Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

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Acauan
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Acauan »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Zumbi filosofico,

essa discussao esta sendo repetitiva, vou apenas ser curto em cada um dos seus argumentos. E provavelmente so responderei a sua possivel replica depois de 3ª feira.

1. Problema de demarcacao e o aborto arbitrario:

Sim, o argumento poderia defender o aborto em qualquer estagio se os dois atos, matar e nao matar, tivessem o mesmo peso (como passar uma propriedade para X ou para Y). Mas como nao tem, o problema de demarcacao nao pode jamais servir de premissa para um assassinato potencial.

2. Questao de transicao de fase num parto:

Voce esta errado como sempre.

Se voce analisar as caracteristicas fisiologicas/psicologicas de um feto/bebe prematuro de oito meses vera que elas sao basicamente as mesmas, e o parto nao representou uma transicao de fase, mas sobre-tudo de endereco.

E claro que um parto prematuro podera trazer danos posteriores a crianca, mas nao traz nenhuma dignidade adicional e com certeza nao pode ser o marco de transicao de fase entre o digno e o nao digno.

3. Ovulos:

O ovulo foi assumido no meu raciocinio como sendo nao humano, uma premissa basica como eu disse, que visava evitar discussoes imbecis como essa.

Mas parece que todo o seu argumento se escora nisso, e entao por piedade eu discutirei brevemente essa questao que tanto lhe atormenta.

Ainda que um ovulo fosse considerado um ente humano, e portanto digno, a questao do aborto nao seria analoga a questao da ovulacao, pelo simples fato da ovulacao ocorrer naturalmente, e nao incidiosamente.

Nesse caso, a ovulacao poderia ser considerada o "aborto espontaneo" mensal de cada mulher, que portanto nao podera ser culpada disso, assim como ninguem aqui esta tentando incriminar as mulheres que abortam espontaneamente.

Mas para nao perder tempo com estultices como essa parte-se do principio de que um ovulo nao e humano. Isso nao pode ser deduzido, mas pode ser justificado, ja que o potencial de um ovulo e ser eliminado por um ciclo fisiologico de duracao de um mes enquanto o potencial de um embriao e nascer, viver e ser feliz.

Diferentes portanto, tanto na essencia quanto na potencia.

4. Outras possibilidades embrionarias

Nao sou perito em embriologia, nem voce, embora voce possa ter tido um nivel a mais de curiosidade que eu para se alimentar de um vocabulario repleto de jargoes que se tinham a intencao de intimidar, so denotam a fragilidade do seu argumento basico.

Basicamente; se um embriao humano pode se formar sem fecundacao, nao ha porque nao estender a ele a mesma prerrogativa do embriao oriundo da fecundacao. Caso seja um tumor ou algo que o valha, deve ser eliminado.

Basicamente, a diferenca fundamental entre um tumor e um embriao humano e a que o segundo pode nascer, e isso deveria estar claro sem necessidade de grandes reviravoltas terminologicas.


Se restar alguma duvida, nao hesite em perguntar, lembrando apenas que so tera respostas depois de terca.


um exemplo da árdua tarefa de explicar o auto-evidente.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Orbe
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Orbe »

Já eu acho que não passa de um exemplo de hipocrisia e moralismo tolo. A "árdua tarefa" de convencer os outros do valor de algo, que na verdade não tem valor algum.

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zumbi filosófico
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por zumbi filosófico »

user f.k.a. Cabeção escreveu:

2. Questao de transicao de fase num parto:

Voce esta errado como sempre.


Não, você é que está, não "como sempre", mas mais do que eu gostaria:


user f.k.a. Cabeção escreveu:[b]Se voce analisar as caracteristicas fisiologicas/psicologicas de um feto/bebe prematuro de oito meses vera que elas sao basicamente as mesmas, e o parto nao representou uma transicao de fase, mas sobre-tudo de endereco.


Se você ler a mensagem em que "igualei" o parto à concepção, vai ver que eu coloquei como condição a adoção do mesmo obscurantismo medievalesco sobre tudo que acontece durante a gestação que você adota para ignorar a similaridade entre os primeiros estágios de desenvolvimento e coisas sem importância, óvulo não-fecundado incluso, e diferença entre o bebê ou feto tardio. Obscurantismo que você está abandonando aí. Parabéns.

Da mesma forma que você vê claramente, sabiamente, que o feto nos últimos meses é essencialmente um bebê dentro do útero, pode perceber, se votar ao instante da concepção, que ele não surge desse jeito instantâneamente! Que tal como o feto nos últimos meses é essencialmente a mesma coisa que o bebê recém-nascido, o óvulo é essencialmente a mesma coisa que o óvulo recém-fecundado. Não significa que seja idêntico. Mas compare, veja que a similaridade do bebê com o zigoto é muito menor do que a do bebê recém-nascido com o feto nos últimos meses! Pode apostar!





user f.k.a. Cabeção escreveu:
O ovulo foi assumido no meu raciocinio como sendo nao humano, uma premissa basica como eu disse, que visava evitar discussoes imbecis como essa.


Com todo respeito (sério, apesar do meu sarcasmo eu respeito praticamente todo mundo aqui, talvez fazendo uma exceção para o videomaker, e o emmmmmcri, no que tange ao respeito intelectual), um espermatozóide é tudo que separa a discussão "imbecil" da sua posição.


user f.k.a. Cabeção escreveu:
Mas parece que todo o seu argumento se escora nisso, e entao por piedade eu discutirei brevemente essa questao que tanto lhe atormenta.


Obrigado, o Senhor é piedoso! Aleluia!

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Ainda que um ovulo fosse considerado um ente humano, e portanto digno, a questao do aborto nao seria analoga a questao da ovulacao, pelo simples fato da ovulacao ocorrer naturalmente, e nao incidiosamente.


Se reparar bem, não comparo o aborto com a ovulação, mas com a menstruação, que pode sempre ser evitada. Qualquer mulher praticamente que sair na rua se oferecendo para transar vai tar um pobre coitado que queira. Foi comprovado cientificamente até [1]. Assim todos os óvulos poderiam ser salvos! Mesmo que a ovulação seja oculta, é só elas ficarem transando freqüentemente que praticamente não tem como perder um óvulo. No mínimo, a maioria poderia ser salva.


[1] CLARK, Russel D. - 1989 - Gender Differences in Receptivity to Sexual Offers




user f.k.a. Cabeção escreveu:
Nesse caso, a ovulacao poderia ser considerada o "aborto espontaneo" mensal de cada mulher, que portanto nao podera ser culpada disso, assim como ninguem aqui esta tentando incriminar as mulheres que abortam espontaneamente.


O que também é meio questionável, uma vez que poderiam evitar as mortes dessas crianças, simplesmente não tentando engravidar até que tivessem uma boa certeza de que seus filhos não viriam a morrer logo em seguida. Talvez se usassem de técnicas de fertilidade, implantando embriões produzidos em laboratório (que não são gente, porque não foram produzidos diretamente por coito), e que aumentam muito a chance de sobrevivência, inclusive de gêmeos; ainda que os gêmeos venham em decorrência de ter que se implantar vários embriões para compensar pelas "mortes", se nos lembrarmos que eles vieram de laboratório e logo não eram humanos, não se tem morte nenhuma no fim das contas!


user f.k.a. Cabeção escreveu:
Mas para nao perder tempo com estultices como essa parte-se do principio de que um ovulo nao e humano. Isso nao pode ser deduzido, mas pode ser justificado, ja que o potencial de um ovulo e ser eliminado por um ciclo fisiologico de duracao de um mes enquanto o potencial de um embriao e nascer, viver e ser feliz.


Putz. Olha só, se eu fosse o Apáte agora. "Então as pessoas em países miseráveis e condições sub humanas são mesmo, menos que humanas, não é? Porque tem maior chance de mortalidade infantil mesmo; têm menores chance de viverem, serem felizes - então não merecem nem a chance. Tsc, tsc, tsc. Por isso Hitler era pró-vida."

Falando sério, note que a potência só é diferente por uma decisão arbitrária das pessoas de negligenciarem essa vida.

Se por ventura bão considerasse vida do óvulo como tão menos importante que a vida do óvulo após a entrada do espermatozóide, a morte do óvulo por evitar-se a fecundação seria praticamente tão cruel quanto a morte de um bebê por inanição - ou, talvez mais próximo de um aborto proposital de um zigoto, supondo que talvez haja inconscientemente uma noção de gradação aí por trás da fachada de absolutos, então talvez diminua em algo o contraste óvulo-bebê (que no entanto é o mesmo que eu tenho para zigoto-bebê).

E o defensor do óvulo diria, para demonizar sua posição, que deixar o bebê morrer de inanição é simplesmetnte o fim de um ciclo fisiológico, fim de desequilíbrio termodinâmico, etc, então isso não é parâmetro.




user f.k.a. Cabeção escreveu:
Nao sou perito em embriologia, nem voce, embora voce possa ter tido um nivel a mais de curiosidade que eu para se alimentar de um vocabulario repleto de jargoes que se tinham a intencao de intimidar, so denotam a fragilidade do seu argumento basico.


Bem, eu acho é que essas ridículas tentativas de alfinetadas e acusações espúrias é que denotam a fragilidade do seu argumento de modo geral. Cada um com sua opinião.


user f.k.a. Cabeção escreveu:
Basicamente; se um embriao humano pode se formar sem fecundacao, nao ha porque nao estender a ele a mesma prerrogativa do embriao oriundo da fecundacao. Caso seja um tumor ou algo que o valha, deve ser eliminado.

Basicamente, a diferenca fundamental entre um tumor e um embriao humano e a que o segundo pode nascer, e isso deveria estar claro sem necessidade de grandes reviravoltas terminologicas.


Na verdade o meu uso desses casos foi diferente desse. Senão poderia ter ficado só com gravidezes fora do útero, que dão no mesmo, sem o problema da tão importante contribuição genética do espermatozóide.

Parando para pensar, talvez não faça muito sentido se REALMENTE não consideram a organização importante, mas só a genética. Bem, mas partindo da suposição de que no fundo vocês dão importância à formação, à coisa em si, e não apenas aos rótulos, e tendo esses homúnculos formação essencialmente idêntica a de um feto (como eu disse antes, em última instância distinto apenas geneticamente, e não por algo que seja característicamente "tumoral" e inumano; apenas variação genética, que todos temos em maior ou menor nível; gente de olhos azuis e pele muito clara ou de pele muito escura tem em menor grau do que gente no meio termo), então há de se perguntar: se soubéssemos que ele poderia ser salvo, não deveríamos tentar salvar? Da mesma forma que tentaríamos salvar um feto que tivesse vindo de uma relação sexual?

E se a sua salvação dependesse apenas de uma outra relação sexual? Pois é, é assim, literalmente. Praticamente óvulo-não-fecundado/feto pode ser salvo se fecundado em estágio de ovócito II. A diferença da mortalidade vai a ZERO, porque se tornam a mesma coisa. Da mesma forma que, exceto por outras variáveis, crianças subnutridas tem sua mortalidade decrescida ao nível das crianças adequadamente nutridas. Claro, não precisamos esperar que fiquem desnutridas.

Mas se a linha divisória entre óvulo e óvulo fecundado é totalmente arbitrária, é a conclusão necessária pré-estabelecida e não algo decorrente de lógica, então não há mesmo lógica que bastasse.
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chagas
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por chagas »

Acauan escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Zumbi filosofico,

essa discussao esta sendo repetitiva, vou apenas ser curto em cada um dos seus argumentos. E provavelmente so responderei a sua possivel replica depois de 3ª feira.

1. Problema de demarcacao e o aborto arbitrario:

Sim, o argumento poderia defender o aborto em qualquer estagio se os dois atos, matar e nao matar, tivessem o mesmo peso (como passar uma propriedade para X ou para Y). Mas como nao tem, o problema de demarcacao nao pode jamais servir de premissa para um assassinato potencial.

2. Questao de transicao de fase num parto:

Voce esta errado como sempre.

Se voce analisar as caracteristicas fisiologicas/psicologicas de um feto/bebe prematuro de oito meses vera que elas sao basicamente as mesmas, e o parto nao representou uma transicao de fase, mas sobre-tudo de endereco.

E claro que um parto prematuro podera trazer danos posteriores a crianca, mas nao traz nenhuma dignidade adicional e com certeza nao pode ser o marco de transicao de fase entre o digno e o nao digno.

3. Ovulos:

O ovulo foi assumido no meu raciocinio como sendo nao humano, uma premissa basica como eu disse, que visava evitar discussoes imbecis como essa.

Mas parece que todo o seu argumento se escora nisso, e entao por piedade eu discutirei brevemente essa questao que tanto lhe atormenta.

Ainda que um ovulo fosse considerado um ente humano, e portanto digno, a questao do aborto nao seria analoga a questao da ovulacao, pelo simples fato da ovulacao ocorrer naturalmente, e nao incidiosamente.

Nesse caso, a ovulacao poderia ser considerada o "aborto espontaneo" mensal de cada mulher, que portanto nao podera ser culpada disso, assim como ninguem aqui esta tentando incriminar as mulheres que abortam espontaneamente.

Mas para nao perder tempo com estultices como essa parte-se do principio de que um ovulo nao e humano. Isso nao pode ser deduzido, mas pode ser justificado, ja que o potencial de um ovulo e ser eliminado por um ciclo fisiologico de duracao de um mes enquanto o potencial de um embriao e nascer, viver e ser feliz.

Diferentes portanto, tanto na essencia quanto na potencia.

4. Outras possibilidades embrionarias

Nao sou perito em embriologia, nem voce, embora voce possa ter tido um nivel a mais de curiosidade que eu para se alimentar de um vocabulario repleto de jargoes que se tinham a intencao de intimidar, so denotam a fragilidade do seu argumento basico.

Basicamente; se um embriao humano pode se formar sem fecundacao, nao ha porque nao estender a ele a mesma prerrogativa do embriao oriundo da fecundacao. Caso seja um tumor ou algo que o valha, deve ser eliminado.

Basicamente, a diferenca fundamental entre um tumor e um embriao humano e a que o segundo pode nascer, e isso deveria estar claro sem necessidade de grandes reviravoltas terminologicas.


Se restar alguma duvida, nao hesite em perguntar, lembrando apenas que so tera respostas depois de terca.


um exemplo da árdua tarefa de explicar o auto-evidente.


Senhor moderador saberias dá um adjetivo a certas pessoas que diante disto tudo posto, ainda assim continua na sua sagrada argumentação e soberba de achar que esta certa?
Grato.

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mig l
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por mig l »

Já sabiam que ela seria assim antes de nascer?

Se sim... o horror...

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King In Crimson
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por King In Crimson »

mig l escreveu:Já sabiam que ela seria assim antes de nascer?

CReio que sim.

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Joe
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Joe »

Tranca escreveu:
Anencéfala já tem 16 meses e passa bem


Grande bosta.

O Emmmcri tem uns 40 anos, passa muito bem, obrigado e até aprendeu a usar o computador.


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

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Apáte
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Apáte »

Abobrinha .... ---> Imagem

:emoticon12:
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Lúcifer
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Lúcifer »

Para o Orbe.

Orbe, é só duas dúvidas minha, tá? Por favor não leve para o lado mal da questão. Suponhamos que você seja casado e, em todas as tentativas de sua esposa engravidar acabou em aborto espontâneo aos, digamos, de um a dois meses de gestação. Depois de uns cinco anos de tentativa com o mesmo final, a sua esposa conseguiu passar por esse período crítico e manteve a gesta. Agora vem as questões.

1 - Suponhamos que vocês prefiram não fazer nenhum exame, tirando o pré-natal para ver se está indo tudo bem com a gestação. A criança nasce com as mesmas características da menina em questão da reportagem. A dúvida é: você a mataria por ter nascido dessa maneira?

2 - A mesma questão, com a única diferença que a anomalia foi descoberta. Mesmo com a sua mulher querendo manter a gestação até o fim e querer ficar com a criança, você insiste em ela fazer o aborto?

Antes de responder, lembre-se que já faz anos que vocês não conseguem filhos sempre terminando em aborto.

Obrigado pela atenção.
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Ilovefoxes
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Ilovefoxes »

Também estou a fim de responder.
Lúcifer escreveu:Suponhamos que você
Se fosse o Abmael já teria acusado de Videomakerismo. :emoticon12: :emoticon12:
Lúcifer escreveu:1 - Suponhamos que vocês prefiram não fazer nenhum exame, tirando o pré-natal para ver se está indo tudo bem com a gestação. A criança nasce com as mesmas características da menina em questão da reportagem. A dúvida é: você a mataria por ter nascido dessa maneira?
Eu doaria seus órgãos.
Então, de maneira ou forma pode ser chamado de "matar", já que a criatura em si era um agrupamento de órgãos, e estes ainda estão vivos. Somente foram distanciados, e a única ligação que tinham eram vasos sanguíneos.

Ainda sim, não pense que eu estou fugindo da questão. Eu não me preocuparia em destruir a criatura, ou "matar" como você chama, sendo que não a considero um ser humano.
Lúcifer escreveu:2 - A mesma questão, com a única diferença que a anomalia foi descoberta. Mesmo com a sua mulher querendo manter a gestação até o fim e querer ficar com a criança, você insiste em ela fazer o aborto?

Antes de responder, lembre-se que já faz anos que vocês não conseguem filhos sempre terminando em aborto.
Sim, eu insistiria.

Eu não tenho vontade (nem acho que tenha algum dever) de gastar tempo brincando com uma boneca realista a ponto de fazer sujeira.

Orbe
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Orbe »

Lúcifer escreveu:Para o Orbe.

Orbe, é só duas dúvidas minha, tá? Por favor não leve para o lado mal da questão. Suponhamos que você seja casado e, em todas as tentativas de sua esposa engravidar acabou em aborto espontâneo aos, digamos, de um a dois meses de gestação. Depois de uns cinco anos de tentativa com o mesmo final, a sua esposa conseguiu passar por esse período crítico e manteve a gestação. Agora vem as questões.

1 - Suponhamos que vocês prefiram não fazer nenhum exame, tirando o pré-natal para ver se está indo tudo bem com a gestação. A criança nasce com as mesmas características da menina em questão da reportagem. A dúvida é: você a mataria por ter nascido dessa maneira?

2 - A mesma questão, com a única diferença que a anomalia foi descoberta. Mesmo com a sua mulher querendo manter a gestação até o fim e querer ficar com a criança, você insiste em ela fazer o aborto?

Antes de responder, lembre-se que já faz anos que vocês não conseguem filhos sempre terminando em aborto.

Obrigado pela atenção.


1 - Não. Porque me renderia uma série de aborrecimentos (processos, escândalo da esposa e etc.). Mas ficaria torcendo para a criança morrer logo.

2 - Sim. Insistiria no aborto.

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

zumbi filosófico escreveu:Se você ler a mensagem em que "igualei" o parto à concepção, vai ver que eu coloquei como condição a adoção do mesmo obscurantismo medievalesco sobre tudo que acontece durante a gestação que você adota para ignorar a similaridade entre os primeiros estágios de desenvolvimento e coisas sem importância, óvulo não-fecundado incluso, e diferença entre o bebê ou feto tardio. Obscurantismo que você está abandonando aí. Parabéns.


Errado (de novo e mais uma vez).

A diferenca entre um bebe e um feto tardio e minima na medida em que um poderia ocupar o lugar do outro sem grandes diferencas qualitativas para o desenvolvimento posterior (nascimento, crescimento e morte).

A diferenca qualitativa entre um embriao fecundado e um nao fecundado vai muito alem de uma soma de moleculas, ja que um representa o inicio do ciclo descrito acima e o outro um estagio no ciclo de ovulacao e menstruacao mensal feminino.

Se essa diferenca materialmente se da no nivel de algumas moleculas, e porque a ordem de grandeza dos objetos nesse estagio e essa. Ja e suficiente para definir sistemas qualitativamente diferentes.

De qualquer maneira, essa diferenca qualitativa so exprime a mudanca de fase. Eu nao digo com isso que um ser humano surge nesse exato momento, acusacao que voce me imputa como subterfugio para alegacao de arbitrariedade.

Eu parti do principio de nebulosidade de conceito, e conclui que como se trata de um problema de dignidade humana, nao podemos tolerar interferencias destrutivas calcadas no fato de nao termos como decidir se algo e humano ou nao.


zumbi filosófico escreveu:Da mesma forma que você vê claramente, sabiamente, que o feto nos últimos meses é essencialmente um bebê dentro do útero, pode perceber, se votar ao instante da concepção, que ele não surge desse jeito instantâneamente! Que tal como o feto nos últimos meses é essencialmente a mesma coisa que o bebê recém-nascido, o óvulo é essencialmente a mesma coisa que o óvulo recém-fecundado. Não significa que seja idêntico. Mas compare, veja que a similaridade do bebê com o zigoto é muito menor do que a do bebê recém-nascido com o feto nos últimos meses! Pode apostar!


O que voce quer dizer com essencialmente a mesma coisa ?

Veja como o seu argumento e fraco. A diferenca que voce admite existir entre um ovulo fecundado e um nao fecundado e minima por ser da ordem de moleculas, mas nos estamos na ordem de moleculas !

Um bebe de 9 meses no utero ou recem-nascido sao essencialmente identicos pois sao estagios similares dentro de processos similares (a vida de um individuo). Um ovulo fecundado difere de um ovulo nao fecundado na medida em que pertencem ambos a processos diferentes, ou seja, jamais poderiam ser identificados.

Mas reiterando, antes que voce comece a argumentar exigindo que eu demonstre porque o ovulo fecundado se tornou humano, veja que em nenhum momento eu afirmei isso, apenas expressei a diferenca qualitativa obvia que voce ignora ou finge que na ve.


zumbi filosófico escreveu:Com todo respeito (sério, apesar do meu sarcasmo eu respeito praticamente todo mundo aqui, talvez fazendo uma exceção para o videomaker, e o emmmmmcri, no que tange ao respeito intelectual), um espermatozóide é tudo que separa a discussão "imbecil" da sua posição.


So que o seu sofisma nao leva em consideracao que um espermatozoide, mesmo sendo pequeno e insignificante do nosso ponto de vista, pode significar uma mudanca de processo enorme do ponto de vista de um ovulo, e de fato significa.

zumbi filosófico escreveu:Se reparar bem, não comparo o aborto com a ovulação, mas com a menstruação, que pode sempre ser evitada. Qualquer mulher praticamente que sair na rua se oferecendo para transar vai tar um pobre coitado que queira. Foi comprovado cientificamente até [1]. Assim todos os óvulos poderiam ser salvos! Mesmo que a ovulação seja oculta, é só elas ficarem transando freqüentemente que praticamente não tem como perder um óvulo. No mínimo, a maioria poderia ser salva.


Sim, menstruacao.

E a hipotese ridicula seria refutada pelo principio de que cada um e responsavel por seus proprios atos, e nao pelos destino fortuito. Dessa forma as mulheres nao precisariam trepar com ninguem se nao quisessem.

Sua questao seria analoga a eu dizer que a sua irma poderia se prostituir para alimentar uma crianca na africa que vai morrer de fome, mas ninguem poderia obriga-la a isso.

E, como sempre, lembrando que tais desdobramentos « interessantissimos » so teriam lugar no momento em que a dignidade do ovulo fosse levada a serio, coisa que o meu argumento principal jamais levou em consideracao.


zumbi filosófico escreveu:O que também é meio questionável, uma vez que poderiam evitar as mortes dessas crianças, simplesmente não tentando engravidar até que tivessem uma boa certeza de que seus filhos não viriam a morrer logo em seguida. Talvez se usassem de técnicas de fertilidade, implantando embriões produzidos em laboratório (que não são gente, porque não foram produzidos diretamente por coito), e que aumentam muito a chance de sobrevivência, inclusive de gêmeos; ainda que os gêmeos venham em decorrência de ter que se implantar vários embriões para compensar pelas "mortes", se nos lembrarmos que eles vieram de laboratório e logo não eram humanos, não se tem morte nenhuma no fim das contas!


O fato de que alguma coisa poderia ter sido feita para evitar uma morte nao configure crime em si. Algum mendigo poderia ter sobrevivido se voce tivesse dado a ele dinheiro no sinal.
O que configura crime doloso e colocar outras pessoas em risco atraves de uma conduta impropria.

E alias, nem todo aborto espontaneo e evitavel. Muitos sao acidentais, reacoes a choques fisicos ou psicologicos, e etc.


zumbi filosófico escreveu:Putz. Olha só, se eu fosse o Apáte agora. "Então as pessoas em países miseráveis e condições sub humanas são mesmo, menos que humanas, não é? Porque tem maior chance de mortalidade infantil mesmo; têm menores chance de viverem, serem felizes - então não merecem nem a chance. Tsc, tsc, tsc. Por isso Hitler era pró-vida."


De onde voce pode deduzir essa patacoada no meu argumento?

zumbi filosófico escreveu:Falando sério, note que a potência só é diferente por uma decisão arbitrária das pessoas de negligenciarem essa vida.
Se por ventura bão considerasse vida do óvulo como tão menos importante que a vida do óvulo após a entrada do espermatozóide, a morte do óvulo por evitar-se a fecundação seria praticamente tão cruel quanto a morte de um bebê por inanição - ou, talvez mais próximo de um aborto proposital de um zigoto, supondo que talvez haja inconscientemente uma noção de gradação aí por trás da fachada de absolutos, então talvez diminua em algo o contraste óvulo-bebê (que no entanto é o mesmo que eu tenho para zigoto-bebê).


Nao.

O desenvolvimento celular envolve nutricao, e se um ovulo e descartado mesmo apos ser nutrido e porque o seu ciclo se completou sem que houvesse transicao de fase para outro ciclo.

O ciclo de nascimento do ovulo, amadurecimento, ovulacao e menstruacao pode vir a ser interrompido e transformado no ciclo de fecundacao, fase embrionaria/fetal, nascimento, amadurecimento e morte. De fato, pode-se se dizer ate que ele existe para isso. Mas de modo algum esses dois ciclos sao identicos, ou o mesmo.


zumbi filosófico escreveu:E o defensor do óvulo diria, para demonizar sua posição, que deixar o bebê morrer de inanição é simplesmetnte o fim de um ciclo fisiológico, fim de desequilíbrio termodinâmico, etc, então isso não é parâmetro.


Como ja foi dito, o ovulo nao morre de inanicao mas e eliminado por uma programacao no organism que define o seu ciclo. Os dois problemas nao sao analogos.

Uma mulher (resp. homem) tem responsabilidade individual pelos filhos que arranjou (exceto em casos de estupro, o que levanta outro tipo de questao, muito mais seria do que essa sua abordagem de “humanizar ovulos”) mas nao pelos ovulos no seu ovario (resp. espermatozoides no testiculo).


zumbi filosófico escreveu:Parando para pensar, talvez não faça muito sentido se REALMENTE não consideram a organização importante, mas só a genética. Bem, mas partindo da suposição de que no fundo vocês dão importância à formação, à coisa em si, e não apenas aos rótulos, e tendo esses homúnculos formação essencialmente idêntica a de um feto (como eu disse antes, em última instância distinto apenas geneticamente, e não por algo que seja característicamente "tumoral" e inumano; apenas variação genética, que todos temos em maior ou menor nível; gente de olhos azuis e pele muito clara ou de pele muito escura tem em menor grau do que gente no meio termo), então há de se perguntar: se soubéssemos que ele poderia ser salvo, não deveríamos tentar salvar? Da mesma forma que tentaríamos salvar um feto que tivesse vindo de uma relação sexual?



Primeiro e preciso observar se a questao faz ou nao sentido, isto e, se alguem ali para ser salvo ou nao.
A distincao anterior que eu fiz de embrioes e tumores era essencialmente a capacidade que uns tem de nascer e ser felizes, e que outros nao.
Um tumor humanoide seria tao humano quanto uma tortilha mexicana humanoide ou a imagem de uma santa na vidraca.

Logo, esses « homunculos », que sinceramente desconheco detalhes a respeito, poderiam ser considerados humanos caso tivessem o potencial de nascer e viver e deveriam ser conservados caso nao representassem risco significativo para a saude da mae.

A questao da responsabilidade individual nesses casos de « partenogenese » e uma questao um pouco mais seria, tanto quanto no caso do aborto. Deve a mae ser responsabilizada pelo acaso fortuito, ou pela acao violenta de outrem ? Mas essa e outra questao, a meu ver muito mais complexa e intrincada.
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zumbi filosófico
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por zumbi filosófico »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
A diferenca qualitativa entre um embriao fecundado e um nao fecundado vai muito alem de uma soma de moleculas, ja que um representa o inicio do ciclo descrito acima e o outro um estagio no ciclo de ovulacao e menstruacao mensal feminino.

Se essa diferenca materialmente se da no nivel de algumas moleculas, e porque a ordem de grandeza dos objetos nesse estagio e essa. Ja e suficiente para definir sistemas qualitativamente diferentes.


Igualmente podemos distinguir qualitativamente o óvulo antes de maduro e depois, durante a ovulação. Se depender disso apenas, não temos mais motivo para a fecundação em vez da ovulação. É arbitrário.

user f.k.a. Cabeção escreveu:De qualquer maneira, essa diferenca qualitativa so exprime a mudanca de fase. Eu nao digo com isso que um ser humano surge nesse exato momento, acusacao que voce me imputa como subterfugio para alegacao de arbitrariedade.

Eu parti do principio de nebulosidade de conceito, e conclui que como se trata de um problema de dignidade humana, nao podemos tolerar interferencias destrutivas calcadas no fato de nao termos como decidir se algo e humano ou nao.


No entanto, pela diferença de um espermatozóide, é que há de repente todo esse risco; sem um espermatozóide, não há mais a nebulosidade do conceito, é tudo claro e límpido, podemos simplesmente traçar uma linha clara na vida humana que pode morrer e na que deve viver. Será por que a diferença é qualitativa? Não, como mencionado antes, a ovulação também decorre de mudanças qualitativas no óvulo. Antes da ovulação, não está apto a fecundação, é diferente, "mecânicamente".

A diferença qualitativa mais significativa entre óvulo e zigoto não é bioquímica, é que tradicionalmente por acidente histórico-cultural e biológico, se valoriza o segundo e não o primeiro.


user f.k.a. Cabeção escreveu:D
zumbi filosófico escreveu:Da mesma forma que você vê claramente, sabiamente, que o feto nos últimos meses é essencialmente um bebê dentro do útero, pode perceber, se votar ao instante da concepção, que ele não surge desse jeito instantâneamente! Que tal como o feto nos últimos meses é essencialmente a mesma coisa que o bebê recém-nascido, o óvulo é essencialmente a mesma coisa que o óvulo recém-fecundado. Não significa que seja idêntico. Mas compare, veja que a similaridade do bebê com o zigoto é muito menor do que a do bebê recém-nascido com o feto nos últimos meses! Pode apostar!


[color=#0080ff][b]O que voce quer dizer com essencialmente a mesma coisa ?


De um lado se tem duas células, bioquimicamente muito parecidas na maior parte do seu volume, do outro lado se tem dois bebês, um dentro, e outro fora do útero.

Células, considero essencialmente a mesma coisa que células. Bebês, considero essencialmente a mesma coisa que bebês.

Ainda que existam tipos diferentíssimos de células, e que o zigoto esteja sofrendo transformações - não acho que as diferenças existentes nesse caso, entre zigoto e óvulo, e diversos dos primeiros estágios, sejam já algo digno de preocupação com a "vida humana".

E praticamente todo mundo pensa o mesmo, imagino até que muitos dos mais ferrenhos pró-vida, por isso não há, tanto quanto sei, tanta fúria deles contra as técnicas de fertilização in vitro. Não acham que estão causando a morte de "gente". Você mesmo diz que não é que acredite que a "vida humana" comece exatamente nesse instante, e que é apenas uma medida de precaução extrema.



user f.k.a. Cabeção escreveu:Um bebe de 9 meses no utero ou recem-nascido sao essencialmente identicos pois sao estagios similares dentro de processos similares (a vida de um individuo). Um ovulo fecundado difere de um ovulo nao fecundado na medida em que pertencem ambos a processos diferentes, ou seja, jamais poderiam ser identificados.


Isso porque você traça uma linha arbitraria cortando o processo reprodutivo de acordo com o que é pré-estabelecido pelos pró-vida. Se eu fosse pró-escolha ao extremo, poderia dizer que o bebê não nascido e o nascido, mesmo aos 9 meses de gestação, estão em "processos diferentes", a vida pré-natal e a pós-natal - extremamente diferentes: numa o bebê fica lá enclausurado e suas ações são extremamente limitadas, na outra ele já pode engatinhar, andar, ir para a escola. "Não enxerga as diferenças óbvias quem não quer". Não tendo começado o processo do trabalho de parto, então tudo bem abortar, ainda que aos 9 meses. Cada um poderia traçar suas linhas arbitrárias como conviesse e criar distinções mais convenientes entre fases diferentes do processo.

Isso é ridículo não por eu cortar o processo onde bem entendo, mas pelas "diferenças" serem desprezíveis, e a humanidade estar evidentemente nas duas "coisas". Já no caso de fecundação, não se tem imediatamente já essa "humanidade" gritante, e ainda que haja mesmo a possiblidade de se traçar essa linha qualitativa óbvia, não é uma diferença que realmente consideramos determinante, não é melhor que a diferença da ovulação, senão por dar liberdade reprodutiva às pessoas em vez de uma situação bizarra.


user f.k.a. Cabeção escreveu:
Mas reiterando, antes que voce comece a argumentar exigindo que eu demonstre porque o ovulo fecundado se tornou humano, veja que em nenhum momento eu afirmei isso, apenas expressei a diferenca qualitativa obvia que voce ignora ou finge que na ve.


Não, não ignoro nem finjo não ver. Apenas vejo que, antes do óvulo ser fecundado, também passou por uma diferença qualitativa. O peso maior dado à diferença imediatamente decorrente da fecundação não é necessariamente por nesse o óvulo sendo dotado de uma "humanidade" óbvia - como você mesmo admite.



user f.k.a. Cabeção escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Com todo respeito (sério, apesar do meu sarcasmo eu respeito praticamente todo mundo aqui, talvez fazendo uma exceção para o videomaker, e o emmmmmcri, no que tange ao respeito intelectual), um espermatozóide é tudo que separa a discussão "imbecil" da sua posição.


[color=#0080ff][b]So que o seu sofisma nao leva em consideracao que um espermatozoide, mesmo sendo pequeno e insignificante do nosso ponto de vista, pode significar uma mudanca de processo enorme do ponto de vista de um ovulo, e de fato significa.


E igualmente, sem que ocorra a maturação, mesmo sendo um processo pequeno e insigificante do nosso ponto de vista, pode significar uma mudanca de processo enorme do ponto de vista de um ovulo, e de fato significa. Sem ele, a fecundação nem pode ocorrer. Esse é o meu ponto.





user f.k.a. Cabeção escreveu:
E a hipotese ridicula seria refutada pelo principio de que cada um e responsavel por seus proprios atos, e nao pelos destino fortuito. Dessa forma as mulheres nao precisariam trepar com ninguem se nao quisessem.


SE a vida fosse considerada como se originando a partir da fecundação, creio que sim. Talvez nossa cultura tivesse diversos aspectos voltados em torno de arranjar um pai para os futuros filhos dela antes da menarca, mais ou menos inclusive como há, acho que principalmente por outros motivos, casamentos pré-definidos bem cedo na infância em algumas culturas.



user f.k.a. Cabeção escreveu:
Sua questao seria analoga a eu dizer que a sua irma poderia se prostituir para alimentar uma crianca na africa que vai morrer de fome, mas ninguem poderia obriga-la a isso.


Se considerássemos os óvulos como filhos das mulheres, não seria mais uma criança na África, mas seu próprio filho que ela deixaria morrer. Mas isso já está se tornando desnecessário, acho que já ficou claro, praticamente concordamos, que, tanto óvulo ovulado quanto zigoto passam por transformações significativas, e que a escolha de um ou outro como determinante de "vida humana" não só beira ao ridículo (sem que seja no entanto impensável que pudesse existir em alguma cultura) como não é algo que podemos realmente fincar uma bandeira e dizer "é aqui", o ao menos você não faz isso.



user f.k.a. Cabeção escreveu:
zumbi filosófico escreveu:O que também é meio questionável, uma vez que poderiam evitar as mortes dessas crianças, simplesmente não tentando engravidar até que tivessem uma boa certeza de que seus filhos não viriam a morrer logo em seguida. Talvez se usassem de técnicas de fertilidade, implantando embriões produzidos em laboratório (que não são gente, porque não foram produzidos diretamente por coito), e que aumentam muito a chance de sobrevivência, inclusive de gêmeos; ainda que os gêmeos venham em decorrência de ter que se implantar vários embriões para compensar pelas "mortes", se nos lembrarmos que eles vieram de laboratório e logo não eram humanos, não se tem morte nenhuma no fim das contas!


O fato de que alguma coisa poderia ter sido feita para evitar uma morte nao configure crime em si. Algum mendigo poderia ter sobrevivido se voce tivesse dado a ele dinheiro no sinal.
O que configura crime doloso e colocar outras pessoas em risco atraves de uma conduta impropria.


Tudo bem, mas as mulheres sabem que são mulheres e que iriam menstruar. Se consideramos óvulos ovulados como filhos, então acho que a coisa seria diferente. Seria parecido com como alguns pró-vida costumam argumentar, "não quer, feche as pernas", "não é como se não soubessem que engravidam através de sexo, como se os zigotos fossem contraídos via respiratória". Assim não dá para ter a desculpa "não sabia que eu era mulher, como poderia saber que iria menstruar?"



user f.k.a. Cabeção escreveu:[color=#0080ff][b]
E alias, nem todo aborto espontaneo e evitavel. Muitos sao acidentais, reacoes a choques fisicos ou psicologicos, e etc.


Se não consideramos a menstruação como assassinato, o aborto espontâneo é evitável através da não-fecundação/menstruação, e praticamente todos a partir de fertilização in vitro, devido ao double standard dos embriões criados em laboratório.



user f.k.a. Cabeção escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Putz. Olha só, se eu fosse o Apáte agora. "Então as pessoas em países miseráveis e condições sub humanas são mesmo, menos que humanas, não é? Porque tem maior chance de mortalidade infantil mesmo; têm menores chance de viverem, serem felizes - então não merecem nem a chance. Tsc, tsc, tsc. Por isso Hitler era pró-vida."


De onde voce pode deduzir essa patacoada no meu argumento?


Não estou deduzindo de verdade, só no mesmo nível que o Apáte, seja por maniqueísmo esquerdista real ou dissimulado, sugere que os pró-escolha não hesitariam em matar qualquer um que não servisse aos seus propósitos, só por serem inconvenientes - partindo do princípio que na verdade também consideramos os zigotos como sendo gente, e então, se não ligamos em matar gente por serem indesejados, então se aplica a toda gente indesejada...




user f.k.a. Cabeção escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Falando sério, note que a potência só é diferente por uma decisão arbitrária das pessoas de negligenciarem essa vida.
Se por ventura bão considerasse vida do óvulo como tão menos importante que a vida do óvulo após a entrada do espermatozóide, a morte do óvulo por evitar-se a fecundação seria praticamente tão cruel quanto a morte de um bebê por inanição - ou, talvez mais próximo de um aborto proposital de um zigoto, supondo que talvez haja inconscientemente uma noção de gradação aí por trás da fachada de absolutos, então talvez diminua em algo o contraste óvulo-bebê (que no entanto é o mesmo que eu tenho para zigoto-bebê).


Nao.

O desenvolvimento celular envolve nutricao, e se um ovulo e descartado mesmo apos ser nutrido e porque o seu ciclo se completou sem que houvesse transicao de fase para outro ciclo.

O ciclo de nascimento do ovulo, amadurecimento, ovulacao e menstruacao pode vir a ser interrompido e transformado no ciclo de fecundacao, fase embrionaria/fetal, nascimento, amadurecimento e morte. De fato, pode-se se dizer ate que ele existe para isso. Mas de modo algum esses dois ciclos sao identicos, ou o mesmo.


Novamente, isso tudo partia do princípio de uma cultura hipotética que considerasse o óvulo tanto quanto um bebê, tal como os pró-vida, ou muitos deles, consideram o zigoto-bebê. Não seria só isso que os convenceria, tal como não é apenas eu falar "ah, mas o zigoto não tem atividade cerebral alguma, não tem cérebro", que eles falariam "PUTZ! Como não vi isso antes, meu!". Essa distinção entre o ciclo menstrual e o reprodutivo poderia ser desfeita, usando como analogia (proporcional aos valores em comparação) o "ciclo" de morte infantil dos bebês não alimentados porque as mães não os querem.



user f.k.a. Cabeção escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Parando para pensar, talvez não faça muito sentido se REALMENTE não consideram a organização importante, mas só a genética. Bem, mas partindo da suposição de que no fundo vocês dão importância à formação, à coisa em si, e não apenas aos rótulos, e tendo esses homúnculos formação essencialmente idêntica a de um feto (como eu disse antes, em última instância distinto apenas geneticamente, e não por algo que seja característicamente "tumoral" e inumano; apenas variação genética, que todos temos em maior ou menor nível; gente de olhos azuis e pele muito clara ou de pele muito escura tem em menor grau do que gente no meio termo), então há de se perguntar: se soubéssemos que ele poderia ser salvo, não deveríamos tentar salvar? Da mesma forma que tentaríamos salvar um feto que tivesse vindo de uma relação sexual?



Primeiro e preciso observar se a questao faz ou nao sentido, isto e, se alguem ali para ser salvo ou nao.
A distincao anterior que eu fiz de embrioes e tumores era essencialmente a capacidade que uns tem de nascer e ser felizes, e que outros nao.
Um tumor humanoide seria tao humano quanto uma tortilha mexicana humanoide ou a imagem de uma santa na vidraca.

Logo, esses « homunculos », que sinceramente desconheco detalhes a respeito, poderiam ser considerados humanos caso tivessem o potencial de nascer e viver e deveriam ser conservados caso nao representassem risco significativo para a saude da mae.

A questao da responsabilidade individual nesses casos de « partenogenese » e uma questao um pouco mais seria, tanto quanto no caso do aborto. Deve a mae ser responsabilizada pelo acaso fortuito, ou pela acao violenta de outrem ? Mas essa e outra questao, a meu ver muito mais complexa e intrincada.


Essa era outra tentativa de aproximação do óvulo ao zigoto; achava que se a simples diferença de um zigoto não bastasse, talvez o fato dele ocasionalmente se desenvolver sozinho e praticamente corretamente (talvez em raríssimos casos, no útero e resultando em pessoas que nasceram e viveram). Deixa pra lá, não era tão importante assim para explicar tudo novamente, ainda mais se você não considera a fecundação verdadeiramente como o início da "humanidade". A questão aí deveria ser mais focada provavelmente em torno desse ser mesmo o limite mais extremo concebível como ainda sendo ético/seguro, ou não (penso que não, e que o estabelecimento legal desse limite mais restritivo é nocivo para todo mundo, de forma análoga, mas em menor grau, que seria a proibição de contraceptivos ou obrigatoridade da gravidez). Não vejo tanta utilidade dos homúnculos para isso, não agora.
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chagas
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por chagas »

O ovulo foi assumido no meu raciocinio como sendo nao humano, uma premissa basica como eu disse, que visava evitar discussoes imbecis como essa.
Mas parece que todo o seu argumento se escora nisso, e entao por piedade eu discutirei brevemente essa questao que tanto lhe atormenta.
user f.k.a. Cabeção.

Aprecio realmente estas colocações.

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Samael
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Samael »

zumbi filosófico escreveu:Isso porque você traça uma linha arbitraria cortando o processo reprodutivo de acordo com o que é pré-estabelecido pelos pró-vida. Se eu fosse pró-escolha ao extremo, poderia dizer que o bebê não nascido e o nascido, mesmo aos 9 meses de gestação, estão em "processos diferentes", a vida pré-natal e a pós-natal - extremamente diferentes: numa o bebê fica lá enclausurado e suas ações são extremamente limitadas, na outra ele já pode engatinhar, andar, ir para a escola. "Não enxerga as diferenças óbvias quem não quer". Não tendo começado o processo do trabalho de parto, então tudo bem abortar, ainda que aos 9 meses. Cada um poderia traçar suas linhas arbitrárias como conviesse e criar distinções mais convenientes entre fases diferentes do processo.

Isso é ridículo não por eu cortar o processo onde bem entendo, mas pelas "diferenças" serem desprezíveis, e a humanidade estar evidentemente nas duas "coisas". Já no caso de fecundação, não se tem imediatamente já essa "humanidade" gritante, e ainda que haja mesmo a possiblidade de se traçar essa linha qualitativa óbvia, não é uma diferença que realmente consideramos determinante, não é melhor que a diferença da ovulação, senão por dar liberdade reprodutiva às pessoas em vez de uma situação bizarra.


Ele responderá a isso com o argumento do Acauan, quanto às possibilidades infinitas terem sido reduzidas a uma, gerando um ser uno qualquer com nova gama de possibilidades. Ou algo assim. É difícil de expressar esse argumento, embora ele possua bastante sentido.

Ainda assim, concordo contigo quanto à arbitrariedade. Se o fenótipo não pode ser definido de maneira tão determinada pela genética, por exemplo, poderíamos dar um valor absurdo a qualquer outro acontecimento ultra relevante no processo de existência daquele ser e dizer que o mesmo "mudou de estágio" mais uma vez. Se assumirmos um óvulo como um ser humano (e eu não estou fazendo isso), poderíamos considerar o espermatozóide apenas como parte essencial no processo, um fator determinado no "processo de reprodução humana". Ele seria equivalente a, sei lá,a influência de algum fator que definisse aquele ser de maneira fulcral.

Realmente, esses "estágios" são bem arbitrários.

Só não entendi ainda, de qualquer forma, por que é que potência ou possibilidades devam ser levada em conta na "atribuição de humanidade". E, claro, se "na dúvida não o faça" é argumento, não deixemos mais que as mulheres ovulem. :emoticon12:

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mig l
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por mig l »

No fim... os legalistas legislam sempre com base em linhas arbitrárias. E é assim que deve ser. Eu acho que há valores universais (não confundir com absolutos e sem excepção)... como descobriram os psicólogos evolutivos. Mas também há coisas como o sentimento de ser Javali... comum nos homens Gurumrumba da Nova Guiné... um sentimento que é genuinamente sentido só por eles... cultural. Em relação ao aborto há algo como um sentimento social que leva a que... mesmo a maioria dos anti-abortistas não sintam a mulher que aborta da mesma forma que sentem um assassino. Há alto meta nisto. Os espartamos "abortavam" os defeituosos depois de nascerem. Algo que hoje a esmagadora maioria das pessoas veria como assassinato puro. Por muita filosofia que se possa usar para justificar que isso não é diferente de abortar um feto onde se começa a observar os primeiros neurónios a disparar, a verdade é que os argumentos costumam perder quando tem de enfrentar sentimentos culturais. Daí que mesmo que a maioria diga que condena o arborto... na prática não conseguem levar a vias de facto.

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Joe
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Joe »

Apáte escreveu:Abobrinha .... ---> Imagem

:emoticon12:


Apáte tá com saudade do avatar de cigarro. :emoticon12:

Não foge do tema, deixa eu ler o debate aqui, rapaz. O Zumbi como sempre argumentando muito bem, enquanto alguns foristas com explicações existenciais falhas.

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zumbi filosófico
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por zumbi filosófico »

Samael escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Isso porque você traça uma linha arbitraria cortando o processo reprodutivo de acordo com o que é pré-estabelecido pelos pró-vida. Se eu fosse pró-escolha ao extremo, poderia dizer que o bebê não nascido e o nascido, mesmo aos 9 meses de gestação, estão em "processos diferentes", a vida pré-natal e a pós-natal - extremamente diferentes: numa o bebê fica lá enclausurado e suas ações são extremamente limitadas, na outra ele já pode engatinhar, andar, ir para a escola. "Não enxerga as diferenças óbvias quem não quer". Não tendo começado o processo do trabalho de parto, então tudo bem abortar, ainda que aos 9 meses. Cada um poderia traçar suas linhas arbitrárias como conviesse e criar distinções mais convenientes entre fases diferentes do processo.

Isso é ridículo não por eu cortar o processo onde bem entendo, mas pelas "diferenças" serem desprezíveis, e a humanidade estar evidentemente nas duas "coisas". Já no caso de fecundação, não se tem imediatamente já essa "humanidade" gritante, e ainda que haja mesmo a possiblidade de se traçar essa linha qualitativa óbvia, não é uma diferença que realmente consideramos determinante, não é melhor que a diferença da ovulação, senão por dar liberdade reprodutiva às pessoas em vez de uma situação bizarra.


Ele responderá a isso com o argumento do Acauan, quanto às possibilidades infinitas terem sido reduzidas a uma, gerando um ser uno qualquer com nova gama de possibilidades. Ou algo assim. É difícil de expressar esse argumento, embora ele possua bastante sentido.


Eu não acho. Sinceramente não vejo relevância alguma em depois da fecundação se ter uma potencial pessoa já "geneticamente completa" e com mais variáveis sócio-culturais "determinadas".


Ainda assim, concordo contigo quanto à arbitrariedade. Se o fenótipo não pode ser definido de maneira tão determinada pela genética, por exemplo, poderíamos dar um valor absurdo a qualquer outro acontecimento ultra relevante no processo de existência daquele ser e dizer que o mesmo "mudou de estágio" mais uma vez.


Acho meio indepentende do grau que se considere que tenha a determinação genética. Não me interessa o que está programado pelas reações dessas moléculas, por mais fiel que esteja determinado, ou seja algo mais solto. Tal como de modo geral, não me interessa o que estaria determinado por "moléculas". Mesmo que essas reações determinariam eventualmente uma pesssoa. O processo de determinação química, física e molecular poderia retroceder até o momento de excitação sexual. Ficaram excitados, tem que transar, porque é desse processo que surgem os humanos.

Considero o mesmo tipo de "apelo à natureza".



Claro, basta tascar livre arbítrio aí, é bem mais fácil/chavão


Se assumirmos um óvulo como um ser humano (e eu não estou fazendo isso), poderíamos considerar o espermatozóide apenas como parte essencial no processo, um fator determinado no "processo de reprodução humana". Ele seria equivalente a, sei lá,a influência de algum fator que definisse aquele ser de maneira fulcral.

Realmente, esses "estágios" são bem arbitrários.


Evidentemente poderíamos. Não é como se falássemos de leis físicas, são interpretações de eventos. Não se tem um tipo de "detector de humanidade" que fique quieto com óvulos e comece a tilintar ou apitar quando aproximado a zigotos.

E de certa forma, é apenas um "sorteio". Não é como se a cópula tivesse determinado a dedo "quem" vai ser o zigoto. Ele será quem quer que venha a ser, tal como no momento da ovulação. Se essa determinação não passasse de um sorteio, acho que então talvez houvesse maior legitimidade lógica em se defender o zigoto/fecundação, pois não implicaria em dizer que o resultado do sorteio é fundamentalmente diferente e mais valioso do que quer que venha a resultar de um sorteio do qual quaisquer resultados teriam igual valor (humano).




Só não entendi ainda, de qualquer forma, por que é que potência ou possibilidades devam ser levada em conta na "atribuição de humanidade". E, claro, se "na dúvida não o faça" é argumento, não deixemos mais que as mulheres ovulem. :emoticon12:
[/quote]

Não me lembro bem, mas durante a maturação do óvulo, há um instante no qual os cromossomso da mãe já são presos de um modo que determina como será o futuro crossover e logo a identidade genética "factual". Mas ela já está lá presente, nesse instante, mesmo sem que o crossover tenha ocorrido, porque essa "amarração" dos dois já determinou sua genética.

Acho que talvez a contracepção tenha que se dar de forma pré-natal, antes dos óvulos se formarem nas mulheres enquanto ainda são fetos, para garantir a não-identidade deles.
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

zumbi filosófico escreveu:Igualmente podemos distinguir qualitativamente o óvulo antes de maduro e depois, durante a ovulação. Se depender disso apenas, não temos mais motivo para a fecundação em vez da ovulação. É arbitrário.


Forcando a barra e fugindo ao sentido que eu coloquei, como estagios diferentes em um mesmo processo.

Da mesma forma que se distingue uma crianca de sua versao adulta anos mais tarde, sem perder a identidade individual, que e a do processo « vida de uma pessoa ».

A diferenca qualitativa que eu exprimi e a de pertencer a processos essencialmente diferentes.



zumbi filosófico escreveu:No entanto, pela diferença de um espermatozóide, é que há de repente todo esse risco; sem um espermatozóide, não há mais a nebulosidade do conceito, é tudo claro e límpido, podemos simplesmente traçar uma linha clara na vida humana que pode morrer e na que deve viver. Será por que a diferença é qualitativa? Não, como mencionado antes, a ovulação também decorre de mudanças qualitativas no óvulo. Antes da ovulação, não está apto a fecundação, é diferente, "mecânicamente".

A diferença qualitativa mais significativa entre óvulo e zigoto não é bioquímica, é que tradicionalmente por acidente histórico-cultural e biológico, se valoriza o segundo e não o primeiro.
[...]



O que eu argumentei e que a fecundacao representa uma mudanca de fase, e contra isso voce nao contrargumentou, apenas demonstrou que sequer entendeu o que eu falei e tentou trivializar, como se uma simples mudanca de posicao ou no tempo significasse uma mudanca no individuo.
Voce nao e suficientemente claro na sua argumentacao de porque a diferenca qualitativa do espermatozoide nao e grande o suficiente. Voce insiste em dizer coisas como « so um espermatozoide » como isso fosse satisfatorio como argumento.

Veja que eu nao disse que era esse o marco ideal para a humanidade, eu disse que ela significava uma mudanca de fase bem definida, e so. Voce e que esta dizendo que e insatisfatorio, mas ate agora a unica razao que se pode encontrar em seus argumentos para tanto e o seu desejo manifesto de exterminar aquilo que lhe interessa exterminar, e por isso voce estabelece um criterio conveniente, mesmo nao representando qualquer mudanca qualitativa no processo.

Alias, seria muito interessante ver da parte de abortistas mais interessados em esclarecer seus obscuros criterios neurologicos de avaliacao de dignidade do que em humanizar ovulos ou coisas do genero, uma boa descricao do que eles entendem por sistema nervoso, quando podemos dizer que comeca o processo da consciencia, e etc.
Todas as celulas em organismos pluricelulares produzem sinais quimicos e eletricos que transmitem uma mensagem para outras celulas. Se precisam de nutrientes, se estao infectadas e etc. Sao estes sinais que permitem uma acao eficiente nos organismos.
Alguns animais desenvolveram tecidos e orgaos que sao especializados em conduzir esses sinais e em interagir com o ambiente, e esses tecidos sao chamados pelos biologos de « sistema nervoso ».
Assim, tecidos embrionarios podem diferenciar-se em celulas nervosas especializando-se na producao e transmissao desses sinais, mas essa especializacao e gradativa e mesmo antes de se ter neuronios bem definidos as celulas sempre se comunicaram entre si e com o exterior. E atraves dessa comunicacao e que o programa genetico embrionario define que celula se diferenciara em neuronio ou em celula da pele.
O neuronio nao e um marco especial no processo, ele e apenas uma fase avancada de uma celula que se especializou em receber e transmitir informacoes.
Tudo nesse processo, guardadas as similitudes e analogias cabiveis com os demais animais, e sobretudo com os mamiferos, e humano, pois o embriao em questao e de ser humano, e nao de vaca ou de nematoide.
Logo, estabelecer um marco para o nascimento da “consciencia humana” nao e simplesmente arbitrario, como e errado, uma vez que essa consciencia humana emerge gradativamente de processos de comunicacao celular cujo unico sinal de inicializacao realmente caracteristico e a divisao mitotica iniciada logo a seguir da fecundacao, ja que antes disso o ovulo da mae estava inserido no contexto comunicacao celular da mae, e dentro de um ciclo menstrual que terminaria pore le sendo eliminado alguns dias mais tarde.

O que voce, abortista, defende, e que quando um cientista diz, « veja, aqui temos neuronios bem definidos » o marco esteja estabelecido para a dignidade humana, mas o que isso quer dizer de verdade?

E claro que eu nao estou pretendendo com isso dizer que desde a primeira mitose o embriao e « consicente de si mesmo », ou capaz de fazer questionamentos filosoficos, mas isso nem voces defendem a respeito de um embriao um pouco mais avancado e com tecidos cerebrais mais discerniveis. A comunicacao naquele estagio se da a nivel celular basico e a informacao processada e simples, mas ninguem vai negar que e o inicio de um processo que podera terminar na consciencia. Se o grau de sofisticacao e funcionamento neurologico atual pudesse ser um parametro, deixando a regulagem ao sabor da arbitrariedade daqueles que pretendem decidir o que deve ou nao morrer, nada impediria de dizer que um bebe, uma crianca ou um cidadao de 45 anos nao atingiram a maturidade cerebral de um verdadeiro ser humano e portanto estao aptos a morrer. Ou entao que deficientes mentais de diversos niveis pudessem ser qualificados como portadores de menor ou nenhuma dignidade humana.

De toda forma a minha abordagem do problema nunca se resumiu a esse mecanicismo biologico, o meu interesse com esse argumento era o de justamente mostrar que esse mecanismo e arbitrario e burro.
Nunca me passou pela cabeca que a definicao de ser humano e de dignidade pudesse seguir de um argumento biologico qualquer. A ciencia nao define sua etica, algo que deve ser auto-evidente para todos. E sobretudo, como o Acauan disse em outra ocasiao, e o ser humano que define a ciencia e nao o contrario.

No meio dessa discussao sobre ovulos parece ter se perdido o meu argumento inicial, o qual voce nunca atacou seriamente, exceto colocando falsas analogias, que e o de que quando resta uma duvida a respeito de algo ser humano, a arbitrariedade nao pode ser um criterio para a sua destruicao. E eu mostrei que voces, abortistas, sao arbitrarios naquilo que selecionam para destruir.

Sugiro que voce escolha outra abordagem para esse problema, ja que a analogia com o ovulo e falsa por diversos motivos que eu ja expus : o ovulo nao e claramente um individuo, adotada como premissa basica e seguida de uma discussao sobre fases e processos distintos, e sobretudo o ciclo menstrual nao e um problema etico, dado que nao ha nenhuma acao humana incidindo nele, e portanto nao precisa ser atacado da mesma forma que o aborto.
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Lúcifer
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Lúcifer »

Ao Orbe e ao Ilovefoxes

Embora eu só tenha perguntado ao Orbe, achei interessante a resposta do Foxes. Agradeço aos dois pelas suas respostas e, lendo-as, não pude deixar de notar que, embora eles se desentendam algumas vezes, em alguns pontos, mesmo que, com outras palavras, eles têm alguns pontos de vista parecidos.

Achei interessante isso, mesmo que, (acredito que vai ser o Foxes a dizer isso primeiro) essa era a única resposta lógica para essa questão.

Mesmo assim, valeu!
Obrigado.
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Ilovefoxes
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por Ilovefoxes »

Mas que resposta você esperava? Talvez se eu fosse o Abmael: "Bom, se EU tivesse esse filho, eu com certeza cuidaria com muito amor e carinho pois me comoveria, principalmente se fosse o bebê fosse um cidadão de baixa-renda."

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zumbi filosófico
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Re: Anencéfala já tem 16 meses e passa bem

Mensagem por zumbi filosófico »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Igualmente podemos distinguir qualitativamente o óvulo antes de maduro e depois, durante a ovulação. Se depender disso apenas, não temos mais motivo para a fecundação em vez da ovulação. É arbitrário.


Forcando a barra e fugindo ao sentido que eu coloquei, como estagios diferentes em um mesmo processo.

Da mesma forma que se distingue uma crianca de sua versao adulta anos mais tarde, sem perder a identidade individual, que e a do processo « vida de uma pessoa ».

A diferenca qualitativa que eu exprimi e a de pertencer a processos essencialmente diferentes.



Eu continuo achando que o que chama de "processos essencialmente diferentes", ainda que argumentavelmente sejam - não estou dizendo que é "maluquice" sua distinguir os processos - não tem intrinsecamente como uma espécie de lei física que determina a humanidade da célula (ou um "elevado risco de humanidade", ou qualquer que seja exatamente a sua perspectiva sobre isso, uma vez que algumas vezes disse que não se trata do instante da fecundação dar humanidade ao óvulo, mas em outras tive a impressão de entender que, sim, desde o zigoto, já há "humanidade", então a proibição do aborto seria mais que uma grande margem preventiva).

E acho ainda que poderíamos igualmente dividir o processo em coisas consideradas fundamentalmente diferentes em outros estágios.


Mesmo que se possa, razoável ou incontestavelmente dizer que ainda que ambos estejam no "ciclo reprodutivo", são processos "separadíssimos" a ovulação e a fecundação, apenas esse fato da fecundação e do desenvolvimento ontológico serem classificáveis como tão isolados e distintos quanto puder se argumentar, por si só não me diz que o segundo processo deve ser deixado transcorrer naturalmente ou até ajudado uma vez que tenha se iniciado (não que não possa, obviamente, se o resultado for desejado).

Mais uma vez indo às famigeradas comparações com óvulos, da mesma forma que poderiam separar como processos diferentes a produção dos óvulos no estágio em que ainda tem todos os genes da mãe - aí seria simplesmente o desenvolvimento somático materno - e o instante em que começa a se esboçar a individualidade genética dessas células.

Você se possivelmente perguntaria "mas e daí? São só óvulos em determinados estágios, não interessa que o processo de maturação é distinto da origem 'somática' dos óvulos, simplesmente a separação de processos apenas não faz deles humanos!"

Não acho que seja relevante "refutar" que haja essa separação de processos entre ovulação e a origem pré-natal dos óvulos... mais importante que isso seria explicitar por que o fato de serem processos diferentes a fecundação e o ciclo reprodutivo ou a ovulação, é tão significativo para a humanidade da célula fecundada. Eu acho que isso é meio como um ritual indígena maluco (nada contra o Acauan aqui; poderiam ser índios americanos, africanos, ou até bárbaros europeus :emoticon12: apenas que esses todos é que inventam rituais culturais que nos parecem malucos) no qual a pessoa só fosse pessoa mesmo depois de uma longa dança cerimonial e tomar um chá horroroso - para dar um exemplo de "continuidade humana".


zumbi filosófico escreveu:No entanto, pela diferença de um espermatozóide, é que há de repente todo esse risco; sem um espermatozóide, não há mais a nebulosidade do conceito, é tudo claro e límpido, podemos simplesmente traçar uma linha clara na vida humana que pode morrer e na que deve viver. Será por que a diferença é qualitativa? Não, como mencionado antes, a ovulação também decorre de mudanças qualitativas no óvulo. Antes da ovulação, não está apto a fecundação, é diferente, "mecânicamente".

A diferença qualitativa mais significativa entre óvulo e zigoto não é bioquímica, é que tradicionalmente por acidente histórico-cultural e biológico, se valoriza o segundo e não o primeiro.
[...]



O que eu argumentei e que a fecundacao representa uma mudanca de fase, e contra isso voce nao contrargumentou, apenas demonstrou que sequer entendeu o que eu falei e tentou trivializar, como se uma simples mudanca de posicao ou no tempo significasse uma mudanca no individuo.
Voce nao e suficientemente claro na sua argumentacao de porque a diferenca qualitativa do espermatozoide nao e grande o suficiente. Voce insiste em dizer coisas como « so um espermatozoide » como isso fosse satisfatorio como argumento.


Como disse há pouco, ainda que a fecundação seja incontestavelmente classificável uma "mudança de fase", por si só, não vejo no que isso dá maior humanidade ao zigoto que ao óvulo.

Para mim, é meio como dizer "as calças tem dois tubos de tecido, cada um para uma perna; as saias tem só um para ambas as pernas, e portanto os homens apenas é que devem usar calças e as mulheres não".

Não estou dizendo que a questão sobre a vida humana seja fortemente análoga a "moda", ainda que isso também não seja totalmente inverídico, houveram diferentes valores ao longo do tempo e etc. O exemplo é apenas de outra coisa que não parece trazer com ela mesma alguma qualidade intrínseca óbvia que justifique uma segunda coisa. Talvez seja para os crentes que acham que só homens devem usar calças, mas está longe de ser para mim.




Veja que eu nao disse que era esse o marco ideal para a humanidade, eu disse que ela significava uma mudanca de fase bem definida, e so. Voce e que esta dizendo que e insatisfatorio, mas ate agora a unica razao que se pode encontrar em seus argumentos para tanto e o seu desejo manifesto de exterminar aquilo que lhe interessa exterminar, e por isso voce estabelece um criterio conveniente, mesmo nao representando qualquer mudanca qualitativa no processo.


Minha paciência ainda acaba se esgotando de tanta apelação. Já comentei sobre a questão da "mudança de fase" acima.

Não tenho "desejo de exterminar" porcaria nenhuma (bem, talvez até tenha, mas de modo geral, nada a ver com a questão). Não acho que as mulheres "devessem" abortar, que isso seria bom, não estou sedento pela possibilidade de promover um extermínio de embriões e fetos, etc.

O critério que eu tenho me parece qualitativo o bastante. Imagino que tenha lá suas margens para questão sobre ser qualitativo ou não, como talvez quase tudo tenha. Poderia se dizer que é parte do processo de desnvolvimento, que ocorre de célula em célula e portanto é quantitativo; mas acho que da mesma forma poderia se dizer que níveis de organização surgidos assim são qualitativamente diferentes, tanto que, suponho, não julgue absurda a idéia de legalizar o aborto de fetos acéfalos ou extremamente anencéfalos, mesmo que a diferença entre eles e os normais possa ser classificada de alguma forma como apenas quantitativa.





O neuronio nao e um marco especial no processo, ele e apenas uma fase avancada de uma celula que se especializou em receber e transmitir informacoes.


O que cada um define como especial depende dos valores de cada um. Acho neurônios, especialmente numa grande estrutura altamente organizada mais especiais do que mera diploidia e ADN humano. Talvez pela sua lógica/valores, tivessem igual valor qualquer tecido com ADN humano, um zigoto e uma pessoa tem o mesmo exato valor humano; talvez até mesmo um feto acefálico ou extremamente anencefálico seja tão digno e de igual valor com uma pessoa completamente normal ou um outro feto, mas normal.

Mas suspeito que na verdade não pense assim, e veja os neurônios e grandes configurações dele sim, como especiais, e mais especiais que mera diploidia e ADN humanos.





Tudo nesse processo, guardadas as similitudes e analogias cabiveis com os demais animais, e sobretudo com os mamiferos, e humano, pois o embriao em questao e de ser humano, e nao de vaca ou de nematoide.
Logo, estabelecer um marco para o nascimento da “consciencia humana” nao e simplesmente arbitrario, como e errado, uma vez que essa consciencia humana emerge gradativamente de processos de comunicacao celular cujo unico sinal de inicializacao realmente caracteristico e a divisao mitotica iniciada logo a seguir da fecundacao, ja que antes disso o ovulo da mae estava inserido no contexto comunicacao celular da mae, e dentro de um ciclo menstrual que terminaria pore le sendo eliminado alguns dias mais tarde.


Não me deixa escolha senão me repetir e dizer que um ser humano emerge de um processo que tem início na atividade cerebral e hormonal de duas pessoas quando uma delas, uma mulher, está ovulando, e que o óvulo dela, não pode resultar em um bebê cavalo ou num peixe. Pode apenas morrer ou continuar a se desenvolver.

Claro, é possível sim, dizer que esses processo total da reprodução não é tão importante assim, por qualquer razão que se imagine, que não tem nada de humano no óvulo ainda que 99% das afirmações que se possa fazer a respeito do zigoto possam também se aplicar a ele, e assim o processo reprodutivo todo possa ser melhor ou "mais corretamente" fatiado, na fecundação.

Eu apenas acho que a linha pode ser um pouco mais adiante, também por considerações particulares (ou não tão particulares) sobre porque cérebros são "melhores" que simplesmente ADN diplóide e desenvolvimento.






O que voce, abortista, defende, e que quando um cientista diz, « veja, aqui temos neuronios bem definidos » o marco esteja estabelecido para a dignidade humana, mas o que isso quer dizer de verdade?

E claro que eu nao estou pretendendo com isso dizer que desde a primeira mitose o embriao e « consicente de si mesmo », ou capaz de fazer questionamentos filosoficos, mas isso nem voces defendem a respeito de um embriao um pouco mais avancado e com tecidos cerebrais mais discerniveis. A comunicacao naquele estagio se da a nivel celular basico e a informacao processada e simples, mas ninguem vai negar que e o inicio de um processo que podera terminar na consciencia. Se o grau de sofisticacao e funcionamento neurologico atual pudesse ser um parametro, deixando a regulagem ao sabor da arbitrariedade daqueles que pretendem decidir o que deve ou nao morrer, nada impediria de dizer que um bebe, uma crianca ou um cidadao de 45 anos nao atingiram a maturidade cerebral de um verdadeiro ser humano e portanto estao aptos a morrer. Ou entao que deficientes mentais de diversos niveis pudessem ser qualificados como portadores de menor ou nenhuma dignidade humana.


Esse é um exemplo mais ou menos análogo ao da proteção ao óvulo, mas do outro lado do espectro. De um se tem "pró-vida" exagerado, praticamente hippies nova-era com conceitos reprodutivos cristotalebânicos, e do outro nazi-espartanos assassinos. Estou ciente que é possível se fazer essas argumentações. Apenas considero que o nível de atividade presente num feto em determinado estágio já é o bastante. Empatia, provavelmente. Não consigo ter empatia simplesmente com tecidos diversos mesmo que eles tenham lá suas comunicações celulares diversas, tal como tem o meu pâncreas, e ainda que eu simpatize muito com ele, não acho que pâncreas (nem mesmo o meu) ou outros órgãos devam ser mantidos vivos se não "servem" à sistemas nervosos centralizados, e mesmo que sejam células e tecidos que estejam vindo a se desenvolver em um.

Empatizo mesmo nesse sentido "humano" apenas com cérebros já dentro daquilo que se considera "vida cerebral", principalmente para humanos. Se me pergunta porque não pode matar uma pessoa com atividade cerebral, só posso dizer que é imoral, que são ridículas a maioria das justificativas (todas as possíveis sendo meio como auto-defesa), que é liberalismo! assassinato!




De toda forma a minha abordagem do problema nunca se resumiu a esse mecanicismo biologico, o meu interesse com esse argumento era o de justamente mostrar que esse mecanismo e arbitrario e burro.
Nunca me passou pela cabeca que a definicao de ser humano e de dignidade pudesse seguir de um argumento biologico qualquer. A ciencia nao define sua etica, algo que deve ser auto-evidente para todos. E sobretudo, como o Acauan disse em outra ocasiao, e o ser humano que define a ciencia e nao o contrario.


Acho que é meio inevitável falarmos de ciência, temos que no mínimo nos aproximar disso separar humanos de animais e pedras, sei lá. Inclusive, sem ciência, não se poderia defender a humanidade como já presente no zigoto...

Não estou dizendo que qualquer conceito é "cientificamente comprovado" ou algo assim, de qualquer forma, apenas que temos que usar desses dados científicos.




No meio dessa discussao sobre ovulos parece ter se perdido o meu argumento inicial, o qual voce nunca atacou seriamente, exceto colocando falsas analogias, que e o de que quando resta uma duvida a respeito de algo ser humano, a arbitrariedade nao pode ser um criterio para a sua destruicao. E eu mostrei que voces, abortistas, sao arbitrarios naquilo que selecionam para destruir.


O problema é que não demonstrou para nenhum "abortista" o porque o seu critério "não é" arbitrário. Para a maioria de nós continua sendo "mais" arbitrário, exatamente como seria para você se defender o óvulo - voltando ao exemplo que estão loucos para enterrar e nunca mais ver.

Só espero que essa discussão toda não resulte em qualquer problema caso algum de vocês eventualmente tente ter um filho... a mulher num belo dia diz "estou ovulando", e vocês pulam pela janela :emoticon12:



Sugiro que voce escolha outra abordagem para esse problema, ja que a analogia com o ovulo e falsa por diversos motivos que eu ja expus : o ovulo nao e claramente um individuo, adotada como premissa basica e seguida de uma discussao sobre fases e processos distintos, e sobretudo o ciclo menstrual nao e um problema etico, dado que nao ha nenhuma acao humana incidindo nele, e portanto nao precisa ser atacado da mesma forma que o aborto.


Acho que isso só é verdade se já é "definido" assim; igualmente eu poderia dizer que o desenvolvimento e a fecundação são insignificantes se considerados "em si mesmos" e simplesmente listar os parâmetros que eu considero verdadeiramente significativos.
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Trancado