Botanico escreveu:Conforme já disse, nos tempos de Kardec estava CIENTIFICAMENTE provado que havia sim raças superiores a outras e não por coincidência, a raça caucásica era a mais superior de todas e, mesmo entre ela, havia sub-raças que eram superiores e inferiores entre si. Lembro-o de que isto era uma verdade CIENTÍFICA indiscutível.
Acauan escreveu:Estamos nos repetindo, mas vá lá.
O racismo do século XIX era antes uma ideologia do que ciência, mesmo para os padrões da época. Embora muitos, talvez a maioria, dos cientistas europeus ocidentais fosse pessoalmente racista, poucos empreenderam especializar-se na questão, sendo que os postulados decorrente nunca deram origem a cátedras nas grandes universidades, o que deveria ocorrer se houve amplo consenso quanto a eles.
No mais, como já dito alhures, boa parte do discurso racista tinha origem mística e esotérica, influenciado por figurinhas como madame Blavatsky e outros do tipo.
Acauan, eu sou ESSENCIALMENTE PRÁTICO em certas questões. Se os supostos postulados teóricos não são refletidos na prática, então que se danem. Se o racismo era ideológico e não científico mesmo no séculos XVIII e XIX, isso é IRRELEVANTE, se a comunidade científica dava apoio a ele. Afinal o apoio ou ao menos a não-negativa enfática a algo por parte desta mesma comunidade acaba atribuindo um viés científico a esse algo.
Cátedras? Ué? Não houve na América a tal sociedade eugênica, da qual participaram eminentes cientistas americanos e influenciaram a política para que se fizessem esterelização forçada dos indivíduos por ela qualificados como inferiores? E aqui mesmo no Brasil não tivemos a influência dessa mesma eugenia, que levava o nosso ministério das relações exteriores a vetar imigração de judeus e negros?
E noto, Acauan, que você e outros por aqui querem ver o racismo somente sob a ótica atual, esquecendo que ele tem toda uma história e seu alcance vai além da afirmação de que há alguma raça que seja superior a outra.
Lá nos ditos séculos, o racismo científico era o óbvio ululante: os caucasóides constituíam povos que tinham maior cabedal científico, cultural e tecnológico sobre os outros povos, onde os negróides eram ou escravos ou um bando de primitivos que ainda viviam em choupanas e se vestiam de peles; os orientais eram um pouco mais refinados, mas eram considerados mentalmente primitivos (onde se viu soldados chineses irem para a batalha portando leques e sombrinhas?). Era preciso algum estudo científico minucioso, como aquele índice de tese que um dia você me mandou, para atestar a primitividade e a superioridade de raças nesse contexto? Seria o mesmo que eu querer demonstrar cientificamente para uma banca examinadora que uma planta aquática clorofilada, a Elodea, faz fotossíntese...
O racismo, Acauan, também implicava (e implica até hoje) em IDENTIDADE NACIONAL. Os europeus são de maioria caucasóide, mas os alemães, por exemplo, se achavam uma RAÇA superior às outras vizinhas. O tal Hitler dizia que lá era o único lugar onde os arianos se mantiveram puros... Os judeus e palestinos são racialmente idênticos. Mas os judeus foram os eleitos de Deus; os palestinos não... Idem para os chineses e japoneses. Também são racialmente idênticos, mas os líderes nipônicos que levaram o Japão à guerra em 1941 achavam que a RAÇA JAPONESA era a predestinada a levar a glória a Ásia.
Daí então não dá para se resumir o racismo à nossa simplista visão atual. Além disso, como já falei do óbvio ululante, não é porque alguém disse ou sugeriu que tal raça tem características físicas e/ou culturais supostamente melhores em relações a outras estive embutindo intencionalmente um viés pejorativo. Eu posso achar a Daniele Hipólito mais bonita do que a Daiane e nem por isso estou sendo racista ou preconceituoso... mas embarcando no politicamente correto de hoje, alguém pode pegar essa minha opinião e me acusar de racista e preconceituoso. Como está sendo feito aqui com Kardec e Emmanuel.
E quanto à Blavatsky e outros, vá discutir com a Blavatsky e os outros. Eu não ligo a mínima para o esoterismo deles.Botanico escreveu:Ora, os tais abolicionistas ERAM RACISTAS e sua luta era somente por uma questão humanitária e não uma luta pela igualdade racial.
Acauan escreveu:Os mais ativos entre os abolicionistas eram os quakers, que não eram racistas e acreditavam na igualdade conforme os preceitos cristãos.
No mais, citei também associações explicitamente anti-racistas da época, como a Sociedade dos Amigos dos Negros, que atuava na mesma França de Kardec.
Acauan, eu acho que você tira uma postura muito mais do que a pertence. Então pode você me apresentar os trabalhos científicos, os discursos, as teses, etc e tal proferidas pelos órgãos oficialmente reconhecidos como representantes desses quakers e amigos dos negros que afirmam ENFATICAMENTE, que os negros, brancos e orientais são EXATAMENTE iguais racialmente falando? Sim, pois se os tratados deles se resumiam a proclamações HUMANITÁRIAS, então não temos aqui uma postura anti-racista. Os caras podiam ser contra a escravidão, mas o que diziam eles que se deveria fazer com os ex-escravos? Estamos aqui falando de RACISMO e não de HUMANITARISMO. Um não é oposto ao outro.Botanico escreveu:Já os negros, tanto asiáticos como os africanos NADA produziram no mesmo sentido. Nem os mongolóides. Por que isso não aconteceu, uma vez que geneticamente essas três raças são virtualmente idênticas? O que ficou faltando?
...
Bem, outras civilizações já apareciam também, mas entre os negros, só os núbios se destacaram. Os chineses já então começaram a mostrar sua capacidade e competência, mas já então o Ocidente superava o Oriente.
Acauan escreveu:Resumindo, tudo que disse está historicamente errado.
Houve muitos reinos africanos pujantes na antiguidade, muitos dos quais se mantiveram independentes e relativamente poderosos até serem conquistados pelo Islã.
Alguns destes reinos tinham similaridades com a cultura egípcia e realizações interessantes, embora não colossais.
Já os chineses construíram uma civilização grandiosa, durante séculos mais criativa e refinada que a ocidental. Isto desde a ascenção do confucionismo, mais ou menos 500 A.C. e desde então se mantiveram como um dos mais poderosos impérios já erigidos ao longo dos milênios seguintes, só entrando em decadência na dinastia Qing, no século XVII.
Ainda no oriente os mongóis dominaram um império continental por séculos, os indianos tiveram seus grandes momentos e o Japão só se submeteu aos ocidentais após a Segunda Guerra.
A supremacia global da civilização do ocidente só se estabelece após a Revolução Industrial, por conta de um desenvolvimento superior das tecnologias de produção.
Não é preciso ser um gênio para concluir que o resumo histórico não pode ser usado para justificar ideologias racistas.
Bem, parece que você truncou partes do meu texto, onde afirmei que as outras civilizações não-caucasóides também mostraram progresso, inclusive os índios americanos. Mas vamos por ordem:
1) Que reinos africanos PUJANTES (culturais, artísticos, militares e de população de maioria negra) são esses a que se refere? Eu só me lembro dos núbios.
2) O ponto de partida foi o chute do Emannuel com relação aos exilados de Capella. Talvez eu não tenha respeitado a precisão cronológica, mas as civilizações, suméria, caldáica e egípcia antecediam à China e aos núbios. O que eu quis mostrar foi que os caucasóides teriam saído na frente como formadores da civilização. E como o Emannuel, prefiro mais achar que há componente espiritual na jogada do que algum fator racial misterioso...
3) E os exilados de Capella, se inicialmente encarnaram em caucasóides, isso foi só no início: depois se misturaram aos outros e os supostos primitivos também mostraram-se capazes de aprender com os supostos evoluídios capelinos. Assim então, no século XX já não havia mais distinção quanto a quem era quem. Tanto como você mesmo lembrou-se do Japão, este foi quem primeiro chutou o balde do racismo caucasóide: provou que o homem branco era vencível e tanto provou que depois não houve mais como sustentar o colonialismo asiático.Botanico escreveu:Desculpe-me, mas eu acho uma piada essa estória de que os romanos só mediam as pessoas pela conquista e não pelo que elas lhes pareciam... Mesmo que não houvesse o componente racista atual nos tempos deles, significam por isso que eram melhores do que os racistas de hoje e de pouco tempo atrás?
Acauan escreveu:Nada disto tem a ver com o que foi colocado, que simplesmente lembrava o fato que os romanos acreditavam que seu status superior foi conquistado na ponta do gládio, enquanto racistas acreditam que sua suposta superioridade é uma dádiva da natureza que lhes foi concedida e negada aos outros povos.
Preconceitos mudam de roupa, mas sua essência é a mesma. Teriam existido os racistas se os povos não caucasóides houvessem resistido ao domínio destes últimos? Botanico escreveu:Bem, se houve então o tal famigerado componente racista, vá se queixar com a CIÊNCIA, pois foi ela que deu o aval a isso, e não com o Kardec.
Acauan escreveu:Bem, fechamos questão quanto a Kardec ser uma Maria-Vai-Com-As-Outras, incapaz de defender idéias contrárias às reinantes em sua época, ousadia que sempre distinguiu os grandes homens ao longo da História.
Se ele não defendeu a idéia contrária que você desejava, eu sinto muito. Gosto não se discute: lamenta-se.Botanico escreveu:E finalmente voltando ao Emannuel. Ainda que você diga que não há filosofia no Espiritismo, esse foi o modo filosófico de se apresentar a coisa: um grupo de espíritos degredados, talvez intelectuamente mais avançado, mas moralmente mais pra baixo do que cu de cachorro sentado, foi despachado aqui para a Terra. Preferencialmente encarnaram nos povos caucasóides e foi por conta disso que as civilizações mais significativas eram justamente formadas por caucasóides. Tem lógica não? Eu não li o livro e não sei se Emannuel disse isso, mas se não disse... bem, não se pode saber de tudo nem se querer abraçar o mundo. Livros que esgotam o assunto, nos esgotam também.
Acauan escreveu:Bem, não vi nenhuma filosofia aí, quanto muito uma imitação de narrativa mítica, o que é muito diferente.
Como para mim Astrologia, Ufologia, Teologia, Parapsicologia, FILOSOFIA e principalmente a Sociologia (ou talvez devesse incluir também essa nossa moderna Pedagogia) são culturas inúteis, eu não vou discutir.Botanico escreveu:Concluindo: sabe-se que não foi por fatores genéticos que as ditas raças exibiram maior ou menor potencial cultural. Quem sabe talvez Emannuel não tivesse alguma razão no que disse sobre as migrações de espíritos...
Acauan escreveu:Ainda não entendi porque o tal do Emmanuel manifestava preconceitos que não eram típicos da época em que teria vivido e que só surgiriam quase dois milênios depois.
Ao contrário do que dizem os cristãos, meu caro Acauan, as almas não ficam paradas no tempo, limitando-se ao máximo em receber sabedoria infusa de Deus. O tal Emannuel reencarnou outras vezes e aprendeu outras tantas coisas. E finalmente: a meu ver ele NÃO MANIFESTOU PRECONCEITO ALGUM EM TERMOS RACIAIS. Apenas disse (ELE, EMANNUEL, DISSE) que um bando de espíritos degredados encarnaram majoritariamente em povos que constituíram o grupo caucasóide. E só. Uns se acertaram e voltaram para Capella e outros esqueceram seus compromissos e ficaram por aqui para pagar pecado e eventualmente ajudar os outros espíritos primitivos. Ou seja, não se mostraram tão melhores assim.
Mas como querem encontrar qualquer pataquada para atacar o Espiritismo, fiquem à vontade.