zumbi filosófico escreveu:Uma contraposição sem nem ter lido o tópico todo, e com a ressalva de que não é algo que eu estou "defendendo" com certeza absoluta e etc e tal. Parte do que eu vou falar é opinião de alguns médicos e cientistas, outra parte é principalmente especulação minha, que não sei se é compartilhada por alguma parte da comunidade científica, mas não me surpreenderia se fosse, já que é meio que uma "colcha de retalhos" de coisas relacionadas.
Embora tenha sido diagnosticado como DDA, permaneco cetico não somente quanto à correção do diagnóstico como tambem quanto existência do DDA...
zumbi filosófico escreveu:Há alguns médicos ou cientistas hoje em dia que são mais ou menos "contra" uma porção de coisas de psiquiatria, e sou mais ou menos simpatizante desse ceticismo. Eles dizem coisas como que, desde que "inventaram" o distúrbio de déficit de atenção, por exemplo, passou de algo raro para praticamente epidêmico num período mais ou menos breve;
O diagnóstico é baseado em testemunhos, depoimentos, questionários subjetivos... o tipo de coisa que é bem fácil sabotar.
Me pergunto se não há casos onde o próprio paciente sabota, inconscientemente ou não os questionários, entrevistas, depoimentos,
pois assim se conseguiria uma explicação fácil para este ou aquele comportamento, problemas, etc.
zumbi filosófico escreveu:há uma profusão de novas "doenças", algumas - e não estou brincando aqui, estou citando "doenças" que uns dizem existir mesmo - são tão estapafúrdias como "fobia de falar em público", "fobia financeira" e acho que até "fobia matemática", mas não tenho bem certeza dessa última.
Chama-se discalculia.
zumbi filosófico escreveu:Lembro de ter lido em um livro sobre genética e psiquiatria, definições praticamente "irrefutáveis" de algumas condições, como depressão, tinha depressão de uns dois ou três tipos, com definições como "tipo 1: tristeza gradual ou súbita , profunda, com ou sem motivo desengatador, que se prolonga continuamente". "tipo 2: episódios de tristeza profunda, que podem se prolongar continuamente ou podem ter períodos de amenização ou aparente melhora, gradual ou súbita, mas seguidos de recaídas, graduais ou súbitas", "tipo 3: um tipo intermediário entre o tipo 1 e o tipo 2"
Segundo uns, há inclusive sutilezas nas nomenclaturas que seriam utilizadas para se esquivar do mesmo rigor de comprovação: haveriam doenças psiquiátricas e desordens psiquiátricas, sendo as últimas as que não cumprem todos os requisitos para algo que seria classificado propriamente como doença. Isso não impede de se inventar remédios para essas condições e etc.
Seria isto um exemplo?
F90.9 - 314.9 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Sem Outra Especificação (tirado do DSM-IV)
Há outros exemplos de Transtorno XPTO Sem Outra Especificação (ou algo parecido no DSM-IV)
Um outro aspecto é que os psiquiatras consideram que existe todo um espectro de uma síndrome
(em termos da intensidade dos sintomas, etc), indo desde casos brandos a casos mais severos.
A coisa não se resumiria simplesmente a ser ou não ser portador de uma dada síndrome.
zumbi filosófico escreveu:Um debate sobre isso do instituto de psiquiatria do King's College:
Are we all mentally ill now? (mp3, 1 hora e 21 minutos, 148 MB)
Grato pelo link
zumbi filosófico escreveu:Houve um cara mais ou menos antigo, cujo nome não me lembro, que disse uma vez algo como "saudáveis são aqueles que têm as doenças que todos nós temos", hehehe, acho que talvez estejam seguindo essa filosofia.
Dizem outros que os assim chamados neurotípicos (com cérebros perfeitamente normais) seriam raridade... dá na mesma
zumbi filosófico escreveu:Ao mesmo tempo, segundo alguns neurocientistas, alguns tratamentos sem medicamentos são até mais efetivos para alguns casos, como depressão. Tem menor reincidência; a lógica sendo que, o tratamento "comportamental", força a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro em mudar a si mesmo; ele acaba "aprendendo um novo jeito de pensar", mais ou menos. Já com remédios, ficam dependentes sempre novas doses, acaba sendo mais ou menos como uma muleta que poderia ser abandonada (há um episódio nesse mesmo site sobre o dilema entre dependência e outras formas de tratamento (ou talvez sem tratamento algum, não sei), mas ainda não ouvi esse).
Tenho esta visão sobre a Ritalina. Não queria depender de um remédio e um tratamento que nem estava dando resultados perceptíveis (quanto a sintomatologia do DDA)
zumbi filosófico escreveu:Outra vantagem é que, alguns medicamentos podem ter efeitos colaterais até meio "contraditórios", como anti-depressivos podendo causar depressão e até levar ao suicídio (inclusive tendo ocorrido um caso assim com uma forista do fSTR há alguns anos)
A Ritalina parece ter me deixado mais irritável que o usual... Após alguns episódios de pavio curto, tive a idéia de ler
na bula e havia algo a respeito de irritabilidade. Mas não sei se havia relação de causa-efeito no meu caso (ou em qualquer caso, diga-se).
De qualquer forma, não quero mais me arriscar.
zumbi filosófico escreveu:Ao mesmo tempo, acho que boa parte dessa coisa toda de novas doenças aparecendo e tendo esses diagnósticos praticamente inescapáveis, talvez possa acabar fazendo com que as pessoas "assumam a identidade" de alguns distúrbios, mais do que teriam realmente, algo mais auto-imposto do que natural. Meio parecido com o processo de ameaça de estereótipo ou outras coisas relacionadas com auto-sugestão; meio como as pessoas crêem em milagres, astrologia ou coisas do tipo, contando os "acertos" e descontando os "erros", com o agravante de ser algo que não é sobrenatural, e logo é mais crível, e que pode guiar o próprio comportamento em conformação com a "doença" que se convencer que tem.
Já me surpreendi me portando de maneira mais "DDA" que seria habitual em situações onde seria interessante
que tal comportamento aflorasse, como por exemplo antes ou durante uma consulta... por isso permaneço cético.
zumbi filosófico escreveu:Tem também um tópico interessante em algum lugar nesse fórum, sobre o problema de diagnósticos pressupostos pelos próprios médicos: pessoas saudáveis deram um jeito de se internar num hospital psiquiátrico mas os médicos simplesmente assumiam que eram pacientes e tinham que ter algum problema. Se os próprios médicos são capazes de se auto-enganar, imagino que os leigos sejam até mais suscetíveis. O irônico desse estudo foi que algum(ns) dos pacientes de verdade percebeu que aqueles pacientes do estudo eram "falsos".
Acho que o tópico é "pressuposto dominante".
Vou procurar este tópico