Foto: Divulgação

Há dez anos, cientistas previram que cerca de metade da matéria “comum” do universo feita de átomos, considerada perdida, existia sob a forma de gás de baixa densidade, preenchendo os amplos espaços entre as galáxias. Agora, essa “parte” perdida foi descoberta pela sonda XMM-Newton da Agência Espacial Européia (ESA).
Toda a matéria existente no universo é distribuída em uma estrutura semelhante a uma “teia”. Sobre esses densos “nós” da teia cósmica, encontram-se os grupos de galáxias. Os astrônomos acreditam que o gás de baixa densidade permeia os filamentos. Segundo as informações, esse gás atrasou algumas tentativas do passado para que isso fosse detectado.
No entanto, com a alta sensibilidade da sonda, foi possível encontrar as partes mais quentes da teia cósmica, o que pode auxiliar no estudo de sua evolução. De acordo com os cientistas, a previsão é de que o gás tivesse uma alta temperatura, que possibilitaria, inicialmente, a emissão de raios-X de baixa energia. Mas a baixa densidade dificulta uma observação mais precisa.
A descoberta se deu durante a observação de dois grupos de galáxias, Abell 222 e Abell 223, há 2.300 milhões de anos-luz da Terra. As imagens e o espectro do sistema apontaram uma ponta de gás quente que conectava ambos.
“O gás quente que observamos nessa ponte, ou filamento, é provavelmente a parte mais quente e densa desse gás difundido na teia cósmica, que, acreditamos, constitui cerca da metade da matéria bariônica do espaço”, afirmou Norbert Werner, da Organização de Pesquisa Espacial do Instituto de Pesquisa Espacial da Holanda.
Werner disse ainda que a descoberta é apenas o início e que para entender a distribuição da matéria contida na teia cósmica, é necessário observar mais sistemas como esse. O fato contribui, também, para a realização das missões espaciais e para o conhecimento exato do local de pesquisa, de agora em diante.