Recessão nos EUA

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emmmcri
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Recessão nos EUA

Mensagem por emmmcri »

Longe de ser temporal, fraco Employment Report denota recessão por vir nos EUA

SÃO PAULO - "O Relatório de Emprego mostrou pegadas de um quadro recessivo por todo o seu conteúdo". A afirmação cabe à Sherry Cooper, economista-chefe do BMO Capital Markets. Divulgado nesta sexta-feira (6), o indicador registrou a quinta perda consecutiva mensal de postos de trabalho nos EUA, aviltando as tensões em torno da maior economia do mundo.

Segundo os números apresentados ao mercado, 49 mil vagas de trabalho foram perdidas em maio, número alarmante, ainda que abaixo das expectativas dos analistas, que giravam em torno de uma retração de 60 mil postos. Entretanto, o principal destaque negativo do indicador ficou por conta da taxa de desemprego de 5,5% mensurada, maior patamar desde fevereiro de 1986.

Para Gustavo Gorski, economista-chefe da Geração Futuro, o resultado pode ser explicado com base na maior procura dos norte-americanos por emprego, tendo em vista o aperto no orçamento familiar, devido, entre outros fatores, à inflação crescente e a crise imobiliária. A visão é compartilhada pelos analistas da Merrill Lynch.

Para a equipe do banco de investimentos, o cenário no mercado de trabalho norte-americano foi agravado pela corrente de estudantes em busca de rendimentos na temporada de verão no Hemisfério Norte. "O número de jovens ativamente à caça por um emprego cresceu em maio a uma taxa não vista desde 1992", observam os analistas.

Iminência da tão temida recessão

O indicador teve impacto imediato sobre o desempenho dos mercados nesta sexta-feira, aprofundando o movimento de queda já apresentado pelas principais bolsas do mundo. E se depender dos próximos Employment Reports, o clima deve continuar negativo. "O mercado de trabalho deve continuar na sarjeta por certo tempo", polemiza Cooper.

Por sua vez, Gorski pondera que, em contrapartida, a produtividade do trabalhador norte-americano, temeroso de perder o seu emprego em tempos tão difíceis, vem aumentando, o que explica a relativa estabilidade nos números do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA até então.

"Mas uma deterioração dos dados se aproxima e as expectativas para um PIB negativo no segundo trimestre crescem cada vez mais", afirma. Ou seja, a confirmação do tão temido quadro recessivo.

"Qualquer um que acredite que os números apresentados não são consistentes com a iminência de uma recessão, expressiva ou amena, definitivamente pertence ao time dos novos paradigmistas", afirmam os analistas da Merrill Lynch.

Aperto monetário descartado

Desta forma, projeções de altas na Fed Funds Rate, até então predominantes no mercado, são descartadas pelo banco, que acredita que a deterioração no mercado de trabalho mitigue, com o tempo, um maior repasse de preços ao consumidor final.

"Nós acreditamos que as chances de um aperto monetário norte-americano neste ano ou no próximo sejam mínimas", prevê a equipe da Merrill Lynch, desafiando perspectivas dos analistas.

http://economia.uol.com.br/ultnot/infom ... 12240.jhtm
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
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Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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Fernando Silva
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Re: Recessão nos EUA

Mensagem por Fernando Silva »

Já houve recessões muito mais graves nos EUA, como a de 1929, e eles deram a volta por cima e se tornaram a maior potência mundial.
Pode ser que eles um dia entrem numa decadência da qual não se recuperem, mas acho que ainda não é desta vez.
Na verdade, espero que não, pois dependemos deles para muita coisa.

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spink
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Re: Recessão nos EUA

Mensagem por spink »

A falência das metas de inflação JOSEPH E. STIGLITZ


Os bancos centrais formam um fechado clube, dado a manias e modismos. No início dos anos 80 sucumbiram ao encanto do monetarismo, teoria econômica simplista de Milton Friedman.

Depois que o monetarismo caiu em descrédito — com elevado custo para os países que o adotaram — começou a busca de um novo mantra.

A resposta veio na forma do regime de metas de inflação, segundo o qual sempre que os preços sobem acima de determinado nível os juros devem ser elevados. A receita se baseia em rala teoria econômica ou evidência empírica; não há razão para esperar que, qualquer que seja a fonte de inflação, a melhor resposta seja elevar os juros.

Espera-se que a maioria dos países tenha o bom senso de não implementar esse regime; minha simpatia vai para os infelizes cidadãos daqueles que já o fizeram. Entre eles Brasil, Israel, República Tcheca, Polônia, Chile, Colômbia, África do Sul, Tailândia, Coréia do Sul, México, Hungria, Peru, Filipinas, Eslováquia, Indonésia, Romênia, Nova Zelândia, Canadá, Reino Unido, Suécia, Austrália, Islândia e Noruega.

O regime de metas (inflation targeting) está sendo testado — e quase certaminoria, situamente falhará. Países em desenvolvimento enfrentam taxas mais altas de inflação, não devido a problemas na política macroeconômica, mas porque os preços da energia e dos alimentos estão em alta, e estes itens pesam muito mais no orçamento doméstico do que nos países ricos. Na China, a inflação se aproxima dos 8% ao ano. No Vietnã, deverá chegar a 18,2% este ano, e na Índia está em 5,8%. Em contraste, a inflação nos EUA se mantém em 3%. Isto quer dizer que esses países em desenvolvimento deveriam subir suas taxas de juro muito mais do que os EUA? A inflação nesses países é, na maior parte, importada. Elevar os juros não terá muito impacto no preço internacional dos grãos ou do combustível. Dado o tamanho da economia americana, uma desaceleração ali teria provavelmente efeito muito maior nos preços globais do que uma num país em desenvolvimento.

O que sugere que os juros nos EUA é que deveriam ser elevados.

Enquanto os países em desenvolvimento permanecerem integrados à economia global — e não tomarem medidas para restringir o impacto interno dos preços internacionais — o custo doméstico do arroz e de outros grãos deverá subir sensivelmente quando os preços internacionais o fizerem. Para muitas nações em desenvolvimento, preços elevados de combustíveis e alimentos representam uma ameaça tripla: não só terão de pagar mais pelos grãos, como para levá-los aos portos e depois aos consumidores que vivem no interior.

Elevar as taxas de juros pode reduzir a demanda agregada, o que por sua vez pode desacelerar a economia e domar aumentos de alguns bens e serviços.

Mas, a menos que sejam levadas a um nível intolerável, essas medidas não conseguem derrubar a inflação aos níveis projetados. Por exemplo, mesmo se o custo da energia e dos alimentos aumentar a um ritmo mais moderado do que agora — 20% anuais — e isso se refletir nos preços internos, fazer a inflação baixar a, digamos, 3% iria requerer quedas sensíveis em outros itens. Isto certamente levaria a uma desaceleração econômica e a aumento do desemprego.

A cura seria pior que a doença.

O que fazer? Precisamos reconhecer que preços elevados podem causar enorme estresse, principalmente para famílias de baixa renda. Revoltas e protestos em países em desenvolvimento são exemplo disso. Partidários da liberalização comercial cantavam suas vantagens, mas nunca eram totalmente honestos sobre os riscos. Há mais de um quarto de século, mostrei que, sob condições plausíveis, liberalização comercial poderia deixar todos em pior situamente ção. Não defendia o protecionismo, mas avisava que devíamos ter em conta os riscos da desaceleração.

Na agricultura, os EUA e a União Européia isolam produtores e consumidores desses riscos. Mas a maioria dos países em desenvolvimento não tem estrutura ou recursos para fazer o mesmo.

Muitos estão impondo medidas de emergência, como taxar ou proibir exportações, o que ajuda seus cidadãos, às custas daqueles em outros lugares.

Se quisermos evitar um retrocesso ainda maior da globalização, o Ocidente precisa responder rápida e fortemente.

Devem ser repelidos subsídios a biocombustíveis que estimulam o uso da agricultura para fins energéticos.

Alguns dos bilhões gastos para subsidiar ruralistas no Ocidente deveriam ser usados para ajudar os países pobres a satisfazerem suas necessidades básicas de alimento e energia.

Tanto nações pobres quanto desenvolvidas devem deixar de lado o regime de metas de inflação. A desaceleração da economia causada por ele apenas tornará mais penoso o desafio de sobreviver nessas condições.

http://arquivoetc.blogspot.com/2008/06/ ... eph-e.html
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Acauan
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Re: Recessão nos EUA

Mensagem por Acauan »

REVISTA VEJA, edição 2064, 11 de junho de 2008

Internacional
OS SÉCULOS AMERICANOS

Japão, nos anos 70, Europa, nos 90, e, agora, China.
Eles desbancariam os Estados Unidos. A verdade é que a hegemonia dos EUA não tem data para terminar


Giuliano Guandalini

A história das decadências americanas está confinada aos best-sellers. Nos anos 70, o perigo vinha do outro lado do mundo e foi propagado pelo livro Japão, Como Número 1 – Lições para a América, de Ezra Vogel. Nos anos 90, o papel de anunciar o fim da hegemonia econômica nas livrarias ficou por conta do economista Lester Thurow com seu Cabeça a Cabeça, narrativa então levada a sério sobre como a Europa engoliria a economia americana, risco elevado pelo autor à mesma categoria da ameaça representada na Guerra Fria pela União Soviética. Mais recentemente, as notícias da decadência inevitável dos Estados Unidos saltaram para os jornais das páginas de outro best-seller, Colosso: Ascensão e Queda do Império Americano. Fala-se em mundo multipolar e aponta-se agora a China como a sucessora dos Estados Unidos na liderança do planeta. Prevê-se que até 2020 o PIB chinês terá alcançado o americano. Isso pode vir mesmo a ocorrer, embora projeções sejam por natureza apenas a amplificação no tempo de uma realidade atual que pode ou não se materializar. A liderança mundial não se dá somente pela pujança econômica, mas pela superioridade intelectual, moral, política, cultural, tecnológica e científica. Isso não se constrói apenas enchendo contêineres com badulaques produzidos com mão-de-obra escrava e vendidos a preço de banana nas feiras de desconto do mundo.

Quando se examina, por exemplo, o sucesso popular da candidatura do negro Barack Hussein Obama, a superioridade moral dos Estados Unidos se projeta. Os negros, lembre-se, com apenas 13% da população, são minoria no país. As multidões que Obama mesmeriza com seus discursos – em que escolhe bem as palavras para não se elitizar muito, e não o contrário – são predominantemente formadas pela maioria branca. Para capturar a grandeza da situação, imaginemos um candidato concorrendo às eleições presidenciais, digamos, no Irã cujo nome fosse Robert Stewart Spencer, que houvesse estudado em uma escola católica e seu pai tivesse nascido em Israel. Obama é um fenômeno de reinvenção da democracia americana, um bálsamo para as feridas abertas pelo presidente que sai no início do próximo ano, George W. Bush. Embora o júri da história ainda esteja reunido para o julgamento de Bush, a realidade de seu governo, uma mistura de virtude, miopia e força bruta, não foi bem assimilada pelos americanos e pelos cidadãos de todo o mundo. No discurso de aceitação de sua candidatura, feito em julho de 1960, o ex-presidente John Kennedy debruçou-se sobre essa capacidade de regeneração da democracia. "Depois de (James) Buchanan, esta nação precisou de (Abraham) Lincoln; depois de (William Howard) Taft, nós precisamos de (Woodrow) Wilson; depois de Herbert Hoover, nós precisamos de Franklin Roosevelt – e depois de oito anos de narcolepsia a nação precisa de uma liderança forte e criativa na Casa Branca." Nessa linha de raciocínio, em que a herança de presidentes desastrosos precisa ser endireitada por um sucessor mais preparado, depois de Bush os Estados Unidos teriam muito a ganhar com Barack Obama. Não é difícil melhorar se se toma como válido para todo o mundo o diagnóstico da política de Bush para o Oriente Médio feito pelo analista Aaron David Miller: "A equipe de Bush, em oito anos, conseguiu colocar os Estados Unidos na posição inédita de ‘não ser admirados, temidos nem respeitados’".

A crítica planetária atual em relação aos americanos vai de sua resistência em abrir mão de subsídios agrícolas ao seu descompromisso diante das questões ambientais. "Reverter a atitude de Bush de simplesmente manter a cabeça enfiada na terra diante do aquecimento global é, talvez, a mais importante tarefa do próximo governo", afirmou o professor de Harvard Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). A administração Bush poderá ser lembrada como aquela que nunca fez tão pouco com tanto. Os Estados Unidos dispõem das melhores universidades do mundo, são campeões disparados em cientistas premiados com o Nobel, registram mais patentes do que todos os seus concorrentes diretos somados. Com um PIB de 14 trilhões de dólares, mesmo que eles cresçam apenas 1%, estaremos falando de um Chile por ano sendo agregado à riqueza do país.

No momento, o país luta para escapar da recessão. O estouro da bolha imobiliária desarticulou as finanças do país. A taxa de desemprego subiu para 5,5% e há 8,5 milhões de pessoas sem trabalho. Um número crescente de famílias enfrenta dificuldades para honrar seus financiamentos imobiliários. Existe 1,3 milhão de casas à venda no país porque seus antigos donos deixaram de pagar as hipotecas. A inflação subiu de patamar, entre outros fatores, por causa do petróleo a cada dia mais caro e da dependência enorme que a economia dos Estados Unidos tem do combustível. "A economia americana não passa por um de seus melhores momentos. Uma mostra disso é que o dólar perdeu parte de seu encanto como reserva de valor", disse a VEJA o professor de Stanford Mike Spence, prêmio Nobel de Economia de 2001. "O governo terá de diminuir o déficit fiscal e elevar a taxa de poupança, para que assim seja reduzido o saldo negativo nas contas externas."

Em outras palavras, se o rombo nos déficits gêmeos (nas contas externas e internas) não for estancado, a moeda americana tenderá a perder mais ainda seu valor. Pode também, e isso seria mais sério, perder seu papel de referência nas transações comerciais mundiais. Mas, em comparação com encruzilhadas que outras nações e os próprios Estados Unidos enfrentaram no passado, a crise atual é contornável com os recursos e instrumentos de política econômica de que o país dispõe. Acima de tudo, os americanos mantêm o seu espírito empreendedor e arrojado, calcado na livre iniciativa, na democracia e no império da lei. Essas virtudes continuam inabaláveis e independem do que pensam seus presidentes. Enquanto essa situação perdurar, a decadência americana vai ficar confinada à prateleira de best-sellers das livrarias.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Recessão nos EUA

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Uai indio veio, que raio de texto e esse que voce arrumou?

Apesar do primeiro paragrafo declarar algumas verdades quase irretocaveis, vemos nos seguintes a verdadeira intencao de desinformacao do seu autor: declarar o picareta do Barack Obama como messias da verdadeira democracia e prosperidade americana.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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mig r
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Re: Recessão nos EUA

Mensagem por mig r »

Contra a recessão, basta o bom e velho espírito yankee.

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DIG
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Re: Recessão nos EUA

Mensagem por DIG »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Apesar do primeiro paragrafo declarar algumas verdades quase irretocaveis, vemos nos seguintes a verdadeira intencao de desinformacao do seu autor: declarar o picareta do Barack Obama como messias da verdadeira democracia e prosperidade americana.



Coisas da Veja, pegando embalo na obamania...

Digamos que de 1s tempos pra cá a Veja entrou em decadência e passou a não se levar muito a sério.
Quando era moda puxar o saco do "presidenti du povu" ela fazia capinhas escrotas como "Triunfo Histórico: o 1º presidente de origem popular", e etc, como se isso o classificasse como 1 "grande lider" ou coisa que o valha, e fazia editorial sobre a oposição com títulos de "Da até Pena!".
Posteriormente, quando as falcatruas do Lulladrão foram expostas à carne viva, ela pegou carona no mais-que-justificável descontentamento popular antilulista, da mesmíssima forma (engraçado que só aí que as esquerdinhas passaram a melindrar contra a Veja...mas ok, pelo mesmo critério elas acham a Cartilha Estatal 1 boa revista...).





Fora os jornalistas dela não entenderem que uma matéria de revista não é exatamente 1 coluna de revista, onde eles poderiam enfiar tranquilamente as suas opiniões pessoais nas análises. Atualmente a unica coisa que presta naquela decadência de revista é o Pompeu de Toledo (bonzinho até...)e o Mainardi (troll assumido engraçadíssimo).

Trancado