos pecados de seus antecessores.

Em Tropa de Elite, polícia é polícia e bandido é bandido, ponto.
É isto que deixou muita gente revoltadinha com o filme, afinal que seria de boa parte da intelectualidade brasileira sem aquilo que chamam de nuances, que uma vez reconhecidas geram comentários cheios de análises inteligentes.

Não tem lugar para isto em Tropa de Elite.
Combater quadrilhas munidas com armamento militar pesado, entricheiradas em favelas superpovoadas, deixa pouco espaço para sutilezas.
Estas sutilezas podem incluir direitos civis e garantias individuais.
Implicações há, mas o fato é que se há trinta anos platéias saíam dos cinemas com uma cara de "Ah..., coitadinho do Lúcio Flávio", hoje não parecem lá muito tocadas com o fim dado ao traficante Baiano, já que a frase "traz a doze" vem sendo repetida em contextos muito longe de ser trágicos.

Ou seja, Tropa de Elite reflete uma nova crença em que polícia é polícia e bandido é bandido, sem nuances ou viadagens ideológicas, o que dá na mesma.
É um bom começo e, por isto, o filme já vale a pena.

Nós, Índios.

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