Carnaval, Holocausto e liberdade de expressão
A tradição diz que a sabedoria é o caminho do meio. Nem empurrar realidades desagradáveis para baixo do tapete, por medo do conflito, nem insuflar os fatos além de suas reais dimensões. Tempo atrás, a porta de minha sala na UFRJ foi pixada com uma suástica. Fui convidado por lideranças da comunidade judaica a denunciar publicamente a “existência de anti-semitismo na universidade”. Recebi a solidariedade de todos meus colegas e alunos, e minha intuição –informada por outras pixações que tinha sofrido- era de que ela foi feita por um aluno ressentido com minhas críticas a que se fume maconha no recinto da Universidade. Com certeza não estava frente a um fenômeno de “anti-semitismo na universidade” e a solidariedade de meus colegas me pareceu suficiente. Achava que valorizar o evento seria dar publicidade indevida a um ato isolado e alimentar uma imagem distorcida da realidade.
O respeito pela sensibilidade alheia, e mais ainda no espaço público, seja em relação a objetos sagrados ou de grupos que sofreram discriminação, humilhação e perseguição é fundamental para construir uma sociedade onde ninguém sinta negada sua dignidade humana. Este objetivo porém é um ideal em direção ao qual procuramos encaminhar, mas que é construído a partir de uma bagagem cultural, onde hábitos lingüísticos, formas de humor e preconceitos inconscientes estão presentes. Não se trata de justificar nenhum deles, mas também de reconhecer que um comentário mal elaborado em torno a raça, religião, sexo ou etnia não transforma alguém em racista, anti-semita, homofóbico ou sexista. O conceito racismo esconde uma diversidade de situações. Um comentário racista não significa que o indivíduo esteja disposto a entrar no Klu Klux Klan ou no partido nazista, ou que esteja imbuído de ódio racial. A maioria das pessoas que faz estes comentários se desculpa quando se conscientizam de que feriram a sensibilidade de alguém.
Aclaremos, não estamos justificando expressões indevidas. Elas devem ser combatidas, mas com a ponderação devida em cada caso. Porque infelizmente o racismo, sexismo, etc. podem produzir uma indústria de vitimização, de líderes e instituições legitimamente constituídos que se projetam pela denúncia, levando-os a apresentar uma versão distorcida ou inflacionada dos fatos.
Existem áreas onde a luta contra o preconceito apresenta dimensões complexas e difíceis de resolver. O humor sem dúvida é uma delas. Muitas charges muitas vezes ferem a sensibilidade de indivíduos e grupos. O humor deve ser censurado, apesar de que ele explicitamente se reconheça como tal, isto é, como gozação, distorção e caricatura do real? A minha reação é que não, que o humor é parte constitutiva de uma sociedade democrática, pois ela representa a forma mais eficaz de criticar, questionar, duvidar e ironizar, nos obrigando a aceitar visões diferentes daquilo que nós “adoramos”.
Agora volta a surgir, como já aconteceu em carnavais passados, o tema da liberdade de expressão das escolas de samba e, em particular, de seus carros alegóricos. Como sabemos, as escolas de samba tratam dos mais diversos temas, desde a violência na cidade, que contou com a participação de vítimas diretas e familiares, ou a escravidão no Brasil. Todo tema pode ser “carnavalizado”. A questão, portanto, não é o tema, pois ninguém tem monopólio sobre ele, mas a forma em que ele é tratado e a mensagem que se procura veicular. Uma discussão ponderada sobre o carro alegórico dedicado ao holocausto deve focalizar somente esta questão. Idealmente, um diálogo aberto entre todas as partes interessadas é o caminho a trilhar nestas situações, onde não existem razões para duvidar da boa fé de todos os envolvidos. É possível que no final do dia tenhamos posições diferentes, mas sem preconceitos e com clareza sobre os pontos em que divergimos, dentro de uma lição de convivência democrática.
Bernardo Sorj
É Ph.D. em sociologia pela Universidade de Manchester, na Inglaterra. Atualmente é professor titular de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e diretor do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e do Projeto Plataforma Democrática
Samba e Holocausto PARTE 2
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Samba e Holocausto PARTE 2
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
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"A ética é o dizer não a você mesmo"
Dentro da ideologia carnavalesca, em que o mundo é dessacralizado, o que caracteriza o Carnaval é que não se está celebrando nenhum santo, nenhuma data cívica. O Carnaval é a festa do riso, da roupa pelo avesso, do mundo de cabeça para baixo. Neste sentido, ele é rabelaisiano. O seu rei não é uma figura elegante, é um gordo. As mulheres não se vestem, elas transparecem sua sexualidade. É uma brincadeira. A orgia carnavalesca é aberta.
Neste sentido, o Carnaval dessacraliza até a morte. Em capitais como Belém e Salvador, são comuns as pessoas fantasiadas de morte, pessoas carregando caixões, caveiras andando. O riso da morte faz parte do Carnaval. Desta forma, o Holocausto não pode ser objeto de piada. Não pode ser carnavalizado. Do ponto de vista brasileiro, em que as pessoas conhecem muito pouco o papel que o Holocausto representa na história da Europa, na história do povo judeu, o genocídio é uma coisa distante.
Seria o mesmo que em um Carnaval da Alemanha se fizesse um carro alegórico sobre o Rio de Janeiro representando a tragédia da violência da cidade. Alegorias de ônibus incendiados, pessoas morrendo, meninos armados. Você pode fazer isso mas, pessoalmente, é de um tremendo mau gosto. É um episódio limite na história da civilização ocidental que não pode ser enredo para desfile. A questão é: será que isso irá causar alegria? Holocausto como alegoria? Cabe ao contexto?
Nunca na história, incluindo aí o mundo antigo, viu-se uma burocracia criar uma máquina de extermínio de uma etnia inteira. Seis milhões de pessoas morreram. Nenhum dos grandes massacres que permearam a antiguidade pode sequer ser comparado. Foi algo sistemático, organizado. Não foi na base da espada, mas com o auxílio de máquinas de escrever, de um aparato estatal moderno. Um extermínio com método.
Devem ser observados, também, os princípios estruturantes da modernidade, que são muito mais rígidos do que os das sociedades antigas. O que era sagrado na sociedade medieval, o que tinha tom religioso, a realeza, era carnavalizado. No mundo moderno, as estruturas não permitem uma coisa semelhante. Mesmo no Carnaval, as imposições sociais não são abolidas. As regras, os costumes, leis. A economia continua funcionando, os sinais de trânsito têm de ser respeitados. Os limites da modernidade são muito maiores do que o Carnaval. O vieses tradicionais continuam operando com muita força.
Creio que é um gancho interessante para se discutir os limites da festa, do cotidiano. Porque o Carnaval é uma festa que combina fé religiosa, mas não é religiosa. Possui elementos cívicos, mas não é uma festa cívica. É um híbrido, mas diferente, porque vira o mundo de cabeça para baixo. E nesse movimento, há coisas que não comportam a inversão.
Isso me lembra o enredo de Joãzinho Trinta, em 1989, sobre os sujos e esfarrapados. A sociedade moderna tem imposições. Mesmo com sua família, filhos, há uma exigência de igualdade, respeito. Por isso o mundo é complexo e interessante. Você, por exemplo, não decide se uma criança pode assistir filme pornográfico por voto. O perigoso aí é a proibição, mas o mau gosto da idéia é terrível.
Ao falar do cerceamento da expressão, chegamos a um problema brasileiro que é a diferença entre a proibição, que tem a ver com a lei, a polícia, o crime; e a ética, que tem a ver com a moral. A ética é o dizer não a você mesmo. Não sou eu que vou te dizer como se portar. É uma mensagem que parte do interior de uma pessoa. Esse é o problema brasileiro: prover uma educação – uma visão de mundo – que faça com que as pessoas digam para elas mesmo o que é de bom senso, o que ultrapassa ou não as exigências sociais, as expectativas e sentimentos da sociedade. Uma educação que os informe melhor o que foi o Holocausto, o que ele causou. Uma educação que proporcione sensibilidade para entender se isso ofenderá ou não alguém. Imagine a revolta dos cristãos se alguém idealizasse um carro representando o céu, com pessoas seminuas dançando.
Proibir judicialmente não é o caso. O que enriqueceria o debate seria uma conclusão pessoal de que o tema não cabe ao Carnaval. Quando você agrega os fatos, percebe o Holocausto foi de uma maldade tão inconcebível que ultrapassa os limites do aceitável.
Roberto da Matta
Antropólogo e um dos principais estudiosos das manifestações culturais do país. Entre outros livros, publicou Universo do carnaval: imagens e reflexões
Dentro da ideologia carnavalesca, em que o mundo é dessacralizado, o que caracteriza o Carnaval é que não se está celebrando nenhum santo, nenhuma data cívica. O Carnaval é a festa do riso, da roupa pelo avesso, do mundo de cabeça para baixo. Neste sentido, ele é rabelaisiano. O seu rei não é uma figura elegante, é um gordo. As mulheres não se vestem, elas transparecem sua sexualidade. É uma brincadeira. A orgia carnavalesca é aberta.
Neste sentido, o Carnaval dessacraliza até a morte. Em capitais como Belém e Salvador, são comuns as pessoas fantasiadas de morte, pessoas carregando caixões, caveiras andando. O riso da morte faz parte do Carnaval. Desta forma, o Holocausto não pode ser objeto de piada. Não pode ser carnavalizado. Do ponto de vista brasileiro, em que as pessoas conhecem muito pouco o papel que o Holocausto representa na história da Europa, na história do povo judeu, o genocídio é uma coisa distante.
Seria o mesmo que em um Carnaval da Alemanha se fizesse um carro alegórico sobre o Rio de Janeiro representando a tragédia da violência da cidade. Alegorias de ônibus incendiados, pessoas morrendo, meninos armados. Você pode fazer isso mas, pessoalmente, é de um tremendo mau gosto. É um episódio limite na história da civilização ocidental que não pode ser enredo para desfile. A questão é: será que isso irá causar alegria? Holocausto como alegoria? Cabe ao contexto?
Nunca na história, incluindo aí o mundo antigo, viu-se uma burocracia criar uma máquina de extermínio de uma etnia inteira. Seis milhões de pessoas morreram. Nenhum dos grandes massacres que permearam a antiguidade pode sequer ser comparado. Foi algo sistemático, organizado. Não foi na base da espada, mas com o auxílio de máquinas de escrever, de um aparato estatal moderno. Um extermínio com método.
Devem ser observados, também, os princípios estruturantes da modernidade, que são muito mais rígidos do que os das sociedades antigas. O que era sagrado na sociedade medieval, o que tinha tom religioso, a realeza, era carnavalizado. No mundo moderno, as estruturas não permitem uma coisa semelhante. Mesmo no Carnaval, as imposições sociais não são abolidas. As regras, os costumes, leis. A economia continua funcionando, os sinais de trânsito têm de ser respeitados. Os limites da modernidade são muito maiores do que o Carnaval. O vieses tradicionais continuam operando com muita força.
Creio que é um gancho interessante para se discutir os limites da festa, do cotidiano. Porque o Carnaval é uma festa que combina fé religiosa, mas não é religiosa. Possui elementos cívicos, mas não é uma festa cívica. É um híbrido, mas diferente, porque vira o mundo de cabeça para baixo. E nesse movimento, há coisas que não comportam a inversão.
Isso me lembra o enredo de Joãzinho Trinta, em 1989, sobre os sujos e esfarrapados. A sociedade moderna tem imposições. Mesmo com sua família, filhos, há uma exigência de igualdade, respeito. Por isso o mundo é complexo e interessante. Você, por exemplo, não decide se uma criança pode assistir filme pornográfico por voto. O perigoso aí é a proibição, mas o mau gosto da idéia é terrível.
Ao falar do cerceamento da expressão, chegamos a um problema brasileiro que é a diferença entre a proibição, que tem a ver com a lei, a polícia, o crime; e a ética, que tem a ver com a moral. A ética é o dizer não a você mesmo. Não sou eu que vou te dizer como se portar. É uma mensagem que parte do interior de uma pessoa. Esse é o problema brasileiro: prover uma educação – uma visão de mundo – que faça com que as pessoas digam para elas mesmo o que é de bom senso, o que ultrapassa ou não as exigências sociais, as expectativas e sentimentos da sociedade. Uma educação que os informe melhor o que foi o Holocausto, o que ele causou. Uma educação que proporcione sensibilidade para entender se isso ofenderá ou não alguém. Imagine a revolta dos cristãos se alguém idealizasse um carro representando o céu, com pessoas seminuas dançando.
Proibir judicialmente não é o caso. O que enriqueceria o debate seria uma conclusão pessoal de que o tema não cabe ao Carnaval. Quando você agrega os fatos, percebe o Holocausto foi de uma maldade tão inconcebível que ultrapassa os limites do aceitável.
Roberto da Matta
Antropólogo e um dos principais estudiosos das manifestações culturais do país. Entre outros livros, publicou Universo do carnaval: imagens e reflexões
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
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Re.: Samba e Holocausto PARTE 2
"Todos que se importam com os semelhantes deploram a censura"
O poeta John Donne, em sua imortal e muito conhecida 17ª Meditação, nos ensinou que "...qualquer morte me diminui porque faço parte da humanidade, portanto nunca perguntes por quem o sino toca, ele toca por ti." Meus parentes, porque toda a humanidade me é parente, também morreram no holocausto, como morrem meus irmãos e primos em todas as tragédias e catástrofes. Somos todos irmãos e todos vítimas de todos os infortúnios.
Penso que a obra de arte que mais e melhor representa o século vinte é "Guernica" o monumental quadro de Pablo Picasso evocativo da destruição dessa pequena aldeia basca pela força aérea nazista. É bem possível que o irmão de uma das vítimas desta particular tragédia tenha ficado ofendido ao ver um touro e um cavalo simbolizando os mortos, mas o fato é que a obra de arte resultante marcou definitivamente mais este crime contra a humanidade.
Para um carnavalesco, seu trabalho é uma obra de arte e como tal uma mensagem a todos os seus irmãos. Certamente ele não a vê apenas como uma decoração para uma festa, mas como uma expressão de sua visão de mundo. Lamento que Paulo Barros tenha sido impedido de colocar o Holocausto no Sambódromo. Isto é tão lamentável, em princípio, quanto se Picasso tivesse sido proibido de exibir Guernica e esta fosse destruída por uma decisão jurídica a pedido dos bascos.
Há alguns anos, o mundo civilizado foi enlutado pela iniciativa de fundamentalistas árabes de destruírem a tiros de canhão as estátuas de Buda em Bamian no Afeganistão todo. Penso que as pessoas que se importam com seus semelhantes deploram a censura ao trabalho do artista Paulo Barros, como lamentam toda forma de fundamentalismo, preconceito, violência, repressão e autoritarismo, venha de onde vier.
(Luiz Alberto Py)
Psiquiatra e psicanalista, é autor de vários livros,
o mais recente Saber Amar (Ed. Rocco)
O poeta John Donne, em sua imortal e muito conhecida 17ª Meditação, nos ensinou que "...qualquer morte me diminui porque faço parte da humanidade, portanto nunca perguntes por quem o sino toca, ele toca por ti." Meus parentes, porque toda a humanidade me é parente, também morreram no holocausto, como morrem meus irmãos e primos em todas as tragédias e catástrofes. Somos todos irmãos e todos vítimas de todos os infortúnios.
Penso que a obra de arte que mais e melhor representa o século vinte é "Guernica" o monumental quadro de Pablo Picasso evocativo da destruição dessa pequena aldeia basca pela força aérea nazista. É bem possível que o irmão de uma das vítimas desta particular tragédia tenha ficado ofendido ao ver um touro e um cavalo simbolizando os mortos, mas o fato é que a obra de arte resultante marcou definitivamente mais este crime contra a humanidade.
Para um carnavalesco, seu trabalho é uma obra de arte e como tal uma mensagem a todos os seus irmãos. Certamente ele não a vê apenas como uma decoração para uma festa, mas como uma expressão de sua visão de mundo. Lamento que Paulo Barros tenha sido impedido de colocar o Holocausto no Sambódromo. Isto é tão lamentável, em princípio, quanto se Picasso tivesse sido proibido de exibir Guernica e esta fosse destruída por uma decisão jurídica a pedido dos bascos.
Há alguns anos, o mundo civilizado foi enlutado pela iniciativa de fundamentalistas árabes de destruírem a tiros de canhão as estátuas de Buda em Bamian no Afeganistão todo. Penso que as pessoas que se importam com seus semelhantes deploram a censura ao trabalho do artista Paulo Barros, como lamentam toda forma de fundamentalismo, preconceito, violência, repressão e autoritarismo, venha de onde vier.
(Luiz Alberto Py)
Psiquiatra e psicanalista, é autor de vários livros,
o mais recente Saber Amar (Ed. Rocco)
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.
Re.: Samba e Holocausto PARTE 2
Ótimos textos.
Re.: Samba e Holocausto PARTE 2
Apesar de eu achar essa polêmica toda uma futilidade, não posso negar que uma alegoria com pessoas sambando felizes, semi-nuas, sobre esculturas de cadáveres de judeus, incluindo entre essas pessoas uma fantasiada de Hitler, só pode ser algum tipo de deboche no nível do que o "Pânico na TV" costuma fazer.
Se pessoas dançando sobre cadáveres não é fazer piada com o sofrimento dos outros, não sei mais o que é...
Se pessoas dançando sobre cadáveres não é fazer piada com o sofrimento dos outros, não sei mais o que é...