Reencontrando Marx
- Jack Torrance
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Reencontrando Marx
Reencontrando Marx
Ademar Pereira dos Reis Filho
O sistema econômico mundial atravessa um momento muito difícil. Não se trata de um período puramente recessivo, mas, sim, de um caso típico de falta de credibilidade do mercado no próprio mercado que, por sinergia, contamina todo o sistema. Com a globalização, os problemas passaram a ter dimensões globais - guerras, governos instáveis, políticas equivocadas, fraudes contábeis, divergências religiosas, desenvolvimento tecnológico, meio ambiente são algumas das variáveis que compõem uma complicada equação, ou melhor, um grande quebra-cabeça que ainda não foi montado pela humanidade. O capitalismo e suas crias passaram a pulverizar investimentos em vários países, sobretudo naqueles onde a economia não estava madura. Assim, os países em desenvolvimento ou “emergentes” tornaram-se os preferidos na briga pela conquista de novos e rentáveis mercados. Infelizmente, na busca de novos mercados em desenvolvimento, o capitalismo enxergou apenas o oásis, ou seja, o grande e promissor mercado de consumo. O deserto, composto pelos infinitos problemas econômicos, sociais e políticos desses mercados emergentes, apesar de toda sua imensidão, passou despercebido.
Só é possível para um país desenvolver-se se houver um processo de ampliação das possibilidades de escolha e de desenvolvimento de sua população. O desenvolvimento de um povo exige investimentos em educação, saúde, alimentação e bem-estar social. Esses investimentos foram retirados da pauta das políticas públicas de desenvolvimento diante da imposição do discurso neoliberal. O desenvolvimento para o povo demanda possibilidades de renda e de trabalho para todos, afim de que se consiga, pelo menos, um modesto padrão de vida. O capitalismo errou ao pensar que poderia chegar ao oásis sem construir, gradativamente, uma trilha segura pelo deserto. Seria muito mais lucrativo para o capitalismo se parte de sua riqueza acumulada fosse investida na promoção do desenvolvimento social dos países emergentes ou em situação de subdesenvolvimento. Em 1696, o economista inglês John Bellers, um dos precursores da teoria do trabalho escreveu: “Um homem poderia muito bem possuir 100 mil alqueires de terra e ainda muito dinheiro e cabeças de gado; o que seria deste homem rico sem o trabalhador, senão um próprio trabalhador? E já que são os trabalhadores que enriquecem as pessoas, haveria tanto mais ricos quanto mais trabalhadores houvesse... O trabalho do pobre é a mina do rico.”
Bellers produziu um texto precioso e preciso, assim como foi precisa a avaliação feita por Marx em sua obra “O Capital”: “A acumulação da riqueza num pólo é, conseqüentemente, ao mesmo tempo, acumulação de miséria, sofrimento no trabalho, escravidão, ignorância, brutalidade, degradação mental no pólo oposto, quer dizer, no lado da classe que produz seu produto na forma de capital”. Logo, a acumulação significa aumento do proletariado. Em economia, proletariado é sinônimo de assalariado que produz capital e que é colocado na rua quando não é mais útil. O interessante é que o capitalismo vem sendo avisado, há quase três séculos, que não faz sentido aumentar o abismo existente entre aqueles que concentram riqueza e os que precisam apenas de um trabalho, pois, em última análise, o capitalismo é um dependente compulsivo de dinheiro, de renda e, obviamente, só há renda quando há trabalho. Recentemente, constatou-se aumento das taxas de desemprego em todo o mundo. Em outras palavras, o “exército de reserva” cresceu assustadoramente sem escolher uma pátria ou uma região específica do globo, não poupando sequer os grandes berços do capitalismo.
Reencontrar Marx faz com que o deserto seja exposto. Desta forma, aqueles que preferem ver somente o oásis evitam reencontrá-lo. Talvez reler Marx hoje seja mais fácil, uma vez que não é mais preciso vincular o seu nobre ideal socialista a escrotos ditadores comunistas que por tanto tempo sufocaram vários países. Hoje, é possível avaliar as preocupações presentes no pensamento marxista sem o temor de ir parar no inferno, visto que o inferno parece estar se instalando em território capitalista. Penso que se Marx ainda estivesse vivo, certamente preferiria não ser testemunha da morte lenta de um sistema que, mesmo agonizante, é capaz de destruir tantos sonhos...
ADEMAR PEREIRA DOS REIS FILHO
Professor universitário
http://www.diarioweb.com.br/artigos/bod ... icia=21604
Ademar Pereira dos Reis Filho
O sistema econômico mundial atravessa um momento muito difícil. Não se trata de um período puramente recessivo, mas, sim, de um caso típico de falta de credibilidade do mercado no próprio mercado que, por sinergia, contamina todo o sistema. Com a globalização, os problemas passaram a ter dimensões globais - guerras, governos instáveis, políticas equivocadas, fraudes contábeis, divergências religiosas, desenvolvimento tecnológico, meio ambiente são algumas das variáveis que compõem uma complicada equação, ou melhor, um grande quebra-cabeça que ainda não foi montado pela humanidade. O capitalismo e suas crias passaram a pulverizar investimentos em vários países, sobretudo naqueles onde a economia não estava madura. Assim, os países em desenvolvimento ou “emergentes” tornaram-se os preferidos na briga pela conquista de novos e rentáveis mercados. Infelizmente, na busca de novos mercados em desenvolvimento, o capitalismo enxergou apenas o oásis, ou seja, o grande e promissor mercado de consumo. O deserto, composto pelos infinitos problemas econômicos, sociais e políticos desses mercados emergentes, apesar de toda sua imensidão, passou despercebido.
Só é possível para um país desenvolver-se se houver um processo de ampliação das possibilidades de escolha e de desenvolvimento de sua população. O desenvolvimento de um povo exige investimentos em educação, saúde, alimentação e bem-estar social. Esses investimentos foram retirados da pauta das políticas públicas de desenvolvimento diante da imposição do discurso neoliberal. O desenvolvimento para o povo demanda possibilidades de renda e de trabalho para todos, afim de que se consiga, pelo menos, um modesto padrão de vida. O capitalismo errou ao pensar que poderia chegar ao oásis sem construir, gradativamente, uma trilha segura pelo deserto. Seria muito mais lucrativo para o capitalismo se parte de sua riqueza acumulada fosse investida na promoção do desenvolvimento social dos países emergentes ou em situação de subdesenvolvimento. Em 1696, o economista inglês John Bellers, um dos precursores da teoria do trabalho escreveu: “Um homem poderia muito bem possuir 100 mil alqueires de terra e ainda muito dinheiro e cabeças de gado; o que seria deste homem rico sem o trabalhador, senão um próprio trabalhador? E já que são os trabalhadores que enriquecem as pessoas, haveria tanto mais ricos quanto mais trabalhadores houvesse... O trabalho do pobre é a mina do rico.”
Bellers produziu um texto precioso e preciso, assim como foi precisa a avaliação feita por Marx em sua obra “O Capital”: “A acumulação da riqueza num pólo é, conseqüentemente, ao mesmo tempo, acumulação de miséria, sofrimento no trabalho, escravidão, ignorância, brutalidade, degradação mental no pólo oposto, quer dizer, no lado da classe que produz seu produto na forma de capital”. Logo, a acumulação significa aumento do proletariado. Em economia, proletariado é sinônimo de assalariado que produz capital e que é colocado na rua quando não é mais útil. O interessante é que o capitalismo vem sendo avisado, há quase três séculos, que não faz sentido aumentar o abismo existente entre aqueles que concentram riqueza e os que precisam apenas de um trabalho, pois, em última análise, o capitalismo é um dependente compulsivo de dinheiro, de renda e, obviamente, só há renda quando há trabalho. Recentemente, constatou-se aumento das taxas de desemprego em todo o mundo. Em outras palavras, o “exército de reserva” cresceu assustadoramente sem escolher uma pátria ou uma região específica do globo, não poupando sequer os grandes berços do capitalismo.
Reencontrar Marx faz com que o deserto seja exposto. Desta forma, aqueles que preferem ver somente o oásis evitam reencontrá-lo. Talvez reler Marx hoje seja mais fácil, uma vez que não é mais preciso vincular o seu nobre ideal socialista a escrotos ditadores comunistas que por tanto tempo sufocaram vários países. Hoje, é possível avaliar as preocupações presentes no pensamento marxista sem o temor de ir parar no inferno, visto que o inferno parece estar se instalando em território capitalista. Penso que se Marx ainda estivesse vivo, certamente preferiria não ser testemunha da morte lenta de um sistema que, mesmo agonizante, é capaz de destruir tantos sonhos...
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“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”
“Homem de preto qual é sua missão? Entrar pelas favelas e deixar corpo no chão! Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o Satanás!”
Soldados do BOPE sobre BOPE
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Re: Reencontrando Marx
Ainda bem que já me formei faz tempo...
Mas também tive professor crente fundamentalista. Eram tanto de direita quanto de esquerda.Ignorei todos.

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- Jack Torrance
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Re: Reencontrando Marx
O autor do texto é meu professor de Economia I.
Ele defende uma coisa parecida com a do André, meio que uma melhor distribuição de renda, e toda parte social que deveriamos ter (coisa que todo mundo defende, independente da orientação política).
O que ele fala sobre Marx é a idéia de melhor condição sócio-econômica entre os homens, não pregando o socialismo ou comunismo.

Ele defende uma coisa parecida com a do André, meio que uma melhor distribuição de renda, e toda parte social que deveriamos ter (coisa que todo mundo defende, independente da orientação política).
O que ele fala sobre Marx é a idéia de melhor condição sócio-econômica entre os homens, não pregando o socialismo ou comunismo.
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”
“Homem de preto qual é sua missão? Entrar pelas favelas e deixar corpo no chão! Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o Satanás!”
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Re: Reencontrando Marx
Jack Torrance escreveu:O autor do texto é meu professor de Economia I.![]()
Ele defende uma coisa parecida com a do André, meio que uma melhor distribuição de renda, e toda parte social que deveriamos ter (coisa que todo mundo defende, independente da orientação política).
O que ele fala sobre Marx é a idéia de melhor condição sócio-econômica entre os homens, não pregando o socialismo ou comunismo.
Sei...


- Jack Torrance
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Re: Reencontrando Marx
Eu li uma vez só na sala de aula. O que eu falo é da idéia que ele passa (o professor). Sem contar que ele odeia o socialismo e comunismo que tivemos no mundo (Rússia, China, Cuba, etc.) e não demonstra simpatia por uma nova tentativa. E, como todos, adora o sistema europeu de bem-estar social.
“No BOPE tem guerreiros que matam guerrilheiros, a faca entre os dentes esfolam eles inteiros, matam, esfolam, sempre com o seu fuzil, no BOPE tem guerreiros que acreditam no Brasil.”
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Re: Reencontrando Marx
O "sistema europeu" pode ser empregado em qualquer lugar. Até no Sudão.
Até porque todo mundo sabe que, na Europa, de uma hora para outra, começaram a pensar: "vamos construir umas multinacionais, levantar vários hospitais com tecnologia de ponta, asfaltar e duplicar todas as estradas e, principalmente, pagar altos salarios e instituir uma jornada de trabalho de 20h. por semana".
Acho que falta esse tipo de pensamento no resto do mundo.
Até porque todo mundo sabe que, na Europa, de uma hora para outra, começaram a pensar: "vamos construir umas multinacionais, levantar vários hospitais com tecnologia de ponta, asfaltar e duplicar todas as estradas e, principalmente, pagar altos salarios e instituir uma jornada de trabalho de 20h. por semana".
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O ENCOSTO
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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- Jack Torrance
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Re: Reencontrando Marx
O ENCOSTO escreveu:O "sistema europeu" pode ser empregado em qualquer lugar. Até no Sudão.
Até porque todo mundo sabe que, na Europa, de uma hora para outra, começaram a pensar: "vamos construir umas multinacionais, levantar vários hospitais com tecnologia de ponta, asfaltar e duplicar todas as estradas e, principalmente, pagar altos salarios e instituir uma jornada de trabalho de 20h. por semana".
Acho que falta esse tipo de pensamento no resto do mundo.
Não dá pra aplicar tudo de lá aqui bo Brasil ou no Sudão, mas algumas coisas sim; outras aos poucos quando alguns problemas forem resolvidos. Acho que no Brasil e no Sudão nunca isso irá acontecer: corrupção, mensalão, filha-da-putisse, e o diabo a quatro... Se duvidar o Sudão faz primeiro que o Brasil.
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Re: Reencontrando Marx
O ENCOSTO escreveu:O "sistema europeu" pode ser empregado em qualquer lugar. Até no Sudão.
Até porque todo mundo sabe que, na Europa, de uma hora para outra, começaram a pensar: "vamos construir umas multinacionais, levantar vários hospitais com tecnologia de ponta, asfaltar e duplicar todas as estradas e, principalmente, pagar altos salarios e instituir uma jornada de trabalho de 20h. por semana".
Acho que falta esse tipo de pensamento no resto do mundo.
Não, alguns países dos Emirados Árabes também pensam assim. Falta este tipo de mentalidade onde ainda brigam contra o capitalismo e negam que dinheiro atrai dinheiro e bem estar social e não o contrário.
Regimes de exceção é que precisam ser neutralizados e destruídos.
Só quero dar um aparte: quanto à carga horária. Não considero democrático que se reduza por lei a carga horária a estes níveis. Aqui cabe a vontade individual também. Quem quiser trabalhar 40 ou 60 horas por semana, que trabalhe. Trabalho para muitos não é escravidão, e sim uma meta de vida, prazer e desenvolvimento pessoal.

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Re: Reencontrando Marx
Jack Torrance escreveu:Eu li uma vez só na sala de aula. O que eu falo é da idéia que ele passa (o professor). Sem contar que ele odeia o socialismo e comunismo que tivemos no mundo (Rússia, China, Cuba, etc.) e não demonstra simpatia por uma nova tentativa. E, como todos, adora o sistema europeu de bem-estar social.
Então quem precisa ler o texto de novo sou eu.

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Re: Reencontrando Marx
E muito facil para qualquer mane dizer que "adora o sistema europeu de bem-estar social".
Mas essa afirmacao nao e muito diferente de dizer que adora o estilo de vida esbanjador dos multi-milionarios.
Os paises que tem esses carissimos (e muito menos eficientes e baratos para a populacao do que se pensa, sobretudo o "sistema de saude universal" da Franca) os tem porque eles tem como banca-los. A populacao produz muita riqueza per capta, gracas a poupanca e investimento de varias geracoes, e o Estado se apodera de parte dessa riqueza para distribuir na forma desses servicos.
Eles ficaram ricos para em seguida gastar muito.
Independente da eficiencia ou nao desses servicos, e fato que eles nao podem ser realizados antes de se ter como pagar por eles, e eles nao vao transformar nenhum pais em potencia.
E como se endividar para viver num padrao de vida que nao e seu. Nao funciona, e nao te torna mais rico.
Certos discursos, de que apenas lutando contra a corrupcao poderemos implementar essas benesses estatais todas, funcionam muito bem para a demagogia dos politicos, mas nao podem ser proferidos por individuos que se dizem economistas.
Um economista deve sempre ter em mente o conceito de escassez, e que usar recursos escassos para fazer certas coisas significa necessariamente os impedir de serem usados para fazer outras. O "Estado bem-feitor" consome muitos recursos para distribuir suas "benfeitorias", e por isso ele so pode existir onde esses recursos existem em maior abundancia. Para existirem em maior abundancia, precisam ser produzidos em maior quantidade, e isso, meu amigo, so se consegue atraves da poupanca e do investimento, e nao do consumo pelo Estado.
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Re: Reencontrando Marx
user f.k.a. Cabeção escreveu:Certos discursos, de que apenas lutando contra a corrupcao poderemos implementar essas benesses estatais todas, funcionam muito bem para a demagogia dos politicos, mas nao podem ser proferidos por individuos que se dizem economistas.
Nem vou me atrever a discutir um assunto que tenho tão pouco conhecimento.Quando eu citei, de maneira simplista, que uns dos passos é lutar contra a corrupção, quis dizer que com corrupção (tanta roubalheira e desvio de dinheiro) tornam as coisas mais difíceis. Não que de uma hora pra outra, ou até mesmo em algumas décadas a coisa irá mudar com o combate a corrupção, mas esse combate é um passo que precisa ser dado pras coisas começarem a melhorar.
Não sei qual é o índice de corrupção dos países europeus como a França e a Suécia, mas acredito que o combate à corrupção seja uma ferramente eficaz para chegar onde chegaram.
Não sei o porquê que nos EUA essa política não dá ou deu certo (se é que tentaram - não sei da história americana para dizer isso sem erros).
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Re: Reencontrando Marx
Que politica nao deu certo nos EUA? O Welfare? Nao entendi a colocacao...
Sobre combater a corrupcao, e obvio que ela deve ser combatida, mas ficar dizendo que e apenas isso que basta e fazer uma afirmacao muito facil que simplesmente serve para deslocar a atencao para os problemas estruturais das propostas defendidas.
O Brasil nao precisa apenas combater a corrupcao. Se quiser ter o padrao de vida europeu, o Brasil precisa ficar rico. Para ficar rico o Brasil precisa adotar politicas que aumentem a produtividade do trabalho e que nao sejam hostis ao investimento e a poupanca. E assim que se fica rico, e nao consumindo cada vez mais.
Lutar contra a corrupcao e apenas uma parte desse processo. A corrupcao e como um alcoolismo. Um individuo pobre e acoolatra precisa controlar seu alcoolismo para deixar de ser pobre. Mas se fizer so isso, nao vai bastar. Se ele nao trabalhar mais e de forma mais produtiva, se nao poupar e investir mais, e apenas usar o dinheiro das cachacas para gastar com outras coisas, vai continuar sendo pobre.
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Re: Reencontrando Marx
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Que politica nao deu certo nos EUA? O Welfare? Nao entendi a colocacao...
Talvez, por falta de conhecimento, eu não soube me expressar. É mais ou menos assim: os EUA é o país mais rico do mundo e, ao mesmo tempo, entre os país desenvolvidos, é o que mostra mais desigualdades. Não sei se existe uma relação entre riqueza e igualdade social na população.
Não sei quais são os parâmetros para indicar se tal país é rico. Sei que o Brasil é mais rico que muitos países desenvolvidos, mas tem um IDH menor. É uma situação parecida com a dos EUA: ambos são mais ricos que outros países e, ao mesmo tempo, tem um IDH menor que esses mesmos países.
Talvez não tenha nada a ver a relação que eu fiz, mas era, mais ou menos, isso o que eu queria dizer.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Lutar contra a corrupcao e apenas uma parte desse processo.
Foi mais ou menos o que que disse.
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Re: Reencontrando Marx
Calma, voce misturou as bolas.
O IDH e um indice calculado pela ONU que leva em consideracao a renda per capta, a taxa de analfabetismo e a expectativa de vida.
A priori, nao tem nada a ver com desigualdade. Um pais pode ser totalmente igualitario e ter um IDH muito ruim, basta que todos sejam pobres, analfabetos e morram cedo (o que e bem comum em paises pautados pelo igualitarismo).
Um pais e considerado rico se a produtividade per capta for alta em relacao aos demais. O trabalho medio de um americano ajuta muito mais valor que o trabalho medio de um congoles. Isso porque os EUA gozam de varias melhorias devidas ao alto indice de capitalizacao em termos de instalacoes industriais, infraestrutura de comunicacoes e transporte, capacitacao da forca de trabalho. Todo esse capital investido foi conseguido atraves da poupanca, ou seja, da abstencao do consumo imediato dos recursos disponiveis visando uma produtividade maior dos mesmos no futuro. Para que essa poupanca possa se realizar e o pais possa prosperar com o tempo, e necessario um ambiente institucional favoravel e estavel, o que inclui o combate a corrupcao e ao desperdicio, o que existe na America e inexiste no Congo.
Nao sera, portanto, um revolucionario congoles disposto a acabar com a corrupcao e a distribuir bem-feitorias para o povo capaz de tornar seu pais rico. Ele pode ate ser relativamente bem sucedido, mas tera que se deparar com uma realidade de escassez que deve-se ao fato do seu pais ter poupado e investido muito pouco, alem de ter consumido por vezes aquilo que foi investido e poupado nas guerras e nos governos gastadores e corruptos decorrentes do ambiente institucional instavel.
O Brasil nao e mais rico que muitos paises desenvolvidos. Ele e maior que varios deles, alem de dispor de recursos naturais em relativa abundancia. Contudo, em termos de capital investido e produtividade per capta, alem de ambiente institucional, estamos num meio termo entre o desenvolvimento da America e subdesenvolvimento do Congo.
Para se tornar rico, o Brasil precisa aumentar a produtividade per capta. Para isso, e necessario poupanca e investimento; que por sua vez demandam um ambiente institucional seguro.
As politicas de Welfare so funcionaram (ainda que discutivelmente e relativamente) nos paises Europeus porque eles ja eram ricos, no sentido que eu defini acima. As pessoas produzem muito, o Estado subtrai uma parte e devolve na forma de certos servicos. O ambiente institucional saudavel garante que esse processo ocorra com menos perdas, e que as pessoas usufruam dos servicos oferecidos.
Agora se as pessoas nao produzissem tanto, o Estado nao teria o que subtrair para depois devolver. Simples assim, um problema trivial de contabilidade. Voce tem que ter se quiser gastar. E nao e gastando que se tera.
E essa a realidade que e subvertida no discurso de politicos demagogos, assim como no de certos "economistas". Nao da para defender o modelo Europeu quando somos mais pobres do que eles. E como tentar viver um estilo de vida que nao e acessivel a sua faixa de renda. Simplesmente nao da.
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