Acauan escreveu:Orbe escreveu:De tempos em tempos sempre aparece um idiota achando que pode resolver os problemas da educação no Brasil. Como se identifica tais idiotas? Basta ver a linha de raciocínio. Quando atribuem uma causa simples a um problema complexo, quase sempre são idiotas.
Já houve idiotas atribuindo o fracasso da educação a ausência de computadores. Compraram dezenas de computadores que agora juntam poeira nas escolas. Já houve idiotas atribuindo o fracasso da educação à infra-estrutura das escolas. Construiu-se escolas imensas, super equipadas, com projeto arquitetônico de profissional famoso... e os resultados no fim dos anos letivos continuaram os mesmos.
O único erro, até aquí, é chamar os sujeitos destas ações de idiotas, qualificativo do qual não tinham nada. Eram sim oportunistas políticos, que tiravam proveito pessoal destes atos.
Depende. Sempre há os que acreditam que estão fazendo um bom trabalho. Não parece, mas ainda tem uma meia dúzia de pessoas na política querendo fazer algo de útil além de se reeleger. Esses são idiotas.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:A idiota atual resume o problema da educação aos profissionais da área. Inclusive vomita asneiras do tipo: "eu fecharia todas as faculdades de pedagogia do país, até mesmo as mais conceituadas, como a da USP e a da Unicamp, e recomeçaria tudo do zero".
A atual secretária da educação de São Paulo, que de idiota também não tem nada, não resume as coisa a coisa nenhuma, nem mesmo nesta entrevista que é, esta sim, um pequeno resumo de um conjunto de ações e filosofias destinadas a melhorar resultados.
O comentário sobre as faculdades de pedagogia brasileiras, que todo mundo que conhece aquelas melecas, a começar da famigerada fefelechê, sabe que são cabedais de discursos ideológicos inúteis, francamente simpáticos ao marxismo há décadas, cujos resultados se vê.
Pela fala dela fica claro que ela realmente pensa que basta um incentivo aos professores para melhorar a educação. E não há indícios de que ela vá fazer algo além de sentar em seu escritório para ver estatísticas e gráficos bonitinhos e liberar verba. Ela não menciona o que vai fazer com as escolas que, mesmo com o maravilhoso sistema dela, não melhorarem o desempenho.
E "todos conhecem"? Quantos aqui cursaram pedagogia? Conhecem de onde? De ver um qualquer falando? De passar na porta da faculdade? E sinceramente vir falar de discurso ideológico... é dose. Todo curso tem manifestações ideológicas de professores e diretores. Não venha dizer que isso é exclusividade da pedagogia. Nem mesmo é mais destacado na pedagogia que em outros cursos.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:E o público leigo sempre aplaude como focas adestradas...
Leigo?
E se houve aqui alguma indireta, meu comentário reproduzido no quote foi escrito há mais de dois anos, logo, se aplaudi as respostas da secretária foi com antecedência tal que só pode ser explicado me atribuindo poderes de vidência.
Pensei que eu havia sido bem direto...
Previsão do futuro faz de você, no máximo, um astrólogo. Não um especialista em educação. Aproveite sua vidência e me diga: o novo sistema vai funcionar? Lembrando que é SIM ou NÃO. Nada de respostas espertas, como as respostas que os videntes costumam usar.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:Mas o problema brasileiro é totalmente diferente, caso você não tenha percebido. E é um povo totalmente diferente. Que pensa totalmente diferente dos outros. Trazer soluções de fora geralmente não dá certo.
Demonstre sua afirmação com evidências objetivas.
Todos os povos do mundo se consideram especiais de algum modo, mas pobreza, desigualdades sociais, miscigenação racial ou qualquer outra coisa que se queira alegar como tipicamente brasileiras não são exclusivas desta parte do lado de baixo do equador.
No mais, algumas coisas são apenas lógicas e o que é lógico não se restringe a picuinhas nacionalistas.
Valer-se de métodos estatísticos para descobrir quais unidades de ensino apresentam melhores resultados, valorizar aquelas que apresentam estes resultados e aproveitar sua experiência para melhorar as deficientes é lógica básica e querer dizer que os brasileiros não devem utiliza-la porque foi aplicada primeiro em outros países é simplesmente estúpido.
Os problemas estão presentes em vários lugares do mundo. Mas em cada lugar com sua especificidade. Em cada lugar ocorre de uma maneira e por uma causa diferente. Ignorar isso pode ser determinante para o fracasso de um projeto.
E em momento algum eu disse "que os brasileiros não devem utiliza-la porque foi aplicada primeiro em outros países". Não sei de onde você tirou tal idéia.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:Sobre as escolas brasileiras, ainda há esse mito de que todo professor que não obtem resultados é vagabundo. Como se toda a responsabilidade pela situação fosse exclusivamente do profissional.
Não existe este mito. Pelo contrário, o mito dominante é que os maus resultados são culpa da má remuneração e condições de ensino dos professores, como se não houvesse quem obtivesse bons resultados apesar disto.
Todo mundo sabe que nas escolas existem professores competentes e esforçados e professores incompetentes e vagabundos. Querer deturpar este consenso alegando que TODO professor que não obtém resultados é vagabundo serve apenas para proteger os vagabundos.
De novo a lógica básica.
Se entre dois professores que trabalham em condições idênticas na mesma escola um tem resultados melhores, qual a desculpa do deficiente?
Vamos eternamente protegê-lo alegando fatores alienígenas que misteriosamente não afetam seu colega próximo com melhores resultados?
Tanto existe, que o seu discurso e de algumas outras pessoas (principalmente economistas, advogados e outros que tem tudo a ver com educação, para não dizer o contrário) sobre escola sempre inclui esse mito.
Um fator que você ignora é que uma turma é totalmente diferente da outra. Mesmo sendo ambas da mesma série, com a mesma média de idades, com a mesma situação socioeconomica... são completamente diferentes. Não há qualquer garantia que uma atividade feita com uma turma funcione com outra. Aliás, um dos maiores erros de um professor é achar que as turmas são todas iguais e usar, para o ano seguinte, o mesmo planejamento de sucesso do ano atual, sem alterações. E isso porque nem entrei na questão das turmas de EJA. Essas são ainda mais heterogêneas e muito diferentes umas das outras.
Uma dúvida: Já trabalhou com crianças em escola pública? Em caso afirmativo, quanto tempo e quais as séries? Conseguiu usar o mesmo planejamento todos os anos sem alterações?
Acauan escreveu:Orbe escreveu:Primeiramente é importante deixar claro que a maioria esmagadora dos professores de ensino fundamental (jardim e de 1ª série até 5ª série) são normalistas (no RJ principalmente). Ou seja são de nível médio e não com formação superior. Então falar asneiras como fechar faculdades de pedagogia só pode vir de alguem que desconhece o fato e atribui a situação da educação atual aos pedagogos.
Em São Paulo, que por coincidência é o estado do qual fala a secretária de educação do estado de São Paulo, esta realidade não se aplica, logo só seriam asneiras, talvez, se ditas pelo secretário da educação do Rio de Janeiro.
Depois, em geral foram os pedagogos que, hitoricarmente, planejaram e definiram as políticas educacionais a nível nacional e estadual - incluindo a anacrônica lei de diretrizes e base da educação - logo, a afirmação de asneira não tem nada, pois é respaldada por uma experiência histórica de fracassos promovidos por políticas educacionais criadas por pedagogos ideologicamente engajados e descomprometidos com os resultados.
A maioria dos professores do ensino fundamental em SP tem formação superior?
Em geral foram os pedagogos? Você deve se referir a menos de 20 anos. Porque o que vemos constantemente são pessoas de áreas alheias a educação determinando as políticas públicas para a mesma. Inclusive no estado de SP como o próprio site da Secretaria de Estado da Educação de SP mostra.
Além disso, os ocupantes de cargos de secretário (municipal e estadual) e de ministro são indicados. E você não é nenhuma criancinha boba. Tem idade suficiente, e pelos seus posts creio que tem malícia e conhecimento suficientes também, para saber que os indicados raramente são os mais competentes ou mais interessados. As indicações acontecem por dívida de favores, por apadrinhamento, por aliança política... por mil motivos de interesse pessoal e político. Raramente por preocupação com os eleitores.
Então a minha afirmação de que ela falou asneiras serve, não apenas para o RJ, mas para SP e para o resto do Brasil todo.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:E é claro que não podemos esquecer que em vários momentos quem esteve a frente da educação no governo foram economistas, advogados e até médicos. Parece que qualquer um se acha apto a falar de educação, mas misteriosamente nem todo mundo quer discutir sobre direito ou sobre medicina ou física quântica... Por que será?
Cite os economistas ou médicos que estiveram a frente da educação em São Paulo, que é o tema deste tópico.
Essa é fácil: "PAULO RENATO COSTA SOUZA - Formação Acadêmica: Economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, obteve seu Mestrado pela Universidade do Chile e seu Doutorado pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP."
Informação do site da Secretaria. Tem também uma enorme lista de formados em direito e administração. Dê uma olhada:
http://drhu.edunet.sp.gov.br/site_secre ... tarios.aspAcauan escreveu:Orbe escreveu:Outro pequeno detalhe de grande importância é que os professores de ensino fundamental que se destacam, em sua maioria, trabalham muito mais do que as horas pagas. Sem falar nos que tiram dinheiro do próprio bolso para fazer as atividades com as turmas. Dificilmente um professor que faça apenas o que é pago para fazer e se utiliza apenas dos recursos disponibilizados pela escola, vai se destacar.
Disse-o bem, os que se destacam.
Quem e quantos são os que se destacam?
Estes têm que ser identificados, recompensados e utilizados como exemplo.
Justamente o que a secretária propõe.
Claro que tem que ser recompensados. Mas e os outros? O que será feito deles? Demitir e sobrecarregar outros professores? Analisar cada caso? Deixar como está, esperando que esses professores ruins se ajustem sozinhos, e as crianças (perdoe o termo) que se fodam?
Acauan escreveu:Orbe escreveu:Sobre copiar o que dá certo na escola ao lado, isso muita gente já faz a vários anos.
Já que o assunto é educação, a gramática correta no caso é "há vários anos".
Obrigado. Não tinha visto o erro.
Ah e "hitoricamente" não existe. É "historicamente". Com "S".
Meio ridícula essa coisa de ficar parando o debate para corrigir erros no texto do outro usuário, quando esses erros não comprometem o entendimento da mensagem. Parece que está tentando desviar do assunto ou desestabilizar o adversário... Se fosse alguma competição eu até entenderia.
Acauan escreveu:Orbe escreveu: Não é nenhuma novidade. Pelo menos para mim, que estou sempre xeretando o trabalho dos colegas e "roubando" as idéias que funcionam bem para usar na minha turma, não é novidade.
Congratulações.
Obrigado.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:O problema é que os professores tem independência demais na sala de aula. Eles fazem o que querem e ninguem de fora tem controle sobre o que está sendo feito. O resultado é essa zorra que estamos vendo.
Exato. É exatamente disto que a secretária falou e sobre o que ela quer criar métodos para corrigir baseado em experiências testadas que deram certo.
Qual o problema?
Não vi nada na idéia dela que vá corrigir algum problema. Esse é o problema.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:Eu faço questão de apresentar relatórios mensais detalhados sobre cada atividade realizada com as minhas turmas para a diretora. Sou o único a fazer isso nas escolas que trabalho. As diretoras olham as capas dos relatórios, folheiam um pouco e engavetam. Se eu pusesse um palavrão no meio do texto elas nem veriam... Vai ter provinha para avaliar os diretores também? Espero que tenha. Assim eu me livro dessas incompetentes que me chefiam.
A avaliação dos diretores é um dos pontos fundamentais do método adotado em New York, que já postei aqui, na íntegra, em outro tópico, logo, se você é um bom professor afetado por diretores incompetentes, só tem a ser beneficiado pela adoção de medidas do tipo.
Sim, se eu fosse de SP, seria beneficiado, sem dúvida. Mas essa não é a questão aqui. Apesar de eu pouco ligar para os demais, não sou cego. Estou vendo que o sistema não vai resolver os problemas como deveria. Vai gerar apenas novas formas de enganar a Secretaria, anos letivos voltados para a prova da secretaria e não para a educação dos alunos, sobrecarga no caso de demissão dos insatisfatórios, continuidade de professores ruins no caso de não serem demitidos...
A questão não é se eu gosto ou serei beneficiado por esse sistema. Gostar eu gosto. Adoro porque sei que ganharia bônus o tempo todo. A questão é que ele não vai fazer o que promete, na minha opinião.
Acauan escreveu:Orbe escreveu:Ah e para quem não sabe, a tiazinha esperta aí é formada em Ciências Sociais (graduação e mestrado) e Ciências Políticas (doutorado). Ou seja, mais uma leiga na área de educação...
Até quando os leigos vão achar que podem dar pitaco em áreas de conhecimento alheias...
Deus me livre do que os donos da tal área de conhecimento produziram de resultado no Brasil até hoje.
Que pena que pense assim. Não sei se é ignorância ou ingenuidade sua, mas a verdade é que os pedagogos tiveram bem poucas chances de mostrar serviço. Infelizmente a maior parte do tempo quem está a frente das políticas de educação são os advogados, os economistas, os sociólogos...