Neste país, quem denuncia é que está errado
- Fernando Silva
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Neste país, quem denuncia é que está errado
Nos governos anteriores, errado era errado e tinha que ser escondido. O governo atual pratica todo o tipo de fraude abertamente, não admite seus erros, defende os criminosos e, quando denunciado, diz:
-A oposição destila ódio.
-É um complô das elites.
-Foi apenas uma falha administrativa.
-Só estão fazendo isto com a companheira porque ela é negra.
-Vocês querem me derrubar, mas eu vou fazer meu sucessor.
E segue o "Nosso Guia" fazendo campanha eleitoral ilegal, confraternizando com criminosos confessos e condenados, como Severino Cavalcante e Renan Calheiros, e recusa-se a demitir funcionários responsáveis por fraudes.
Chama a divulgação de dados sigilosos sobre ex-presidentes de "criação de banco de dados", apóia a candidatura do "bispo" Crivella e permite que ditadores estrangeiros financiem organizações terroristas em nosso país.
Acho que não há muita esperança no futuro de um país onde quem denuncia fraudes é que está errado.
Claro, claro, os pobres estão felizes, mas lembro que a Argentina, no início do século XX, era um dos países mais ricos e civilizados das Américas. A demagogia e o populismo de Perón fizeram muita gente feliz - por algum tempo, enquanto o dinheiro durou - e a arruinaram. Entretanto, até hoje os peronistas querem voltar àquela "época dourada" de fartura, sem perceber que gastar sem construir para o futuro é o mesmo que acabar com o futuro.
-A oposição destila ódio.
-É um complô das elites.
-Foi apenas uma falha administrativa.
-Só estão fazendo isto com a companheira porque ela é negra.
-Vocês querem me derrubar, mas eu vou fazer meu sucessor.
E segue o "Nosso Guia" fazendo campanha eleitoral ilegal, confraternizando com criminosos confessos e condenados, como Severino Cavalcante e Renan Calheiros, e recusa-se a demitir funcionários responsáveis por fraudes.
Chama a divulgação de dados sigilosos sobre ex-presidentes de "criação de banco de dados", apóia a candidatura do "bispo" Crivella e permite que ditadores estrangeiros financiem organizações terroristas em nosso país.
Acho que não há muita esperança no futuro de um país onde quem denuncia fraudes é que está errado.
Claro, claro, os pobres estão felizes, mas lembro que a Argentina, no início do século XX, era um dos países mais ricos e civilizados das Américas. A demagogia e o populismo de Perón fizeram muita gente feliz - por algum tempo, enquanto o dinheiro durou - e a arruinaram. Entretanto, até hoje os peronistas querem voltar àquela "época dourada" de fartura, sem perceber que gastar sem construir para o futuro é o mesmo que acabar com o futuro.
- Sorrelfa
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
Fernado.
Tudo isso que você escreveu é intriga da oposição...

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Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !
- Fedidovisk
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
Segundo o advogado do MST, a ordem indenização dos recursos destinados à educação que foram desviados, tem sua razão de ser não na corrupção em si, mas porque é do MST a responsabilidade.
Um advogado falando isso... O.o
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- carlo
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
DOSSIÊ, AH DOSSIÊ!!!!
Vejamos o que diz o ombusdman da Folha:
Um dossiê e muitas incertezas
MÁRIO MAGALHÃES
ombudsman@uol.com.br
Um dossiê (ou relatório ou "fragmentos da base de dados", como prefere a Casa Civil) sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua mulher, Ruth, e antigos ministros foi produzido no Palácio do Planalto e vazado de forma ilegal.
Tão escancaradamente ilegal que foi constituída pelo governo uma "comissão de sindicância para apurar o episódio". Oficialmente, busca-se culpado(s).
A origem das informações, processadas na Casa Civil, é inequívoca, reconhecida inclusive pelo governo. A essa altura, mais ninguém questiona a autenticidade das informações sobre gastos contidas nas 13 páginas. No domingo, a Folha demonstrou que "o relatório mostra a seleção de informações bastante diferentes do padrão de dados lançados no Suprim ['sistema de controle de suprimento de fundos da Presidência'] e estranhas a um trabalho definido como um 'instrumento de gestão', sem viés político".
Hoje os jornais reafirmam que, ao contrário do que afirma Dilma, não houve pedido do TCU para produzir o levantamento sobre FHC ou algo que desse base à investigação.
A existência do dossiê/relatório de 13 páginas foi revelada pela revista Veja no fim de semana retrasado.
Na sexta passada, a Folha manchetou "Braço direito de Dilma montou dossiê".
O jornal não apresentou provas contra Erenice Alves Guerra, principal assessora da ministra Dilma Rousseff.
Não que a informação, necessariamente, esteja errada. Quem leu a reportagem, contudo, não teve acesso a evidência de que esteja correta a versão do jornal.
A Folha descreveu uma reunião com membros da administração para criar "uma força-tarefa encarregada de desarquivar documentos referentes aos gastos do governo anterior a partir da rubrica suprimento de fundos, que incluiu cartões corporativos e contas 'tipo B'".
Nota oficial da Casa Civil afirma que tal reunião, "para organizar uma força-tarefa para produzir o chamado dossiê", nunca ocorreu.
A Folha também não comprovou a realização da reunião.
O jornal não afirmou que o dossiê foi utilizado para chantagear membros da oposição na CPI dos Cartões Corporativos. Fez bem. Um dos aspectos intrigantes do caso é que o dossiê é incapaz de constranger FHC. Chefe de um governo em que se acumularam escândalos de grande monta, em especial nas privatizações, o ex-presidente não se sai mal das 13 páginas. Se tudo o que os governistas têm contra ele for aquilo...
Ou seja: como fazer chantagem contra alguém e seus aliados com informações que não causam dano ao chantageado?
Alguém foi vítima de chantagem? Quem? Se foi, é informação que o jornalismo deve.
Seria diferente, por exemplo, em uma nação fictícia, situação e oposição promoverem chantagem pesada com informações sobre filhos do atual e do ex-presidente, se os rebentos tivessem amealhado riqueza durante ou em seguida aos mandatos dos pais. Aí, sim: ameaças capazes de fragilizar o mais valente dos investigadores de comissão de inquérito do país da imaginação.
Quem tinha muito a perder, por rigorosamente nada em troca, seria a ministra da Casa Civil. Mais por eventual dolo, menos por incapacidade de gerir com segurança um sistema de dados ou manter aloprados em sua equipe, mas sempre perdendo.
Essa peça, decisiva, não se encaixa no quebra-cabeça. Até agora, pelo menos.
Esta segunda-feira não foi um bom dia para a Folha. O jornal não destaca a defesa de ninguém do governo. E titula na primeira página: "Dossiê é 'covardia institucional', diz ministro do STF". Só no texto se descobre que Gilmar Mendes se refere a dossiês em geral, e não ao dossiê agora revelado.
O "Estado" deu entrevista com o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. O "Globo" saiu com declarações do ministro José Múcio. Não sei se o que eles dizem é verdadeiro ou falso, mas é direito dos leitores conhecer pontos de vista divergentes.
Hoje a coluna "Perguntar não ofende" (pág. A2) se refere ao "documento de 13 páginas que vazou para a imprensa, cuja autoria o próprio Palácio do Planalto assumiu".
Talvez, em meio a tantas informações, tenha me passado despercebido. Não me lembro, contudo, de ter lido que o Planalto assumiu a confecção das 13 páginas.
Na edição de sábado, a Folha divulgou declaração de Dilma: "Não acho que a Folha e a Veja montaram isso [dossiê]. Outros fizeram este trabalho e vocês [da imprensa] estão divulgando".
Ou seja, a ministra negou a produção das 13 páginas.
Minha impressão é que a Folha produz uma cobertura em tom unilateral que menospreza as incertezas que cercam o caso.
É possível que as coisas tenham ocorrido como o jornal sugere?
Sim. Poder tudo pode.
Mas é possível que haja outros elementos.
Ao contrário do dossiê Cayman/Caribe, as informações são verdadeiras. Ao contrário de outros dossiês, entretanto, elas não intimidam ninguém (a não ser que sugiram o conhecimento de outras despesas, cabeludas).
O vazamento das 13 páginas pode ter sido obra de petistas, aloprados ou não? Pode. Em 2006, com a reeleição de Lula nas mãos, a ambição de ganhar também o pleito paulista produziu o escândalo que contribuiu para empurrar a eleição presidencial ao segundo turno.
As 13 páginas também podem ter sido obra de quem queria desgastar o governo e reanimar a CPI dos Cartões. Ou, mais especificamente, ferir a ministra Dilma, que está longe de ser a candidata preferida do PT e de setores do Planalto para 2010.
Um incômodo da cobertura é que, evidentemente, a Folha sabe mais do que conta aos leitores. Uma coisa é o jornal ter recebido o relatório de alguma fonte do PT. Outra, do PSDB. Outra, ainda, de um funcionário, mais que petista, fiel à ministra.
O jornal deveria pisar no freio e ser mais cético. Um dossiê incapaz de constranger alguém não teria eficiência como instrumento de chantagem. A impressão é que, ao contrário do que a Folha e o jornalismo em geral dão a entender, a verdade sobre o episódio ainda está distante, seja ela qual for.
Por último: o episódio em curso ressalta a tragédia à democracia que é a ausência de transparência sobre o poder público no Brasil. Gastos dessa natureza, seja no governo FHC ou no de Lula, não deveriam estar protegidos por sigilo, e sim ser de conhecimento dos cidadãos."
Vejamos o que diz o ombusdman da Folha:
Um dossiê e muitas incertezas
MÁRIO MAGALHÃES
ombudsman@uol.com.br
Um dossiê (ou relatório ou "fragmentos da base de dados", como prefere a Casa Civil) sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua mulher, Ruth, e antigos ministros foi produzido no Palácio do Planalto e vazado de forma ilegal.
Tão escancaradamente ilegal que foi constituída pelo governo uma "comissão de sindicância para apurar o episódio". Oficialmente, busca-se culpado(s).
A origem das informações, processadas na Casa Civil, é inequívoca, reconhecida inclusive pelo governo. A essa altura, mais ninguém questiona a autenticidade das informações sobre gastos contidas nas 13 páginas. No domingo, a Folha demonstrou que "o relatório mostra a seleção de informações bastante diferentes do padrão de dados lançados no Suprim ['sistema de controle de suprimento de fundos da Presidência'] e estranhas a um trabalho definido como um 'instrumento de gestão', sem viés político".
Hoje os jornais reafirmam que, ao contrário do que afirma Dilma, não houve pedido do TCU para produzir o levantamento sobre FHC ou algo que desse base à investigação.
A existência do dossiê/relatório de 13 páginas foi revelada pela revista Veja no fim de semana retrasado.
Na sexta passada, a Folha manchetou "Braço direito de Dilma montou dossiê".
O jornal não apresentou provas contra Erenice Alves Guerra, principal assessora da ministra Dilma Rousseff.
Não que a informação, necessariamente, esteja errada. Quem leu a reportagem, contudo, não teve acesso a evidência de que esteja correta a versão do jornal.
A Folha descreveu uma reunião com membros da administração para criar "uma força-tarefa encarregada de desarquivar documentos referentes aos gastos do governo anterior a partir da rubrica suprimento de fundos, que incluiu cartões corporativos e contas 'tipo B'".
Nota oficial da Casa Civil afirma que tal reunião, "para organizar uma força-tarefa para produzir o chamado dossiê", nunca ocorreu.
A Folha também não comprovou a realização da reunião.
O jornal não afirmou que o dossiê foi utilizado para chantagear membros da oposição na CPI dos Cartões Corporativos. Fez bem. Um dos aspectos intrigantes do caso é que o dossiê é incapaz de constranger FHC. Chefe de um governo em que se acumularam escândalos de grande monta, em especial nas privatizações, o ex-presidente não se sai mal das 13 páginas. Se tudo o que os governistas têm contra ele for aquilo...
Ou seja: como fazer chantagem contra alguém e seus aliados com informações que não causam dano ao chantageado?
Alguém foi vítima de chantagem? Quem? Se foi, é informação que o jornalismo deve.
Seria diferente, por exemplo, em uma nação fictícia, situação e oposição promoverem chantagem pesada com informações sobre filhos do atual e do ex-presidente, se os rebentos tivessem amealhado riqueza durante ou em seguida aos mandatos dos pais. Aí, sim: ameaças capazes de fragilizar o mais valente dos investigadores de comissão de inquérito do país da imaginação.
Quem tinha muito a perder, por rigorosamente nada em troca, seria a ministra da Casa Civil. Mais por eventual dolo, menos por incapacidade de gerir com segurança um sistema de dados ou manter aloprados em sua equipe, mas sempre perdendo.
Essa peça, decisiva, não se encaixa no quebra-cabeça. Até agora, pelo menos.
Esta segunda-feira não foi um bom dia para a Folha. O jornal não destaca a defesa de ninguém do governo. E titula na primeira página: "Dossiê é 'covardia institucional', diz ministro do STF". Só no texto se descobre que Gilmar Mendes se refere a dossiês em geral, e não ao dossiê agora revelado.
O "Estado" deu entrevista com o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. O "Globo" saiu com declarações do ministro José Múcio. Não sei se o que eles dizem é verdadeiro ou falso, mas é direito dos leitores conhecer pontos de vista divergentes.
Hoje a coluna "Perguntar não ofende" (pág. A2) se refere ao "documento de 13 páginas que vazou para a imprensa, cuja autoria o próprio Palácio do Planalto assumiu".
Talvez, em meio a tantas informações, tenha me passado despercebido. Não me lembro, contudo, de ter lido que o Planalto assumiu a confecção das 13 páginas.
Na edição de sábado, a Folha divulgou declaração de Dilma: "Não acho que a Folha e a Veja montaram isso [dossiê]. Outros fizeram este trabalho e vocês [da imprensa] estão divulgando".
Ou seja, a ministra negou a produção das 13 páginas.
Minha impressão é que a Folha produz uma cobertura em tom unilateral que menospreza as incertezas que cercam o caso.
É possível que as coisas tenham ocorrido como o jornal sugere?
Sim. Poder tudo pode.
Mas é possível que haja outros elementos.
Ao contrário do dossiê Cayman/Caribe, as informações são verdadeiras. Ao contrário de outros dossiês, entretanto, elas não intimidam ninguém (a não ser que sugiram o conhecimento de outras despesas, cabeludas).
O vazamento das 13 páginas pode ter sido obra de petistas, aloprados ou não? Pode. Em 2006, com a reeleição de Lula nas mãos, a ambição de ganhar também o pleito paulista produziu o escândalo que contribuiu para empurrar a eleição presidencial ao segundo turno.
As 13 páginas também podem ter sido obra de quem queria desgastar o governo e reanimar a CPI dos Cartões. Ou, mais especificamente, ferir a ministra Dilma, que está longe de ser a candidata preferida do PT e de setores do Planalto para 2010.
Um incômodo da cobertura é que, evidentemente, a Folha sabe mais do que conta aos leitores. Uma coisa é o jornal ter recebido o relatório de alguma fonte do PT. Outra, do PSDB. Outra, ainda, de um funcionário, mais que petista, fiel à ministra.
O jornal deveria pisar no freio e ser mais cético. Um dossiê incapaz de constranger alguém não teria eficiência como instrumento de chantagem. A impressão é que, ao contrário do que a Folha e o jornalismo em geral dão a entender, a verdade sobre o episódio ainda está distante, seja ela qual for.
Por último: o episódio em curso ressalta a tragédia à democracia que é a ausência de transparência sobre o poder público no Brasil. Gastos dessa natureza, seja no governo FHC ou no de Lula, não deveriam estar protegidos por sigilo, e sim ser de conhecimento dos cidadãos."

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
- Fernando Silva
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
"O Globo" 01/04/08
Abrir a caixa preta
A versão de que o dossiê montado com informações pinçadas nos registros de gastos do presidente Fernando Henrique e a primeira-dama Ruth Cardoso era apenas um “banco de dados” não sobreviveu ao fim de semana. Desvendado pela revista “Veja”, o dossiê foi tratado como um trabalho feito por encomenda do Tribunal de Contas da União. Mas, diante do desmentido do próprio TCU, não demorou muito para o governo ter de mudar de explicação.
Com a revelação da “Folha de S.Paulo” de que o levantamento fora determinado pela secretáriaexecutiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço direito da ministra Dilma Rousseff, reforçou-se a história do “banco de dados”, que, por sua vez, virou fumaça diante das evidências de que se tratava mesmo de um dossiê para atemorizar tucanos e forçá-los a recuar em qualquer iniciativa destinada a obter informações sobre gastos semelhantes do atual governo.
Tanto que o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, lançou nova versão: o relatório existe, mas foi usado “com o intuito de fazer mal ao governo”.
Ou seja, passou-se a caçar em Brasília um bode expiatório para responder por mais esse caso de manipulação clandestina de informações para atingir adversários políticos, um repeteco, mais grave, do caso do dossiê contra José Serra negociado com “aloprados” do PT. O governo se mobiliza para proteger a ministra Dilma Rousseff, a “mãe do PAC” , considerada por alguns vítima não apenas da oposição mas também do conhecido “fogo amigo” petista. Oposição e petistas seriam movidos pelo mesmo interesse: alvejar quem é tido como o nome da vez a ser lançado por Lula para suceder-lhe.
Neste episódio ressurge o estilo truculento e sem ética com que certas falanges petistas se movem no jogo político, para, depois, quando as operações se revelam trapalhadas dignas do exército de Brancaleone, acusar a imprensa de distorcer fatos e não disfarçar supostos pendores “golpistas”.
Mais esse tiro no pé disparado por espertos militantes petistas — donos daquele tipo de esperteza que, dizia Tancredo Neves, cresce e engole o dono — só faz aumentar as pressões da sociedade para a abertura da caixa-preta em que se escondem informações sobre os gastos nos palácios oficiais.
FH, Ruth Cardoso e ministros do governo passado já liberaram a abertura das suas despesas. Lula deveria seguir o exemplo e ainda determinar que haja a máxima transparência no manejo desses dados. O contribuinte quer saber o destino dado ao seu dinheiro, e os governantes têm o dever de atendê-lo.
Abrir a caixa preta
A versão de que o dossiê montado com informações pinçadas nos registros de gastos do presidente Fernando Henrique e a primeira-dama Ruth Cardoso era apenas um “banco de dados” não sobreviveu ao fim de semana. Desvendado pela revista “Veja”, o dossiê foi tratado como um trabalho feito por encomenda do Tribunal de Contas da União. Mas, diante do desmentido do próprio TCU, não demorou muito para o governo ter de mudar de explicação.
Com a revelação da “Folha de S.Paulo” de que o levantamento fora determinado pela secretáriaexecutiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço direito da ministra Dilma Rousseff, reforçou-se a história do “banco de dados”, que, por sua vez, virou fumaça diante das evidências de que se tratava mesmo de um dossiê para atemorizar tucanos e forçá-los a recuar em qualquer iniciativa destinada a obter informações sobre gastos semelhantes do atual governo.
Tanto que o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, lançou nova versão: o relatório existe, mas foi usado “com o intuito de fazer mal ao governo”.
Ou seja, passou-se a caçar em Brasília um bode expiatório para responder por mais esse caso de manipulação clandestina de informações para atingir adversários políticos, um repeteco, mais grave, do caso do dossiê contra José Serra negociado com “aloprados” do PT. O governo se mobiliza para proteger a ministra Dilma Rousseff, a “mãe do PAC” , considerada por alguns vítima não apenas da oposição mas também do conhecido “fogo amigo” petista. Oposição e petistas seriam movidos pelo mesmo interesse: alvejar quem é tido como o nome da vez a ser lançado por Lula para suceder-lhe.
Neste episódio ressurge o estilo truculento e sem ética com que certas falanges petistas se movem no jogo político, para, depois, quando as operações se revelam trapalhadas dignas do exército de Brancaleone, acusar a imprensa de distorcer fatos e não disfarçar supostos pendores “golpistas”.
Mais esse tiro no pé disparado por espertos militantes petistas — donos daquele tipo de esperteza que, dizia Tancredo Neves, cresce e engole o dono — só faz aumentar as pressões da sociedade para a abertura da caixa-preta em que se escondem informações sobre os gastos nos palácios oficiais.
FH, Ruth Cardoso e ministros do governo passado já liberaram a abertura das suas despesas. Lula deveria seguir o exemplo e ainda determinar que haja a máxima transparência no manejo desses dados. O contribuinte quer saber o destino dado ao seu dinheiro, e os governantes têm o dever de atendê-lo.
- Fernando Silva
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
"O Globo" 31/03/08
Mãe duas vezes
Ricardo Noblat
“Essa porcariada que foi feita comigo e com a Ruth... É vergonhoso para o Brasil.
Para quê?” (Fernando Henrique Cardoso)
Lula, o problema é o seguinte, meu filho: seu primeiro governo foi salpicado de escândalos. Mal começou o segundo e já tem escândalo novo na praça: o do dossiê montado na Casa Civil da Presidência da República para chantagear a oposição e impedir que a CPI Mista do Cartão Corporativo cumpra com o seu dever. Assim não dá. Resolve sua crise.
Sem essa de apresentar a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, como coitadinha, vítima de “fogo amigo” disparado pelos que se opõem à sua candidatura à sucessão de Lula. Sem essa de que ela possa ter sido traída por seu braço direito no ministério, a secretária-executiva Erenice Guerra, a quem delegou a tarefa de montar um “banco de dados” a respeito de despesas do governo com cartão corporativo feitas de 2002 para cá.
Por conta própria, Erenice teria recuado no tempo para acrescentar despesas do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. E produzido um dossiê de 13 páginas com informações pinçadas sob medida para constranger Fernando Henrique e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, intimidar a oposição interessada em investigar as chamadas contas sigilosas do período Lula e esvaziar a CPI do Cartão.
De fato, Dilma é mãe duas vezes. Do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), conforme escolha de Lula, e do dossiê que lista, entre outras coisas, a compra de 144 lixas de unha, 30 toucas de banho, 24 sabonetes infantis, bacalhau e vinhos finos, além do aluguel de carros e o valor do salário da ex-chef da cozinha do Palácio da Alvorada, Roberta Sudbrack. Por ora, não se sabe quem é o pai do dossiê.
Sabe-se que a primeira pista pública sobre a disposição do governo de se defender atacando foi dada pelo ministro Franklin Martins, da Comunicação Social, no dia 6 de fevereiro último.
Ele disse: “Ninguém colocará o governo nas cordas.
Vamos abrir o suprimento de fundos desde lá atrás”.
Foi uma advertência que pode ser traduzida assim: se querem apurar o que fizemos, vamos apurar o que se fez no governo passado.
Criado em 1998, o cartão corporativo para uso em serviço de autoridades da administração federal foi implementado pelo decreto 3.892 de agosto de 2001. Antes dele existia um fundo que bancava despesas sigilosas do governo. Foi a esse fundo que se referiu Franklin Martins. Somente a partir de 2003 permitiu-se o uso do cartão para saques em dinheiro vivo. A ministra da Igualdade Racial perdeu o emprego por causa de um desses saques.
Os gastos com cartão se multiplicaram desde o primeiro ano do governo Lula.
Foram de R$ 8,7 milhões em 2003; R$ 13 milhões em 2004; R$ 20,9 milhões em 2005; R$ 34,6 milhões em 2006; e R$ 78 milhões em 2007. Quer dizer: em cinco anos os gastos com cartões cresceram quase 900%. Dos R$ 78 milhões gastos no ano passado, R$ 58 milhões foram sacados na boca do caixa por cerca de 11.500 funcionários. Uma farra.
Que deu em CPI.
Ela, que parecia mortinha, ganhou sobrevida com a história do dossiê. Ainda haverá muito barulho por lá. Mas a folgada maioria de votos da base aliada impedirá a aprovação pela CPI de qualquer requerimento capaz de causar danos mais graves ao governo.
Convocação de Dilma para depor? Esqueça. Dilma anunciou que tem mais o que fazer do que perder tempo respondendo a senadores e deputados.
Quem manda o Congresso desfrutar da confiança de apenas 0,5% dos brasileiros? Mesmo assim, se quiser, o Senado poderá convocar Dilma para depor. Ela deve explicações à beça.
Uma delas: por que, em 20 de fevereiro passado, disse a 30 industriais paulistas que o governo levantava informações sobre gastos com cartão na Era FHC? Outra: por que atribuiu ao Tribunal de Contas da União a paternidade do levantamento? O tribunal negou.
Se necessário Lula sairá em defesa de Dilma, como saiu em defesa de José Dirceu e de Antonio Palocci, abatidos no rastro de outros escândalos.
Mas, se surgirem novos fatos que a incriminem, tchau e bênção.
Mãe duas vezes
Ricardo Noblat
“Essa porcariada que foi feita comigo e com a Ruth... É vergonhoso para o Brasil.
Para quê?” (Fernando Henrique Cardoso)
Lula, o problema é o seguinte, meu filho: seu primeiro governo foi salpicado de escândalos. Mal começou o segundo e já tem escândalo novo na praça: o do dossiê montado na Casa Civil da Presidência da República para chantagear a oposição e impedir que a CPI Mista do Cartão Corporativo cumpra com o seu dever. Assim não dá. Resolve sua crise.
Sem essa de apresentar a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, como coitadinha, vítima de “fogo amigo” disparado pelos que se opõem à sua candidatura à sucessão de Lula. Sem essa de que ela possa ter sido traída por seu braço direito no ministério, a secretária-executiva Erenice Guerra, a quem delegou a tarefa de montar um “banco de dados” a respeito de despesas do governo com cartão corporativo feitas de 2002 para cá.
Por conta própria, Erenice teria recuado no tempo para acrescentar despesas do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. E produzido um dossiê de 13 páginas com informações pinçadas sob medida para constranger Fernando Henrique e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso, intimidar a oposição interessada em investigar as chamadas contas sigilosas do período Lula e esvaziar a CPI do Cartão.
De fato, Dilma é mãe duas vezes. Do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), conforme escolha de Lula, e do dossiê que lista, entre outras coisas, a compra de 144 lixas de unha, 30 toucas de banho, 24 sabonetes infantis, bacalhau e vinhos finos, além do aluguel de carros e o valor do salário da ex-chef da cozinha do Palácio da Alvorada, Roberta Sudbrack. Por ora, não se sabe quem é o pai do dossiê.
Sabe-se que a primeira pista pública sobre a disposição do governo de se defender atacando foi dada pelo ministro Franklin Martins, da Comunicação Social, no dia 6 de fevereiro último.
Ele disse: “Ninguém colocará o governo nas cordas.
Vamos abrir o suprimento de fundos desde lá atrás”.
Foi uma advertência que pode ser traduzida assim: se querem apurar o que fizemos, vamos apurar o que se fez no governo passado.
Criado em 1998, o cartão corporativo para uso em serviço de autoridades da administração federal foi implementado pelo decreto 3.892 de agosto de 2001. Antes dele existia um fundo que bancava despesas sigilosas do governo. Foi a esse fundo que se referiu Franklin Martins. Somente a partir de 2003 permitiu-se o uso do cartão para saques em dinheiro vivo. A ministra da Igualdade Racial perdeu o emprego por causa de um desses saques.
Os gastos com cartão se multiplicaram desde o primeiro ano do governo Lula.
Foram de R$ 8,7 milhões em 2003; R$ 13 milhões em 2004; R$ 20,9 milhões em 2005; R$ 34,6 milhões em 2006; e R$ 78 milhões em 2007. Quer dizer: em cinco anos os gastos com cartões cresceram quase 900%. Dos R$ 78 milhões gastos no ano passado, R$ 58 milhões foram sacados na boca do caixa por cerca de 11.500 funcionários. Uma farra.
Que deu em CPI.
Ela, que parecia mortinha, ganhou sobrevida com a história do dossiê. Ainda haverá muito barulho por lá. Mas a folgada maioria de votos da base aliada impedirá a aprovação pela CPI de qualquer requerimento capaz de causar danos mais graves ao governo.
Convocação de Dilma para depor? Esqueça. Dilma anunciou que tem mais o que fazer do que perder tempo respondendo a senadores e deputados.
Quem manda o Congresso desfrutar da confiança de apenas 0,5% dos brasileiros? Mesmo assim, se quiser, o Senado poderá convocar Dilma para depor. Ela deve explicações à beça.
Uma delas: por que, em 20 de fevereiro passado, disse a 30 industriais paulistas que o governo levantava informações sobre gastos com cartão na Era FHC? Outra: por que atribuiu ao Tribunal de Contas da União a paternidade do levantamento? O tribunal negou.
Se necessário Lula sairá em defesa de Dilma, como saiu em defesa de José Dirceu e de Antonio Palocci, abatidos no rastro de outros escândalos.
Mas, se surgirem novos fatos que a incriminem, tchau e bênção.
- Fernando Silva
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
"O Globo" 01/04/08
Míriam Leitão
Trecho:
Míriam Leitão
Trecho:
Todo mundo sabe a diferença entre um banco de dados e um dossiê. A escolha de algumas informações que pudessem constranger alguém, sem qualquer critério cronológico, e com um foco específico em alguma pessoa não é banco de dados. Por que fazer tal coisa? Para responder a isso é preciso recuar no tempo, na campanha de 2006, e lembrar quem estava no Hotel Ibis, perto do aeroporto de Congonhas, comprando um dossiê com denúncias contra o então candidato a governador de São Paulo, José Serra. A mala onde foi encontrado o dinheiro foi levada para dentro do hotel pelo coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante, Hamilton Lacerda.
As pessoas que a polícia flagrou dentro do hotel trabalhavam sob as ordens de Jorge Lorenzetti, chefe do serviço de inteligência da campanha do presidente da República e freqüentador da cozinha e da churrasqueira de Lula. O dinheiro que estava lá era sem origem, não declarado, em espécie. Um dinheiro ilegal de campanha, como o que estava no caixa dois confesso de Delúbio Soares e Marcos Valério.
Esse caso do Hotel Ibis não teve punição e foi tratado com leveza pelo presidente da República. O governo só se indignou com o investigador da Polícia Federal que teria divulgado a foto do dinheiro, o qual teria cometido um crime que pode ser definido como “quebra de privacidade de compradores de dossiê com dinheiro ilegal”.
Se um flagrante daquela dimensão não teve punição, isso incentivou a prática de produzir e negociar dossiês.
Dessa impunidade é que nasceu a sem-cerimônia dos que foram pescar no banco de dados da ministra Dilma Rousseff.
- carlo
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
Fernando! Veja, Noblat, Kamel? Recomendo a tí o Dossie Veja de Luiz Nassif.
não me fale de jornalismo de "esgoto", as pessoas ja decifraram do que se trata!
não me fale de jornalismo de "esgoto", as pessoas ja decifraram do que se trata!

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
- Fernando Silva
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Re: Neste país, quem denuncia é que está errado
carlo escreveu:Fernando! Veja, Noblat, Kamel? Recomendo a tí o Dossie Veja de Luiz Nassif.
não me fale de jornalismo de "esgoto", as pessoas ja decifraram do que se trata!
Garanto que ele não consegue justificar os 57 milhões de reais sacados em dinheiro vivo com os cartões corporativos.
Nem o fato do Renan Calheiros ter sido absolvido ou do Severino Cavalcante continuar mandando e desmandando mesmo tendo sido obrigado a renunciar para escapar da cassação.
E muito menos o Lula continuar afirmando que toda essa gentalha não fez nada e é vítima de intrigas das elites.