Acauan escreveu:Apo escreveu:Acauan, desejo sobremaneira saber em que fontes históricas bebes. Quero estudar sobre este assunto. Como saber qual o "estória" mais aproximada da realidade?
Apo,
Um dos motivos pelos quais farsantes como o Chiavenatto encontram tanta repercussão por aqui é que eles se aproveitam de um vácuo terrível que existe na divulgação da História do Brasil.
Como e onde professores ( que nos ensinavam - ou talvez ensinem ainda

) apreendiam conhecimento a respeito? O problema da falta de informação neste país parece ser uma herança maldita.
Os vestibulares de história do Brasil abordam esta parte da história baseados em que fontes?
Se tudo isto vem sendo renegado à nossos cidadãos desde o básico, passando pela preparação para o vestibular, então o país nunca tem acesso a informações históricas fiéis? Fico imaginando que apenas professores muito curiosos e amantes do assunto, contrariando currículos medíocres, tenham seus próprios livros, desconectados do que é mandado ensinar...Não que eu não saiba que isto sempre ocorreu ( inclusive com professores meus), mas este estado de coisas destruiria totalmente a validade dos cursos de História em nível de graduação e pós-graduação ( que são aqueles que darão aula e o ciclo maléfico se fecha em si mesmo). Lamentável.
Uma das coisas que me impressionaram em Buenos Aires foi a quantidade e tamanho das livrarias, mas principalmente a facilidade com que se encontrava várias biografias de qualquer grande personagem da história argentina.
Sim, o Brasil é atrasado culturalmente. Nossas livrarias são destinadas a lazer, café com amigos e lugar de circular socialmente. Não que livrarias do mundo moderno não tenham estas características agregadas ( isto é tendência mundial ), mas aqui esquecem da finalidade primeira: cultura de boa qualidade.
Tente encontrar na Siciliano, Saraiva ou Cultura uma biografia que preste de Caxias.
Encontram-se livros importados de boa qualidade, mas não de autores nacionais.
O que me leva a crer que o problema não está nas livrarias, e sim na qualidade de nossos historiadores e suas editoras. Em algum ponto isto começa.
Sobre a Guerra do Paraguai, por anos tive que recorrer a trabalhos universitários indicados por alguns amigos bem informados e às fontes militares, que eram um tanto hagiográficas quanto aos oficiais brasileiros, claro, e bastante parciais, claros, mas no geral muito precisas e bem documentadas.
Fontes militares costumam usar dados numéricos gerados internamente por suas divisões específicas, como cartografia, logística e outras que apóiam serviços de campo em geral. Historicamente falando, biografias de seus membros são compiladas de acordo com seus feitos, vida militar, campanhas e carreira. Mas tirando isto,há um componente ideológico fortíssimo. Temo pela montagem final entre dados e personalidades.
A carência só terminou com a publicação de "Maldita Guerra - Nova História da Guerra do Paraguai", do Doratioto, um trabalho de pesquisa exaustiva e baseado em fontes primárias documentadas e citadas uma a uma nas notas. Talvez a obra definitiva sobre o assunto e um golpe fatal no revisionismo sobre aquela guerra, espera-se.
Talvez eu leia. Mas sou cética quanto a isto. Em campo, muita coisa se perde, inclusive a própria história. Como eu sempre digo, metade se inventa e metade se omite.
O mais importante é que a noção geral seja dada pelo menos, num sentido mais perto do que representou, mesmo que alguns detalhes sejam aproximados. Disparates é que são criminosos.
Gracias.