user f.k.a. Cabeção escreveu:
Apocaliptica,
cuidado com a sua argumentacao.
Primeiro que dizer que um "meio familiar bem estruturado" se caracteriza por determinados ensinamentos e uma assertiva forte demais.
Meus pais trabalhavam em tempo integral e nao podiam me ensinar a cozinhar. Eles pagavam uma empregada que cozinhasse para mim, e isso nao torna minha familia menos "estruturada".
Eu não estava me referindo a você, e sim ao fenômeno mais genericamente observável. E não sou eu quem diz isto, mas os especialistas em educação.
Se magoei você com isto, não foi intenção. Continuo afirmando que sei o que digo. Minha mãe e a empregada estavam sempre em casa e não é por isto que ela se importava se a gente sabia ou não se virar sozinho, o que considero importante para qualquer pessoa, faz parte da criação de um filho. Assim como mexer com suas finanças, arrumar seu quarto, compartilhar sentimentos, discutir sobre arte, ou enfrentar prazeres e dificuldades. E não acho que este não deve ser um motivo suficiente para servir ao Exército, visto que aprende-se muita droga lá dentro também.
A verdade é a maioria dos pais preocupados saudavelmente com a educação mais compartilhada e afetiva com os filhos ( supondo-se que houvesse para onde mandar as meninas), faz um pequeno esforço para que ele fique perto, estude, tenha uma vida familiar e social intensas e entrem para a vida adulta neste ambiente. A outra parte dos pais ( e são vários ), dão graças a Deus que o filho entre para o quartel e se suma por lá, para aprender "coisas de homem", como ser forte ou "virar gente", ou para finalmente se ver livre de mais uma boca para comer. Esta é a verdade mostrada nas anamneses feitas com os soldadinhos nos contingentes.
Antigamente, se mandavam as meninas para os internatos, sob a alegação de que lá teriam melhor educação, notadamente junto ao ambiente tão "puro" dos conventos. Pegava-se a filha, muitas vezes, no dia do aniversário e no Natal. Algumas meninas também se orgulham disto. Outras detestam lembrar da sensação de abandono e das coisas que presenciaram.
Pais assim, PARA MIM, estão se vendo livre de uma responsabilidade amorosa e vital, delegando a terceiros o que SERIA naturalmente um prazer e um desafio para eles. Papo furado esta de filho entrar na linha num lugar estranho e que deixa de lado coisas muito mais interessantes e produtivas, como por exemplo, afeto e aconchego.
Ate os quinze anos eu nao tinha esse tipo de preocupacao, quando entrei pra Marinha.
15 anos? Muitos não têm mesmo, embora nesta idade, alguns adolescentes já tenham suas responsabilidades dentro do lar e nas escolas, em funções representativas, na divisão de tarefas com os irmãos, primos, organizam suas despesas e fazem lanches e refeições com muita destreza.
Como se entra para a Marinha com 15 anos? Não é uma criança ainda, pelo que você me descreveu?
Sobre como determinadas pessoas lidam com pressao, realmente, existem casos e casos. Mas aprender a lidar com pressao e uma necessidade da vida, e quem nao consegue aprender e deficiente nesse ponto, e por isso nao deve ser tomado como exemplo.
Aqui você entendeu ao contrário. Ter responsabilidades e lidar com pressões e dissonâncias cognitivas é um processo naturalmente estruturável entre pais e filhos. Eles podem perfeitamente passar estes valores. A pressão nas forças armadas é de outro tipo e você deve saber bem disto.
Sofre-se pressão durante a infância na escola, no clube, na família e em todo lugar. Mas insisto que uma pressão saudável deve fazer parte de nossa estrutura emocional ( tanto ativa como passivamente). Devemos aprender a sofrer pressões e aplicá-las de forma ordenada e inteligente desde cedo. Saber se frustrar, respeitar, fazer-se respeitar, negociar, reavaliar, propor e aceitar derrotas faz parte da vida.
Não vejo nada de parecido com isto com o fato de ser colocado em situações limitantes, uniformizadoras, impessoais, humilhantes e até patéticas, num ambiente onde a autoridade se faz obedecer através de uma máquina que serve para outros fins, que não a educação de seres humanos, muito menos civis.
E experiencias particulares ruins que conhecidos tiveram tambem nao contam. Outras pessoas podem ter experiencias sexuais ruins, ou nao poderem comer carne, por exemplo, o que nao depoe contra essas atividades. Quando falamos dela falamos do caso geral, e nele eu digo que os aspectos positivos superam os negativos.
Não contam? Que mania que vocês têm...Estamos falando de pessoas numa instituição que lida com contigente humano! Estatísticas levam em consideração experiências pessoais! Ou não? Acauan citou exemplo de conhecidos e eu apenas citei os meus exemplo e o que vi dentro dos quartéis. Não pode?
Se a sua experiência diz alguma coisa, as dos outros deve dizer também.
Se para você a leitura da experiência foi positiva, ótimo! Mas ninguém pode garantir que se tivesse aproveitado este tempo fazendo outras coisas não fosse um "civil melhor".
Sobre mulheres, a questao do desenvolvimento da lideranca, do espirito de equipe, da forca e da sobrevivencia em ambientes hostis sao ao meu ver ritos sobretudo masculinos e muito mais relevantes no desenvolvimento da personalidade deles do que delas.
Ridículo isto. Tem tanto machismo e determinismo biológico aqui que nem vou comentar.
Quanto a ser um civil melhor, eu acho que o desenvolvimento que eu tive desses caracteres me fez um civil melhor do que o que eu teria sido. Isso nao me torna melhor do que ninguem a priori, mas somente do meu eu caso eu tivesse permanecido em casa.
Então posso sim chegar a uma conclusão: se em casa não era bom, é porque não era mesmo. Lamento.
E sobre um candidato, o fato dele ter servido permitiria nao somente a apresentacao de uma ficha sua feita por superiores.
Superiores? Milicos? Grande merda. Já disse. A parte do meu currículo e de muitos conhecidos que passaram pelo exército como civis nunca contou ponto em entrevistas para assumir funções em profissão alguma relevante que não fosse na carreira militar. A maioria das pessoas corta isto do currículo porque ninguém está interessado .
Alem disso, seria uma informacao extra,
Que informação? Só se ele foi teve algum cargo como médico, enfermeiro, tesoureiro, arquivista, topografista, ou sei lá mais o quê...isto tudo pode-se exercer de forma muito mais ampla e com uma visão muito mais abrangente fora das Forças Armadas.
O que se faz dentro das Forças Armadas segue padrões tão específicos e herméticos que pouquíssimo servem do lado de fora, na vida civil. Quanto mais tempo uma pessoa se "encosta" dentro dela, mais de afasta do mercado realmente competitivo. Mas tem quem prefira se esconder lá dentro e ficar protegido do bicho-papão do mercado de trabalho. Cadum cadum.
que diria que aquele candidato passou por um rito importante na formacao de um lider, e que e um patriota.
Ein? Um patriota? Um líder com formação militarizada? Gracias mucho!
PS: Não entendi porque eu deveria me "cuidar" com a minha argumentação.