dilma responde

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Fernando Silva
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Re: dilma responde

Mensagem por Fernando Silva »

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Fernando Silva
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Re: dilma responde

Mensagem por Fernando Silva »

spink escreveu:
Fernando Silva escreveu:
spink escreveu:os direitinhas daqui fazem um contorcionismo muito engraçado.

E os esquerdinhas, em vez de apresentar fatos, repetem os chavões de seus Grandes Líderes.


eu sei que é longa; mas óia a entrevista na íntegra para rotular.

Eu ouvi durante um engarrafamento. Mantenho o que disse.

Quando as repórteres começaram a questioná-la, lembrei-me da Zélia Cardoso de Melo rebolando para escapar da prensa que levou da Lilian Witte Fibe numa entrevista no dia seguinte ao Plano Collor.

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Fedidovisk
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Re: dilma responde

Mensagem por Fedidovisk »

Esse é um assunto do qual nem me presto a debater. "contra fatos não há argumentos"


Quer coisa mais ridícula que discutir o óbvio!

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Fernando Silva
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Re: dilma responde

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 07/04/08

É o dossiê, estúpido
Ricardo Noblat

De repente, não mais do que de repente, voltou a circular a idéia do terceiro mandato presidencial consecutivo — desta vez estimulada pelo vice-presidente da República, José Alencar, o prefeito do Recife, João Paulo (PT), e informantes anônimos apontados como “auxiliares de Lula”. Por que novamente essa história de “deixa o homem trabalhar”?

No momento, a discussão em torno do terceiro mandato é uma manobra urdida no Palácio do Planalto para dividir a atenção da mídia concentrada no caso do dossiê sobre despesas sigilosas do governo anterior. Mais adiante poderá servir para deflagrar a campanha “Lula, de novo, pelo bem do povo”.

Faz sentido. O PT perdeu seus melhores candidatos à sucessão de Lula — José Dirceu e Antonio Palocci, vítimas de escândalos.
Outro escândalo ameaça Dilma Rousseff, “laranja” de Lula 2010 ou 2014.

Os movimentos sociais estão felizes demais com o governo. Por que tolerariam vê-lo trocado por outro que lhes dificulte o acesso a verbas oficiais? Organizações não governamentais nunca mamaram tanto nas tetas do governo.
O Brasil deve ser o único país onde organizações não governamentais se tornaram... o quê? Governamentais. Não temos organizações filantrópicas com fins lucrativos?


Esse mundo de gente só espera um sinal para ir às ruas em defesa do que Lula repele com a mesma convicção demonstrada por Fernando Henrique ao repelir a proposta do segundo mandato. Quanto ao Congresso... Não contem com ele para se opor a um presidente popular, a milhões de pessoas penduradas em prestações, mas satisfeitas, a empresários que nunca venderam tanto e a banqueiros que contabilizam lucros fabulosos.

O governo tem larga maioria de votos na Câmara dos Deputados para aprovar o que quiser — até mesmo uma proposta de emenda à Constituição que permita ao povo responder em plebiscito se o terceiro mandato é uma boa. No Senado, o governo só engorda sua bancada de senadores sem voto — suplentes que assumem a vaga dos titulares. De um total de 81 senadores, 16 (quase 20%) são suplentes.

Em menos de um mês, o governo ganhou dois senadores. Para cuidar da saúde, saiu de cena Maria do Carmo Alves (DEMSE). É mãe de empresário enrolado com a Justiça. O suplente dela é do PSC. Com a saúde abalada, escafedeu-se Cícero Lucena (PSDB-PB), preso em 2005 sob a acusação de ter bancado licitações viciadas quando era prefeito de João Pessoa. O suplente dele é do PTB.

Restará o Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar o terceiro mandato ou a reeleição sem limites, golpe tentado sem sucesso por Hugo Chávez na Venezuela. É fato que a maioria dos ministros do STF foi nomeada por Lula.
Mas também o é que fatia expressiva deles não disfarça sua repulsa a mudança de tal porte na Constituição.

(Êpa! Quase caí na armadilha do governo, esquecendo o dossiê que Dilma chama de “banco de dados”.Restam-me poucas linhas.)

Quem se habilita?

Procura-se funcionário da Casa Civil que tope ser a estrela da mais nova produção do governo Lula: “Aloprados — O Retorno”.

Exigências: que convença no papel daquele que montou e vazou o dossiê sobre despesas sigilosas do casal FHC. E que depois se cale para sempre. Em troca, garante-se proteção jurídica. E renda oculta que o permita viver sem sobressaltos. Waldomiro Diniz, o ex-assessor da Casa Civil que tentou extorquir um bicheiro, escapou impune e vai bem, obrigado. Delúbio Soares, um dos cérebros do mensalão, prepara sua candidatura a deputado federal. O que não dá mesmo é para Dilma continuar sob suspeita de também ser mãe do dossiê.

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Fernando Silva
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Re: dilma responde

Mensagem por Fernando Silva »

"O Globo" 07/04/08

Salvo-conduto para a impunidade

CARLOS ALBERTO DI FRANCO

O governo do presidente Lula, afirmativo nas políticas sociais e sensato na condução da economia, tropeça, mais uma vez, no comportamento ético. O episódio do dossiê contra FHC, guardadas as devidas proporções, lembra o manual de procedimentos aéticos adotados em passado não distante. A quebra do sigilo do caseiro e a ação dos aloprados na montagem do dossiê anterior, por exemplo, têm coisas que dão ao novo capítulo a sensação de novela já vista: versões sucessivas e contraditórias, transferência de responsabilidades e, ao fim e ao cabo, cinismo exemplar. Relembremos o caso.

Multiplicaram-se as versões do governo, seguindo rigorosamente o mesmo receituário das crises anteriores. Reportagem da revista “Veja”, confirmando o que o jornal "O Estado de S.Paulo” já antecipara no dia 19 de fevereiro, informa que o governo preparou um dossiê, de 13 páginas, sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

O governo, como sempre, reage com aparente indignação. A Casa Civil divulgou nota na qual ameaça processar a revista pela divulgação de dados considerados sigilosos e afirma que a revista “mente” e “manipula” informações. O texto da Casa Civil nega a existência de um dossiê contra a oposição e afirma que o trabalho feito atende a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e informa que abriria sindicância para apurar o vazamento das informações.

O TCU, no entanto, afirma que não pediu informações à base de dados do Planalto. O ministro da Justiça, Tarso Genro, faz que não entendeu e insiste: “Não existe dossiê. O que existe é um trabalho que está sendo feito pela Casa Civil, a pedido do TCU e na expectativa da CPI, para oferecer dados que podem ser requisitados pela CPI.” O governo arma uma estratégia para impedir a convocação da ministra Dilma Rousseff pela CPI do Cartão Corporativo. A convocação é derrotada pela maioria governista.

Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” afirma que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, montou o suposto dossiê. A Casa Civil divulga nota na qual abandona a tese de que fez um levantamento dos dados a pedido do TCU. Afirma, agora, que os dados foram pinçados de uma base de dados que está sendo digitada. Nega que Erenice tenha mandado fazer o dossiê. O ministro da Justiça, Tarso Genro, atribui o episódio a um “debate político-institucional” entre governo e oposição.

O presidente Lula, seguindo o padrão adotado em ocasiões análogas, apóia os envolvidos e atribui tudo ao ódio da oposição e ao negativismo das elites. Assim foi com os protagonistas do maior espetáculo de corrupção da História deste país. E assim será com os coadjuvantes do novo capítulo da novela aética. Surfando, tranqüilo, numa onda de 55% de aprovação, índice sem dúvida impressionante, o intuitivo presidente confia na força do seu taco. E é aí que Sua Excelência se engana e, ademais, presta imenso desserviço à democracia e à sua própria biografia.

O país, queiram ou não os seus políticos e governantes, vai ser passado a limpo. É uma questão de tempo. O Supremo Tribunal Federal (STF), integrado por magistrados competentes e com um nome a zelar, não brincará com a denúncia do procurador-geral da República contra os quadrilheiros do mensalão. Denúncia, aliás, referendada pelo brilhante relatório do ministro Joaquim Barbosa.

A economia, em qualquer país, sempre teve influência significativa nos humores eleitorais. Pode ser, muitas vezes, um salvo-conduto para a impunidade.
Mas tal distorção tem seu prazo de validade. Não se constrói uma grande nação de costas para a ética.

Um presidente da República com 55% de aprovação, mas leniente com casos de corrupção e tolerante com patentes desvios éticos de seus subordinados, é tão perigoso quanto a força bruta de uma tropa de choque. Se os princípios não valem, valerá a vontade do príncipe.É só uma questão de tempo.

CARLOS ALBERTO DI FRANCO é diretor do Master em Jornalismo.

Trancado