Artigo original do site chileno "Nave dos Loucos", nº 29 - Novembro de 2004.
Em setembro de 2004, ocorreu um episódio histórico. Ao menos para a ufologia brasileira. Tudo começou no dia 10, quando um membro do conselho editorial da Revista UFO, publicação do Centro Brasileiro para Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), desafiou Kentaro Mori, editor do site Ceticismo Aberto, na época da Sociedade da Terra Redonda, o maior grupo cético brasileiro. Começava então o choque entre os ufólogos e os céticos.
A isto se seguiu uma séria de desafios entre Mori e Ademar Gevaerd, presidente da CBPDV. Uma semana depois concordaram que a disputa deveria ser mediada por uma terceira parte. O grupo InterPsi, da PUC de São Paulo, foi convidado a cumprir essa tarefa e o coordenador do grupo, o psicólogo Wellington Zangari, enviou uma proposta de validação.
A comunidade ufológica, representada por Gevaerd, escolheria "um caso que, ao seu critério, ofereceria as melhores evidências da existência de vida inteligente fora da Terra", apresentando a documentação relacionada.
Ela seria analisada pela comunidade cética, representada por Mori, além da comunidade científica, representada por 5 cientistas independentes "das principais universidades brasileiras (como a USP, a PUC-SP e a UNICAMP), de diferentes áreas de conhecimento, por estarem acostumados a avaliar objetivamente as evidências". No dia 21, a proposta foi aceita por ambas as partes.
Entretanto, a avaliação durou pouco. Oito dias depois, Gevaerd simplismente abandonou a disputa. Em uma mensagem enviada a todos os envolvidos, mencionou três motivos para desistir. "Não me sinto na obrigação de oferecer provas de que os OVNIs existem a quem quer que seja", "Não sou o representante exclusivo da ufologia brasileira" e "Não tenho nenhum ânimo para fazer uma coisa como essa, e muito menos tempo". Gevaerd foi incentivado a desistir por Carlos reis, "mediador" da Revista UFO.
Incrivelmente, Reis, depois de afirmar que o desafio seria uma "perda de tempo", escreveu uma mensagem: "Eu, você (Gevaerd) e muita gente também sabe que a ufologia é frágil, nós não trabalhamos com provas, mas sim com indícios significativos de que estamos lidando com um fenômeno de natureza desconhecida. Só isso. Não podemos afirmar que existem seja extraterrestres, muito menos 'alienígenas', pois são apenas suposições, teorias, hipóteses, elucidações… Sabemos que a ufologia é muito mais que a soma de suas partes, e não temos todas as partes, e as que temos não sabemos por onde começar a estudá-las… Então, para quê entrar nesta bobagem de desafio?".
Zangari, da InterPsi, se declarou "absolutamente surpreso com o aviso do abandono… Assumir compromissos que envolvem a pessoas nos obriga a ter atitudes menos impulsivas, seja para aceitar, seja para abandonar qualquer atividade. O compromisso da mediação envolve a várias pessoas". E continua: "Considero a atitude de abandono, a esta altura, imatura, irresponsável… De fato, ninguém era obrigado a nada, a não ser ao que tenha dado a sua palavra".
Mori, representando os céticos, fechou o episódio: "Entendemos que o Gevaerd não só rejeitou a proposta, mas também falhou em não assumir o seu erro.
http://magsupp.mysite.wanadoo-members.co.uk/ms59.htm
http://www.clubecetico.org/forum/viewto ... highlight=

