Sobre a Felicidade mundana.

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NadaSei
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Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

A vida no grande mundo, às fartas e em festanças, é o mais equivocado dos caminhos para a felicidade, pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.
Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas ações, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.

Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.

A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.

Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogêneos causa um efeito incômodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu «eu» sem nada lhe oferecer em troca. Além disso, enquanto a natureza estabeleceu entre os homens a mais ampla diversidade nos domínios moral e intelectual, a sociedade, não tomando conhecimento disso, iguala todos os seres ou, antes, coloca no lugar da diversidade as diferenças e degraus artificiais de classe e posição, com frequência diametralmente opostos à escala hierárquica da natureza.

Nesse arranjo, aqueles que a natureza situou em baixo encontram-se em ótima situação; os poucos, entretanto, que ela colocou em cima, saem em desvantagem. Como consequência, estes costumam esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina.

Fonte: A Fonte do saber sobrenatural - Mestre Paramahansa Yogananda.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Johnny
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Johnny »

Já tive a oportunidade de experimentar muitas facres citadas acima. A questão é: Quem consegue ser plenamente feliz sózinho? Não seria o caso de dosar cada uma das coisas?
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Apo
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Apo »

E? Devemos nos matar?

Quanta bobagem, meu deus...
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NadaSei
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

Luiz Carlos Querido escreveu:Já tive a oportunidade de experimentar muitas facres citadas acima. A questão é: Quem consegue ser plenamente feliz sózinho?

Imagino que ninguém... mas, quem consegue ser plenamente feliz?
Luiz Carlos Querido escreveu: Não seria o caso de dosar cada uma das coisas?

Imagino que sim.
Na verdade acho muito difícil entender o que fazer para resolver o problema da felicidade, mas acho que inevitavelmente o caminho da auto-suficiência é a primeira etapa a se seguir, mas certamente não é o fim.

As vantagens do ascetismo são um tanto óbvias, bem como os problemas dos chamados prazeres mundanos, quando praticados por pessoas despreparadas.
Acho que talvez o primeiro seja uma preparação para se fazer uso do segundo, evitando os problemas que a principio encontramos.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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NadaSei
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

Apo escreveu:E? Devemos nos matar?

Quanta bobagem, meu deus...

Não... devemos aprender. :emoticon4:
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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O ENCOSTO
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por O ENCOSTO »

Fonte: A Fonte do saber sobrenatural - Mestre Paramahansa Yogananda.


É incrivel a quantidade de vagabundos, que passam o dia coçando o cu, classificados como "mestres" nessas seitas.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Apo
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Apo »

NadaSei escreveu:
Apo escreveu:E? Devemos nos matar?

Quanta bobagem, meu deus...

Não... devemos aprender. :emoticon4:


E devo aprender o que os outros julgam que seja bom para a minha vida? Eu acho então, que eles é que devem aprender e parar de encher o saco com tanta culpa. Divã.
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Apo »

O ENCOSTO escreveu:
Fonte: A Fonte do saber sobrenatural - Mestre Paramahansa Yogananda.


É incrivel a quantidade de vagabundos, que passam o dia coçando o cu, classificados como "mestres" nessas seitas.


MUÁHAUHAUHAUAHAUHUAHAUHAUHAUAHAUÁ!!!!
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Apo »

Cara, tô prá ver um texto mais imbecil do que este. Este tal Pindamonhangaba deve ter tido uma infância muito complicada, com abusos e privações de todo tipo.

Por isto eu digo: tentem se manter equilibrados e só tenham filhos se for para dar-lhes algo de bom para a vida. Ou gerarão estes "mestres"...putz.
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NadaSei
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

O ENCOSTO escreveu:
Fonte: A Fonte do saber sobrenatural - Mestre Paramahansa Yogananda.


É incrivel a quantidade de vagabundos, que passam o dia coçando o cu, classificados como "mestres" nessas seitas.

"Mestre" tem aqui significado de "professor".

Criticas a pessoa e não a suas idéias, são típicas de crente sem argumento que usam o forum para vomitar seus preconceitos.
Se fosse um filosofo como Camus falando a mesma coisa sobre o tema, ao invés de um mestre hindu, garanto que estaria tecendo elogios a tamanha sabedoria.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

Apo escreveu:
NadaSei escreveu:
Apo escreveu:E? Devemos nos matar?

Quanta bobagem, meu deus...

Não... devemos aprender. :emoticon4:


E devo aprender o que os outros julgam que seja bom para a minha vida? Eu acho então, que eles é que devem aprender e parar de encher o saco com tanta culpa. Divã.

Se fosse o Albert Camus falando sobre isso, você chamaria de filosofia, mas como é um mestre hindu, chama de proselitismo religioso.

Te digo uma coisa, não são raros os filósofos e artistas que fazem elogios ao ascetismo.

A conclusão de que ele está impondo a você como deve viver, é conclusão sua não relacionada ao que é dito no texto, mas sim a seus preconceitos sobre a função de um religioso.
A unica coisa que o autor faz é falar sobre o que ELE aprendeu, comunicando então o beneficio que encontrou em uma vida ascética, quando comparada a vida de entrega aos prazeres do mundo.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

Apo escreveu:Cara, tô prá ver um texto mais imbecil do que este. Este tal Pindamonhangaba deve ter tido uma infância muito complicada, com abusos e privações de todo tipo.

Por isto eu digo: tentem se manter equilibrados e só tenham filhos se for para dar-lhes algo de bom para a vida. Ou gerarão estes "mestres"...putz.

Pois está a falar sobre um dos livre-pensadores mais interessantes da historia, mas julga-o segundo seus próprios preconceitos e não segundo o conhecimento que ele possui.

A prova mais cabal disso é não ter apresentado um único comentário sobre o que o texto em si diz.
Alguns preferem mesmo se apegar a autoridade ou "titulo" da pessoa, ao invés de discutir suas idéias.
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Apo »

NadaSei escreveu:
Apo escreveu:Cara, tô prá ver um texto mais imbecil do que este. Este tal Pindamonhangaba deve ter tido uma infância muito complicada, com abusos e privações de todo tipo.

Por isto eu digo: tentem se manter equilibrados e só tenham filhos se for para dar-lhes algo de bom para a vida. Ou gerarão estes "mestres"...putz.

Pois está a falar sobre um dos livre-pensadores mais interessantes da historia, mas julga-o segundo seus próprios preconceitos e não segundo o conhecimento que ele possui.

A prova mais cabal disso é não ter apresentado um único comentário sobre o que o texto em si diz.
Alguns preferem mesmo se apegar a autoridade ou "titulo" da pessoa, ao invés de discutir suas idéias.



Quanta bobagem que você usa como vício argumentativo, NadaSei.
Uma coisa é certa: É MUITO BOM TER DINHEIRO, VIVER NO LUXO, COMER O QUE SE QUER E QUANDO SE QUER, ANDAR COM PESSOAS INTERESSANTES E COM GRANA TAMBÉM ( QUE NÃO NASCI PARA FAZER CARIDADE, E QUANDO FIZ VI COMO O SER HUMANO PODE SER VIL E APROVEITADOR). É BOM IR AOS LUGARES QUE POUCOS PODEM FREQÜENTAR, USAR AQUELA ROUPA QUE TODOS QUE FAZEM VOTOS HIPÓCRITAS ADORARIAM VESTIR, É BOM DAR PRESENTES E RECEBER, É BOM VIAJAR, É BOM TER CONFORTO E É BOM TER COMO ESCOLHER SE QUE SER BABACA COM TUDO ISTO ( COMO ALGUNS PASTORES PENTELHOCOSTAIS POR EXEMPLO E O PAPA QUE VESTE PRADA ) OU APENAS VIVER A VIDA CERCADO DE AMOR, PAZ E CERTEZA DE NÃO PRECISA DAR CRÉDITO PARA "AUTORIDADES" COM IDÉIAS IMBECIS COMO ESTAS, CHEIAS DE CULPA E FRESCURA. UM CARA DESTES DEVERIA SE CALAR E CUIDAR DAS ALFACINHAS NUMA HORTA, ENQUANTO TIRA MELECA DO NARIZ.

Tô lá interessada em engolir este monte de asneira...putz.
Você posta estas coisa e quer que a gente discuta o que você acha que tem valor para ser discutido. Uma visão hermética de um único cara...ah sai prá lá.
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por Apo »

E não sei que relação necessária existe entre estar nas camadas "de cima" com solidão existencial ou mesquinhez. Eu diria que é o prazer da seleção existencial. Se isto é ser mesquinho, então todo ser humano quer ser mesquinho, mas poucos admitem ou conseguem. Viva a felicidade e a solidão mundanas das "camadas distantes"!
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NadaSei
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Re: Sobre a Felicidade mundana.

Mensagem por NadaSei »

Vou deixar ele mesmo te responder Apo...

Distrações mentais: Riquezas, honrarias e desejo ardente.

Já que a experiência me ensinou ser vão e fútil tudo o que costuma acontecer
na vida mundana, e tendo eu visto que todas as coisas de que temia ou tinha receio não
continham em si nada de bom nem de mau senão enquanto o humor se deixava abalar por
elas, resolvi, enfim, pensar se existia algo que fosse o bem verdadeiro e capaz de
comunicar-se, e pelo qual unicamente, rejeitado tudo o mais, o ânimo fosse afetado; mais
ainda, se existia algo que, achado e adquirido, me desse para sempre o prazer de uma alegria
contínua e suprema.

Digo que, enfim resolvi, porque à principio não parecia sensato
querer deixar uma coisa certa por outra que de fato é incerta. De fato, via as comodidades que se adquirem pelas honrarias e pela fortuna, e que devia abster-me de procurá-las, se tinha a intenção empenhar-me de verdade nessa nova jornada. Verificava, assim, que se, por
acaso, a suprema felicidade consistisse naquelas coisas, iria privar-me delas; se, porém, nelas
não se encontrasse e só a elas me dedicasse, também careceria dessa mesma felicidade.

Portanto, ponderava interiormente se não seria possível chegar ao novo modelo de vida, ou
pelo menos à certeza a seu respeito, sem alterar a ordem e a conduta comum de minha
existência, o que tentei muitas vezes, mas sem sucesso. Com efeito, as coisas que ocorrem mais na
vida e são tidas pelos homens como o supremo bem resumem-se, ao que se pode depreender
de suas obras, nestas três: as riquezas, as honras e o desejo ardente.
Por elas a mente se vê
tão distraída que de modo algum poderá pensar em qualquer outro bem. Realmente, no
que tange ao desejo ardente, o espírito fica por ela de tal maneira possuído como se
repousasse num bem, tornando-se de todo impossibilitado de pensar em outra coisa; mas,
após a sua fruição, segue-se a maior das tristezas, a qual, se não suspende a mente, pelo
menos a perturba e a embota.

Também buscando as honras e a riqueza, a mente se distrai enormente, quando são buscadas
apenas por si mesmas, porque então serão tidas como o sumo bem.
Pela honra, porém, muito mais ainda fica distraída a mente, pois
sempre se supõe ser um bem por si e como que o fim último, ao qual tudo se dirige. Além do
mais, nestas últimas coisas não aparece, como no desejo ardente, o arrependimento. Pelo
contrário, quanto mais qualquer delas se possuir, mais aumentará a alegria e
consequentemente sempre mais somos incitados a aumentá-las. Se, porém, nos virmos
frustrados alguma vez nessa esperança, surge uma extrema tristeza. Por último, a honra
representa um grande impedimento pelo fato de precisarmos, para consegui-la, adaptar a
nossa vida à opinião dos outros, a saber, fugindo do que os homens em geral fogem e
buscando o que vulgarmente procuram.


Como, pois, visse que tudo isso obstava a que me dedicasse ao novo modo de vida,
e, mais ainda, tanto se lhe opunha que eu devia necessariamente abster-me de uma coisa ou
de outra, achava -me forçado a perguntar o que me seria mais útil; porque, como disse,
parecia -me querer deixar um bem certo por um incerto. Mas, depois de me haver dedicado
um tanto a esse ponto, achei em primeiro lugar que se, abandonando tudo, me entregasse ao
novo empreendimento, deixaria um bem por sua natureza incerto, como se depreende
claramente do que foi dito, por um também incerto, ainda que não por sua natureza (pois
buscava um bem fixo), mas apenas quanto à sua obtenção.

Entretanto, mediante uma assídua meditação, cheguei a verificar que então, se pudesse deliberar
profundamente, deixaria males certos por um bem certo. Via -me, com efeito, correr um gravíssimo
perigo e obrigar-me a buscar com todas as forças um remédio, embora incerto; como um doente que
sofre de uma enfermidade letal, prevendo a morte certa se não empregar determinado
remédio, sente-se na contingência de procurá-lo, ainda que incerto, com todas as forças, pois
que nele está sua única esperança.

Em verdade, tudo aquilo que o vulgo segue não só não traz
nenhuma cura para a conservação de nosso ser mas até o impede e frequentemente é causa
de morte para aqueles que o possuem e sempre causa de perecimento para os que são
possuídos por isso.

Existem, de fato, muitos exemplos dos que, por causa de suas riquezas, sofreram a
perseguição até a morte, e também daqueles que, para juntar tesouros, se expuseram a tantos
perigos que afinal pagaram com a vida a pena de sua tolice. Nem menos numerosos são os
exemplos dos que, para conseguir a honra ou defendê-la, muitíssimo sofreram. Por último, há
inúmeros exemplos dos que aceleraram a sua morte pelo excesso de concupiscência.
Esses males pareciam provir de que toda a felicidade ou infelicidade consiste somente numa
coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual aderimos pelo amor. Com efeito, nunca nascem
brigas pelo que não se ama, nem haverá tristeza se perece, nem inveja se é possuído por
outro, nem temor nem ódio e, para dizer tudo em uma só palavra, nenhuma comoção da alma;
coisas que acontecem no amor do que pode perecer, como tudo isso de que acabamos de
falar.

Mas o amor de uma coisa eterna e infinita alimenta a alma de pura alegria, sem
qualquer tristeza, o que se deve desejar bastante e procurar com todas as forças. Entretanto,
não é sem razão que usei destes termos: se pudesse seriamente deliberar. Porque, ainda que
percebesse mentalmente essas coisas com bastante clareza, nem por isso podia desfazer-me
de toda avareza, concupiscência e glória.

Apenas via que, enquanto a mente estava ocupava com esses pensamentos, afastava-se
daqueles e refletia seriamente no novo empreendimento, o que me servia de grande consolo,
pois percebia que aqueles males não eram de tal espécie que não cedessem aos remédios. E
embora no começo esses intervalos fossem raros e durassem por muito pouco tempo,
tornavam-se mais freqüentes e mais longos depois que o verdadeiro bem mais e mais me
ficou sendo conhecido; principalmente depois que vi a aquisição de dinheiro ou a
concupiscência e a glória só prejudicarem enquanto são procuradas por si e não como meios
para as outras coisas; se, porém, são buscadas como meios, terão então uma medida e não
prejudicarão de modo algum, até, pelo contrário, muito contribuirão para o fim pelo qual são
procuradas, como mostraremos no devido tempo. (...)


Fonte: A Fonte do saber sobrenatural - Mestre Paramahansa Yogananda.


Satisfeita ou não entendeu?
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

Trancado