Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

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Re: Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

Mensagem por Apo »

Johnny escreveu:Mas peralá APO. Sergipe não produz porra nenhuma. Mais um motivo para ser mais caro aqui já que farinha obedece preços internacionais. OU será que estou ficando retardado? em contrapartida, a gasolina aqui é a mais cara do país...


Deve haver subsídio por isto mesmo, não? Aqui a gente se ferra direto. Quem pode, pode, quem não pode compra um bode.

O preço do pão não é só farinha. Há outras variáveis embutidas.

Quanto tá a gasolina aí? A comum...
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spink
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Re: Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

Mensagem por spink »

A fome está à espreita nos EUA

CHRIS BRYANT
DO "FINANCIAL TIMES", EM WASHINGTON

Milhões de pobres americanos correm o risco de passar fome se os preços dos alimentos continuarem a subir e as agências de alimentos tiverem dificuldade em enfrentar a alta dos custos, a redução dos recursos e o aumento na demanda.
Mais e mais pessoas pobres nos EUA já estão recorrendo à beneficência e à ajuda do governo em sua luta para fazer frente aos custos crescentes dos alimentos e à alta das tarifas dos combustíveis. Na última semana o preço do arroz alcançou um novo pico, e algumas lojas estão limitando as compras atacadistas do grão.
Laurie True, diretora executiva da Associação de Programas da Califórnia para Mulheres e Crianças, disse que as agências locais estão relatando um aumento acentuado no número de novos cadastrados. "São pessoas que normalmente não pediriam ajuda à Previdência Social", disse ela.
O Escritório Orçamentário do Congresso previu que no próximo ano os americanos que recebem ajuda alimentar do governo chegarão a 28 milhões, o maior número desde que o programa de selos alimentares começou, mais de 40 anos atrás.
James Weill, presidente do Centro de Pesquisas e Ação Alimentares, disse que o número real provavelmente será muito maior, porque já chegara a 27,7 milhões em janeiro, um acréscimo de mais de 1,3 milhão de pessoas no último ano. Essa cifra não abrange todas as pessoas necessitadas, já que apenas cerca de 65% das pessoas que têm direito a pedir os selos de alimentação se candidatam a essa ajuda.
O impacto será sentido mais agudamente pelos 35 milhões de americanos -10,9% das famílias do país- que já enfrentam dificuldade em colocar comida suficiente na mesa todos os anos. Acredita-se que cerca de 11 milhões dessas pessoas tenham "segurança alimentar muito baixa", o que significa que algum membro de suas famílias passou fome por falta de dinheiro, segundo cifras governamentais de 2006.
Os responsáveis pelas campanhas de alimentação temem que a situação dos alimentos possa se deteriorar mais ainda se os negociadores na Câmara e no Senado não conseguirem fazer aprovar uma verba adicional de US$ 10 bilhões para os programas nacionais de assistência alimentar.
As medidas para ampliar as condições para que as pessoas possam candidatar-se a selos alimentares e para aumentar o estoque emergencial de alimentos estão contidas num projeto de lei agrícola no valor de US$ 288 bilhões que está parado há meses por divergências sobre aumentos no orçamento. Na semana passada, o Senado aprovou a extensão de uma semana da lei de 2002, para que as negociações continuem.
"Não sei o que faremos se a lei não for aprovada", disse Anne Goodman, diretora-executiva do Banco de Alimentos de Cleveland. "Já temos uma tragédia crescente aqui que está sendo exacerbada pela alta nos custos dos alimentos e combustíveis."
O custo dos alimentos que a população americana pobre tende a comprar vem subindo mais rapidamente que o dos produtos comprados por seus vizinhos mais ricos. Os preços dos alimentos tiveram alta média de 5,1% entre fevereiro de 2007 e fevereiro de 2008, mas o custo de uma cesta básica, usada como referência para os selos alimentícios, subiu 6,5% no mesmo período.
Bob Dolgan, porta-voz do Depósito Alimentar da Grande Chicago, disse que a alta dos preços dos alimentos está afetando "as pessoas que já vivem às margens, sobrevivendo mês a mês de seus salários".
Os espaços em que o governo não atua são preenchidos por uma rede de 200 bancos regionais de alimentos que distribuem comida a 30 mil igrejas e refeitórios beneficentes espalhados pelo país. O organismo que supervisiona a rede, America's Second Harvest (Segunda Colheita da América), estima que o número de pessoas que procuram sua ajuda aumentou 25% no último ano.
Cerca de 40% dos 13 milhões de adultos em idade economicamente ativa assistidos pela organização vêm de famílias em que pelo menos uma pessoa tem emprego, disse a diretora Vicki Escarra. "O rosto da pobreza e da fome mudou nos últimos anos. A idéia de que a fome atinge apenas os sem-teto é falsa."
Os recursos das agências alimentares estão apertados porque a alta dos preços dos combustíveis elevou os custos do transporte dos alimentos e também porque as doações, tanto públicas quanto privadas, começaram a diminuir. No passado o governo comprava grande quantidade de commodities agrícolas excedentes para respaldar os preços de mercado e os distribuía entre os bancos de alimentos. Com a alta dos preços nos últimos quatro anos, essas doações tiveram uma queda de 75%, deixando os bancos de alimentos em dificuldades.
"Os estoques estão bastante vazios neste momento", disse Lindsey Buss, presidente da organização de beneficência alimentar Martha's Table, em Washington. "Ao mesmo tempo em que a demanda aumenta, o custo para satisfazê-la também aumenta."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2804200809.htm
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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spink
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Re: Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

Mensagem por spink »

O comércio mais livre poderá encher a tigela de arroz do mundo

Tyler Cowen*

A alta nos preços dos alimentos representa a fome para milhões de pessoas e também a instabilidade política, como já se viu no Haiti, Egito e Costa do Marfim. Sim, a energia mais cara e o mau tempo devem ser considerados culpados em parte, mas a verdadeira questão é saber por que o ajuste não está sendo mais simples. Um grande problema é que o mundo não tem um comércio que baste em matérias-primas para alimentação.

O dano causado pelas restrições ao comércio é provavelmente mais evidente no caso do arroz. Embora o arroz seja a principal matéria-prima para metade do mundo, é altamente protegido e submetido à regulamentação. Apenas entre 5% a 7% da produção de arroz do mundo é negociada entre países; isso é extraordinariamente pouco para uma commodity agrícola.

Então, quando o preço sobe - na verdade, muitas variedades de arroz praticamente dobraram de preço desde 2007 - esse mercado bastante segmentado indica que o comércio com arroz não flui nos locais de demanda mais elevada.

O baixo rendimento com o arroz não é o principal problema. A Organização para Alimentos e Agricultura da ONU calcula que a produção global de arroz tenha aumentado em 1% no ano passado e diz que deve aumentar 1,8% este ano. Isso não é impressionante, mas não deveria provocar mortes pela fome.

O dado mais significativo é que durante o próximo ano o comércio internacional de arroz deve declinar em mais de 3%, quando deveria estar-se expandindo. O declínio é atribuído principalmente às recentes restrições sobre a exportação de arroz nos países produtores de arroz, como Índia, Indonésia, Vietnã, China, Camboja e Egito.

À primeira vista, parece compreensível, porque um país pode não querer enviar valiosas matérias primas para o exterior em uma época de necessidade. Apesar disso, os incentivos de prazo mais longo são contraproducentes.

Tais restrições à exportação indicam aos produtores agrícolas que suas safras são menos rentáveis exatamente quando são mais necessárias. Existe pouco incentivo ao plantio, colheita ou armazenagem de arroz suficiente - ou de qualquer outro plantio, por essa razão - como uma proteção contra os maus tempos.

Essa tendência de desvio das leis da oferta e procura também é aparente nas Filipinas, onde o governo está perseguindo e prendendo açambarcadores de arroz que, é claro, estão simplesmente armazenando arroz ante a possibilidade de chegarem tempos ainda mais difíceis.

Nos mercados de commodities não é raro que a elevada demanda cause acentuados aumentos de preços; no curto prazo, em geral, é difícil conciliar a nova demanda com os novos fornecimentos. A questão é saber se o suprimento e o comércio podem aumentar para compensar o aperto no mercado.

As restrições sobre o comércio de arroz trazem o risco de tornar permanentes a escassez e os preços elevados. As restrições às exportações ameaçam tornar o comércio e a produção de arroz em um jogo de compensações onde os ganhos de um país são conquistados à custa de outro. Isso dificilmente seria a melhor forma de se progredir em uma economia mundial que cresce rapidamente.

Essa falta de apoio ao comércio reflete uma tendência mais ampla e perturbadora. Uma crescente porcentagem da produção mundial, incluindo aquela para a agricultura, vem dos países pobres. No geral, isso é bom para os países ricos, que podem se concentrar na criação de outros bens e serviços, e para os países pobres, que estão produzindo mais riqueza. Mas pode desacelerar a velocidade do ajuste para as condições globais em transição.

Por exemplo, se cresce a demanda pelo arroz, os produtores agrícolas vietnamitas - que continuam cativos das duradouras regulamentações do comunismo - nem sempre têm condições de dar uma resposta rápida.

Eles não têm nem mesmo a liberdade completa de embarcar e comercializar o arroz dentro de seu próprio país.

Os países mais pobres também tendem a ser os mais protecionistas. Para piorar as coisas, cerca de metade do comércio global de arroz é controlado por conselhos estatais de caráter político.

A realidade é que grande parte da escassez atual em commodities, incluindo a que existe pelo petróleo, acontece porque cada vez mais a produção e o comércio ocorrem em países relativamente pouco eficientes e sem flexibilidade. Estamos acostumados ao tempo de resposta do Vale do Silício, mas quando se trata da produção de commodities, muitas das mais importantes instituições do exterior têm apenas um pé na era moderna. Em outras palavras, a mesa das commodities do mundo está longe de ser plana.

Muitos países pobres, incluindo alguns da África, poderiam estar produzindo muito mais arroz do que produzem agora. Os principais culpados por isso incluem a corrupção na cadeia de abastecimento de arroz, sistemas de irrigação mal planejados, estradas terríveis ou não existentes, instáveis direitos de propriedade, reformas agrícolas mal avaliadas e controles de preço sobre o arroz.

A capacidade de produção de arroz de um país depende não só de seu clima, mas também de suas instituições. Burma, agora Mianmar, já foi o principal exportador de arroz do mundo, mas agora é um país mal administrado e grande parte de sua população passa fome.

Claro, os países ricos são parcialmente culpados também. Japão, Coréia do Sul e Taiwan protegem os produtores nativos de arroz; também se verá o arroz sendo produzido na Espanha e na Itália, com a ajuda dos subsídios da União Européia e do protecionismo. Os Estados Unidos gastam bilhões em subsídios aos produtores domésticos de arroz.

No curto prazo, a existência desses produtores domésticos de arroz aponta para menos pressões sobre a demanda no mercado mundial, o que pode ser uma boa coisa. Mas de novo, os efeitos no longo prazo, são perniciosos.

A produção de arroz de baixo custo em países como a Tailândia não é voltada para o atendimento a uma demanda estrangeira mais elevada, como o seria em um mercado mais livre. Quando se precisa de mais arroz, a capacidade é limitada e é lento o fornecimento dos grãos. E o arroz protegido dos países ricos é simplesmente caro demais para aliviar a fome nos países muito pobres.

Recentemente tornou-se moda afirmar que, nessa época de turbulência nos mercados financeiros, os ensinamentos de Milton Friedman, voltados para o mercado, pertencem mais ao passado que ao futuro. A triste realidade é que quando se trata da produção de alimentos - sem dúvida a mais importante de todas as atividades humanas - as idéias de livre comércio de Friedman ainda não viram a luz do dia.

*Tyler Cowen é professor de economia na George Mason University.

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... u8426.jhtm
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Re: Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

Mensagem por Apo »

Com tudo isto, ainda vale salientar que o que se entende por "pobre" nos EUA é bem diferente do que aqui ou na África subsaariana.
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Aranha
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Re: Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

Mensagem por Aranha »

O ENCOSTO escreveu:
Johnny escreveu:
O ENCOSTO escreveu:
Insane_Boy escreveu:
waldon escreveu:O Brasil vai taxar, me parece, exportação de arroz, para diminuir exportação.


Se não o fizer vai ser suícidio. A argentina fez o mesmo com o trigo...
off: Poxa, logo o arroz que eu curto tanto.




Coitado do meu pais. Até quando?


???



Sendo o mais breve e didatico possivel:

O exemplo da Argentina não nos serve?

Lá eles fizeram a mesma coisa com outros produtos.

As consequencias aparecerão nos proximos anos, com a redução de areas plantadas com os tipos de produtos controlados pelo governo.

Pobre Brasil. Até quando?


- Primeiro, vai reduzir porque? - O público interno é suficiente para consumir tudo.

- Segundo, mesmo que não seja, Economia não é tudo, se o governo deixa faltar pão dentro de casa perde as eleições.

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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Johnny
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Re: Crise faz Wal-Mart restringir venda de arroz nos EUA

Mensagem por Johnny »

Apo escreveu:Quanto tá a gasolina aí? A comum...


R$ 2,40 a R$ 2,70 onde a de menor valor deve-se ficar "atento" :emoticon8:
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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