Fragmentos de Kundera sobre animais
Fragmentos de Kundera sobre animais
Os fragmentos foram retirados do livro A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, publicado em 1984.
Mais precisamente, se encontram no capítulo de número #2, que vai da página 322 à 326, da sétima e última parte, chamada "O Sorriso de Karenin".
Eles:
"No começo do Gênese, está escrito que Deus criou o homem para que ele reine sobre os pássaros, peixes e os animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus realmente quisesse que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou sobre a vaca e o cavalo. O direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo fraterno, mesmo durante as guerras mais sangrentas.
"Esse direito nos parece natural porque nós estamos no topo da hierarquia. Mas bastaria que um terceiro se intrometesse no jogo, por exemplo, um visitante vindo de um outro planeta a quem Deus tivesse dito: 'Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas' para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida. O homem atrelado a uma carroça por um marciano, eventualmente grelhado num espeto por um habitante da Via Láctea, talvez se lembrasse da costela de vitela que tinha hábito de cortar em seu prato e pediria (tarde demais) desculpas à vaca.
"(...) Deus encarregou o homem de reinar sobre os animas, mas podemos explicar que ele apenas emprestou ao homem esse poder. O homem não era o proprietário mas apenas o gerente do planeta, e um dia teria de prestar contas de sua gestão.
Descartes foi mais longe: fez do homem "maître et propriétaire de la nature". E há com certeza uma lógica profunda no fato de que seja precisamente ele quem nega que os animais tenham alma. O homem é o proprietário e o senhor enquanto o animal, diz Descartes, não passa de um autômato, uma máquina animada, uma "machina animata". Quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, não quer dizer que a charrete sofra, mas que ela não está lubrificada. Devemos interpretar da mesma maneira as queixas do animal e não lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo em um laboratório.
"(...) Não existe nenhum mérito em sermos corretos com nossos semelhantes. (...) Nunca se poderá determinar com certeza em que medida nosso relacionamento com o outro é o resultado de nossos sentimentos, de nosso amor ou não-amor, de nossa benevolência ou de nosso ódio, e em que medida ele é determinado de antemão pelas relações de força entre os indivíduos.
"A verdadeira bondade do homem só se pode manifestar com toda a pureza e com toda a liberdade em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, situado num nível tão profundo que escapa a nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. E foi aí que se produziu a falência fundamental do homem, tão fundamental que dela decorrem todas as outras.
"(...) O mundo deu razão a Descartes.
"(...) Surge para mim uma outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo e um cocheiro lhe dando chicotadas. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço sob o olhar do cocheiro e explode em soluços.
"Isso aconteceu em 1889 e Nietzsche já estava, também ele, distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto, seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora pelo cavalo.
"(...) [e] a humanidade, "senhora e proprietária da natureza", prossegue sua marcha adiante."
Mais precisamente, se encontram no capítulo de número #2, que vai da página 322 à 326, da sétima e última parte, chamada "O Sorriso de Karenin".
Eles:
"No começo do Gênese, está escrito que Deus criou o homem para que ele reine sobre os pássaros, peixes e os animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus realmente quisesse que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou sobre a vaca e o cavalo. O direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo fraterno, mesmo durante as guerras mais sangrentas.
"Esse direito nos parece natural porque nós estamos no topo da hierarquia. Mas bastaria que um terceiro se intrometesse no jogo, por exemplo, um visitante vindo de um outro planeta a quem Deus tivesse dito: 'Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas' para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida. O homem atrelado a uma carroça por um marciano, eventualmente grelhado num espeto por um habitante da Via Láctea, talvez se lembrasse da costela de vitela que tinha hábito de cortar em seu prato e pediria (tarde demais) desculpas à vaca.
"(...) Deus encarregou o homem de reinar sobre os animas, mas podemos explicar que ele apenas emprestou ao homem esse poder. O homem não era o proprietário mas apenas o gerente do planeta, e um dia teria de prestar contas de sua gestão.
Descartes foi mais longe: fez do homem "maître et propriétaire de la nature". E há com certeza uma lógica profunda no fato de que seja precisamente ele quem nega que os animais tenham alma. O homem é o proprietário e o senhor enquanto o animal, diz Descartes, não passa de um autômato, uma máquina animada, uma "machina animata". Quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, não quer dizer que a charrete sofra, mas que ela não está lubrificada. Devemos interpretar da mesma maneira as queixas do animal e não lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo em um laboratório.
"(...) Não existe nenhum mérito em sermos corretos com nossos semelhantes. (...) Nunca se poderá determinar com certeza em que medida nosso relacionamento com o outro é o resultado de nossos sentimentos, de nosso amor ou não-amor, de nossa benevolência ou de nosso ódio, e em que medida ele é determinado de antemão pelas relações de força entre os indivíduos.
"A verdadeira bondade do homem só se pode manifestar com toda a pureza e com toda a liberdade em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, situado num nível tão profundo que escapa a nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. E foi aí que se produziu a falência fundamental do homem, tão fundamental que dela decorrem todas as outras.
"(...) O mundo deu razão a Descartes.
"(...) Surge para mim uma outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo e um cocheiro lhe dando chicotadas. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço sob o olhar do cocheiro e explode em soluços.
"Isso aconteceu em 1889 e Nietzsche já estava, também ele, distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto, seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora pelo cavalo.
"(...) [e] a humanidade, "senhora e proprietária da natureza", prossegue sua marcha adiante."
- Neuromancer
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Cara... eu sempre gostei de Milan Kundera, já li diversos livros dele ( Risíveis Amores, A insustentável Leveza do Ser, A Brincadeira...), em um dos mais interessantes, não lembro o nome, ele disse que a criança era o futuro da Humanidade, mas não na forma clichê e desgastada, a criança era o futuro da humanidade porque quanto mais a humanidade evoluia, mais as pessoas agiam e pensavam feito crianças.
Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Samael, guarde este tópico aos que já leram a obra de Kundera.
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Samael escreveu:E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Acho esse tipo de argumento extremamente desonesto.
Em primeiro lugar, vacas tem um sistema neural que os tornam animais complexos e muitos mais gostosos que uma cenoura.
As duas coisas não se comparam, Samael.
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Ricardo escreveu:Samael escreveu:E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Acho esse tipo de argumento extremamente desonesto.
Em primeiro lugar, vacas tem um sistema neural que os tornam animais complexos e muitos mais gostosos que uma cenoura.
As duas coisas não se comparam, Samael.
Não se preocupe com os comentários desse comunista esclerosado. ^_^
- King In Crimson
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Não entendeu a piada.rapha... escreveu:Ricardo escreveu:Samael escreveu:E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Acho esse tipo de argumento extremamente desonesto.
Em primeiro lugar, vacas tem um sistema neural que os tornam animais complexos e muitos mais gostosos que uma cenoura.
As duas coisas não se comparam, Samael.
Não se preocupe com os comentários desse comunista esclerosado. ^_^

Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Uau, Rapha !
Que arrependimento de nunca ter lido nada deste autor...vou corrigir isto logo, pois amei os trechos que voce colocou.
Pelo menos estou em boa companhia no desgôsto com a humanidade.
Beijão !
Que arrependimento de nunca ter lido nada deste autor...vou corrigir isto logo, pois amei os trechos que voce colocou.
Pelo menos estou em boa companhia no desgôsto com a humanidade.
Beijão !
-
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Ricardo escreveu:Samael escreveu:E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Acho esse tipo de argumento extremamente desonesto.
Em primeiro lugar, vacas tem um sistema neural que os tornam animais complexos e muitos mais gostosos que uma cenoura.
As duas coisas não se comparam, Samael.





Visite minha página http://filomatia.net. Tratando de lógica, filosofia, matemática etc.
Visite o Wikilivros. Aprenda mais sobre Lógica.
Assista meu canal do youtube. Veja meu currículo lattes.
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Carmen escreveu:Uau, Rapha !
Que arrependimento de nunca ter lido nada deste autor...vou corrigir isto logo, pois amei os trechos que voce colocou.
Pelo menos estou em boa companhia no desgôsto com a humanidade.
Beijão !
Somos dois, Carmen!
Beijos
Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Ei, Sama! Você não tem e nunca teve animais de estimação, né?
Você estima cenouras e alfaces?

Você estima cenouras e alfaces?

Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Euzébio escreveu:Ei, Sama! Você não tem e nunca teve animais de estimação, né?
Você estima cenouras e alfaces?
Boa, Euzébio ! O Samael já apresentou refutações bem melhores em outros assuntos do que o "sofrimento hortifruti" nesse.

Beijos !
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Ricardo escreveu:Samael escreveu:E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Acho esse tipo de argumento extremamente desonesto.
Em primeiro lugar, vacas tem um sistema neural que os tornam animais complexos e muitos mais gostosos que uma cenoura.
As duas coisas não se comparam, Samael.
Ah... o chauvinismo do sistema nervoso... como se as plantas não reagissem ao mundo exterior (têm espinhos para se defender, produzem taninos e outros venenos quando estão a ser comidas, algumas seguem o Sol, etc), e como se o sofrimento não pudesse ser transmitido por outras vias: a via humural, por exemplo. Não comam plantas seu Nazis vegetarianos...

Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
PS, eu entendi a piada... a
Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Era uma vez uma vegetariana que flagrou um pobre campones a comer Bife com frango assado.
Ela ficou tão furiosa que a cara dela ficou da cor do sangue; espumou baba e ranho e o cabelo ficou todo branco.
Então, caminhando como um Gorila Alfa a emergir das brumas e pronto a trucidar o invasor, dirige-se a pobre camponês e grunhe: "VC É UM ASSASSINO!"
O pobre camponês, na sua inocência omnivora responde timida e humildemente:
"Mas senhora gorila, eu sou omnivoro. A natureza me fez assim."
E foram as últimas palavras do pobre camponês...
Ela ficou tão furiosa que a cara dela ficou da cor do sangue; espumou baba e ranho e o cabelo ficou todo branco.
Então, caminhando como um Gorila Alfa a emergir das brumas e pronto a trucidar o invasor, dirige-se a pobre camponês e grunhe: "VC É UM ASSASSINO!"
O pobre camponês, na sua inocência omnivora responde timida e humildemente:
"Mas senhora gorila, eu sou omnivoro. A natureza me fez assim."
E foram as últimas palavras do pobre camponês...
Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Sim, é claro que deveríamos poupar as pobres plantas do sofrimento mortal de serem digeridas, eu concordo plenamente! No entanto, temos que dar um passo a cada vez, se não quisermos tropeçar.
Assim sendo, primeiro eliminemos a nefasta alimentação carnívora, para depois buscarmos eliminar também a alimentação vegetal. E para isso devemos contar com o concurso das Ciências na busca de uma alimentação saudável - se não sólida, ao menos fluídica - que possa nos poupar do desprazer de eliminar vidas inocentes.

Assim sendo, primeiro eliminemos a nefasta alimentação carnívora, para depois buscarmos eliminar também a alimentação vegetal. E para isso devemos contar com o concurso das Ciências na busca de uma alimentação saudável - se não sólida, ao menos fluídica - que possa nos poupar do desprazer de eliminar vidas inocentes.

- Flavio Costa
- Mensagens: 4307
- Registrado em: 25 Out 2005, 07:32
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Carmen escreveu:Boa, Euzébio ! O Samael já apresentou refutações bem melhores em outros assuntos do que o "sofrimento hortifruti" nesse.![]()
Mas parece que você não entendeu o argumento dele. Ele não diz que vegetais sofrem, mas que o sofrimento não é necessariamente um critério "justo" para se decidir pela alimentação vegetariana.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Flavio Costa escreveu:Carmen escreveu:Boa, Euzébio ! O Samael já apresentou refutações bem melhores em outros assuntos do que o "sofrimento hortifruti" nesse.![]()
Mas parece que você não entendeu o argumento dele. Ele não diz que vegetais sofrem, mas que o sofrimento não é necessariamente um critério "justo" para se decidir pela alimentação vegetariana.
Para mim está parecendo a mesma coisa: não é um critério justo é dizer que ambos sofrem.
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Ricardo escreveu:Samael escreveu:E se trocarmos as palavras "vaca" ou "cavalo" por "alface" e "cenoura", você, Rapha, e o Kundera se unem ao resto da humanidade em sua crueldade nazista.
Acho esse tipo de argumento extremamente desonesto.
Em primeiro lugar, vacas tem um sistema neural que os tornam animais complexos e muitos mais gostosos que uma cenoura.
As duas coisas não se comparam, Samael.
E se descobrirem uma maneira de matá-los sem dor?
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Euzébio escreveu:Ei, Sama! Você não tem e nunca teve animais de estimação, né?
Você estima cenouras e alfaces?
Tenho! Tenho um cocker de 10 anos e já tive jabutis também.
Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Samael escreveu:E se descobrirem uma maneira de matá-los sem dor?
Ainda assim há a morte, que é em si mesma uma violência.
Se vivemos sob as leis da Física e uma dessas leis diz que a cada ação corresponte uma reação, quais seriam as conseqüências geradas pela morte induzida (assassinato) em nossa esfera mental?
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Sky escreveu:Era uma vez uma vegetariana que flagrou um pobre campones a comer Bife com frango assado.
Ela ficou tão furiosa que a cara dela ficou da cor do sangue; espumou baba e ranho e o cabelo ficou todo branco.
Então, caminhando como um Gorila Alfa a emergir das brumas e pronto a trucidar o invasor, dirige-se a pobre camponês e grunhe: "VC É UM ASSASSINO!"
O pobre camponês, na sua inocência omnivora responde timida e humildemente:
"Mas senhora gorila, eu sou omnivoro. A natureza me fez assim."
E foram as últimas palavras do pobre camponês...
Coisa de maluco, miguelito. Eles se escondem atrás do argumento do "sistema nervoso" apenas para disfarçar sua pena quanto aos animais.
O Euzébio me pareceu o cara mais lúcido nessa opinião, estendendo o "não matar" a outros seres, mas isso é uma loucura sem tamanho. Loucura que busca negar a própria natureza da vida, que é destruir para sobreviver.
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Samael escreveu:Tenho! Tenho um cocker de 10 anos e já tive jabutis também.
Se você os estima, e se esforça para poupar-lhes do sofrimento, por que não se importa com o sofrimento dos outros animais também? Seriam eles diferentes de seus animais caseiros?
Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais
Euzébio escreveu:Samael escreveu:E se descobrirem uma maneira de matá-los sem dor?
Ainda assim há a morte, que é em si mesma uma violência.
Se vivemos sob as leis da Física e uma dessas leis diz que a cada ação corresponte uma reação, quais seriam as conseqüências geradas pela morte induzida (assassinato) em nossa esfera mental?
Na minha esfera mental, mínimas.
Zébio, a morte é inerente à vida e temos de matar pra sobreviver. Eu não fujo dessa regra. Ninguém foge.