Agora vejam o caso de um espírita famoso: Cesare Lombroso
Cesare foi médico e cientista italiano, nascido em Verona, em 1835. Para elucidar este componente doentio, vale salientar apenas uma das "verdades" científicas do positivismo de Lombroso: para ele, as lésbicas eram delinqüentes.
Baseando-se nos princípios da frenologia de Gall e tirando por si outras conclusões acerca do atavismo cerebral, passou a misturar estes princípios antropológicos à sua formação psiquiátrica e chegou a conclusões como muitas que permeraram os estudos psiquiátricos da época em que o espiritismo também atribuía a determinados tipos físicos, personalidades espirituais deterministas, como fez Kardec.
Ora, lésbicas não obedecem à um padrão físico específico, mas eram - todas elas - segundo ele, delinqüentes.
Vejam o que consta sobre sua vida e seu currículo na Wikipédia:
Lombroso nasceu numa abastada família de Verona e formou-se em Medicina na Universidade de Pavia, no ano de 1858 e, no ano seguinte, em Cirurgia, na Universidade de Gênova, partindo depois para Viena, onde aperfeiçoa seus conhecimentos, alinhando-se com o pensamento positivista.
Desde os vinte anos demonstra a sua linha de interesses, com um estudo sobre a loucura. Servindo como oficial-médico, publicou em 1859 estudo sobre os ferimentos das armas de fogo, considerado um dos mais originais. Suas observações voltaram-se, logo, para as preocupações antropológicas.
Estas observações desenvolvem-se num curso, que inicia em Pavia, de psiquiatria. Passa a analisar as possíveis influências do meio sobre a mente, idéias que num primeiro momento alcançam sucesso e, depois, desconfiança. Dirige o manicômio de Pádua de 1871 a 76, ano em que é aprovado para a cadeira de Higiene e Medicina Legal da Universidade de Turim.
Também em 1876 publicou sua primeira obra sobre criminologia, onde faz-se presente a influência da "frenologia": "O Homem Delinqüente".
Em meio a suas pesquisas sobre a mediunidade inicia primeiro tentativas para estudar o fenômeno sob o aspecto positivista de comprovação factual - tal como noutras partes fizeram outros cientistas da época, vários deles imbuídos dos ideais positivistas - e ao final conclui pela comprovação científica da doutrina e fenômenos estudados. Torna-se então um defensor da Espiritismo na Itália de seu tempo, como o fizeram várias correntes do movimento positivista da época.
Suas obras abrangem diversas áreas como antropologia, sociologia criminal psicologia, criminologia, filosofia e medicina. Os estudos por ele realizados ficaram conhecidos como antropologia criminal.
Preceitos como semente de progresso científico
As idéias defendidas por Lombroso acerca do "criminoso nato" preconizavam que, pela análise de determinadas características somáticas seria possível antever aqueles indivíduos que se voltariam para o crime.
Se, naturalmente, com a sucessiva especificação das ciências, estas idéias revelaram-se passíveis de complementação - especialmente pela ciência sociológica, então em franca ascensão - Lombroso exerceu ainda por muito tempo, após as críticas que lhe foram feitas, importante influência no Direito Penal do mundo, sendo dos primeiros a defender a implantação de medidas preventivas ao crime, tais como a educação, a iluminação pública, o policiamento ostensivo - além de outras tantas idéias inovadoras referentes à aplicação das penas. Especialmente na América Latina, encontramos até os anos 30 seguidores da Escola antropológica italiana.
Dentre aqueles que foram influenciados por suas idéias, temos Émile Zola, Anatole France, Kraepelin. No Brasil, o jusfilósofo Tobias Barreto, fundador da Escola do Recife, e especialmente o médico Raimundo Nina Rodrigues, na Bahia, foram seguidores de Lombroso por um certo período, inclusive com a criação no Brasil exatamente de uma Escola intelectual de Antropologia Criminal, sediada na Bahia. A chamada "vitimologia" também tem raízes em suas idéias, embora tenha conhecido melhores desenvolvimentos com as críticas da sociologia criminal - do influente aluno de Lombroso, o sociólogo-criminal socialista Enrico Ferri - à antropologia criminal lombrosiana, gerando uma nova ordem de estudos científicos sobre o crime: inicialmente, chamou-se sociologia criminal, e depois, criminologia como hoje nós a conhecemos.
Muitas outras mudanças benéficas adotadas por legisladores criminais de todo o mundo derivaram dos estudos iniciados pioneiramente por Lombroso. Numa época em que, recorde-se, o Direito Penal fatigava muito a desvencilhar-se da teologia e da superstição, somente mais de um século depois do libelo iluminista de Beccaria pela humanização das penas surgiram os estudos antropológico-criminais pioneiros de Lombroso. Não se pode dizer que sua contribuição foi pouca e suas observações devem ser analisadas no contexto histórico-social no qual foram realizadas. A afirmação se a teoria lombrosiana está certa ou errada, assim, não tem utilidade científica.
No próprio Brasil, tivemos a vigência de crudelíssimas penas no âmbito das Ordenações Filipinas, que estiveram em vigência até o primeiro código penal brasileiro, de 1832. Código, aliás, doutrinariamente influenciado por um outro grande seguidor no Brasil da Escola antropológica criminal italiana, o penalista pernambucano João Vieira de Araújo, louvado no exterior - como provam vários documentos e publicações da época - como um dos mais autorizados estudiosos do direito penal de sua época, no mundo.
Para maiores informações sobre o movimento do positivismo sociológico no mundo, em correlação com o nascimento das ciências sociais no Brasil e na América Latina (e também a recepção de idéias italianas entre os juristas de todas as áreas no Brasil oitocentista), conferir o denso volume de Marcela Varejão, "Il positivismo dall'Italia al Brasile. Sociologia giuridica, giuristi, legislazione, 1822-1935" (Giuffrè, Milano 2005, XI-464 pp.)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cesare_Lombroso
Mais sobre o cientista Cesare Lombroso.
http://www.cerebromente.org.br/n01/fren ... o_port.htm
E este site mostra outras conclusões científicas de Cesare Lombroso:
CESARE LOMBROSO
Microcefalia (1885)
Cesare Lombroso, nascido em Veneza em 1836, é um célebre médico legista, psiquiatra e criminalogista italiano, autor da famosa obra "Uomo delinquente" (1876). O que lhe deu a maior notoriedade foram as suas concepções sobre o criminoso nato e o homem de génio. Entendia que o génio é um caso de psicose degenerativa, o que situava os grandes homens no âmbito da patologia mental. Esta teoria foi muito combatida, porém a que diz respeito ao criminoso foi bem aceite. Lombroso admitia, sob a influência das teses darwinistas, vários tipos de criminosos, incluídos os criminalóides ou pseudo-criminosos. O criminoso-nato era para ele um ser humano predestinado à prática do crime sob o impulso de uma forma congénita de epilepsia. Fundador da Antropologia Criminal, apesar de as suas teorias se basearem em casos sem valor estatístico, o que levou à profunda reformulação desta ciência.
Em Casi di microcephalia da influenza psichica nella gravidanza (1885), Lombroso atribui a perturbações psíquicas da grávida o facto de dar à luz crianças anormais.
http://www.triplov.com/monstros/lombroso.html