user f.k.a. Cabeção escreveu:
A nocao de que a producao depende de dois fatores, capital e trabalho, e que a relacao dessas duas quantidades com a producao e homogenea nao e nenhuma novidade para mim. Explicarei brevemente porque ela e adotada como uma aproximacao num primeiro momento, quais sao as hipoteses que fazem os economistas extrairem a funcao de Cobb-Douglas dessa condicao, e quais sao os problemas dessas hipoteses.
Por homogenea, entende-se toda a funcao que leva um vetor x em um numero f(x), e que obedeca a relacao f(a*x)= a*f(x).
Por que os economistas pensam entao que a funcao de producao e homogenea? Na relacao entre producao, capital e trabalho, o raciocinio e este: se um indio possui uma vara de pescar e consegue pescar dez peixes por dia, dois indios identicos com duas varas de pescar identicas conseguirao pescar vinte peixes por dia (se considerarmos despreziveis as acoes desses indios sobre as reservas totais de peixe do riacho). Ao dobrar o trabalho desempenhado pelo indio, e o capital empregado para a realizacao desse trabalho (as varas de pescar), dobra-se o produto (peixes). Ou numa formulacao "mais matematica", P(2K,2L)=2P(K,L), onde K e uma quantidade de capital fisico, L e uma quantidade de trabalho e P(K,L) e o produto realizado. Desse modo, se fizer algum sentido contabilizar trabalho, capital e producao, como nesse caso dos indios, fara sentido supor que ha homogeneidade da producao em relacao as quantidades de capital e trabalho contabilizadas.
Um resultado elementar de calculo diferencial consiste em demonstrar que todas as funcoes homogeneas e diferenciaveis de duas variaveis, supostas crescentes em relacao a cada uma delas, sao da forma P(K,L)=A*(K^p)*(L^(1-p)), onde p e um numero entre 0 e 1, e A e uma constante positiva arbitraria. Como estamos discutindo economia e nao matematica, deixarei essa demonstracao como exercicio para quem tiver algum interesse nesse aspecto.
Alguns economistas ansiosos por modelizar a economia com o auxilio de objetos matematicos simples apressaram-se em supor, a titutlo aproximativo, as hipoteses necessarias para que pudessem falar de producao em termos de funcao de Cobb-Douglas. Ou seja, supuseram que existe uma relacao contabil precisamente mensuravel entre capital, trabalho e produto, fazendo sentido falar em "dobro de capital", "dobro de trabalho" e "dobro de produto", assim como supuseram a regularidade (diferenciabilidade) da funcao de producao homogenea que determiaria a relacao dessas quantidades. Apresentarei aqui alguns argumentos de porque essas suposicoes sao questionaveis.
Primeiro, analisaremos a hipotese da regularidade propriamente dita. Para isso, faremos uso de um exemplo interessante, que pode ser ilustrado com a analogia dos indios e varas de pescar anteriormente empregadas. Suponhamos que nossa economia consista em um indio que trabalha para sustentar sua familia pescando com sua vara de pescar. Como anteriormente, o indio (trabalho) mais a sua vara de pescar (capital) produzem por dia dez peixes, que eles usam para alimentar-se e para trocar com outras familias de indegenas envolvidas em atividades diferentes.
Como vimos antes, dada a homogeneidade da producao, e suposta (a titulo de aproximacao) a regularidade, o indio usa a funcao de Cobb-Douglas para modelizar sua economia. Assim, suponhamos que o nosso amigo indio encontre uma vara de pescar identica a sua, abandonada na beira do riacho. Nosso indio neoclassico logo fica feliz, pois sabe que ao dobrar o seu capital, estara multiplicando sua producao por um fator de 2^p, e como p e positivo (e menor do que 1), ele sabe que isso significara uma expansao na producao de peixes de um fator maior que um, ou seja, um crescimento. Contudo, o pobre indio logo se decepciona ao perceber que nada mudou de verdade: ao se ver incapaz de se servir de duas varas de pescar simultaneamente, percebe que o capital adicional que agora possui nao representa qualquer diferenca na producao de peixes que e capaz.
Contudo, o indio nao se deixa abalar e ensina seu filho mais velho a pescar, para que este possa se servir. Para ter tempo e condicoes fisicas de ensina-lo a pescar, o indio precisa reduzir a sua produtividade diaria de peixes em 3 unidades. Como veremos mais tarde, pode-se dizer nesse caso entao que esta havendo uma poupanca de capital humano (trabalho), destinada ao aumento da producao futura representada pela capacitacao de uma mao de obra a fim de operar um certo tipo de capital (a vara adicional nao utilizada).
Apos alguns dias de restricao de consumo a 7 peixes por dia, o garoto finalmente aprende a pescar e rapidamente desenvolve sua habilidade ate equiparar-se ao seu pai. A producao da familia, apos o periodo de poupanca e reducao do consumo, atinge os vinte peixes diarios e todos estao felizes. A familia de indigenas ao fazer isso sacrificou os beneficios de uma parte do consumo no presente por um consumo ainda maior no futuro. A epoca de prosperidade segue ate que um dia, o filho da familia se envolve numa briga com um indio de outra tribo, e acaba quebrando sua vara de pescar na peleja. A vara se torna inutil, nao podendo ser consertada.
O pai fica furioso, mas tranquiliza-se pensando novamente na funcao de Cobb-Douglas: a capacitacao de uma forca de trabalho dobrada, num dado estado de conhecimento tecnologico e estoque de capital, rende necessariamente uma producao aproximadamente 2*(1-p) maior, e como p e menor do que 1, temos entao crescimento. Ou seja, ainda que os vinte peixes nao sejam mais possiveis devido a destruicao de parte do estoque de capital, a maior mobilizacao de mao-de-obra sera suficiente para que haja um significativo aumento de producao em relacao aos dez peixes diarios correspondentes ao trabalho de um indio equipado com uma vara.
Ledo engano. O seu filho, desprovido de vara de pescar, mal consegue capiturar um peixe por dia, mergulhando no riacho e tentando apanha-los com a mao. Sem fazer uso da vara de pescar, a contribuicao de seu trabalho para producao e praticamente nula, e a familia se ve de volta a realidade de escassez de 10 peixes diarios.
E o indio revoltado joga na fogueira todos os livros de economia de crescimento que comprou do homem branco por valiosos 8 peixes.
Esse exemplo ilustra bem um fenomeno conhecido em economia como complementaridade de fatores de producao. No que diz respeito a producao de peixes, a vara de pescar e inutil sem o indio que saiba usa-la, o indio e inutil sem a vara de pescar utilizavel. A regularidade da funcao de Cobb-Douglas consiste exatamente em negar (ou negligenciar a titulo aproximativo) essa que e uma caracteristica fundamental de praticamente todas as atividades produtivas que empregam capital fisico e humano simultaneamente. A capacidade de rendimentos de um estoque de capital em relacao a mao de obra pode se encontrar esgotada, ou proxima do esgotamento, de modo que aumentos adicionais na mao de obra nao trarao ganhos significativos de producao, e vice-versa. Alias, essa situacao de quase esgotamento e perfeitamente razoavel com a realidade, pois dentro da nocao de que os recursos sao escassos, de nada adianta ao indio manter um estoque de varias varas de pescar para servir seus filhos se estes nao existem em numero suficiente para dar uso a cada uma dessas varas. A racionalidade no emprego de recursos escassos faz com que a capacidade extraida de cada um deles seja proxima do maximo, de modo a evitar desperdicios. E claro que podem existir contra-exemplos, mas estes sao casos excepcionais derivados de calculos mal feitos ou destruicao de parte consideravel de um dos estoques complementares, onde ou o capital foi excessivamente ampliada, ou fluxos migratorios e crescimento vegetativo aumentaram excessivamente o numero de habitantes de uma regiao, ou guerras e pragas destruiram partes da populacao e do capital de forma nao proporcional. Supor que esse seja um estado normal da economia equivale a supor que as pessoas nao empregam racionalmente recursos escassos, ou seja, a negar o pressuposto basico da ciencia economica.
Ate aqui examinados os problemas da hipotese da regularidade dentro de um contexto de possibilidade contabil de fatores e homogeneidade da producao, mas a propria nocao de contabilidade dos fatores e a homogeneidade da producao sao questoes que merecem um exame mais cuidadoso.
E bem verdade que quando pensamos em termos de indios pescadores ou de centrais de energia eletrica, e bem verdade que o dobro de capital fisico mais o dobro de capital humano, supondo equivalencia nas qualidades de ambos, significarao o dobro de peixes ou de energia eletrica (negligenciando novamente os efeitos que os indios tem nas reservas de peixe e que o consumo de uma usina adicional teria no custo dos fatores de producao que emprega).
Analogia sem pé nem cabeça, já que o sistema de produção de uma aldeia indígena não cumpre o requisito da existência de uma função de produção bem-comportada. Retornos marginais decrescentes para os fatores existem no mundo real porque existem funções de produções com uma imensa quantidade de técnicas alternativas ordenáveis em termos das proporções estritamente físicas em que os diversos fatores são utilizados. No mundo capitalista, existem funções de produção bem-comportadas. Na adeia indígena, não.
Não importa se a teoria de crescimento convencional parte de hipóteses não muito realistas. O que importa é se ela faz predições testáveis. A partir do modelo de Solow, tornou-se comum tentar se estabelecer a contribuição de cada fator de produção ao processo de crescimento dos países a partir de estimativas econométricas. Contudo, há um problema: é muito difícil medir a contribuição da evolução tecnológica para o crescimento econômico diretamente. Para contornar o problema, propõe-se contabilizar inicialmente a contribuição ao crescimento decorrente do aumento da oferta de fatores (capital e trabalho), de mais fácil mensuração. A parcela do crescimento econômico não correlacionada ao crescimento da oferta dos fatores de produção – normalmente, uma parcela ampla do crescimento - é chamado na literatura de “resíduo de Solow”. O resíduo de Solow é atribuído por hipótese ao crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF); A PTF capta o impacto de aspectos intangíveis do progresso humano que permitem que tanto o capital quanto o trabalho melhorem sua produtividade; o fato de ele ser empiricamente significativo na maioria das estimativas é considerado uma corroboração do modelo de Solow.
E qualquer teoria de crescimento que diga que a acumulação de capital é um fator muito importante estará negando a lei dos rendimentos marginais decrescentes.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Mas o mundo real e um mundo um pouco mais complicado.
A mao-de-obra, tanto quanto o capital, nao possuem um carater equivalente. Nem mesmo aproximadamente. Um empregado pode ser indolente ou dedicado, capacitado em uma determinada especialidade ou incompetente na sua execucao. Uma porcao terra pode ser, para uma determinada cultura, fertil ou improdutiva, assim como pode estar proxima ou distante dos mercados consumidores. O mesmo vale para instalacoes industriais, que podem ser adequadas para um tipo de producao, mas parcial ou completamente inconversiveis para outros tipos e escalas de producao. Os meios disponiveis para ampliar a producao dos produtos demandados sao escassos e diferenciados, e o mecanismo de precos de mercado permite aos empresarios empregar tais meios de maneira a melhor satisfazer os interesses manifestados pelos consumidores, produzindo bens de consumo, ou bens de producao de segunda, terceira, ou n-esima ordem.
Imaginemos que devido a um crescimento rapido da demanda, o preco da batata esteja alto, de modo que mais investidores sintam-se tentados comprar mais terras, mais equipamentos e contratar mais mao-de-obra para ampliar a producao de batatas. Assim, um economista de crescimento neoclassico rapidamente se apressaria em dizer que os aportes de capital humano e fisico traduzirao-se em crescimentos proporcionais de producao.
Mas esses investidores logo se deparam com a dura realidade da escassez dos fatores. As boas terras para o plantio de batatas encontram-se ja empregadas para plantar batatas por outros investidores, a mao-de-obra e equipamentos especializados tambem. Para retira-los de seus respectivos postos eles terao de oferecer salarios mais altos e precos maiores do que os que vem sendo praticados no mercado, mas os seus atuais patroes e proprietarios, cientes da demanda latente de novos investidores, ja ajustaram esses valores, de modo que adiquiri-los nao e necessariamente vantajoso. Para entrar no mercado ou para expandir sua producao, os investidores deverao empregar terras, equipamentos e mao-de-obra que nesse exato momento estavam alocados em outras cadeias de producao, para as quais seriam mais apropriados do que para a producao de batatas. A rentabilidade esperada desses novos recursos nao sera identica a dos recursos ja empregados, mas significativamente menor.
Contudo, os custos desses novos recursos nao sao proporcionalmente menores em relacao a perda de sua produtividade para a producao de batatas. Eles sao determinados pela rentabilidade que teriam se fossem empregados em outras atividades economicas, ou seja, pelos precos e salarios estabelecidos pelos seus antigos proprietarios e patroes em funcao dos fins economicos que davam para eles. Ou seja, embora a renda que os investidores almejam ter com a expansao sejam afetadas pela diminuicao da capacitacao da mao-de-obra e capital recem adquiridos, os custos nao sao, pois sao determinados pela rentabilidade marginal (dada por todos os demais projetos economicos imaginaveis) desses recursos.
Alem disso, a expansao da producao de batatas tem por efeito aplacar o excesso de demanda, traduzindo-se numa baixa de precos, sendo esse mecanismo claramente conhecido por todos, e um dos mais basicos da economia.
Logo, se a contabilidade de capital e recursos humanos for realizada em termos de custos, ve-se que a expansao daquela producao, em quantias proporcionais, nao traz uma rentabilidade proporcional, mas necessariamente menor, considerando estaveis o estado de conhecimento tecnologico vigente e as rentabilidades dos demais projetos economicos. A quantidade e qualidade do trabalho e rendimentos da mao-de-obra contratada e capital mobilizado sao inferiores, pois foram adquiridos de outros setores ou do desemprego, embora seus custos sejam estabelecidos por outros fatores que nao sua produtividade em termos de batatas. A realidade de escassez de recursos refuta portanto a hipotese aproximativa de homogeneidade da producao, dentro do unico criterio possivel de contabilidade de recursos para efeitos de calculo economico, que e o da contabilidade monetaria.
Ok, fatores são heterogêneos e os recursos são especializados.
Fatores de produção (capital, trabalho e terra) são heterogêneos: Equipamento de capital de diferentes idades/safras tecnológicas; Trabalhadores desigualmente capacitados;Terras com diferentes graus de fertilidade e a diferentes distâncias. Contudo, por hipótese os fatores NÃO são remunerados proporcionalmente à sua eficiência no curto prazo. Então, os empresários contratarão primeiramente os trabalhadores mais qualificados, já que possuem maior produtividade, e menor custo unitário. Utilizarão em primeiro lugar as máquinas mais novas e as terras mais férteis e/ou menos distantes: possuem maior velocidade e/ou qualidade; e menor custo unitário. Porém, conforme a produção aumenta (em decorrência de um aumento da demanda agregada, por exemplo), novos trabalhadores (menos qualificados) precisam ser contratados, novas máquinas (mais antigas) precisam ser utilizadas e novas terras (menos férteis e/ou mais distantes) precisam ser aproveitadas. A produtividade média do trabalho portanto tende a cair conforme aumenta a produção, e vice-versa.
Observação-> No longo prazo microeconômico, este efeito desapareceria: no caso dos trabalhadores, por exemplo, os recém-contratados, em ordem decrescente de produtividade, receberiam salários também decrescentes, proporcionais a essa produtividade; argumentos similares valem para os fatores capital e terra.
Os recursos são especializados: recursos normalmente utilizados para um determinada atividade NÃO podem ser alocados para outras sem perda de eficiência e, portanto, queda de produtividade do trabalho. Exemplos: Pneus de automóveis são produzidos com borracha sintética; na falta desta, pode ser usada borracha natural, a qual contudo é mais cara; Um agricultor familiar não pode ser transformado em motorista de tratores de alta tecnologia sem treinamento custoso e demorado; Uma máquina especializada na produção de um certo tipo de mercadoria não pode ser adaptada para a produção de outro tipo sem perda de produtividade (se é que pode ser adaptada).
Ademais, os vários setores da economia não atingem todos seus níveis de produção potencial ao mesmo tempo. Conseqüência: os vários setores alcançarão sua ocupação ótima da capacidade para diferentes valores de Q; pode haver escassez de capacidade produtiva em alguns setores (chamados de “gargalos” ou “estrangulamentos” setoriais), e, ao mesmo tempo, ociosidade não-planejada em outros setores; Devido à especialização acima referida, contudo, os recursos ociosos em um setor não podem ser deslocados para outro setor onde haja escassez sem perda de eficiência e, portanto, queda de produtividade. Quanto maior o grau médio de ocupação de capacidade da economia, maior o número de setores que apresentam “gargalos” de oferta para a expansão da produção. Maior portanto o número de setores que precisa deslocar recursos especializados de outros setores para ampliar a produção. Maior a perda de eficiência e, portanto, a queda da produtividade.
Observação: no longo prazo microeconômico, este efeito também tenderia a desaparecer, pois os setores com gargalos ampliariam sua capacidade produtiva, e os setores com ociosidade não-planejada a reduziriam; coeteris paribus (isto é, se neste intervalo de tempo não ocorresse nenhuma outra mudança na economia além dessa), no ponto de produção potencial todos os setores estariam com capacidade ótima.
No curto prazo microeconômico, o estoque de capital e o grau de evolução tecnológica são dados. Para aumentar a produção, é necessário associar um maior número de empregados a um dado estoque de capital, gerando então o conhecido fenômeno da produtividade física marginal decrescente do trabalho no curto prazo. Este, por sua vez, gera um custo marginal crescente conforme o nível de produção. No longo prazo microeconômico, como o estoque de capital é variável, este fenômeno não ocorreria.
Observação: a teoria de crescimento de Solow é uma teoria de LONGO PRAZO microeconômico, isto é, descreve o que acontece numa economia em aproximadamente 50 anos ou mais. No prazo deste modelo, a produtividade média do trabalho é insensível a variações no nível de produção.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Sobre a evolucao tecnologica e o progresso do conhecimento como exogenos a atividade produtiva, temos uma afirmativa muito pouco sustentavel. Pesquisa e desenvolvimento, sejam eles de carater basico e fundamental, ou plenamente aplicavel em metodos de producao de bens consumiveis, consomem muitos recursos fisicos e humanos. Muitos individuos capacitados, equipamentos sofisticados, insumos caros, terras bem localizadas precisam ser formados, fabricados, ou retirados da producao de bens de consumo para que a pesquisa possa se realizar.
A pesquisa, quando realizada apenas para satisfazer o interesse humano em descobrir os segredos da natureza, sem qualquer investimento preocupado em aumentar a disponibilidade de bens de consumo e recursos de capital no futuro, pode ser considerada como consumo. E o ser humano usando recursos disponiveis para satisfazer uma de suas necessidades na sua escala de valores. Quando a pesquisa e feita no sentido de aumentar a producao e consumo futuros, trata-se de poupanca, ou seja, da imobilizacao de recursos no presente visando a maior utilidade atribuida a uma producao maior de bens existentes ou latentes no futuro.
Existem descobertas cientificas de base que sao realizadas como consumo, motivadas pela curiosidade dos detentores de recursos, que mais tarde poderao ser empregadas em metodos de producao mais avancados e que aumentem a producao futura de bens e os padroes de consumo da humanidade. Os fenomenos do eletromagnetismo por exemplo, foram descobertos dessa maneira. Embora esses acidentes estejam ligados diretamente com a escalada do progresso material da humanidade, eles nao devem ser considerados como objetivos do homem ao empregar seus recursos escassos. Ninguem descobriu a eletricidade para que cem ou duzentos anos depois as pessoas pudessem ouvir radio e assistir televisao. A eletrecidade foi descoberta pelo interesse de cientistas em estuda-la, pela curiosidade que motivou o consumo de tempo e recursos para compreende-la, e apenas mais tarde outras pessoas perceberam que poderiam explora-la em niveis economicos superiores. Ou seja, o que antes era um bem de consumo, que divertia as pessoas com os seus fenomenos bizarros e anti-intuitivos, passou a ser empregado como bem de producao para outros bens de consumo que faziam o uso desses fenomenos.
Alem disso, existe o problema de que mesmo quando novos metodos sao desenvolvidos, para implanta-los na cadeia de producao e necessaria a poupanca de recursos necessarios para bancar o custo de sua fabricacao e da substituicao do capital parcialmente conversivel que pode ser adaptado, assim como os rendimentos do capital inconversivel que seria abandonado ou transformado em sucata. Assim, mesmo que novos e mais modernos metodos estejam disponiveis para a realizacao de uma producao mais barata, eficiente e de qualidade, pode ser que a valoracao atual dos individuos nao atribua tanta importancia as contribuicoes desses metodos, e preferiam gastar ou aplicar os recursos necessarios para realizar essa conversao em outras cadeias de producao mais atraentes.
No mais, negar que a acumulacao de capital per capta nao tem sido um fator relevante no crescimento economico e olhar pela janela do seu apartamento localizado no 17 andar de um edificio, ver os postes da rede eletrica, os automoveis nas auto-estradas, em meio a outros predios, arranha-ceus e pontes, fabricas e estradas de ferro, centros de lazer, escolas e universidades e afirmar que nada do que se esta vendo existe ou e relevante, pois trata-se tao somente de capital fisico acumulado que nao estava disponivel na epoca em que os homens habitavam cavernas e comiam carne crua. E simplesmente um grande esforco de negacao da realidade.
À medida que um país cresce, é claro que ele aumenta a sua taxa de capital por trabalhador. Em nenhum momento se considera a "evolução tecnológica e o progresso do conhecimento como exógenos a atividade produtiva".O que se diz é que o aumento da produtividade CAUSA o aumento da quantidade de capital por trabalhador. E que, mais cedo ou mais tarde, a taxa de crescimento do estoque de capital se adaptará a taxa de crescimento da produtividade. Isso não quer dizer que o aumento de estoque de capital não altere o produto no curto prazo microeconômico (mesmo um prazo de 10 anos é considerado "curto" na microeconomia).
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Sobre as taxas de crescimento populacional exogenas, essa tambem e outra falacia grotesca. Voltemos ao exemplo do nosso indio.
Realmente, eu cometi um deslize (já corrigi). São duas assertivas. O crescimento do produto
total no longo prazo microeconômico (que dura aproximadamente 50 anos ou mais) depende tão somente da taxa de crescimento da disponibilidade de trabalho (= taxa de crescimento da produtividade média do trabalho - taxa de crescimento da força-de-trabalho). Já o crescimento do produto
per capita depende tão somente do progresso técnico e nada mais, caso o crescimento da força-de-trabalho acompanhe o da população . A invalidade da segunda assertiva não invalida a primeira. Essa alteração não mudaria a conclusão de que o modelo de Solow e suas variantes consideram a taxa de crescimento da produtividade um fator muito mais importante para o crescimento que a acumulação de capital.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”
Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)
"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."
John Maynard Keynes