O estado e a cultura
Re.: O estado e a cultura
Aí já é outra história. Isso não é incentivo a cultura brasileira. Isso é permitir que os mais pobres tenham acesso a cultura.
Financiar um filme brasileiro só porque é brasileiro é incentivo a cultura brasileira. É o tipo de coisa que reprovo totalmente. Criar um projeto de cinema a 1 real (uma vez por semana), por exemplo, é dar acesso a cultura. E é bem mais aceitável, principalemnte vendo cultura como parte da educação.
A questão é que não se pode impor o que o povo vai consumir baseado apenas no critério da nacionalidade. Se o que o povo quer ver no show gratuito é a ridícula Britney Spears e o governo quer dar acesso a cultura, então tem que colocar a ridícula Britney Spears lá. Se essas pessoas estão pagando os impostos que financiam tal projeto de acesso a cultura, então elas tem o direito de escolher que cultura vão acessar.
E sobre não custar nada, pode ser que para mim esse dinheiro não faça diferença. Mas ainda assim é meu. A educação manda que ao mexer no meu dinheiro a outra pessoa me consulte sobre poder pegar ou não e me consulte sobre o que pode fazer com ele ou não.
Financiar um filme brasileiro só porque é brasileiro é incentivo a cultura brasileira. É o tipo de coisa que reprovo totalmente. Criar um projeto de cinema a 1 real (uma vez por semana), por exemplo, é dar acesso a cultura. E é bem mais aceitável, principalemnte vendo cultura como parte da educação.
A questão é que não se pode impor o que o povo vai consumir baseado apenas no critério da nacionalidade. Se o que o povo quer ver no show gratuito é a ridícula Britney Spears e o governo quer dar acesso a cultura, então tem que colocar a ridícula Britney Spears lá. Se essas pessoas estão pagando os impostos que financiam tal projeto de acesso a cultura, então elas tem o direito de escolher que cultura vão acessar.
E sobre não custar nada, pode ser que para mim esse dinheiro não faça diferença. Mas ainda assim é meu. A educação manda que ao mexer no meu dinheiro a outra pessoa me consulte sobre poder pegar ou não e me consulte sobre o que pode fazer com ele ou não.
- Claudio Loredo
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Re: Re.: O estado e a cultura
Apo escreveu:Podem sim. Cópias piratas livremente vendidas em qualquer esquina e shows com sósias de RobertoCarlos, da Gretchen, Zeca Pagodinho e grupos musicais sertanejos e religiosos pululam por aí. E são os preferidos dos pobres.
Isto não é cultura. É curtura.

- Apo
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Re: Re.: O estado e a cultura
Claudio Loredo escreveu:Apo escreveu:Podem sim. Cópias piratas livremente vendidas em qualquer esquina e shows com sósias de RobertoCarlos, da Gretchen, Zeca Pagodinho e grupos musicais sertanejos e religiosos pululam por aí. E são os preferidos dos pobres.
Isto não é cultura. É curtura.![]()
Eles gostam e o gosto deve ser respeitado. Eu não posso convencer a minha empregada a ir a uma audição no Teatro se ela acha um tédio. Ele prefere o bailão da periferia. Faço o quê? Gasto meu tempo e dinheiro público com ela?
Gastaria...se ela não me achasse petulante e com mau gosto musical ( mas ela acha...).


Re: Re.: O estado e a cultura
Claudio Loredo escreveu:
Existem pessoas pobres que não tem condições de consumir cultura. Não podem pagar a entrada de um show nem comprar um CD de música. Daí, é importante que o Estado disponibilize para estas pessoas o acesso à cultura. Assim, essas pessoas podem assistir shows de música em praça pública, participar de festivais e festas, entre outros eventos.
Então, o Estado pode oferecer cultura para as pessoas que de outro modo não teriam acesso a ela.
E mais uma vez parte de dois princípios absurdos: 1) só merece o rótulo de "cultura" aquilo que está dentro do seu gosto pessoal (de onde conclui que pobres não tem acesso à cultura, já que esta foi definida como aquilo que você considera bom) e 2) a cultura precisa do incentivo do estado para existir (como se a cultura adotada por uma pessoa não fosse resultado de sua preferência pessoal em adotar determinada prática e produzir determinada arte).
- King In Crimson
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Re.: O estado e a cultura
Votei que sim, pois cultura faz parte da educação, e não entendo como se teria uma boa educação sem nunca se visitado uma orquestra, um museu ou uma festa tradicional.
Obrigação maior ainda, porém, é o estado dar uma boa educação cultural, para que seja criada uma demanda, e a cultura passe a ser financiada pela iniciativa privada.
Obrigação maior ainda, porém, é o estado dar uma boa educação cultural, para que seja criada uma demanda, e a cultura passe a ser financiada pela iniciativa privada.
Sim. Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Obviamente, está longe de ser um ministério extremamente importante e a solução do André me parece interessante. No Brasil, é claro, é cabide de empregos e imposição barata de determinada "intelligentzia" política, que faz e divulga arte para sua própria camada social usando dinheiro público.
Obviamente, está longe de ser um ministério extremamente importante e a solução do André me parece interessante. No Brasil, é claro, é cabide de empregos e imposição barata de determinada "intelligentzia" política, que faz e divulga arte para sua própria camada social usando dinheiro público.
Editado pela última vez por Samael em 26 Jan 2008, 10:37, em um total de 1 vez.
- Ilovefoxes
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Re.: O estado e a cultura
Proteger a cultura nacional é proteger a alma do país. Mas como eu não acredito em alma, pode dar descarga.
- Apáte
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Samael escreveu:Sim. Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Obviamente, está longe de ser um ministério extremamente importante e a solução do André me parece interessante. No Brasil, é claro, é cabide de empregos e imposição barata de determinada "intelligentzia" política, que faz divulga para sua própria camada social usando dinheiro público.
Saminha... você faz falta por aqui...
mesmo quando diz estas asneiras

"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
Apáte escreveu:Samael escreveu:Sim. Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Obviamente, está longe de ser um ministério extremamente importante e a solução do André me parece interessante. No Brasil, é claro, é cabide de empregos e imposição barata de determinada "intelligentzia" política, que faz divulga para sua própria camada social usando dinheiro público.
Saminha... você faz falta por aqui...
mesmo quando diz estas asneiras

Te juro que se você não achasse asneiras o que eu escrevo, precisaria rever meus conceitos, de forma a voltar a ser esquerdista.

- Apáte
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Re.: O estado e a cultura

Te juro que se eu não achasse asneiras o que você escreve, precisaria rever meus conceitos, de forma a voltar ser um libertarianista.

"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
Re.: O estado e a cultura

http://g1.globo.com/Noticias/Quadrinhos ... NIMAL.html
Arnaldo Branco é o cara
ps: e é claro que eu não confio só a Deus(-mercado) o papel de prover a cultura.
Samael escreveu:Sim. Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Obviamente, está longe de ser um ministério extremamente importante e a solução do André me parece interessante. No Brasil, é claro, é cabide de empregos e imposição barata de determinada "intelligentzia" política, que faz e divulga arte para sua própria camada social usando dinheiro público.
Concordo e obrigado pela menção.
Eu e vc meio sumidos do fórum. Eu to resolvendo coisas aqui na casa, começando a escrever o meu novo livro, e me preparando para o mestrado. Acabei me afastando. Mas hoje resolvi vir e é bom ler suas mensagens, e em outro tópico, que vou comentar, seu humor continua afiado.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/
Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196
O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
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Re.: O estado e a cultura
Valeu, André.
- zumbi filosófico
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Re.: O estado e a cultura
O Brasil deve gastar com cultura. O que é um povo sem cultura? É um povo inculto, ignorante de suas próprias raízes, que não tem como olhar para si mesmo para saber responder à pergunta mais importante de todas: quem sou eu?
Em vez disso, fica perdido, sem uma identidade definida, dominado por influências de fora, por influências daqueles que não necessariamente tem para com a nossa nação as melhores intenções. Não que sejam necessariamente mal intencionados, apenas não somos a prioridade, e assim podemos ser utilizados como meros coadjuvantes ou mesmo figurantes no grande filme da história do mundo. Não podemos permitir que isso aconteça.
Para evitar isso, o estado deve investir - e não "gastar" - na conservação do nosso patrimônio histórico e cultural, e principalmente, na produção de filmes que retratem a nossa verdadeira identidade cultural legitimamente brasileira, e única. Assim, nós brasileiros, poderemos olhar para o espelho, e sabermos quem realmente somos, respondendo orgulhosamente para nós mesmos "somos brasileiros, e não desistimos nunca!"
Em vez disso, fica perdido, sem uma identidade definida, dominado por influências de fora, por influências daqueles que não necessariamente tem para com a nossa nação as melhores intenções. Não que sejam necessariamente mal intencionados, apenas não somos a prioridade, e assim podemos ser utilizados como meros coadjuvantes ou mesmo figurantes no grande filme da história do mundo. Não podemos permitir que isso aconteça.
Para evitar isso, o estado deve investir - e não "gastar" - na conservação do nosso patrimônio histórico e cultural, e principalmente, na produção de filmes que retratem a nossa verdadeira identidade cultural legitimamente brasileira, e única. Assim, nós brasileiros, poderemos olhar para o espelho, e sabermos quem realmente somos, respondendo orgulhosamente para nós mesmos "somos brasileiros, e não desistimos nunca!"

- Ilovefoxes
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Re.: O estado e a cultura
É impossível um povo não ter cultura. Se o povo quer Funk, Funk vira cultura do povo.zumbi filosófico escreveu:O que é um povo sem cultura? É um povo inculto
E isso machuca?zumbi filosófico escreveu:ignorante de suas próprias raízes
Como gostar de determinada música me faz ter conhecimento de minhas raízes?
A sua existência se resume a isso?zumbi filosófico escreveu:que não tem como olhar para si mesmo para saber responder à pergunta mais importante de todas: quem sou eu?
Ou não. Por mim os patriotas com cultura patriota são bem perdidos.zumbi filosófico escreveu:Em vez disso, fica perdido
E daí?zumbi filosófico escreveu:sem uma identidade definida, dominado por influências de fora
E isso é o que? Nacionalismo?zumbi filosófico escreveu:por influências daqueles que não necessariamente tem para com a nossa nação as melhores intenções
Para isso não é mais fácil ser cristão?zumbi filosófico escreveu:Não que sejam necessariamente mal intencionados, apenas não somos a prioridade, e assim podemos ser utilizados como meros coadjuvantes ou mesmo figurantes no grande filme da história do mundo. Não podemos permitir que isso aconteça.
Para evitar isso, o estado deve investir - e não "gastar" - na conservação do nosso patrimônio histórico e cultural, e principalmente, na produção de filmes que retratem a nossa verdadeira identidade cultural legitimamente brasileira, e única. Assim, nós brasileiros, poderemos olhar para o espelho, e sabermos quem realmente somos
Orgulhosamente? Olha para esse povo e me diz que é razão de orgulho.zumbi filosófico escreveu:respondendo orgulhosamente para nós mesmos "somos brasileiros
Ditado de ajuda à auto-estima fraquinho. E brasileiro sempre desiste antes.zumbi filosófico escreveu:"somos brasileiros e não desistimos nunca!"
Re.: O estado e a cultura
Eu acho que ele estava ironizando, Ilovefoxes.


- user f.k.a. Cabeção
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Samael escreveu:Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Nem o Estado e essa fonte magica.
Entre burocratas estupidos e intelectuais a servico do Estado preocupados em vender seu produto superfaturado; eu ainda prefiro o "famigerado" mercado como guia cultural.
Porque em ultima analise e ele o guia cultural. O ministerio da cultura e os filmes pagos com dinheiro do contribuinte sao apenas atrito e extorsao, nao definem cultura nenhuma.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
Re: Re.: O estado e a cultura
Procedure escreveu:Eu acho que ele estava ironizando, Ilovefoxes.
Claro que tava, escreveu em vermelho, para ironizar os comunistas. Como se valorizar cultura nacional fosse coisa de esquerda hehe.
Ser tradicionalista, e conservador culturalmente, é algo presente tanto em indivíduos de direita quanto esquerda, em termos políticos e de encaminhamentos econômicos. Qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento histórico sabe da existência de uma direita conservadora no Brasil. Alias muito mais numerosa que a direita liberal. Assim como boa parte da esquerda que pode se dizer progressista no que tange questões políticas, e econômicas, quando o assunto é cultura, muitos são conservadores.
Eu por exemplo sou de esquerda e sou contrário o ministério da Cultura, não é algo essencial. Poderia ser uma secretaria do ministério da educação, ligado a projetos que usam cultura popular para atrair pessoas para escola e atividades diversas, especialmente afastando jovens do crime. Servindo tb para financiar museus, e coisas afins, mas lógico não financiando filmes, nem qualquer coisa que no fundo não tem impacto social.
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Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196
O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196
O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
- Ilovefoxes
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Re: Re.: O estado e a cultura
Oops!André escreveu:Procedure escreveu:Eu acho que ele estava ironizando, Ilovefoxes.
Claro que tava, escreveu em vermelho, para ironizar os comunistas. Como se valorizar cultura nacional fosse coisa de esquerda hehe.

Samael escreveu:Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Sei lá, mas você parece incorrer naquele erro de considerar o mercado como uma entidade, quando na verdade ele é um processo.
E depois, a cultura a que nos referimos no tópico é exclusivamente a arte praticada pelas pessoas. Ou seja, aquilo que lhes gera lazer, entrentenimento, aquilo que lhes satisfaz interiormente. Não sei porque o estado poderia saber mais do que eu sobre qual cultura é melhor para mim. Ele não está fazendo isso quando usa o meu dinheiro para manter uma orquestra sinfônica, para bancar uma exposição de arte, para manter uma academia de letras com toda sua pompa ou para incentivar o festival de algum povo do interior?
Quando você fala que "indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori"" parece estar levando para o lado da educação.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Samael escreveu:Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Nem o Estado e essa fonte magica.
Entre burocratas estupidos e intelectuais a servico do Estado preocupados em vender seu produto superfaturado; eu ainda prefiro o "famigerado" mercado como guia cultural.
Porque em ultima analise e ele o guia cultural. O ministerio da cultura e os filmes pagos com dinheiro do contribuinte sao apenas atrito e extorsao, nao definem cultura nenhuma.
Acho que a aposta no cinema é mais uma tentativa de levantar a iniciativa privada em cima do cinema brasileiro do que qualquer outra coisa, mas o que já se gerou de porcarias por aqui com capital público...
De qualquer forma, em última análise o mercado, para mim, se define apenas na vontade empreendedora de comprar e vender, e eu não vejo como isso pode preencher demandas de minorias e, mais importante (visto que eu considero que existem níveis culturais de mais fácil assimilação), por que é que ele vá se preocupar com incutir na população algo que vá muito além do pop mastigado e bobo e do senso comum que tem "venda garantida".
Procedure escreveu:Samael escreveu:Indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori" e muito menos o mercado vem a ser uma "fonte mágica de onde as pessoas demandam e obtém o que desejam".
Sei lá, mas você parece incorrer naquele erro de considerar o mercado como uma entidade, quando na verdade ele é um processo.
E depois, a cultura a que nos referimos no tópico é exclusivamente a arte praticada pelas pessoas. Ou seja, aquilo que lhes gera lazer, entrentenimento, aquilo que lhes satisfaz interiormente. Não sei porque o estado poderia saber mais do que eu sobre qual cultura é melhor para mim. Ele não está fazendo isso quando usa o meu dinheiro para manter uma orquestra sinfônica, para bancar uma exposição de arte, para manter uma academia de letras com toda sua pompa ou para incentivar o festival de algum povo do interior?
Quando você fala que "indivíduos não se formam por si só para terem sempre opiniões "à priori"" parece estar levando para o lado da educação.
Quanto à sua primeira crítica, creio não proceder. Eu apenas tentei reduzir o mercado a uma estrutura inteligível no debate. E não acho que ele atenda necessariamente a todas as demandas da sociedade e, mais importante do que isso, que ele crie no oferecimento de produtos, todas as demandas que possam fazer uma população X evoluir quanto a civismo, senso de trabalho, essas coisas.
Isso o que eu disse me encaixa perfeitamente na sua segunda crítica que, agora lendo, considero totalmente válida. Eu não consegui, e acho que ainda não consigo, separar a cultura "entretenimento" da cultura "lazer" de uma forma mais geral.
- user f.k.a. Cabeção
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Mas o Estado tambem nao faz nada disso.
Ele nao incute nenhum "bom gosto" nas pessoas, por mais discutivel que seja qualquer criterio de bom gosto.
O museu nao enche de favelados quando uma determinada exposicao gratuita e aberta; financiada pelo ministerio da cultura. Nem peca de teatro, nem orquestra. Vao continuar indo a essas exibicoes as mesmas pessoas que consomem esse tipo de produto cultural, sendo ele pago ou "gratuito". A unica diferenca, e que na primeira situacao eles pagam o ingresso, na segunda sou eu que pago pra eles.
A pobretada e boa parte da classe media e alta continuarao a consumir a tal cultura pop que o mercado fornece e que voce tanto critica. Se as pessoas querem ouvir pagode em vez de ir ver uma exposicao de Picasso, elas vao fazer isso, nao importa o que o Estado esteja investindo.
O que o Estado esta fazendo e sustentando "artistas", "empresarios" e muitos burocratas que nao teriam seus empregos se dependessem so do mercado.
Mas nao esta disseminando "cultura" nenhuma.
A tal vulgarizacao, ou socializacao da "arte superior" e apenas uma desculpa esfarrapada para algumas pessoas terem acesso a determinadas verbas publicas. A arte superior nunca precisou ser vulgarizada, ela sempre foi sustentada por uma elite e produzida para o consumo desta.
Talvez eles pensem que se os musicos de Viena eram sustentados pelos aristocratas do Imperio, os artistas de hoje devam ser bancados pelos novos aristocratas, os burocratas do partidao.
Pelo menos naquela epoca os aristocratas nao tentavam empurrar um discurso canalha de socializacao da cultura.
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- user f.k.a. Cabeção
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Re.: O estado e a cultura
Fora que esse argumento de que o mercado nao produz algo culturalmente significativo e caduco.
Mesmo dentro da propria cultura pop que voce critica, em casos onde ela e bem desenvolvida, como nos Estados Unidos, nao e dificil encontrar exemplos de expoentes dentro de campos como a musica rock e Jazz (Jimi Hendrix e Miles Davis me vem a mente), ou filmes holywoodianos (Quentin Tarantino ou Francis Ford Coppola), ou mesmo em historias em quadrinhos (Alan Moore, Neil Gaiman) e seriados de televisao (Matt Groening por exemplo), cujos trabalhos se tornaram obras atemporais e ao mesmo tempo tendo conquistado grande aprovacao do publico e grandes lucros.
Muitos dos "artistas serios" que o Estado brasileiro financia nao serao lembrados por um decimo do tempo que estes ai.
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Re: Re.: O estado e a cultura
Procedure escreveu:Eu acho que ele estava ironizando, Ilovefoxes.
Há uma espécie de autismo que torna um pouco difícil reconhecer ironias, metáforas...
Tendem a ser literais.
Não tou de saca
