Intolerância e Símbolos Religiosos
- Claudio Loredo
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Intolerância e Símbolos Religiosos
Fonte: UMBANDAFEST, 21-01-2008
INTOLERANCIA E SIMBOLOS RELIGIOSOS
Daniel Sottomaior
A partir de hoje, fica combinado: todo dia 21 de janeiro é dia nacional de combate à intolerância religiosa. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário de morte da ialorixá Mãe Gilda, que morreu de infarto em 2000 após ter seu terreiro sido invadido duas vezes por religiosos contrários a suas práticas e ver sua foto ilustrando uma matéria de teor depreciativo veiculada por jornal religioso.
Em ação na justiça, a igreja responsável pelo periódico foi condenada a pagar uma soma bastante expressiva aos herdeiros de Mãe Gilda, de maneira que o 21 de janeiro não é resultado apenas da atenção que a intolerância religiosa recebeu do legislativo, mas também do reconhecimento que conseguiu no judiciário.
Esses são sinais de que a maré de conscientização talvez esteja começando a virar em ao menos dois dos três poderes. Mas não podemos esquecer que ainda existe muito a fazer e que a intolerância ainda permanece enraizada nas próprias ações do Estado.
A desigualdade de acesso às capelanias e à assistência religiosa em hospitais, por exemplo, já é questão bem conhecida dos povos de terreiro. Por isso creio ser importante abordar aqui uma causa da maior importância que me parece estar sendo negligenciada: a presença de símbolos religiosos em repartições públicas. Esses símbolos são uma violação flagrante da laicidade do Estado, e podem ser encarados de pelo menos duas maneiras.
Algumas pessoas verão neles uma afronta em função de suas convicções religiosas ou arreligiosas, ou de análises históricas sobre tudo que eles representaram e ainda representam, particularmente no campo dos direitos humanos e da própria liberdade religiosa. E isso é perfeitamente legitimo. Afinal, não cabe ao Estado assumir o papel de se subscrever, direta ou indiretamente, a qualquer convicção política, ideológica ou religiosa.
Mas não é preciso sentir-se aviltado por um determinado símbolo religioso para ser contrário a seu uso como aparelho estatal. Independentemente do símbolo disposto em repartição publica, todo cidadão tem o dever de rejeitá-lo porque ele é conseqüência e causa de um desproporcional apreço do Estado, suas políticas e seus agentes (incluindo a própria Justiça) para com a confissão que representa.
Ainda que o símbolo em questão carregasse apenas significados positivos, não haveria como justificar a escolha desse particular símbolo em detrimento de todos os outros, que restam inegavelmente desprestigiados. O dinheiro dos impostos de todos não pode servir para fazer proselitismo do credo de alguns, sejam quantos forem. Não podemos esquecer que o critério da maioria serve apenas para eleger governantes, não para decidir de quem são os direitos a serem pisoteados.
Mesmo que não nos incomodemos com esses símbolos, nenhum cidadão consciente pode permitir que o Estado sancione oficialmente algum credo, pois isso constitui uma forma de discriminar seus cidadãos. Ė preciso acabar de uma vez por todas com os abusos contra a lei e com a confusão entre público e privado. Deixar para lá é alimentar todas as demais formas de preconceito.
Como se pode esperar que os cidadãos se tratem igualmente se nem o Estado faz isso? Que sensibilidade à diversidade devemos esperar de nossos legisladores, juízes e promotores, que só sabem trabalhar com o estandarte do privilégio acima de suas cabeças, ainda mais quando tão poucos reclamam?
Uma das belezas desta causa é que qualquer um pode fazer sua parte. Basta dirigir representação ao Ministério Público relatando a existência de um símbolo em qualquer ponto do território nacional, apontando a repartição em que ele está e expondo seu ponto de vista. Não é necessário advogado, e o procedimento é gratuito.
O site http://www.brasilparatodos.org tem todos os endereços do MP no país e até modelos de representação. Se puder fazê-lo em nome de uma pessoa jurídica, tanto melhor. As autoridades poderão ignorar uma ou duas representações, mas não centenas ou milhares. Por isso é importante deixar no site sua mensagem de apoio, e também cópias das representações e suas respostas, para expor a dimensão do movimento na sociedade. E não deixe de divulgar esta iniciativa.
No caso das representações já indeferidas, é da maior importância pedir a inclusão de um novo símbolo que represente verdadeiramente a sua crença. Afinal, se o símbolo atualmente afixado é legal, então todos os outros também precisam ser. Através do site pode-se escolher qualquer uma das representações já indeferidas de que temos conhecimento.
Pedir a remoção de símbolos religiosos de repartições públicas não é expressar raiva, mas pedir justiça. Manter-se em silêncio não é uma atitude de respeito, mas de omissão. Ė claro que não queremos ofender os sentimentos religiosos de ninguém. Mas isso não pode ser um argumento para não se fazer justiça. Ao não fazer nada, estaremos ratificando o preconceito e sacrificando princípios fundamentais da democracia no altar das vaidades daqueles que não podem suportar a afronta de perder seus sagrados privilégios.
Se eles desejam realmente fazer aos outros como gostariam que lhes fosse feito, então devem agir com dignidade e grandeza, e limpar as paredes de nossa repartições. E se não desejam, não merecem o nosso respeito.
INTOLERANCIA E SIMBOLOS RELIGIOSOS
Daniel Sottomaior
A partir de hoje, fica combinado: todo dia 21 de janeiro é dia nacional de combate à intolerância religiosa. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário de morte da ialorixá Mãe Gilda, que morreu de infarto em 2000 após ter seu terreiro sido invadido duas vezes por religiosos contrários a suas práticas e ver sua foto ilustrando uma matéria de teor depreciativo veiculada por jornal religioso.
Em ação na justiça, a igreja responsável pelo periódico foi condenada a pagar uma soma bastante expressiva aos herdeiros de Mãe Gilda, de maneira que o 21 de janeiro não é resultado apenas da atenção que a intolerância religiosa recebeu do legislativo, mas também do reconhecimento que conseguiu no judiciário.
Esses são sinais de que a maré de conscientização talvez esteja começando a virar em ao menos dois dos três poderes. Mas não podemos esquecer que ainda existe muito a fazer e que a intolerância ainda permanece enraizada nas próprias ações do Estado.
A desigualdade de acesso às capelanias e à assistência religiosa em hospitais, por exemplo, já é questão bem conhecida dos povos de terreiro. Por isso creio ser importante abordar aqui uma causa da maior importância que me parece estar sendo negligenciada: a presença de símbolos religiosos em repartições públicas. Esses símbolos são uma violação flagrante da laicidade do Estado, e podem ser encarados de pelo menos duas maneiras.
Algumas pessoas verão neles uma afronta em função de suas convicções religiosas ou arreligiosas, ou de análises históricas sobre tudo que eles representaram e ainda representam, particularmente no campo dos direitos humanos e da própria liberdade religiosa. E isso é perfeitamente legitimo. Afinal, não cabe ao Estado assumir o papel de se subscrever, direta ou indiretamente, a qualquer convicção política, ideológica ou religiosa.
Mas não é preciso sentir-se aviltado por um determinado símbolo religioso para ser contrário a seu uso como aparelho estatal. Independentemente do símbolo disposto em repartição publica, todo cidadão tem o dever de rejeitá-lo porque ele é conseqüência e causa de um desproporcional apreço do Estado, suas políticas e seus agentes (incluindo a própria Justiça) para com a confissão que representa.
Ainda que o símbolo em questão carregasse apenas significados positivos, não haveria como justificar a escolha desse particular símbolo em detrimento de todos os outros, que restam inegavelmente desprestigiados. O dinheiro dos impostos de todos não pode servir para fazer proselitismo do credo de alguns, sejam quantos forem. Não podemos esquecer que o critério da maioria serve apenas para eleger governantes, não para decidir de quem são os direitos a serem pisoteados.
Mesmo que não nos incomodemos com esses símbolos, nenhum cidadão consciente pode permitir que o Estado sancione oficialmente algum credo, pois isso constitui uma forma de discriminar seus cidadãos. Ė preciso acabar de uma vez por todas com os abusos contra a lei e com a confusão entre público e privado. Deixar para lá é alimentar todas as demais formas de preconceito.
Como se pode esperar que os cidadãos se tratem igualmente se nem o Estado faz isso? Que sensibilidade à diversidade devemos esperar de nossos legisladores, juízes e promotores, que só sabem trabalhar com o estandarte do privilégio acima de suas cabeças, ainda mais quando tão poucos reclamam?
Uma das belezas desta causa é que qualquer um pode fazer sua parte. Basta dirigir representação ao Ministério Público relatando a existência de um símbolo em qualquer ponto do território nacional, apontando a repartição em que ele está e expondo seu ponto de vista. Não é necessário advogado, e o procedimento é gratuito.
O site http://www.brasilparatodos.org tem todos os endereços do MP no país e até modelos de representação. Se puder fazê-lo em nome de uma pessoa jurídica, tanto melhor. As autoridades poderão ignorar uma ou duas representações, mas não centenas ou milhares. Por isso é importante deixar no site sua mensagem de apoio, e também cópias das representações e suas respostas, para expor a dimensão do movimento na sociedade. E não deixe de divulgar esta iniciativa.
No caso das representações já indeferidas, é da maior importância pedir a inclusão de um novo símbolo que represente verdadeiramente a sua crença. Afinal, se o símbolo atualmente afixado é legal, então todos os outros também precisam ser. Através do site pode-se escolher qualquer uma das representações já indeferidas de que temos conhecimento.
Pedir a remoção de símbolos religiosos de repartições públicas não é expressar raiva, mas pedir justiça. Manter-se em silêncio não é uma atitude de respeito, mas de omissão. Ė claro que não queremos ofender os sentimentos religiosos de ninguém. Mas isso não pode ser um argumento para não se fazer justiça. Ao não fazer nada, estaremos ratificando o preconceito e sacrificando princípios fundamentais da democracia no altar das vaidades daqueles que não podem suportar a afronta de perder seus sagrados privilégios.
Se eles desejam realmente fazer aos outros como gostariam que lhes fosse feito, então devem agir com dignidade e grandeza, e limpar as paredes de nossa repartições. E se não desejam, não merecem o nosso respeito.
Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
O Daniel Sottomaior não é o cara que disse que as casas mal assombradas, são somente casas em que a lage faz barulho, pois a noite quando ela esfria ela faz o "tal barulho"? o cara é uma fera.
Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Sinceramente não ligo a mínima para os crucifixos em repartições públicas, pouco me importando se permanecem ou se os retiram.
Quem se incomoda com eles tem todo o direito de se manifestar a respeito, abrir o debate sobre o tema e nele justificar suas posições, como fez Sottomaior.
O que me incomoda é Sottomaior não haver citado em seu artigo as palavras crucifixo ou cristão.
Usar termos genéricos não muda o fato de que não existem símbolos religiosos judeus, islâmicos ou espíritas expostos em tribunais brasileiros e neste caso acho importante que se dê nome aos bois.
Também me incomodou um tanto o trecho abaixo:
Como disse, não ligo a mínima para os tais crucifixos em repartições públicas, com alguma ressalva quanto a preferências estéticas, que estão longe de me tirar o sono.
Nem por isto quero ser julgado como um alienado cidadão sem consciência que se omite perante uma discriminação promovida pelo Estado.
Primeiro porque se considerarmos que de fato os crucifixos são de alguma forma nocivos, creio que em qualquer escala de prioridades encontraríamos uma lista enorme de coisas mais preocupantes a combater nestas mesmas salas onde os tais estão pendurados.
Depois, qual é a prova ou evidência de que alguém já foi discriminado de alguma forma por algum magistrado ou funcionário público porque penduraram na parede uma peça que influencia tanto as decisões da casa onde o instalaram quanto o restante da decoração?
Posso concordar que isto fira as sensibilidades de alguns religiosos, mas como também não ligo a mínima para a sensibilidade deles, isto não me motiva a tomar qualquer ação para agradar as sensibilidades de alguns religiosos desagradando as de outros e vice-versa.
Também notei que o artigo foi publicado no site Umbandafest, daí pergunto se caso os crucifixos forem retirados das repartições públicas para não ferir as sensibilidades de alguns umbandistas, estes concordarão em parar de fazer despachos em cemitérios católicos, o que configura profanação de campo santo e, claro, fere as sensibilidades de quem acredita nisto e não naquilo.
Por fim, gostemos ou não de crucifixos e do cristianismo, historicamente foi o segundo que consolidou o ideal do ser humano como indivíduo, importante passo na longa jornada da civilização ocidental que culminaria na sociedade fundamentada na liberdade e na auto-determinação deste mesmo indivíduo, razão de ser das salas de justiça.
Com crucifixos ou sem.
Quem se incomoda com eles tem todo o direito de se manifestar a respeito, abrir o debate sobre o tema e nele justificar suas posições, como fez Sottomaior.
O que me incomoda é Sottomaior não haver citado em seu artigo as palavras crucifixo ou cristão.
Usar termos genéricos não muda o fato de que não existem símbolos religiosos judeus, islâmicos ou espíritas expostos em tribunais brasileiros e neste caso acho importante que se dê nome aos bois.
Também me incomodou um tanto o trecho abaixo:
Mesmo que não nos incomodemos com esses símbolos, nenhum cidadão consciente pode permitir que o Estado sancione oficialmente algum credo, pois isso constitui uma forma de discriminar seus cidadãos. Ė preciso acabar de uma vez por todas com os abusos contra a lei e com a confusão entre público e privado. Deixar para lá é alimentar todas as demais formas de preconceito.
Como disse, não ligo a mínima para os tais crucifixos em repartições públicas, com alguma ressalva quanto a preferências estéticas, que estão longe de me tirar o sono.
Nem por isto quero ser julgado como um alienado cidadão sem consciência que se omite perante uma discriminação promovida pelo Estado.
Primeiro porque se considerarmos que de fato os crucifixos são de alguma forma nocivos, creio que em qualquer escala de prioridades encontraríamos uma lista enorme de coisas mais preocupantes a combater nestas mesmas salas onde os tais estão pendurados.
Depois, qual é a prova ou evidência de que alguém já foi discriminado de alguma forma por algum magistrado ou funcionário público porque penduraram na parede uma peça que influencia tanto as decisões da casa onde o instalaram quanto o restante da decoração?
Posso concordar que isto fira as sensibilidades de alguns religiosos, mas como também não ligo a mínima para a sensibilidade deles, isto não me motiva a tomar qualquer ação para agradar as sensibilidades de alguns religiosos desagradando as de outros e vice-versa.
Também notei que o artigo foi publicado no site Umbandafest, daí pergunto se caso os crucifixos forem retirados das repartições públicas para não ferir as sensibilidades de alguns umbandistas, estes concordarão em parar de fazer despachos em cemitérios católicos, o que configura profanação de campo santo e, claro, fere as sensibilidades de quem acredita nisto e não naquilo.
Por fim, gostemos ou não de crucifixos e do cristianismo, historicamente foi o segundo que consolidou o ideal do ser humano como indivíduo, importante passo na longa jornada da civilização ocidental que culminaria na sociedade fundamentada na liberdade e na auto-determinação deste mesmo indivíduo, razão de ser das salas de justiça.
Com crucifixos ou sem.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
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Re: Intolerância e Símbolos Religiosos
Claudio Loredo escreveu:Fonte: UMBANDAFEST, 21-01-2008
INTOLERANCIA E SIMBOLOS RELIGIOSOS
Daniel Sottomaior
A partir de hoje, fica combinado: todo dia 21 de janeiro é dia nacional de combate à intolerância religiosa. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário de morte da ialorixá Mãe Gilda, que morreu de infarto em 2000...
Parei aqui, mizifio!!!
- Apo
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Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Cada um que carregue o seu patuá no bolso traseiro da calça ou onde bem entender. Acho um horror trabalhar com um colega que reza durante o expediente na frente de uma santinha, ou que pendura um São Jorge ao lado do quadro de avisos da empresa, seja ela pública ou privada, a menos que todos compartilham do mesmo credo e não se importem com o que pensam os clientes, visitas ou fornecedores.
Para mim, há intenções bem claras num símbolo religioso. Impor uma doutrina, mesmo que subliminarmente.
Acho um saco entrar naquelas lojas de grife em que está escrito na vitrine coisas como: "Esta casa é propriedade do Senhor". E o lucro vai pro Senhor também?
Para mim, há intenções bem claras num símbolo religioso. Impor uma doutrina, mesmo que subliminarmente.
Acho um saco entrar naquelas lojas de grife em que está escrito na vitrine coisas como: "Esta casa é propriedade do Senhor". E o lucro vai pro Senhor também?

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Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Apo escreveu:Acho um saco entrar naquelas lojas de grife em que está escrito na vitrine coisas como: "Esta casa é propriedade do Senhor". E o lucro vai pro Senhor também?
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Hic sapientia est. Qui habet intellectum, computet numerum bestiæ. Numerus enim hominis est: et numerus ejus sexcenti sexaginta sex.
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Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Acauan escreveu:
Primeiro porque se considerarmos que de fato os crucifixos são de alguma forma nocivos, creio que em qualquer escala de prioridades encontraríamos uma lista enorme de coisas mais preocupantes a combater nestas mesmas salas onde os tais estão pendurados.
Isto é um fato, mas pode-se também considerar que, para cada problema que encontramos, sempre haverá alguma coisa mais grave ainda a ser resolvida.
Se não podemos resolver o grande, talvez devamos nos ocupar do pequeno, caso contrário há o risco de nunca fazermos nada.
E talvez, ao resolver os pequenos, os grandes acabem se resolvendo, que foi uma coisa que aprendi em manutenção de equipamentos eletrônicos: "na dúvida sobre as causas de um problema, ataque primeiro os pequenos defeitos, aqueles fáceis de identificar. O grande defeito incompreensível muitas vezes é o resultado de um conjunto de pequenos defeitos compreensíveis".
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Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Taí, gostei. Tanto que a partir de hoje vou andar com um crucifixo pendurado no pescoço para tudo quanto é canto.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Fernando Silva escreveu:Acauan escreveu:
Primeiro porque se considerarmos que de fato os crucifixos são de alguma forma nocivos, creio que em qualquer escala de prioridades encontraríamos uma lista enorme de coisas mais preocupantes a combater nestas mesmas salas onde os tais estão pendurados.
Isto é um fato, mas pode-se também considerar que, para cada problema que encontramos, sempre haverá alguma coisa mais grave ainda a ser resolvida.
Se não podemos resolver o grande, talvez devamos nos ocupar do pequeno, caso contrário há o risco de nunca fazermos nada.
E talvez, ao resolver os pequenos, os grandes acabem se resolvendo, que foi uma coisa que aprendi em manutenção de equipamentos eletrônicos: "na dúvida sobre as causas de um problema, ataque primeiro os pequenos defeitos, aqueles fáceis de identificar. O grande defeito incompreensível muitas vezes é o resultado de um conjunto de pequenos defeitos compreensíveis".
Fernando,
No meu entender, dar prioridade ao problema menor por impossibilidade de atacar os maiores só se aplica dentro de uma faixa de relevâncias determinada pelo bom senso.
Partindo do seu exemplo, digamos que você tenha uma unidade petroquímica prestes a explodir por falha nos controles e diante da impossibilidade de corrigir o problema você se põe a limpar os teclados.
Ninguém há de negar que teclados sujos sejam indesejáveis, mas comparado a relevância dos demais problemas ocupar-se disto naquela situação se torna absurdo.
A justiça brasileira não funciona, emperrada por uma burocracia lerda e obsoleta, baixa produtividade, excesso de gastos nas atividades meio e poucos nas atividades fim, gerando uma realidade em que qualquer cidadão que precise de uma corte para defender seus direitos mais básicos corre o risco de passar anos esperando audiências que no final darão ganho de causa a quem melhor soube administrar a papelada e não a quem de direito.
Ou seja, quando salas de justiça não oferecem justiça, pelo menos na rapidez e eficiência mínima necessária, se preocupar com penduricalhos em suas paredes que só representam alguma coisa para quem se preocupa com isto é como limpar teclados dos controles de uma usina prestes a explodir.
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- Fernando Silva
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Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Acauan escreveu:Ou seja, quando salas de justiça não oferecem justiça, pelo menos na rapidez e eficiência mínima necessária, se preocupar com penduricalhos em suas paredes que só representam alguma coisa para quem se preocupa com isto é como limpar teclados dos controles de uma usina prestes a explodir.
Com a diferença, a meu ver, de que a usina vai explodir e se acabar, inclusive os teclados, mas o sistema jurídico vai continuar como é e, se conscientizarmos os que trabalham nele, talvez consigamos mudar alguma coisa, ainda que apenas em alguns lugares.
É como a polícia: sabemos que está cheia de corruptos, mas, se conseguirmos mudar a cabeça dos que estão na nossa área, já teremos melhorado nossa vida.
Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Fernando Silva escreveu:Acauan escreveu:Ou seja, quando salas de justiça não oferecem justiça, pelo menos na rapidez e eficiência mínima necessária, se preocupar com penduricalhos em suas paredes que só representam alguma coisa para quem se preocupa com isto é como limpar teclados dos controles de uma usina prestes a explodir.
Com a diferença, a meu ver, de que a usina vai explodir e se acabar, inclusive os teclados, mas o sistema jurídico vai continuar como é e, se conscientizarmos os que trabalham nele, talvez consigamos mudar alguma coisa, ainda que apenas em alguns lugares.
É como a polícia: sabemos que está cheia de corruptos, mas, se conseguirmos mudar a cabeça dos que estão na nossa área, já teremos melhorado nossa vida.
Só não sei como por ou tirar crucifixos de parede tornará funcionários públicos mais ou menos conscientes ou corruptos.
Ninguém liga a minima para aqueles troços, nem os religiosos.
Levantar picuinhas a respeito serve apenas para atrair acusações de intolerância.
Nós, Índios.
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Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Acauan escreveu:Fernando Silva escreveu:Acauan escreveu:Ou seja, quando salas de justiça não oferecem justiça, pelo menos na rapidez e eficiência mínima necessária, se preocupar com penduricalhos em suas paredes que só representam alguma coisa para quem se preocupa com isto é como limpar teclados dos controles de uma usina prestes a explodir.
Com a diferença, a meu ver, de que a usina vai explodir e se acabar, inclusive os teclados, mas o sistema jurídico vai continuar como é e, se conscientizarmos os que trabalham nele, talvez consigamos mudar alguma coisa, ainda que apenas em alguns lugares.
É como a polícia: sabemos que está cheia de corruptos, mas, se conseguirmos mudar a cabeça dos que estão na nossa área, já teremos melhorado nossa vida.
Só não sei como por ou tirar crucifixos de parede tornará funcionários públicos mais ou menos conscientes ou corruptos.
Ninguém liga a minima para aqueles troços, nem os religiosos.
Levantar picuinhas a respeito serve apenas para atrair acusações de intolerância.
A não ser que sejam vampiros...



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Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Insane_Boy escreveu:Apo escreveu:Acho um saco entrar naquelas lojas de grife em que está escrito na vitrine coisas como: "Esta casa é propriedade do Senhor". E o lucro vai pro Senhor também?
Só 10%![]()
Ah fala sério...eu pego uma calça diesel, pago mil reais e 100 pilas vão pro Senhor? Por isto que roupa boa é tão caro!


- Apo
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Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Acauan escreveu:Fernando Silva escreveu:Acauan escreveu:Ou seja, quando salas de justiça não oferecem justiça, pelo menos na rapidez e eficiência mínima necessária, se preocupar com penduricalhos em suas paredes que só representam alguma coisa para quem se preocupa com isto é como limpar teclados dos controles de uma usina prestes a explodir.
Com a diferença, a meu ver, de que a usina vai explodir e se acabar, inclusive os teclados, mas o sistema jurídico vai continuar como é e, se conscientizarmos os que trabalham nele, talvez consigamos mudar alguma coisa, ainda que apenas em alguns lugares.
É como a polícia: sabemos que está cheia de corruptos, mas, se conseguirmos mudar a cabeça dos que estão na nossa área, já teremos melhorado nossa vida.
Só não sei como por ou tirar crucifixos de parede tornará funcionários públicos mais ou menos conscientes ou corruptos.
Ninguém liga a minima para aqueles troços, nem os religiosos.
Levantar picuinhas a respeito serve apenas para atrair acusações de intolerância.
Daqui a pouco os tribunais vão fazer os réus e testemunham jurarem em cima de uma pilha de livros e ajoelhados perante um altar...
No meu tempo ( e acho que ainda gora), tinha sempre um professor de religião ( católica, óbvio) que dava umas de ensaiar Pai Nosso antes da aula. Em escola pública. Se estamos nos livrando disto com os anos, acho que crucifixos devem ficar distantes de ambientes "neutros".
Ou então que então todas as dissidências religiosas deveriam estar representadas em instiuições públicas. E o Estado que retire a denominação de Laico da Constituição.

Re: Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Apo escreveu:Daqui a pouco os tribunais vão fazer os réus e testemunham jurarem em cima de uma pilha de livros e ajoelhados perante um altar...
Não vão não. Sabemos disto. O assunto aqui são os crucifixos nas paredes que são penduricalhos inócuos.
Os problemas da justiça brasileira residem em questões bem mais sérias, sendo que o risco de uma teocratização do judiciário é tão improvável quanto a alfabetização do atual presidente.
Apo escreveu:Ou então que então todas as dissidências religiosas deveriam estar representadas em instiuições públicas. E o Estado que retire a denominação de Laico da Constituição.
Legal, vamos pendurar desenhos de cabeças de bode circundados por pentagramas sobre as cabeças dos juizes.
Vai melhorar muito.
Nós, Índios.
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Re.: Intolerância e Símbolos Religiosos
Verdade. Os problemas são muito piores. Mas continuo não concordando com isto e com outras coisinhas mais que facilitem o direito de exposição de uma religião em detrimento da outra.
Coisas públicas são de todos. E nem todos professam a mesma fé ou mesmo a tem.
Eu não ligo muito por ser um símbolo que me afete ou não. Eu ligo porque se tivesse uma religião diferente daquela, acharia uma afronta. A menos que eu escolha estudar ou trabalhar num lugar específico onde precise conviver com o pacote completo, não acho certo.
Coisas públicas são de todos. E nem todos professam a mesma fé ou mesmo a tem.
Eu não ligo muito por ser um símbolo que me afete ou não. Eu ligo porque se tivesse uma religião diferente daquela, acharia uma afronta. A menos que eu escolha estudar ou trabalhar num lugar específico onde precise conviver com o pacote completo, não acho certo.
