Arma contra o preconceito religioso
Fiéis da IURD entram com processo após publicação na Folha de S. Paulo
Redação Arca
SÃO PAULO - O programa Domingo Espetacular, da TV Record, apresentou neste domingo (17), reportagem especial sobre os processos de fiéis da Igreja Universal contra o jornal Folha de S. Paulo e a jornalista Elvira Lobato. Os membros entraram na Justiça após a publicação de uma matéria - em 15 de dezembro de 2007 - que insinua que as ofertas em dinheiro dadas por eles seriam usadas de forma ilícita.
O programa cita ainda reportagem do jornal O Globo, ressaltando que a “IURD tenta intimidar jornalista”, além de chamar a igreja de seita religiosa. O tema da reportagem gerou questionamento sobre o direito do cidadão de entrar na Justiça quando se sentir ofendido.
O historiador Lucelmo Lacerda disse que o conceito de seita é “extremamente pejorativo”.
O corretor de imóveis Cláudio Bendia afirmou que entrará na Justiça contra o jornal O Globo por se sentir ofendido. Ele disse que entende como seita um culto fechado, o que não ocorre na Igreja Universal.
“A igreja tem as portas abertas a qualquer cidadão. Precisamos dar um basta nisso. Chamar a igreja de seita teve sentido preconceituoso. Sou homem de bem e não aceito isso”, criticou.
Segundo o jurista Luís Flávio Gomes, a iniciativa da ação dos fiéis se deve ao conteúdo da reportagem da Folha de S. Paulo, que destacou que o dinheiro dos fiéis era usado em lavagem de dinheiro.
“As pessoas se sentiram ofendidas com essas afirmações e procuraram a Justiça”, analisou.
Já a advogada Adriana Guimarães Guerra ressaltou que o caso cabe duas ações:
“Ação cível por ser ofensiva à honra da Igreja Universal. E, criminal, por ser uma queixa crime, baseada na Lei de Imprensa, pois se refere à difamação e ofensa à reputação da pessoa jurídica da IURD, o que pode resultar na detenção de 13 a 18 meses e multa”, avalia.
A reportagem afirma que “uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais”.
Segundo o advogado Jamil Milagres Mansur, essa colocação foi infeliz e irresponsável, pois se os dízimos necessitam ser esquentados, eles seriam de origem criminosa.
“Isso dá aos fiéis total legitimidade para acionar judicialmente a empresa jornalística, por possíveis danos sofridos.”
Audiências já foram marcadas
Um juiz do Mato Grosso do Sul, que recebeu uma das ações, extinguiu o processo alegando falta de legitimidade. Mas isso não é uma regra, de acordo com o advogado Leandro Guimarães, representante do autor de uma das ações em Minas Gerais. No estado, três audiências foram marcadas para ouvir testemunhas. No Pará, outra audiência ocorre ainda este mês. Esses e outros processos continuam em andamento.
Segundo a estudante de Direito, Kelly Oliveira, membro da IURD há oito anos, a reportagem deixa implícito que os fiéis são ignorantes sobre tudo que ocorre dentro da igreja.
“Isso não é verdade. Podemos ver materializado o que ofertamos no altar, na construção das catedrais, manutenção dos templos e nas obras sociais, por exemplo,” destaca.
FONTE: http://www.arcauniversal.com.br/arcanew ... odcanal=36