O Brasil tem guerrilha

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RicardoVitor
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O Brasil tem guerrilha

Mensagem por RicardoVitor »

Front Interno

ISTO É Março 2008 Edição

O Brasil tem guerrilha

ISTOÉ entra na base da Liga dos Camponeses Pobres, um grupo armado com 20 acampamentos em três Estados, que tem nove vezes mais combatentes que o PCdoB na Guerrilha do Araguaia e cujas ações resultaram na morte de 22 pessoas no ano passado

Por ALAN RODRIGUES (TEXTO)
E ALEXANDRE SANT'ANNA (FOTOS) - Buritis (RO)

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O barulho de dois tiros de revólver quebrou o silêncio da noite na pacata comunidade rural de Jacilândia, distante 38 quilômetros da cidade de Buritis, Estado de Rondônia. Passava pouco das 22 horas do dia 22 de fevereiro quando três homens encapuzados bloquearam a estrada de terra que liga o lugarejo ao município e friamente executaram à queima-roupa o agricultor Paulo Roberto Garcia. Aos 28 anos, ele tombou com os disparos de revólver calibre 38 na nuca. Dez horas depois do crime, o corpo de Garcia ainda permanecia no local, estirado nos braços de sua mãe, Maria Tereza de Jesus, à espera da polícia. Era o caçula de seus três filhos. Um mês depois do assassinato, o delegado da Polícia Civil de Rondônia que investiga o caso, Iramar Gonçalves, concluiu: "Ele foi assassinado pelos guerrilheiros da LCP."

A sigla a que o delegado se refere, com estranha naturalidade, quer dizer Liga dos Camponeses Pobres, uma organização radical de extrema esquerda que adotou a luta armada como estratégia para chegar ao poder no País através da "violência revolucionária". Paulo Roberto foi a mais recente vítima da LCP, que, sob a omissão das autoridades federais e o silêncio do resto do Brasil, se instalou há oito anos na região e, a cada hora, se mostra mais violenta. Apenas em 2007, as operações do grupo produziram 22 vítimas - 18 camponeses ou fazendeiros e quatro guerrilheiros. Amplamente conhecidos em Rondônia, os integrantes da LCP controlam hoje 500 mil hectares. Estão repartidos em 13 bases que se estendem de Jaru, no centro do Estado, às cercanias da capital Porto Velho, se alongando até a fronteira com a Bolívia, região onde eles acabaram de abrir uma estrada. O propósito dos guerrilheiros seria usá-la como rota de fuga, mas, enquanto não são incomodados nem pela Polícia Federal nem pelo Exército, a trilha clandestina está sendo chamada de transcocaineira - por ela, segundo a polícia local, passam drogas, contrabando e as armas da guerrilha.

ÁREA PROIBIDA

A nenhuma dessas colônias o poder público tem acesso. Sob o manto da "revolução agrária", a LCP empunha as bandeiras do combate à burguesia, ao imperialismo e ao latifúndio, enquanto seus militantes assaltam, torturam, matam e aterrorizam cidades e zonas rurais nessas profundezas do Brasil. Encapuzados, armados com metralhadoras, pistolas, granadas e fuzis AR-15, FAL e AK-47 de uso exclusivo das Forças Armadas, eles já somam quase nove vezes mais combatentes que os 60 militantes do PCdoB que se embrenharam na Floresta Amazônica no início dos anos 70 na lendária Guerrilha do Araguaia. "A Colômbia é aqui", diz o delegado Gonçalves, numa referência às Farc.

A reportagem de ISTOÉ entrou nessa área proibida. No distrito de Jacinópolis, a 450 quilômetros de Porto Velho, bate o coração da guerrilha. Segundo o serviço secreto da Polícia Militar de Rondônia, é ali que está o campo de treinamento. "Nem com 50 homens armados eu tenho coragem de entrar na invasão deles", admite o delegado. Caminhar pelas hostis estradas enlameadas é como pisar em solo minado. A todo momento e com qualquer pessoa que se converse, o medo de uma emboscada é constante. Os militantes adotam as táticas de bloqueio de estradas e seqüestro das pessoas que trafegam pela área sem um salvo-conduto verbal liberado pela LCP. "É a forma de combater as forças inimigas", escreveram eles num dos panfletos que distribuíram na região. "Esses bandoleiros foram muito bem treinados pelos guerrilheiros das Farc", revela o major Enedy Dias de Araújo, ex-comandante da Polícia Militar de Jaru, cidade onde fica a sede da Liga.

Para se chegar à chamada "revolução agrária", dizem os documentos da LCP aos quais ISTOÉ teve acesso, a principal ação do grupo é pôr em prática a chamada "violência revolucionária". E, para os habitantes locais, essa tem sido uma violência fria e vingativa. No caso da sua mais recente vítima, o que a LCP fez foi uma execução sumária, após um julgamento interno suscitado pela desconfiança sobre o real propósito da presença de Paulo Roberto Garcia na região. "Eles acreditam que o rapaz era um agente infiltrado como agricultor e não tiveram dúvida em matálo", disse o delegado. Dos 22 mortos de 2007, quatro eram fazendeiros e 14 eram funcionários das fazendas, que a liga camponesa classifica como paramilitares. Na parte dos guerrilheiros, quatro foram enterrados - assassinados em circunstâncias distintas por jagunços das fazendas da região.

Além de matar, a LCP é acusada pela polícia de incendiar casas, queimar máquinas e equipamentos e devastar a Floresta Amazônica. Os moradores da comunidade onde vivia Garcia não sabem o que é luta de classe, partido revolucionário e muito menos socialismo. Mas eles sabem muito bem que, desde a chegada da LCP naquelas bandas, a morte matada está vencendo a morte morrida.

ALERTA NA SELVA

Só quem consegue transitar livremente no território da guerrilha são os caminhões dos madeireiros clandestinos, que pagam um pedágio de R$ 2 mil por dia à LCP para rodar nas estradas de terras controladas pela milícia. Em troca do pedágio, os guerrilheiros dão segurança armada aos madeireiros para que eles possam roubar árvores em propriedades privadas, áreas de conservação e terras indígenas. São terras que a LCP diz ter "tomado" - e o verbo tomar, no lugar de "invadir" ou "ocupar", como prefere o MST, não é mera semântica, mas uma revelação do caráter belicoso do grupo. "A falha é do Exército brasileiro, que deixa esses terroristas ocuparem nossa área de fronteira", acusa o major Josenildo Jacinto do Nascimento. Comandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, Nascimento sente na pele o poder e a arrogância desse bando armado.

No ano passado, eles derrubaram uma base militar da Polícia Ambiental dentro de uma unidade de conservação e seqüestraram seus soldados. "A tática utilizada pela LCP para as emboscadas é certeira", admite um dos militares, mantido preso por sete horas. "Como são estradas de terras, no meio da floresta, eles derrubam árvores, que fecham o caminho. Quando as pessoas descem do carro para retirar a tora, são rendidas", diz E. S., militar da Polícia Ambiental, que recorre ao anonimato para se proteger. "Essa guerra é um câncer que está se espalhando pelo Estado", alerta Nascimento.

Assim como consta nos panfletos da Liga, os guerrilheiros postam homens em bases nos morros com binóculos e rojão para anunciar a "invasão" de sua área por "forças inimigas". Depois de sermos monitorados de perto por grupos de motoqueiros, durante os 38 quilômetros que levamos uma hora e meia para percorrer no território dominado pela LCP, ouvimos uma saraivada de rojões anunciando nossa presença. Estávamos próximos a uma base. O alerta serve também para que os homens armados se infiltrem na mata ocupando as barricadas montadas com grandes árvores nas cercanias dos acampamentos.

"O fato é que não dá para observá-los, mas estamos sob sua mira", adverte o militar da Polícia Ambiental que nos acompanha. Na verdade, a PM Ambiental é a única força do Estado cuja presença ainda é tolerada pela guerrilha. A explicação é simples: com apenas oito agentes para cuidar de quase 900 mil hectares naquela região, eles não representam ameaça ao grupo. Antes, serão presas fáceis se assim os militantes o desejarem.

A BASE

Logo que o barulho dos rojões reverbera na imensidão da selva, as mulheres e crianças vestem seus capuzes e assumem a linha de frente. Quando se chega ao topo de um morro, depois de passar por uma barricada construída com o tronco de uma imensa árvore com a inscrição da Liga, avista-se uma bandeira vermelha tremular na franja de um acampamento de casas com cobertura de palha. Pouco tempo depois, outra barricada e chega-se a uma parada obrigatória. Do outro lado da porteira, transcorreu o seguinte diálogo com uma trupe maltrapilha, encapuzada e arredia.

LCP - O que vocês vieram fazer aqui? - disse um nervoso interlocutor mascarado.
ISTO É - Somos jornalistas e queremos saber o que vocês têm a dizer sobre a reforma agrária e a Liga dos Camponeses Pobres.

LCP - Podem ir embora, não temos nada a dizer. Vocês só atrapalham.

ISTO É - Quantas famílias estão nesta invasão?
LCP - 300.

ISTO É- Podemos falar com o líder de vocês?
LCP - Aqui não existe líder, todos somos iguais.

ISTO É - Por que vocês ficam mascarados?
LCP - A máscara é nossa identidade.

ISTO É - Vocês acreditam que podem fazer uma revolução?
LCP - Não temos que dar satisfações à imprensa burguesa.

ISTO É - De quem vocês recebem apoio?
LCP - Não interessa.

ISTO É - Podemos entrar no acampamento?
LCP - De forma alguma. Vão embora daqui!

Com colete à prova de balas sob a camisa, saímos da porteira do acampamento por uma questão de segurança e voltamos a percorrer de carro, numa estrada precária, mais uma hora e meia até o primeiro ponto de pedágio da LCP. "No ano passado, fomos presos por eles, éramos oito militares e eles tinham mais de 50 homens armados com metralhadoras", conta o sargento da tropa. "Não tem jeito, para resolver o problema com esse bando só com uma ação conjunta do Exército, da Polícia Federal e das forças do Estado."

Ao voltar da área dominada pela LCP, fica claro, nas reservadas conversas com alguns poucos moradores dispostos a contar algo, que o terror disseminado pela guerrilha se mede pelo silêncio dos camponeses. Os revoltosos controlam a vida das pessoas, além de investigar quem é quem na região. Quem não "colabora" com eles - fornecendo dinheiro, gado ou parte da produção - vira alvo de ataques covardes. Histórias de funcionários das fazendas da região que foram colocados nus sobre formigueiros ou que apanharam até abandonar o local estão muito presentes na memória dos moradores. As torturas praticadas pelos bandoleiros contra trabalhadores rurais dificultam até contratação de mão-de-obra na região. "Ninguém quer trabalhar mais na minha fazenda", admite Sebastião Conte, proprietário de 30 mil hectares de terra. Ele teve parte de sua terra "tomada" há dois anos pela LCP, a sede da fazenda foi queimada, assim como seus tratores, alojamentos e área do manejo florestal. O fazendeiro, acusado pela Liga de ser um latifundiário, é prova de que o terror da guerrilha é igual para todos. Segundo ele, nos últimos dois anos, teve que enterrar três de seus funcionários. "Todos eles assassinados barbaramente", diz Conte. "Estou pedindo socorro. Não sei mais a quem recorrer."

Longe de lá, na cidade de Cujubim, os trabalhadores rurais empregados das fazendas não dispensam o porte de armas. "Aqui ou você anda armado ou está morto", diz M.L. O capataz da fazenda e seu filho já perderam a conta de quantas vezes trocaram chumbo com os mascarados que tentam invadir a fazenda. Tratados como paramilitares, os funcionários das fazendas são, depois dos fazendeiros, os alvos prediletos dos ataques da Liga. Nelson Elbrio, gerente da Fazenda Mutum, teve o azar de cair nas mãos da "organização". Ele foi rendido exatamente como os militares da Polícia Ambiental e ficou preso sob a mira de uma arma por seis horas. "Assim que eu fiz a curva na estrada dei de cara com uns 15 homens encapuzados e fortemente armados. Eles me tiraram do carro e a partir daí vivi um inferno", conta Elbrio. "Eles queriam que eu revelasse os segredos da fazenda: quantas pessoas trabalhavam lá, depósito de combustível, se tinha seguranças armados." O sofrimento do funcionário se estendeu até o final da tarde, quando o grupo o arrastou até a sede da fazenda, dando tiros de escopeta próximo a seu ouvido. Em seguida, o obrigaram a assisti-los incendiando a propriedade e os tratores. "Nunca mais dormi bem", diz Elbrio.

Com a morte à espreita, o medo transformou distritos inteiros em zonas despovoadas - verdadeiras vilas fantasmas - e criou uma massa de gente refugiada de sua própria terra, expulsa pela guerrilha. Em Jacilândia, das 25 casas de madeira da única rua do distrito, só oito estão habitadas. Até a igreja fechou suas portas. "O povo foi embora com medo dos guerrilheiros", conta um dos moradores, um ancião que só admite a entrevista sob o anonimato. "Aqui não podemos falar nada. Para ficar de pé tem que se aprender a viver", diz o velho agricultor. O silêncio e o abandono das terras são a mais dura tradução desse novo modo de viver. Maria, a mãe do agricultor assassinado, não esperou a missa de sétimo dia do caçula. Deixou para trás os 100 hectares, onde tinha 100 cabeças de gado e a casa recém-construída. Partiu para um lugar ignorado, sob a proteção de outro filho.

O SILÊNCIO

Naquele pedaço de terra, os poucos que, apesar de tudo, permanecem na área não têm rostos ou nomes. Quando interrogados pela polícia na apuração dos crimes, eles se tornam também cegos e surdos. "Não existe testemunha de nada", reclama o delegado Gonçalves. A razão das infrutíferas apurações policiais é que os insurgentes presos são facilmente liberados pela Justiça. "Como eles usam a tática guerrilheira do uso de máscaras em suas ações, nós ficamos de mãos atadas para puni-los. Nunca se sabe quem de fato matou", queixa-se o delegado. As únicas lideranças da LCP a enfrentar a prisão por causa de assassinatos foram Wenderson Francisco dos Santos (Russo) e Edilberto Resende da Silva (Caco), que se encontra foragido. Os dois foram acusados de participar do assassinato do trabalhador rural Antônio Martins, em 2003. Russo foi absolvido em primeira instância e os promotores recorreram da decisão ao Tribunal de Justiça.

A ABIN SABE

Essa tensão é o pano de fundo de uma guerra psicológica que os ideólogos da organização avaliam como a ideal para que a área seja abandonada pelos fazendeiros. "A melhor forma de desocupar a área é destruindo o latifúndio", nos disse um dos mascarados, chamado de Luiz por um colega. Na lógica da LCP, os fazendeiros têm que tomar prejuízo sempre, senão eles não abandonam a terra. À frente de 300 famílias da invasão da Fazenda Catanio, uma propriedade de 25 mil hectares, o guerrilheiro Luiz defende o confisco do gado para matar a fome dos invasores e considera que a "tomada" de terra é a forma legal de fazer uma "revolução agrária". "Se esperarmos a Justiça, ficaremos anos plantados aqui", diz ele.

A audácia dos militantes da LCP é tanta que no ano passado mais de 200 deles marcharam encapuzados pelas ruas do município de Buritis, a 450 quilômetros de Porto Velho, até parar na porta da delegacia, onde exigiram a saída do delegado Gonçalves da comarca. Motivo: ele tinha prendido um dos líderes da facção guerrilheira. Não satisfeitos, os bandoleiros bateram às portas do Ministério Público e da Justiça exigindo que os titulares dos órgãos também se afastassem. O fato foi reportado ao Ministério da Justiça, ao presidente Lula e ao governo estadual. Até agora, não houve nenhuma resposta. "Ninguém leva a sério nossas denúncias. Eles pensam que estamos brincando, que a denúncia de guerrilha é um delírio", indigna-se o delegado Gonçalves. "Isso vai acabar numa tragédia de proporções alarmantes, e aí sim vão aparecer os defensores dos direitos humanos", critica ele. É exatamente nessa desconsideração das denúncias de promotores, juízes e militares que a Liga ganha força e cresce impunemente.

Tão trágica quanto o terror que esse grupo armado impõe às comunidades rurais é o fato de os governos estadual e federal saberem da existência desse bando armado - e não fazerem nada. Segundo o Dossiê LCP, um relatório confidencial da polícia de Rondônia, com 120 páginas, encaminhado em dezembro passado à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ao Exército e ao Ministério da Reforma Agrária, o grupo armado, além de cometer todo tipo de barbaridade, é financiado por madeireiros ilegais. Conforme o documento, a LCP controla uma área estimada em 500 mil hectares, onde doutrina mais de quatro mil famílias de camponeses pobres espalhadas por mais de 20 assentamentos da reforma agrária distribuídos pelos Estados de Minas Gerais, Pará e Rondônia. "Eles estão na contramão do que é contemporâneo. Mas, de fato, formaram um 'Estado' paralelo", entende Oswaldo Firmo, juiz de direito da Vara especializada em Conflito Agrário do Estado de Minas Gerais.

FORÇA-TAREFA

Documentos em poder de ISTOÉ comprovam que as autoridades federais têm feito ouvidos de mercador para o problema. No dia 11 de janeiro de 2008, o ouvidor agrário do governo federal, desembargador Gercino José da Silva Filho, acusou o recebimento das denúncias encaminhadas a ele sobre as ilegalidades cometidas por integrantes da Liga dos Camponeses Pobres. Mais uma vez, nada foi feito. "Eles dizem que sabem de tudo, mas cadê a ação?", questiona o major Nascimento, comandante da Polícia Militar Ambiental de Rondônia. "Essa situação aqui só será resolvida em conjunto com outras forças militares", admite o major. Foi o que aconteceu no Estado do Pará, em novembro passado, na chamada Operação Paz no Campo, quando uma ação envolvendo o Exército, as polícias civil e militar e a Polícia Federal desocuparam um acampamento da LCP na Fazenda Fourkilha, no sul do Estado. Com dois helicópteros, 200 homens e 40 viaturas, a força-tarefa cercou o local, prendeu cerca de 150 militantes e recolheu um verdadeiro arsenal de guerra. "Precisamos da mão forte do Estado. Aqui somos tratados como cidadãos marginais", emenda o fazendeiro Sebastião Conte.

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Fernando Silva
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por Fernando Silva »

Guerra é guerra. As forças armadas devem atacá-los como se fossem invasores estrangeiros.

Na verdade, são piores que isto, porque são motivados por uma ideologia, todos eles, e não simples soldados cumprindo ordens que não entendem.
E, por não serem simples soldados que voltarão a suas vidinhas no fim da guerra, terão que ser todos presos e mantidos presos. Se morrerem em combate, melhor ainda.

Ou isso ou viramos uma imensa Colômbia.

País de bosta...

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RicardoVitor
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por RicardoVitor »

Pelo menos na Colômbia o governo não é aliado das guerrilhas... Acho que eles estão em situação melhor que nós.
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DIG
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por DIG »

RicardoVitor escreveu:Pelo menos na Colômbia o governo não é aliado das guerrilhas... Acho que eles estão em situação melhor que nós.



É vero :emoticon8:

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NadaSei
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por NadaSei »

MASSACRE DE CAMPONESES EM CAMPO NOVO-RO

Na manha de hoje,dia 09 de abril, mais de 100 jagunços fortemente armados e encapuzados,invadiram o acampamento conquista da união localizado na br 421 km 140,municipio de campo novo de Rôndonia.
Os jagunços e policiais cercaram o acampamento e foram atirando em todos que ali se encontravam.Segundo informações passadas por um camponês que conseguiu escapar, cerca de 15 pessoas incluindo uma mulher grávida foram assassinadas brutalmente e outras apanhadas como refém.20 motos e todos pertences dos acampados foram queimados.
A Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia-LCP- vinha denunciando há várias semanas a preparação de um massacre de camponeses sem-terra naquela região do estado.Toda a campanha orquestrada pela grande imprensa de Rondonia e do país,em especial o jornal Folha de Rondonia e a revista Istoé , em que acusava a lcp e os camponeses daquela região de ser “guerrilheiros”, “ligados as farc”,etc, sendo esses mesmos órgãos de imprensa apresentavam os pistoleiros dos latifundiários como “trabalhadores”.Tudo isso era para tentar justificar este massacre que estava em adiantada preparação conforme denunciamos inúmeras vezes.Esta imprensa é culpada pelo sangue derramado destes camponeses.
Tão logo ocorreu o massacre ligamos para a Policia Federal que disse apenas que isso não era de sua jurisdição e não podia fazer nada.O secretário de segurança pública César Pizzano disse que para ir no local onde estavam os mortos “precisava de um boletim de ocorrência primeiro”?!!.Isso mostra a cumplícidade destes orgãos neste massacre sendo que os mesmos há pouco também acusavam os camponeses de “guerrilheiros”.
A liga dos camponeses não descansará enquanto os responsáveis por este massacre não forem punidos e a terra destes camponeses não for cortada.

Liga dos Camponeses Pobres de Rôndonia

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Carta Aberta Ao povo de Rondônia
Aos camponeses, trabalhadores, intelectuais, democratas e honestos de todo o Brasil

No dia 26 de março de 2008, foram às bancas a Edição 2003, ano 31 da revista Isto É. A capa estampava a notícia de que “O Brasil tem Guerrilha”, acusando a Liga dos Camponeses Pobres de ser um “suposto braço armado das FARC” em nosso país. Mais do que um sensacionalismo barato, Isto É passa a criminalizar a justa luta pela terra, na tentativa de descaracterizar uma legítima organização camponesa de Rondônia, acreditando que com a desinformação da opinião pública poderia insuflar uma ação repressiva do Estado.

A publicação difamatória da revista Isto É, foi amplamente reproduzida por setores da imprensa do Estado de Rondônia, como uma única orquestração de ódio contra os camponeses pobres, agora apresentados como guerrilheiros, bandoleiros, bandidos e terroristas, que apresenta um traço fascista dessas “matérias jornalísticas”, sob a máxima nazista difundida por Goebbels, de que uma mentira contada várias vezes se torna uma verdade.

O ódio de classe é estampado em frases do tipo: “trupe maltrapilha, encapuzada e arredia” e na própria vinculação de ativistas da Liga dos Camponeses Pobres com a morte de camponeses na região. A prova mais cabal da tentativa de criminalizar os camponeses é que a revista Isto É tentar associar os camponeses Wenderson Francisco dos Santos, o Ruço e Caco, de terem envolvimento na morte de um camponês na região de Jacinópolis. Ruço e Caco, foram injustamente acusados, há anos atrás, pela morte de um pistoleiro do latifundiário e grileiro Galo Velho, que é um dos maiores do ramo da “grilagem” no país, reconhecido no Livro Negro da Grilagem de Terras do Governo Federal.

Há um ano atrás, o povo de Jarú, julgou que Ruço era inocente de todas as acusações absurdas do latifúndio, coroando uma campanha nacional e internacional que denunciava a sua prisão sob tortura e as infrutíferas tentativas de matá-lo na prisão, onde permaneceu por mais de 4 anos. O povo soberanamente decidiu, mas o latifúndio continua a insistir em criminalizá-lo por ele ser “membro da Liga dos Camponeses Pobres”. Caco, após permanecer por três meses preso, foi absurdamente condenado, junto com o Dr. Ermógenes Jacinto, advogado, pela LEI DE IMPRENSA! No Entanto a mesma Lei de Imprensa não puniu o jornal folha de Rondônia que após o julgamento que inocentou os camponeses em 4 de abril de 2007 anunciava: “matadores da LCP são absolvidos”.

A matéria de Isto É tem uma qualidade tão grosseira em suas mentiras e intentos difamatórios que chega a acusar, sem qualquer tipo de prova, ativistas da Liga de Camponeses Pobres por diversos crimes. Isso, além de fazer acusações gratuitas, também sem qualquer comprovação, sobre supostos treinamentos feitos pelas FARC na região. Percebendo que as organizações democráticas e de direitos humanos preparavam uma resposta à esses ataques, Isto É mais uma vez ataca a Liga de Camponeses Pobres e passa a caracterizar como “guerrilheiros” o MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário e ILPS - Liga Internacional de Luta dos Povos, na qual o CEBRASPO é filiado e o representa enquanto Seção Brasil.

O que se quer justificar é que se existisse guerrilha, justificaria-se ação armada de pistoleiros a mando do latifúndio na região de Jacinópolis, que a cada mês faz inúmeras vítimas. Mas o latifúndio quer mais! Com um discurso de “medo” e por se sentirem “aterrorizados”, diversos latifundiários e seus representantes no parlamento passaram a exigir a ação do Exército para “acabar com os guerrilheiros”. Em outras palavras, segundo o latifúndio, é preciso acabar com todos os camponeses que se lançam na luta pela terra, que buscam o sustento dos seus filhos e que em muitos casos já vieram de outras regiões onde foram expulsos pelo latifúndio.

Já basta! Os inocentes não podem ser acusados de bandidos. Os conflitos agrários só existem pela velha estrutura agrária concentrada nas mãos de poucos enquanto a maioria dos pobres do campo passa fome.

Tomamos a liberdade de nos dirigir aos rondonienses, com humildade, mas reconhecendo que nossas assinaturas nesta carta representam significativa parcela dos democratas brasileiros, no sentido de manifestar apoio e esperança aos camponeses que lutam pela terra ao mesmo tempo em que repudiamos toda a forma de tratar o problema agrário brasileiro como caso de polícia.

As organizações classistas e personalidades presentes neste Ato Público, na Universidade Federal de Rondônia conclamam ao povo de Rondônia e toda a sociedade brasileira a se colocar em luta contra esta tentativa de criminalizar o Movimento Camponês, pois junto com estes está em jogo a criminalização de toda e qualquer organização social que se levante contra as injustiças e desigualdades existentes em nosso país. O povo quer terra! Não repressão!



Porto Velho, 04 abril de 2008.

http://www.ligaoperaria.org.br/

:emoticon8:

PS. Aff... No site indicado (na mesma pagina, logo abaixo a carta aberta) também tem um video com imagens dos membros da LCP e suas "ações progressistas"...
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Fedidovisk
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por Fedidovisk »

Voila!

Já tivemos os comunistas... terroristas e eis agora o mais perigoso e temido de todos...
os camponeses pobres...

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Apo
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por Apo »

DIG escreveu:
RicardoVitor escreveu:Pelo menos na Colômbia o governo não é aliado das guerrilhas... Acho que eles estão em situação melhor que nós.



É vero :emoticon8:


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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por Apo »

Fedidovisk escreveu:Voila!

Já tivemos os comunistas... terroristas e eis agora o mais perigoso e temido de todos...
os camponeses pobres...



Eu acho mais romântico o título de Vila Campesina....tão...silvestre e fresco...

Cambada!
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Fernando Silva
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por Fernando Silva »

Apo escreveu:Eu acho mais romântico o título de Vila Campesina....tão...silvestre e fresco...

"Camponês" fede a jargão comunista. Prefiro lavrador ou agricultor.

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Fedidovisk
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Re: O Brasil tem guerrilha

Mensagem por Fedidovisk »

Até hoje não vi mov. revolucionário cujo ideal realmente estivesse marcado em cada um de seus integrantes ; tal qual na política é cada um querendo cuidar do seu interesse, são com os mov. de todos os gêneros, sempre há um interesse maior por trás, quando não é coletivo, sob pretextos ideológicos, é individual quando quem irá direcionar os rumos do mov. direciona-o a seu favor e não em função da ideologia.

Desafio alguém a me apresentar um mov. que não tenha se corrompido na sua essência! E corromper não é envolver política, afinal tudo é política, é envolver além daquilo que é esperado.

Quando não tem aliança com o gov. é devidamente exterminado (Canudos), e quando possue foge do sentido de mov. , que serve como pretexto, afinal todo mov. é a reclamação de algo por alguém, mais propriamente o Governo, se o mov. faz alianças com o gov. perde totalmente o sentido de ser, e ao invés de ser um mov. passa a ser um cúmplice.

O que nos leva que um mov. puro seria o exemplo citado acima, como Canudos... agora, fica minha dúvida se esse agia realmente em direção àquilo que se propôs.

Eu falo de usar narcotráfico... violência... não tem problema! Contanto que tenha o compromisso com os fins pré-estabelecidos. Mas até as FARC já se mostraram totalmente desinteressadas com sua suposta causa.

Trancado