Revista Veja: Jovens Evangélicos

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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:O movimento denominado Feminismo nada tem a ver com a libertação real das mulheres da pretensa - porém histórica e covarde - supremacia advinda da força masculina, que depois denominaram machismo, pois através da força se cria poder e se estabelecem os preceitos de uma cultura.


Os preceitos de uma cultura só se estabelecem pela transmissão de geração para geração, o que na maioria dos povos é feito pelas mulheres que educam seus filhos nos papéis tradicionalmente dirigidos ao homem e à mulher, em um processo no qual a força bruta é irrelevante.

A acusação de que os homens impuseram às mulheres uma supremacia covarde advinda da força também é discutível, dado que um dos fundamentos da sociedade patriarcal é a proteção de suas mulheres. Em um mundo construído pelos instintos masculinos mais primitivos, a ordem social transformaria as mulheres em objetos sexuais disponíveis a qualquer homem forte o bastante para tomá-las quando quisesse, sem maiores obrigações ou compromissos.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:A acusação de que os homens impuseram às mulheres uma supremacia covarde advinda da força também é discutível, dado que um dos fundamentos da sociedade patriarcal é a proteção de suas mulheres. Em um mundo construído pelos instintos masculinos mais primitivos, a ordem social transformaria as mulheres em objetos sexuais disponíveis a qualquer homem forte o bastante para tomá-las quando quisesse, sem maiores obrigações ou compromissos.[/color]


Sei....não deixar a pobre menina indefesa subir em árvores, a burca e a extirpação do clitóris servem para isto. Boas intenções sempre são bem vindas. :emoticon3:
Só que estamos no século XXI.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

Apenas para complementar: algumas "vertentes" bem intencionadas já disseram que as mulheres precisam ser protegidas delas mesmas, já que não têm muito discenimento, nem alma. Claro que esta tutela cabe ao homem. Tal raciocínio é seguido à risca inclusive dentro da Igreja tradicional, onde mulheres não podem sacramentalizar,cabendo apenas ao clero macho tal papel divino e sagrado. :emoticon45:
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:
Acauan escreveu:A acusação de que os homens impuseram às mulheres uma supremacia covarde advinda da força também é discutível, dado que um dos fundamentos da sociedade patriarcal é a proteção de suas mulheres. Em um mundo construído pelos instintos masculinos mais primitivos, a ordem social transformaria as mulheres em objetos sexuais disponíveis a qualquer homem forte o bastante para tomá-las quando quisesse, sem maiores obrigações ou compromissos.[/color]


Sei....não deixar a pobre menina indefesa subir em árvores, a burca e a extirpação do clitóris servem para isto. Boas intenções sempre são bem vindas. :emoticon3:
Só que estamos no século XXI.


Basta contar quantas civilizações ao longo da História adotaram a extirpação do clitóris para se ter a prova de que esta exceção prova a regra.

Burcas nem as muçulmanas do tempo de Maomé usavam, sendo uma anomalia mais próxima do século XXI do que dos tempos do profeta.

E não deixar menina subir em árvore é coisa de mãe dondoca, não da sociedade patriarcal.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Acauan »

Oooooppppssss... Editei e trunquei mensagem anterior sua por engano...

Sorry!
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:Apenas para complementar: algumas "vertentes" bem intencionadas já disseram que as mulheres precisam ser protegidas delas mesmas, já que não têm muito discenimento, nem alma. Claro que esta tutela cabe ao homem. Tal raciocínio é seguido à risca inclusive dentro da Igreja tradicional, onde mulheres não podem sacramentalizar,cabendo apenas ao clero macho tal papel divino e sagrado. :emoticon45:


No que me diz respeito, as mulheres podem dividir entre si meus direitos sacramentalizar e dar a minha parte em dinheiro.

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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apáte »

Fernando Silva escreveu:
Apáte escreveu:Quanta abobrinha tem que se ler por aqui ultimamente.

Minha mãe, minhas tias, minhas avós, minhas tiavós foram todas criadas de maneira 100% diferente do meu pai, dos meus tios, do meu avõs, dos meus tiavõs e estão bem mais realizadas financeira e pessoalmente do que qualquer mulher-macho que eu conheça; com diplomas em federais e total independência financeira de machos. Minha tiavó, que morreu há pouco tempo inclusive, foi o maior exemplo de mulher que já vi, com 86 anos tinha curso superior, sempre se mateve sozinha (não se casou para cuidar da família e da profissão), cuidou da minha bisa e de uma irmã doente a vida inteira e sempre abominou (muito mais do que eu pra dizer a verdade) esses movimentos de emancipação feminina.

Isto mostra que elas estudaram e mostra que elas tiveram "permissão" dos homens da família para estudar (e o devido financiamento).
No passado recente, mulheres só estudavam o mínimo: ler, as 4 operações e pronto. Para que elas precisavam saber mais se só iam cuidar da casa e ter filhos?
Suas antepassadas tiveram sorte de nascer numa família mais esclarecida.
O feminismo visava ajudar a maioria de mulheres que não tinham essa chance e nem achavam que deveriam ter.

No passado recente, homens também eram analfabetos em sua maioria.

Não creio que minha família tenha sido mais esclarecida no sentido moderninho do termo. As mulheres eram criadas de forma bem diferente dos homens, inclusive quanto aos estudos, só que não consideravam erudição como uma tarefa exclusivamente masculina.

A forma de criação ser diferente prejudicar mais as mulheres é uma mentira descarada também. O máximo que acontece quando uma garota começa agir de forma mais masculina é uma apreensão. Se um garotinho agir como uma garotinha, além de se tornar o principal alvo de piadas dos seus próprios amigos, tomará boas surras em casa (caso usar um batom da mãe ou coisa do tipo).

Creditar a vitória das mulheres no último século apenas às feministas é complexo de inferioridade. As mulheres conseguiram seus direitos por competência própria e por homens que foram inteligentes o suficiente para colocar mais oferta de mão-de-obra barata no mercado.

Como eu disse a uma amiga da minha mãe há pouco tempo, a única coisa mais ridícula do que uma mulher fumando é um homem de sutiã. Há coisas que foram feitas para homens e outras para mulheres, e é o caso de acessórios de roupa.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Fernando Silva »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:O movimento denominado Feminismo nada tem a ver com a libertação real das mulheres da pretensa - porém histórica e covarde - supremacia advinda da força masculina, que depois denominaram machismo, pois através da força se cria poder e se estabelecem os preceitos de uma cultura.

Os preceitos de uma cultura só se estabelecem pela transmissão de geração para geração, o que na maioria dos povos é feito pelas mulheres que educam seus filhos nos papéis tradicionalmente dirigidos ao homem e à mulher, em um processo no qual a força bruta é irrelevante.

Exato. Depois que a mulheres aceitam que "é assim que as coisas devem ser", a força se torna desnecessária.
Houve uma embaixadora do Egito, viajada e culta, que vivia em Paris, mas que voltou à aldeia natal para excisar o clitoris da filha. Ela achava que tinha que ser assim.

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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

Fernando Silva escreveu:
Acauan escreveu:
Apo escreveu:O movimento denominado Feminismo nada tem a ver com a libertação real das mulheres da pretensa - porém histórica e covarde - supremacia advinda da força masculina, que depois denominaram machismo, pois através da força se cria poder e se estabelecem os preceitos de uma cultura.

Os preceitos de uma cultura só se estabelecem pela transmissão de geração para geração, o que na maioria dos povos é feito pelas mulheres que educam seus filhos nos papéis tradicionalmente dirigidos ao homem e à mulher, em um processo no qual a força bruta é irrelevante.

Exato. Depois que a mulheres aceitam que "é assim que as coisas devem ser", a força se torna desnecessária.
Houve uma embaixadora do Egito, viajada e culta, que vivia em Paris, mas que voltou à aldeia natal para excisar o clitoris da filha. Ela achava que tinha que ser assim.


Pobre humanidade....
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

Antes de freqüentar o RV eu sabia por alto que os problemas sociais são oriundos da ignorância e atraso dos indivíduos, que dão forma à cultura vigente.
Mas agora tenho bem clara a paisagem triste em que vivemos: estamos só bancando civilizados, algumas mentalidades ( notadamente no interior do Brasil ) são exatamente as mesmas de minha tataravó. E acham bonito e normal...fazer o quê? Cada um tem orgulho do que não pode ou não quer mexer ( vá se saber com que interesses...)
De fato, quando nenhuma vontade se eleva para alterar o status, só resta a inerte transmissão do atraso de geração pera geração....
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Apo,

Pare de tirar conclusoes sobre qual forma de educacao eu defenderia ou atacaria. Eu achei que tinha deixado claro que nao estava defendendo nenhum modo particular de criacao de filhos, mas o direito dos pais de criarem seus filhos como bem entenderem.

Se voce confunde isso com permitir que pais explorem, humilhem ou maltratem os seus filhos, acho que voce so pode estar sofrendo de alguma patologia ideologica grave. Existem diversas discussoes sobre o que e a forma mais adequada de se criar um filho, e nenhuma ou quase nenhuma debate coisas como se os pais teriam o direito de prostituir ou de assassinar seus filhos. O fato de todos concordarem que essas coisas sao ruins nao torna impossivel existirem discordancias sobre se devemos tratar meninas de forma diferente de meninos, ou se as criancas devem ser pressionadas ou nao para manterem bons resultados na escola ou no esporte, ou se deve-se ou nao aplicar palmadas em criancas levadas. Eu tenho certeza que voce tem uma firme opiniao, muito bem embasada, sobre todos esses topicos, e que procura educar seus filhos segundo essa opiniao. O que eu estou dizendo e que da mesma forma que voce tem a sua, outros tambem poussem as deles, e que o direito que voce considera tao sagrado de criar sua filha segundo os principios que voce julga correto nao e uma exclusividade sua, mas de todas as maes e pais.

O problema e que voce mistura um monte de coisas, e sugere uma solucao que na verdade nao soluciona nada: dar mais poder de invasao para o Estado.

O fato de existirem pais ignorantes e realmente lamentavel. Mas muito mais lamentavel seria ter que se submeter a avaliacao constante de burocratas e que por motivos futeis poderiam tomar seus filhos tanto quanto podem de causar problemas duaneiros com mercadorias que voce traz na sua mala de viagem.

Esse nao e o unico mal, mas ja ilustra bastante o que eu quero dizer.

Pais que maltratam os filhos sao algo revoltante, o problema e a exploracao dada para essa revolta. Sao sugeridas solucoes totalitarias que nao eliminam esse problema e ainda criam transtornos imensos para todos aqueles que sao ordeiros e civilizados, e tratam bem seus filhos, ainda que a seu proprio modo.

Quando eu digo que devemos partir do principio que pais sao a priori os melhor qualificados para decidir o tipo de educacao que seus filhos receberao, eu nao estou sendo arbitrario. Pais sao os responsaveis legais e praticamente todos eles discordam entre si em algum ponto sobre qual a melhor forma de se educar. Por que o Estado deveria tomar um partido de alguns dos pais (que por alguma razao voce pensa que incluriam voce) contra todos os outros pais? Existem problemas tanto de ordem tecnica administrativa, quanto de ordem etica e logica que tornam qualquer tipo de microadministracao familiar da parte do Estado algo impraticavel, e que quando se tenta por em pratica, produz resultados sempre ruins. Da ordem tecnica, temos que a atencao necessaria para a educacao de uma crianca demanda boa parte do tempo de um adulto (ou partes consideraveis do tempo de cada pessoa em um casal de pais). Assistentes sociais jamais conseguiriam acompanhar o desenvolvimento das criancas e ter o feedback necessario para conduzir um programa educativo funcional as visitando uma ves por mes. Para fazer visitas mais frequentes as familias, teriamos que empregar mais assistentes sociais, ate o ponto em que teriamos quase tantas assistentes quanto temos maes de criancas.

O outro ponto e que nao haveria parametros para qualificar bons metodos de educacao, ou pelo menos eles seriam muito mais dificeis de avaliar. Se todas as criancas fossem educadas homogeneamente, todas elas aprenderiam as mesmas coisas ruins e mas. Salvo diferencas naturais entre cada uma delas, elas teriam os mesmos tipos de problemas, que passariam a ser considerados como algo normal, pois nao haveria parametro de comparacao. Com a educacao descentralizada, cada pai pode implementar o metodo que julga mais adequado, e o desenvolvimento fisico, intelectual e moral de seus filhos em comparacao com os demais pode dar uma informacao muito mais completa sobre a qualidade do metodo empregado.

Do ponto de vista etico, teriamos os valores de alguns pais sendo impostos hegemonicamente sobre todos os outros pais. Pode-se concordar que certos pais radicais, como certos religiosos fanaticos (me vem a cabeca os mormons ultra-ortodoxos e os "amish", nos EUA), escolham isolar-se do resto da sociedade por nao partilhar dos mesmos valores. Isso e uma escolha estranha, porem nao pode ser dita anti-etica, afinal eles nao cercearam nenhum direito equivalente de outras pessoas de se socializarem ou se isolarem ao fazer isso. O problema e quando os pais radicais nao querem isolar-se da sociedade, mas submete-la a forca a seus valores pessoais. Nisso eles sao identicos a socialistas, e chafurdam no mesmo esgoto moral que cada esquerdista.

Desse modo, devemos conluir que desde que os pais obedecam certos mandamentos basicos e de comum acordo na sociedade (como, por exemplo, nao espancar os filhos), a eles deve caber a decisao de como cuidar da educacao de seus filhos.

O que acontece com voce e que voce e dominada pelo sentimento de panico social que acomete boa parte das pessoas que se depara com noticias chocantes de abusos desferidos por pais contra seus filhos. Como eu disse, sao fatos lamentaveis e que denotam claramente a maldade humana. Contudo a solucao estatal nao resolve nada, apenas transfere o poder de produzir o mal para um nivel superior, onde os burocratas teriam muito mais inclinacao para serem crueis do que os pais teriam. Poucas realidades parecem mais abominaveis do que aquela onde a educacao de criancas seria confiada a burocratas. Ate nos paises comunistas essa ideia era bastante repudiada (ainda que, naturalmente, as invasoes do Estado fossem muito mais rotineiras).

E preciso antes de mais nada compreender que o mal do Homem nao e a ausencia do Estado, mas sua condicao natural de ignorante, que deve ser amenizada com a promocao da razao individual, e nao com a revolta contra ela. Entregar plenos poderes a maquina de opressao e abdicar da racionalidade individual e depositar fe incondicional na "racionalidade coletiva" de burocratas. E esta ja se mostrou ser a mais poderosa fonte do Mal concebida pelo homem. Poucas coisas me parecem mais insensatas do que colocar nossas criancas nas maos deles.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

user f.k.a. Cabeção escreveu:[color=#0080ff][b]Apo,

Pare de tirar conclusoes sobre qual forma de educacao eu defenderia ou atacaria. Eu achei que tinha deixado claro que nao estava defendendo nenhum modo particular de criacao de filhos, mas o direito dos pais de criarem seus filhos como bem entenderem.


Aí está o ponto. Você não educaria, mas é permissivo no que tange ao que acontece na casa do vizinho.
Se o pai resolver que manter relações incestuosas com as filhas ou bater nelas, ou ainda tratar o filho homem como escravo no canavial, tudo bem. Você não se importa e nem o Estado deve se importar.
Mas o que é isto, senão endossar o atraso e o abuso primitivo? Para mim, pensar, agir ou permitir é tudo a mesma coisa.
Por este motivo, por as pessoas serem assim, é o que deve haver intermediários em civilizações que não queiram permanecer no obscurantismo histórico. Pois o que uma geração passa a outra, se não sofrer algum tipo de corte, está perigosamente fadada ao barbarismo. O que vemos entre muçulmanos e outras culturas são animais sem um pingo de escrúpulo atacando a prole ( sua e do outro ), colocando armas na mão de bebês, escravizando crianças, entregando meninas de 11 anos nas mãos de homens de 40 mediante pagamento vultuso.
Concorda que isto aconteça na vizinhança de ser jardim florido? Eu, não.

Se voce confunde isso com permitir que pais explorem, humilhem ou maltratem os seus filhos, acho que voce so pode estar sofrendo de alguma patologia ideologica grave.


Nem vou comentar isto aqui. Quem concorda com uma opressãozinha na menina para que não queira ser igual a um menino, concorda com tudo. Quem lhe mostra os limites entre o visível e o que está escondido? Você poria a mão no fogo pelo austríaco que queria o bem da filha e nutria por ela tanto amor? E pelos netos, inclusive aquele que matou e colocou fogo? Mas ninguém sabia....E ninguém se metia quando ele sumia naquela porta por horas...
Provavelmente você também não se incomodasse.
Mas olhe o olhar da menina que não deve colocar o pezinho onde um menino poderia. É o mesmo, para quem tem 6 anos e deve ouvir outras "mensagens" quando não está em público com uma avó exibicionista da excelente educação que está dando à netinha do coração. Afinal, proteger sua neta e dar a ela uma "educação mais....cuidadosa" apenas porque ela é mulher, é plenamente aceitável. :emoticon9:


Existem diversas discussoes sobre o que e a forma mais adequada de se criar um filho, e nenhuma ou quase nenhuma debate coisas como se os pais teriam o direito de prostituir ou de assassinar seus filhos. O fato de todos concordarem que essas coisas sao ruins nao torna impossivel existirem discordancias sobre se devemos tratar meninas de forma diferente de meninos, ou se as criancas devem ser pressionadas ou nao para manterem bons resultados na escola ou no esporte, ou se deve-se ou nao aplicar palmadas em criancas levadas.


Não sei o que você pensa, mas há muitos debates, sim, que colocam na força da palmada e suas variáveis o quento isto pode significar no dia-a-dia e no futuro. O ser humano não é uma máquina programada. Se fosse assim, não haveria irmãos tão diferentes em famílias que dão o mesmo tipo de educação. O problema é ainda mais complexo: irmãos são indivíduos e devem ter educações personalizadas.
Quem não tem capacidade para tal esforço hercúleo, que não os tenha.
Assim como quem não tem capacidade para desvincular a educação que recebeu de herança ( ou o que está na moda na sociedade, como o uso de determinados castigos do tempo da minha bisavó) )daquela que vai aplicar sobre os filhos, também não deve se arriscar.
Caso venha a fazê-lo, que admita as falhas recebidas ( mediante análises de suas carências e reclaques) e NÃO PASSE ADIANTE. É assim que melhora uma linhagem de seres humanos de verdade.


Eu tenho certeza que voce tem uma firme opiniao, muito bem embasada, sobre todos esses topicos, e que procura educar seus filhos segundo essa opiniao. O que eu estou dizendo e que da mesma forma que voce tem a sua, outros tambem poussem as deles, e que o direito que voce considera tao sagrado de criar sua filha segundo os principios que voce julga correto nao e uma exclusividade sua, mas de todas as maes e pais.


Eu não falei se uma mãe deve escolher a cor do vestidinho da filhinha de acordo com o que o Estado determinada. Ou o que ela deve ser no futuro, como faziam nossos bisavós. Eu falei que as crianças são todas merecedoras de apoio e amor em sua inocência, IGUALMENTE. A proteção sexista é criminosa.
Diga-me alguma razão minimamente relevante para uma menina não levantar a voz, não subir num muro e não mandar o amiguinho catar coquinho, como faz o sexo "forte". Uma razão relevante que não se insira em nenhuma ideologia tacanha de apartheid entre sexos na atual sociedade ( esqueça a das nossas bisavós ou a de alguns lugares do outro lado do planeta).

O problema e que voce mistura um monte de coisas, e sugere uma solucao que na verdade nao soluciona nada: dar mais poder de invasao para o Estado.


Não. Isto é o seu temor. Evidente que o Estado tem que servir a uma melhora na sociedade.
Você discorda de uma criança de 5 anos com uma foice num canavial? Eu acho que sim. Quem vai tirá-la de lá? Eu não posso me dar a este direito, como você mesmo diz. Seria quem, então? O pai defende que está certo. Pais sempre tiveram filhos para ajudar no sustento da família. Grande coisa, não é mesmo? Por que querer ser fundamentalista e discordar disto achando que o Estado deva mudar tal mentalidade?
Pelo amor de deus, cabeção...

O fato de existirem pais ignorantes e realmente lamentavel. Mas muito mais lamentavel seria ter que se submeter a avaliacao constante de burocratas e que por motivos futeis poderiam tomar seus filhos tanto quanto podem de causar problemas duaneiros com mercadorias que voce traz na sua mala de viagem.


Ok. Façamos de conta que assim é melhor, então. O Estado apenas que recolha algum defuntinho se o pai permitir.


Esse nao e o unico mal, mas ja ilustra bastante o que eu quero dizer.

Pais que maltratam os filhos sao algo revoltante, o problema e a exploracao dada para essa revolta. Sao sugeridas solucoes totalitarias que nao eliminam esse problema e ainda criam transtornos imensos para todos aqueles que sao ordeiros e civilizados, e tratam bem seus filhos, ainda que a seu proprio modo.


Não é a exploração DADA. É revoltante e pronto. Estômagos fortes de adultos que esquecem que a criança está sofrendo abusos mentais, emocionais e físicos ( que não cessaram depois, muito pelo contrário) estão sendo apenas cúmplices. Mesmo que durmam bem à noite.
Tratar bem é tratar bem. Não existe tratar bem a seu modo. Seu modo pode abrir precedente para muita coisa. Pais que batem o fazem tão bem embasados, que muitos filhos ainda chegam à idade adulta contando que foi ótimo terem apanhado. Não se dão conta que o ser humano tem a capacidade de negar a dor a ponto de achar justificativas para não contra-atacar ( porque não pode, porque na hora foi submetido ). Estes que acharam correto e merecido, vão devolver o que ficou no inconsciente repetindo a dose na próxima geração. É o amor...

Quando eu digo que devemos partir do principio que pais sao a priori os melhor qualificados para decidir o tipo de educacao que seus filhos receberao, eu nao estou sendo arbitrario. Pais sao os responsaveis legais e praticamente todos eles discordam entre si em algum ponto sobre qual a melhor forma de se educar.


Há pais e pais. Alguns são apenas ausentes. Como não há equação biológica para mudar esta ordem natural, temos que concordar que quem tem o filho que o embale. Certo. Seja lá de jeito for? Bem....


Por que o Estado deveria tomar um partido de alguns dos pais (que por alguma razao voce pensa que incluriam voce) contra todos os outros pais? Existem problemas tanto de ordem tecnica administrativa, quanto de ordem etica e logica que tornam qualquer tipo de microadministracao familiar da parte do Estado algo impraticavel, e que quando se tenta por em pratica, produz resultados sempre ruins. Da ordem tecnica, temos que a atencao necessaria para a educacao de uma crianca demanda boa parte do tempo de um adulto (ou partes consideraveis do tempo de cada pessoa em um casal de pais). Assistentes sociais jamais conseguiriam acompanhar o desenvolvimento das criancas e ter o feedback necessario para conduzir um programa educativo funcional as visitando uma ves por mes. Para fazer visitas mais frequentes as familias, teriamos que empregar mais assistentes sociais, ate o ponto em que teriamos quase tantas assistentes quanto temos maes de criancas.


Viajou demais. Nunca que eu defenderia isto. Odeio psicólogos e pedagogos cheios de teorias modernas ( que caem por terra no ano seguinte). E não odeio por causa de suas teorias. Mas porque são apenas teorias imbecis como as que dizem que crianças se traumatizam quando seus erros são apontados, quando se usa caneta vermelha para corrigir prova - e não azul -, quando a professora manda ir ao quadro fazer um exercício ( em vez de ir passear no pátio ).

Sou contra estes papos furados inventados por gente maluca que está sendo negligente em vez de colocar as crianças numa posição de agentes ativos de sua construção. Eles acham que o "faça o que bem entender" vai construir alguma coisa baseado no vazio absoluto.
Não é isto. O Estado deve construir de fato, e não inventar um jeito de se ausentar, inventando teorias que servem à sua inoperância apenas. Em famílias desestruturadas ( por motivos não julgáveis aqui),que pelo menos a escola seja algo de firme na construção da personalidade. Um porto seguro, com nortes definidos. Não um lugar onde as crianças vão para comer um prato de comida e depois rolar pelo pátio. É isto que Estados fictícios ( como o brasileiro) fazem. Um endosso absoluto à barbárie que bem é vista em nossa sociedade atualmente. Uma criança do morro prefere um pouco de disciplina entre os traficantes do morro do que dentro de casa e muito menos na escola.

O outro ponto e que nao haveria parametros para qualificar bons metodos de educacao, ou pelo menos eles seriam muito mais dificeis de avaliar. Se todas as criancas fossem educadas homogeneamente, todas elas aprenderiam as mesmas coisas ruins e mas. Salvo diferencas naturais entre cada uma delas, elas teriam os mesmos tipos de problemas, que passariam a ser considerados como algo normal, pois nao haveria parametro de comparacao. Com a educacao descentralizada, cada pai pode implementar o metodo que julga mais adequado, e o desenvolvimento fisico, intelectual e moral de seus filhos em comparacao com os demais pode dar uma informacao muito mais completa sobre a qualidade do metodo empregado.


Sim, mas meninos e meninas podem subir nos mesmos lugares. Apenas que sejam protegidos para não se machucar ou ser atacado pelo cachorro do vizinho.

Do ponto de vista etico, teriamos os valores de alguns pais sendo impostos hegemonicamente sobre todos os outros pais. Pode-se concordar que certos pais radicais, como certos religiosos fanaticos (me vem a cabeca os mormons ultra-ortodoxos e os "amish", nos EUA), escolham isolar-se do resto da sociedade por nao partilhar dos mesmos valores. Isso e uma escolha estranha, porem nao pode ser dita anti-etica, afinal eles nao cercearam nenhum direito equivalente de outras pessoas de se socializarem ou se isolarem ao fazer isso. O problema e quando os pais radicais nao querem isolar-se da sociedade, mas submete-la a forca a seus valores pessoais. Nisso eles sao identicos a socialistas, e chafurdam no mesmo esgoto moral que cada esquerdista.


Exatamente. Foi o que eu disse ali em cima de outro jeito.
Mas meninas e meninos podem fazer as mesmas coisas. E virgindade é a coisa mais escrota que se pode imputar a uma mulher. Mas nem vou entrar nesta seara porque a ignorância de alguns aqui seria remexida até a última gota de fúria macho-chauvinista. Não costumo discutir com quem não tem nada no cérebro ou teve uma parte aniquilada para sempre e se usa desta falha para suas perversões. Todas oriundas de uma triste insegurança adquirida justamente na tenra idade.

Desse modo, devemos conluir que desde que os pais obedecam certos mandamentos basicos e de comum acordo na sociedade (como, por exemplo, nao espancar os filhos), a eles deve caber a decisao de como cuidar da educacao de seus filhos.


Meus pais me batiam de chinelo e cinta. Para eles isto jamais foi espancar. Espancar seria com chicote, relho ou cabo de vassoura. E agora?

O que acontece com voce e que voce e dominada pelo sentimento de panico social que acomete boa parte das pessoas que se depara com noticias chocantes de abusos desferidos por pais contra seus filhos. Como eu disse, sao fatos lamentaveis e que denotam claramente a maldade humana. Contudo a solucao estatal nao resolve nada, apenas transfere o poder de produzir o mal para um nivel superior, onde os burocratas teriam muito mais inclinacao para serem crueis do que os pais teriam. Poucas realidades parecem mais abominaveis do que aquela onde a educacao de criancas seria confiada a burocratas. Ate nos paises comunistas essa ideia era bastante repudiada (ainda que, naturalmente, as invasoes do Estado fossem muito mais rotineiras).


Eu sei que é complicado. Mas deixar o Estado fora desta me parece abrir espaço para o problema oposto aquele que você teme e combate: o poder da autoridade biológica ou tutelar apenas por sê-la.

E preciso antes de mais nada compreender que o mal do Homem nao e a ausencia do Estado, mas sua condicao natural de ignorante, que deve ser amenizada com a promocao da razao individual, e nao com a revolta contra ela. Entregar plenos poderes a maquina de opressao e abdicar da racionalidade individual e depositar fe incondicional na "racionalidade coletiva" de burocratas. E esta ja se mostrou ser a mais poderosa fonte do Mal concebida pelo homem. Poucas coisas me parecem mais insensatas do que colocar nossas criancas nas maos deles.


Eu concordo plenamente com isto aqui. Mas quem move a primeira palha? Voce acha que está certo a vovó se exibir para mim mostrando que sua netinha não é um menino desde cedo...
Já que ela se exibiu PARA MIM, me custou não dizer que sua netinha era mais habilidosa em subir num ferrinho a 20 cm do chão do que muito menino chorão que se vê por aí.
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Apo escreveu:Quem concorda com uma opressãozinha na menina para que não queira ser igual a um menino, concorda com tudo.


Imagino que todas as objecoes levantadas por voce contra mim podem ser resumidas nisso aqui.

Entao, todas as pessoas que consideram adequado ou ao menos toleravel dar alguns limites a mais para meninas sao igualmente inclinadas a concordar com a pedofilia e a violencia praticada por determinados pais?

Toda a sua argumentacao finalmente repousa sobre uma afirmacao insustentavel.

Existem bases racionais e morais para que pais sejam mais cautelosos com suas filhas do que com seus filhos. Voce pode discordar delas, mas jamais podera associar isso a qualquer tipo de predisposicao a aceitacao de atos de violencia e abuso. Simplesmente nao segue.

O seu orgulho cego pode te impedir de reconhecer que a condicao feminina implica em muitos casos, principalmente com relacao a criancas e adolescentes, numa vulnerabilidade muito maior do que aquela a qual estao sujeitos meninos da mesma idade, mas nao elimina esse fato.

Outras pessoas, mais conscientes disso, sabem que precisam recomendar maior prudencia e cautela, e em certos casos impor limites mais estritos, para as suas filhas do que para seus filhos. Afinal, sao elas que estao mais sujeitas a serem agredidas por algum tarado fisicamente mais forte e a serem seduzidas e abandonadas. Normalmente sao elas que sofrem as piores consequencias.

Mulheres tambem costumam ser mais instaveis emocionalmente, e quase todas sao em algum nivel vitimas de oscilacoes hormonais que tornam o seu temperamento inconstante.

Todo esses fatos fizeram as familias adotarem posturas tradicionais mais cautelosas com suas filhas do que com seus filhos. Nao se trata de um complo repressor contra a mulher, mas de uma preocupacao real com a preservacao do bem-estar dos filhos.

Muitas dessas tradicoes precisam ser revistas, ate porque os tempos mudam. E efetivamente sao, pelas proprias mudancas de pontos de visa que acompanham o desenvolvimento da civilizacao. Apesar de ainda existirem tarados, nao vivemos mais em meio a vikings que sequestrarao qualquer mulher desacompanhada na rua. Isso cria um incentivo para que as filhas sejam criadas com um pouco mais de liberdade e um pouco menos de cautela, aproximando-se do tratamento dado aos filhos.

Quando voce diz que e equivalente praticar ou endossar pedofilia e tratar de forma assimetrica filhos e filhas, voce simplesmente esta reduzindo quase toda a humanidade, exceto voce e outras maes feministas radicais a um bando de pedofilos degenerados. Talvez seja a sua intencao, eu nao sei, mas duvido que voce espere convencer qualquer um com esse tipo de argumento.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Quanto a necessidade de invadir algumas liberdades para exercer vigilancia e punir maus elementos, concordo com voce. Esse payoff existe e deve ser considerado seriamente.

Agora o que voce nao pode e tirar conclusoes precipitadas. Com certeza, se o conselho tutelar instalasse cameras em todos os comodos da casa de todas as pessoas teriamos que o indice de abuso infantil provavelmente reduziria significativamente. O que precisamos saber e se estamos dispostos a sacrificar mais ainda nossas escassas liberdades e privacidades para que mais criminosos sejam capturados ou mais crimes sejam evitados.

Essa e a pergunta dificil. A gritaria inconsequente de que se deva dar mais poder invasivo ao Estado nao percebe que essa solucao cria seus proprios problemas.

O erro consiste em acreditar que um poder invasivo criado sera empregado apenas para os fins que conduziram a sua criacao. Nao passa pela cabeca das pessoas que propoem essas coisas (ou talvez passe, o que e ainda mais perigoso), que burocratas podem usar esses amplos poderes para fazer coisas outras do que as funcoes para as quais teriam sido delegados, satisfazendo seus proprios interesses. Essa corrupcao dos valores comum a governos invasores e extremamente natural, quando se examinam as motivacoes e incentivos que governam a acao dos burocratas. No final das contas, com o poder desviado de suas funcoes, o servico de seguranca que deveria ser prestado continua sendo precario e a vida das pessoas e invadidade ainda mais, para a conclusao de objetivos nefandos de gente obcecada por poder e controle.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

Cabeção, antes de mais nada...aquele meu post falando alguns foristas aqui não foi dirigido a você especialmente. Referia-se mais à mentalidade geral e assumida de inferiorização da mulher que ronda o ambiente que se diz tão bem informado como este. Tal inferiorização é descaradamente abordada por estes ( e aqui você se enquadra ) mediante a inversão de que seria proteção, uma falácia transparente que trata de opressão à liberdade ampla das meninas insidiosamente, pois antes assim do que se transformem num empecilho projetado no futuro. Então, é melhor colocá-las desde cedo no enquadramento mais adequado.

Quanto à educação dos filhos e a repressão desnecessária e ilógica na maioria das vezes. Pior do que uma criança teimosa e descontrolada, são pais teimosos e igualmente descontrolados.
Algumas ações e palavras pretensamente educativas nada mais são do que um revival. Pais perdidos é o que mais se vê, tanto no desespero da desistência, quanto na mão que desce pesada ou no destempero das palavras.

E no tocante a eu depreender certas conclusões a seu respeito, quem me chamou de fanática - porque discordei tristemente da vovó machista exibicionista e do posterior olhar de tristeza da menina(a mim dirigido naquele momento) pelo prazer abortado - foi você, não o contrário.

Juro que se eu pudesse, daria naquele momento mil muros nos quais ele pudesse subir, e eu seria muito feliz de poder proporcionar-lhe esta chance. Mas não posso. Então cuido apenas da minha filha, que sobre degraus com uma facilidade a ela inerente e a ela permitida.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Quanto a necessidade de invadir algumas liberdades para exercer vigilancia e punir maus elementos, concordo com voce. Esse payoff existe e deve ser considerado seriamente.

Agora o que voce nao pode e tirar conclusoes precipitadas. Com certeza, se o conselho tutelar instalasse cameras em todos os comodos da casa de todas as pessoas teriamos que o indice de abuso infantil provavelmente reduziria significativamente. O que precisamos saber e se estamos dispostos a sacrificar mais ainda nossas escassas liberdades e privacidades para que mais criminosos sejam capturados ou mais crimes sejam evitados.

Essa e a pergunta dificil. A gritaria inconsequente de que se deva dar mais poder invasivo ao Estado nao percebe que essa solucao cria seus proprios problemas.

O erro consiste em acreditar que um poder invasivo criado sera empregado apenas para os fins que conduziram a sua criacao. Nao passa pela cabeca das pessoas que propoem essas coisas (ou talvez passe, o que e ainda mais perigoso), que burocratas podem usar esses amplos poderes para fazer coisas outras do que as funcoes para as quais teriam sido delegados, satisfazendo seus proprios interesses. Essa corrupcao dos valores comum a governos invasores e extremamente natural, quando se examinam as motivacoes e incentivos que governam a acao dos burocratas. No final das contas, com o poder desviado de suas funcoes, o servico de seguranca que deveria ser prestado continua sendo precario e a vida das pessoas e invadidade ainda mais, para a conclusao de objetivos nefandos de gente obcecada por poder e controle.


Então concordamos. Mas meninas não precisam ser protegidas, tá? Elas desenvolvem os dois lados do cérebro concomitantemente e muito bem. Os meninos é que precisam de mais atenção e menos apoio a suas viagens anárquicas com monstros e armas vendidos aos quilos pela indústria de "brinquedos". Porque seus pais esperam deles que dêem muita porrada e se adonem de territórios e mentes vizinhas.
Pobres meninos. Depois, dá no que dá. Espero sinceramente que você seja uma exceção.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apáte »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Apo escreveu:Quem concorda com uma opressãozinha na menina para que não queira ser igual a um menino, concorda com tudo.


Imagino que todas as objecoes levantadas por voce contra mim podem ser resumidas nisso aqui.

Não acho que esta frase foi a simples tentativa de ganhar o Red Monkey Falácia Inovadora do Ano, foi bem mais grave. Nem sei por que este tipo de comportamento é tolerado aqui, sendo que o 'simples fdp' jamais veio sem voltar com punição.

A maioria das garotas já devem ter ouvido frases do tipo: "moças não sentam com as pernas abertas". Obviamente os garotos também foram pressionados: "Você tem que falar grosso que nem macho." Acredito que boa parte dos usuários já ouviram frases como estas dos seus pais, e indepente de hoje discordar delas (ou de criar seus filhos em moldes parecidos), mantém um profundo respeito e admiração por eles. Igualá-los a pedófilos, assassinos, tarados ou criminosos é a gota d'água. Muito pior do que qualquer calúnia que eu já tenha lido neste fórum, devidamente punida, e que seria até em outros espaços mais permissivos.

Não sei se toda esta revolta vem pelo profundo desperezo que ela demonstra pelos seus criadores, não sei se eles pararam nas chineladas ou se ela tem algum outro motivo para este rancor e ódio ou se é só mais uma rebelde pela ausência de testículos, mas peço que desta vez olhem a gravidade destas acusações como se fossem feitas por outro forista, como o Aurélio.
Bem, na pior das hipósteses, ele atrais bons foristas como Samaéis, já ela os afasta.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Apo »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Apo escreveu:Quem concorda com uma opressãozinha na menina para que não queira ser igual a um menino, concorda com tudo.


Imagino que todas as objecoes levantadas por voce contra mim podem ser resumidas nisso aqui.



Desculpa, querido, eu não tinha visto isto aqui. Mas nem de longe quis me referir a você. Eu estava pensando na mentalidade histórica sobre a opressão das mulheres e a aceitação ( relativa, visto que a evolução dos valores humanitários levanta-se contra muitas destas "naturalidades" abusivas ) do que lhes é naturalmente imposto em várias culturas. É díficil expressar algumas idéias gerais, sem colocar o interlocutor como alvo, às vezes. Mas não quis agredir e nunca imagine tal coisa.
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Turner
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Turner »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Turner,

O problema de muitos ceticos e ateus ao analisar a religiao e que eles parecem identificar todas as diversas formas de manifestacao religiosa ao fanatismo puro.

Pensam que todo religioso recebe um manual composto de regras arbitrarias de seus ancestrais, para obedecer cegamente o que ali estiver escrito, segundo as interpretacoes de seus antepassados.

Isso esta completamente errado. Isso sequer explica o fanatismo mais inconsequente. Regras arbitrarias simplesmente nao funcionam nem produzem ordem, e mesmo as religioes fanaticas mais violentas nao sao completamente caoticas. Mesmo as regras religiosas possuem alguma coerencia interna que as permita subsistir como fundamentos para sociedades minimamente estaveis. Essa coerencia e resultado da racionalidade de todos aqueles que produzem, transmitem, observam e eventualmente alteram essas regras.

Essa primeira aproximacao do pensamento religioso e completamente inconsequente e deve ser simplesmente descartada por nao servir para nada exceto estimular o preconceito ignorante.

O que mais se aproxima dessa definicao errada e o comportamento fanatico. Embora as regras que os fanaticos obedecam estejam sujeitas as mesmas consideracoes que todas as outras, e nao sejam portanto aleatorias, elas sao de natureza tal que obstruem significativamente a reflexao e induzem a aceitacao sem grandes questionamentos, o que e um obstaculo para o aprimoramento moral.

Contudo, quando o ateu procura reduzir a religiosidade ao fanatismo, ele esta sendo fanatico. Ele nao esta percebendo que as pessoas cristas que leem a biblia estao a procura da sabedoria que nela se encontra, e nao de qualquer coisa. Elas selecionam as passagens que possuem maior significado dando-lhes atencao especial, e e muito mais facil que sejam passagens de algum evangelho, ou dos Salmos, do que dos livros mais violentos e ultrapassados como Levitico, ou Deuteronomio, ou algumas passagens do pentateuco. Somente uma pessoa cega pela irracionalidade fanatica nao perceberia nessa tendencia uma demonstracao de que as pessoas refletem mesmo diante dos textos sagrados, que a priori seriam a palavra de Deus e que nao poderiam ser questionados.

Muitos ateus tendem a descartar a filosofia escolastica, a teologia, a metafisica e o estudo de religioes comparadas como sendo puro non-sense, mas a maioria deles nunca leu nenhuma obra a respeito. Nao percebem que a analise filosofica dos textos sagrados, mais do que mera profusao verborragica, representa uma das formas de investigar os fundamentos da moral e da razao, de dar e procurar sentido para as coisas. Poucos se preocuparam em informar-se que dessas investigacoes "inuteis" surgiram os fundamentos da logica e mesmo do metodo cientifico, ou seja, tudo aquilo que consideram util. E nessa condicao de ignorancia consideram-se habilitados a separar o mundo entre cegos e aqueles que podem enxergar, incluindo-se no segundo grupo obviamente.

Voce pode ate dizer que a generalizacao que faz do pensamento religioso e uma opiniao sua e nao um dogma, e que por isso nao e fanatico. Isso nao muda grande coisa. O fanatismo nao tem o costume de ser auto-declarado. Ele e no entanto identificavel em determinadas atitudes radicais. A moderna "opiniao" dos socialistas "cientificos" na Alemanha hitlerista, na Russia stalinista e na China maoista sobre a correta organizacao social, e nao suas "crencas milenares", que produziu milhoes de cadaveres num espaco de tempo extremamente curto, superando de longe todas as guerras e mortes causadas por perseguicao religiosa em toda a Historia.


Voce parece defender um relativismo geral. Essa defesa pode de fato parecer mais "justa" perante a liberdade total e irrestrita sobre o pensamento de qualquer ser vivo que pise na face deste planeta (cada um pensa o que quiser. Ponto. Discutir o que sobre isso???). Não há como contestar algumas argumentações suas devido a isso. Eu mesmo defendo "algo" parecido com isso.

Mas tenho certeza que entendeu minhas primeiras colocações.
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Se enganou feio.

O relativismo e na minha opiniao a crenca mais inconsistente que pode existir.

Defender a liberdade de pensamento e diferente de defender que nao exista padrao absoluto para apurar a verdade. A defesa da liberdade de pensamento repousa sobretudo num reconhecimento da falibilidade humana em conhecer por completo esse padrao para julgar-se apto a oprimir outras formas de pensar.

O que eu defendo e que embora sejamos limitados e difiramos em certos aspectos, somos todos dotados de razao que busca esse conhecimento da verdade ultima.
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Turner
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Turner »

Verdade última que só pode ser uma, não importa qual seja. Essa é a questão.

Não importa, por exemplo, quais foram os eventos naturais que ocorreram no remotíssimo passado cósmico que propciaram tudo que existe (ou tão pouco como era antes do big bang ou qualquer outra teoria ainda nem elaborada pela ciencia). O fato é que algo, ou uma outra coisa qualquer, ocorreu e estamos aqui. E no que nos tornamos está muitíssimo ligado a evolução teorizada por Darwin.

Bem, isso tudo pode ou não ser verdade, mas não muda a real verdade (me desculpe o pleonasmo), seja ela qual for. Eu só critíco (sem receio de ser injusto) quem audaciosamente afirma uma verdade a qual não possui a mínima chance de conferir, pois são coisas não conjecturáveis. E isso é típico da fé cega, das religiões. Nem vou entrar no mérito da questão da importância das religiões na história da humanidade (isso é para outro debate), mas o fato é que o cético consciente sabe que não sabe. E isso é representa uma grande diferença.
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Dick
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Re: Revista Veja: Jovens Evangélicos

Mensagem por Dick »

Turner escreveu:Eu só critíco (sem receio de ser injusto) quem audaciosamente afirma uma verdade a qual não possui a mínima chance de conferir, pois são coisas não conjecturáveis. E isso é típico da fé cega, das religiões.


Bom, isto. Percebi claramente o ponto capital do Cabeção. Como os ateus (eu mesmo) costumam dar de ombros a toda tentativa de se obter conhecimento de uma forma religiosa. Concordo que é uma atitude obtusa. Mas é que freqüentemente sobe à cabeça cada vez que algum crente vem dizer como sua religião nos dá nossa base moral.

O fato é que muitos ateus ficaram velhos, cansados, de tentar argumentar com esta galera de pios, muitos deles certamente bem intencionados. Mas também bem desorientados em um sentido epistemológico. Para o cético compromissado com uma heurística progressiva de auto-correção e obtenção sincera de conhecimento, ouvir "verdades" que são não-falseáveis (acientíficas), fruto de mitologias arcaicas (todas as religiões) é um martírio tremendo.

A propósito, bem-vindo, Turner.
docdeoz escreveu:
"Você vai apertando a "coisa" e encontra um livro- "Variedades da Experiência Científica" que que CARL SAGAN afirma que há evidências de uma entidade chamada DEUS...
PASMEM!"

CADÊ O TRECHO? EM QUÊ PÁGINA? DE QUAL EDIÇÃO? EM QUAL CONTEXTO? SUA HONESTIDADE INTELECTUAL É IGUAL A UMA TEMPERATURA DE - 274 GRAUS CENTÍGRADOS, NÃO É MESMO?

Trancado