Acauan escreveu:Samael escreveu: Sim, exatamente. Mas ainda mais dentro de um patamar moral. Isso é uma cacetada nos anit-aborto, que vêem na fecundação algo mágico que forma definitivamente um ser humano.
Samael,
Primeiro, no tópico Aborto fiz uma dissertação 100% materialista sobre a inconsistência dos argumentos pró. Não dá prá ficar me repetindo toda vez que o assunto volta.
Segundo, qual é a justificativa biológica para não se matar um ser humano adulto, normal e inocente?
A biologia trata das leis que regem os organismo vivos, não de leis morais. Não há qualquer razão biológica para não sair por aí matando os outros.
O respeito à vida humana provém de um consenso entre os seres humanos de que esta vida deve ser respeitada, não do fato de determinadas combinações químicas constituirem um tipo específico de cadeias de carbono.
No mais, toda a dissertação pró-aborto baseada nas características biológicas do feto são puramente semânticas.
O feto não é um ser que se transforma em um ser humano.
Todos que hoje são seres humanos um dia foram fetos. O feto não era um outro ser que um dia se transformou em cada um de nós, eramos nós há mais ou menos tempo atrás e só.
Pode-se relativizar isto dando a cada fase do desenvolvimento de um ser humano outros nomes, mas dar vários nomes ao mesmo ser não faz com ele se torne outro e nem altera as implicações morais que recaem sobre a existência deste ser, que por si é incontestável e independe dos nomes que lhe dão.
Na verdade, eu não me referi ao seu argumento (até porque não tive oportunidade de vê-lo no tópico, só o conhecia por alto no tópico "Aborto", que eu li faz muito tempo), eu me referi a um argumento antigo do Alter-Ego.
E eu discordo veementemente desse seu argumento. Primeiro, porque ele faz uma regressão, a meu ver, arbitrária até onde "os seres humanos são seres humanos". Concordo que não há descontinuidade, mas eu poderia retornar até momentos antes da fecundação, momentos esses que penso que você não retorna, ao atribuir essa humanidade.
Mas acho também que qualquer atribuição de "humanidade" que sirva para legitimar tutela legal é arbitrária, cabendo ao bom senso definí-la. Por mais que esse "bom senso" possa ser um critério pessoal, ele é necessário para que não se caia nesses absurdos de "teratomas são humanos" ou coisa do gênero.
Além disso, sua resposta ainda não pareceu resolver o problema: a fecundação gera um direito à proteção legal?