Acauan escreveu:zumbi filosófico escreveu:E complementando, mais ou menos o outro lado do espectro: a liberação de armas pelo estado torna cidadãos sempre potencialmente reféns de eventuais malucos que podem livremente comprar uma arma, e numa bela tarde de sexta-feira, sair metralhando pessoas num shopping ou numa escola; somando tanto vítimas diretas, do próprio fogo, quanto de pessoas atingidas por outras que só tentavam defender a si mesmas mas não tinham preparo para esse tipo de situação, ou mesmo para manusear a arma - tanto mais quanto mais pessoas tiverem armas.
Não há evidência estatística de que maior número de armas, por si só, aumenta o número de assassinatos. Se assim fosse, os Estados Unidos da America, que tem muito mais armas em poder de civis que o Brasil, apresentaria mais assassinatos na mesma proporção, sendo que os números provam o contrário.
Alegar diferenças sociais não cabe, pois a Suiça também é uma população armada.
Isso está assumindo implicitamente que disponibilidade de armas seria a
única variável que influencia no número de assassinatos ou agressão à mão armada.
O fato de uns países terem mais pessoas armadas e menos crimes com armas que outros com menos pessoas armadas por si só não diz que se, digamos, o governo distribuisse armas e munição para todo cidadão maior de 18 ou talvez 16, as vítimas de armas de fogo diminuiriam, ou que não aumentariam.
Eu acho que é bastante razoável supor que fosse aumentar: mais gente com armas, mais gente que poderia usá-las indevidamente, cometer crimes com elas ou simplesmente ferir a si próprio ou outros por acidente.
Poderia se dizer que é meio "maluquice" o governo distribuir armas gratuitamente para todos (ainda que talvez seja mais ou menos o caso na Suíça, acho), mas o simples poder de compra autônomo não garante que as pessoas fossem mais aptas a usarem armas ou a não-cometerem crimes, e a lógica de que mais armas possibilitam a que mais pessoas façam mau uso permanece essencialmente a mesma, não importando como se deu a aquisição.
zumbi filosófico escreveu:E com a proibição das drogas, cria-se um nicho lucrativo para o tráfico, que, além de se armar e entrar em conflitos com a polícia que possivelmente matam e ferem mais pessoas do que as que poderia vir direta ou indiretamente do uso das drogas apenas, não tem uma preocupação social com a qualidade e efeito da droga que coloca no mercado, e nem discrimina o cliente quanto a sua capacidade de usar drogas responsavelmente; coisas que, teoricamente, o estado poderia tentar fazer.
Teoricamente. Não há nenhuma evidência disto e as experiências históricas de liberação das drogas foram fracassos desastrosos.
Se faz isso comumente com álcool e cigarros de tabaco, e a maioria das pessoas considera que a proibição do álcool é que foi desastrosa. Por outro lado, não se tem os números exatos de violência doméstica, por exemplo, que poderia ter de fato diminuído e sido mais significativo do que a violência dos traficantes, também houve a grave falha do consumo e posse para consumo não terem sido também criminalizados, não havendo um efeito negativo sobre a demanda pelo produto ilegal. Poderia ser que uma maior regulação ou proibição do álcool fosse melhor do que a liberação que temos agora.
Se fosse simples assim haveria muitos países liberando as drogas com base nesta lógica.
Como não há nenhum país que faça isto, o bom senso conclui que motivos há.
Eu não acho que seja "simples assim", liberar geral e pronto (ou simplesmente proibir totalmente as armas), mas também não acho que é simplesmente a ineficácia o verdadeiro motivo para algo não estar em prática, há sempre outras razões possíveis, ou tudo no mundo estaria correndo já da melhor maneira possível; "se o Brasil tenta centralizar tudo em vez de ser mais liberal, pró-empreendedorismo, deve haver bons motivos para isso...". Tradição, inércia, já é uma causa que parece bastante suficiente para manter as coisas como são, mesmo que não sejam as melhores políticas.