Esquerdistas são delicados com criminosos ?

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Aranha
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Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Aranha »

user f.k.a. Cabeção escreveu:

...

Mas ainda assim, tomando-se a vasta maioria dos debates entre conservadores e esquerdistas numa democracia, nao e dificil perceber que nesse tema a polarizacao e bastante clara, e foi por isso que eu os tratei dessa forma (direitistas e esquerdistas). Inclusive a propria divisao do debate nesse forum corrobora com esse tratamento.

Se voce acha que tal tratamento e inadequado, nao se preocupe, pois ele nao tem nenhuma necessidade para o argumento em si, que trata apenas da questao especifica do crime. Voce pode ignorar os politicamente carregados termos "esquerdista" e "direitista" e considera-los portanto "aquele que defende delicadeza e compreensao da parte do Estado com criminosos, com enfoque nas eventuais 'causas sociais'" e "aquele que defende rigor e punicao ao crime como metodo de protecao e educacao eficaz".



- Aproveito a postagem acima, que tirei de outro tôpico, para colocar em debate um tema mais que recorrente aqui neste fórum, sem desvirtuar o tôpico original.

- O post acima afirma que a polarização é clara e que esquerdista é "aquele que defende delicadeza e compreensao da parte do Estado com criminosos, com enfoque nas eventuais 'causas sociais'" e direitista é "aquele que defende rigor e punicao ao crime como metodo de protecao e educacao eficaz".

- Pelo que sei países como URSS, China e Cuba mantém máquinas de repressão violentas que garantem aos criminosos delicadezas tipo: Trabalhos Forçados, Rito Sumário, Campos de Concentração e Pena de Morte com requinte de cobrar a bala dos familiares.

- Já em países com tradição mais liberal como Alemanha, Inglaterra e Japão as polícias andam desarmadas, os bandidos tem amplo direito a defesa e terroristas islâmicos pregam o ódio livremente sem serem incomodados.

- Não vejo nada na teoria Marxista que leve a uma melhor compreensão e delicadeza com a alma criminosa, assim como não vejo nada no liberalismo que leve a um rigor maior com os mesmos.

- Na verdade o discurso que eu vejo na esquerda é mais relativo à luta de classes que à justificação do criminoso, é algo mais ou menos como : "rico não vai prá cadeia", "justiça foi feita só prá pobre", "se aprovarem pena de morte só vão matar pobre" e outras coisas.

- Mas..., posso estar errado, aguardo réplicas.

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Acauan
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Acauan »

Abmael escreveu:- Pelo que sei países como URSS, China e Cuba mantém máquinas de repressão violentas que garantem aos criminosos delicadezas tipo: Trabalhos Forçados, Rito Sumário, Campos de Concentração e Pena de Morte com requinte de cobrar a bala dos familiares.


O que apenas prova que o discurso da esquerda para chegar ao poder nada tem a ver com suas práticas depois que chegam lá.
Igualmente ao posto, os partidos comunistas antes das revoluções prometeram aos trabalhadores igualdade social, democracia, justiça e abundância e lhes deram ditaduras sanguinárias e fome.

Ou seja, bobo de quem acredita.
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Mucuna
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Mucuna »

Acauan escreveu:
Abmael escreveu:- Pelo que sei países como URSS, China e Cuba mantém máquinas de repressão violentas que garantem aos criminosos delicadezas tipo: Trabalhos Forçados, Rito Sumário, Campos de Concentração e Pena de Morte com requinte de cobrar a bala dos familiares.


O que apenas prova que o discurso da esquerda para chegar ao poder nada tem a ver com suas práticas depois que chegam lá.
Igualmente ao posto, os partidos comunistas antes das revoluções prometeram aos trabalhadores igualdade social, democracia, justiça e abundância e lhes deram ditaduras sanguinárias e fome.

Ou seja, bobo de quem acredita.



Talvez seja algo do tipo, "Antes o sistema era ruim, por isso vc se tornava/era tornado em um bandido. Agora que o sistema é bom, só as pessoas de má indole serão bandidas".

Na verdade, independente do sistema aplicado, acredito que a desculpa seja a mesma sempre.

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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Acauan »

Mucuna escreveu:Talvez seja algo do tipo, "Antes o sistema era ruim, por isso vc se tornava/era tornado em um bandido. Agora que o sistema é bom, só as pessoas de má indole serão bandidas".


Ou então, "Antes você era explorado pela burguesia, por isso vc se tornava/era tornado pobre. Agora que o partido lhe garante a justa participação no produto de seu trabalho, você é miserável porque é vagabundo".
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Abmael,

Devo dizer que sua selecao para o quote foi no minimo injusta, pois no trecho que foi suprimido eu fazia exatamente as mesmas colocacoes que voce usou para me objetar. Para quem quiser ler, segue o post na integra, com a parte suprimida em questao sublinhada:

user f.k.a. Cabeção em 25/09/2008 às 6:47 escreveu:Eu separei esquerda e direita nesse debate de modo a caracterizar aqueles inclinados a defender uma acao mais condenscendente com criminosos e teoricamente voltada para a "educacao" e "criacao de oportunidades iguais" daqueles que se acreditam que o combate efetivo ao crime se produz atraves do aumento do poder, rigor e eficacia das forcas de seguranca.

E claro que essa nao e uma caracterizacao precisa: existem pessoas que defendem essa maior delicadeza do Estado no trato com os bandidos mas em outros topicos sao favoraveis a liberdade economica e individual. Outros defendem a intervencao do Estado em todas as areas e propoem o emprego de violencia infinita contra os malfeitores (ou seja, todos os inimigos do Estado). Essa e alias a postura final de um regime totalitario de esquerda.

Mas ainda assim, tomando-se a vasta maioria dos debates entre conservadores e esquerdistas numa democracia, nao e dificil perceber que nesse tema a polarizacao e bastante clara, e foi por isso que eu os tratei dessa forma (direitistas e esquerdistas). Inclusive a propria divisao do debate nesse forum corrobora com esse tratamento.

Se voce acha que tal tratamento e inadequado, nao se preocupe, pois ele nao tem nenhuma necessidade para o argumento em si, que trata apenas da questao especifica do crime. Voce pode ignorar os politicamente carregados termos "esquerdista" e "direitista" e considera-los portanto "aquele que defende delicadeza e compreensao da parte do Estado com criminosos, com enfoque nas eventuais 'causas sociais'" e "aquele que defende rigor e punicao ao crime como metodo de protecao e educacao eficaz".


Nao acredito que tenha sido por desonestidade, pois isso seria um obvio tiro no proprio pe. Por isso sugiro que da proxima vez voce evite situacoes desse tipo ao ler integralmente, e nao diagonalmente, o que os outros escrevem.


Apenas para esclarecer, eu concordo com a teoria hayekiana que alega que o planejamento economico levado as ultimas consequencias logicas termina em totalitarismo, sendo impossivel concilia-lo com os principios que norteiam as democracias, ou, de um modo mais abrangente, as sociedades de homens livres. Hayek inclusive expoe no seu livro "O caminho para servidao" que isso nao foi uma deducao exclusiva sua, mas que muitos autores defensores do planejamento tambem chegaram a mesma conclusao antes dele, embora tenham adotado uma opiniao diferente quanto ao resultado encontrado.

Mas o fato e que excetuando alguns intelectuais esquerdistas, a maioria das pessoas que se dizem de esquerda nao levam os principios esquerdistas as ultimas consequencias logicas, e embora isso seja aberrante, temos que a normalidade nos meios socialistas atuais e adotar a defesa de uma postura economica totalitaria e uma postura social permissiva (sobretudo no que tange a caracterizacao, combate e punicao de criminosos), mesmo esses sendo dois pontos altamente contraditorios.

Os exemplos que voce citou de totalitarismo economico e social ilustram esse fato.
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Aranha
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Aranha »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Abmael,

Devo dizer que sua selecao para o quote foi no minimo injusta, pois no trecho que foi suprimido eu fazia exatamente as mesmas colocacoes que voce usou para me objetar. Para quem quiser ler, segue o post na integra, com a parte suprimida em questao sublinhada:

user f.k.a. Cabeção em 25/09/2008 às 6:47 escreveu:Eu separei esquerda e direita nesse debate de modo a caracterizar aqueles inclinados a defender uma acao mais condenscendente com criminosos e teoricamente voltada para a "educacao" e "criacao de oportunidades iguais" daqueles que se acreditam que o combate efetivo ao crime se produz atraves do aumento do poder, rigor e eficacia das forcas de seguranca.

E claro que essa nao e uma caracterizacao precisa: existem pessoas que defendem essa maior delicadeza do Estado no trato com os bandidos mas em outros topicos sao favoraveis a liberdade economica e individual. Outros defendem a intervencao do Estado em todas as areas e propoem o emprego de violencia infinita contra os malfeitores (ou seja, todos os inimigos do Estado). Essa e alias a postura final de um regime totalitario de esquerda.

Mas ainda assim, tomando-se a vasta maioria dos debates entre conservadores e esquerdistas numa democracia, nao e dificil perceber que nesse tema a polarizacao e bastante clara, e foi por isso que eu os tratei dessa forma (direitistas e esquerdistas). Inclusive a propria divisao do debate nesse forum corrobora com esse tratamento.

Se voce acha que tal tratamento e inadequado, nao se preocupe, pois ele nao tem nenhuma necessidade para o argumento em si, que trata apenas da questao especifica do crime. Voce pode ignorar os politicamente carregados termos "esquerdista" e "direitista" e considera-los portanto "aquele que defende delicadeza e compreensao da parte do Estado com criminosos, com enfoque nas eventuais 'causas sociais'" e "aquele que defende rigor e punicao ao crime como metodo de protecao e educacao eficaz".


Nao acredito que tenha sido por desonestidade, pois isso seria um obvio tiro no proprio pe. Por isso sugiro que da proxima vez voce evite situacoes desse tipo ao ler integralmente, e nao diagonalmente, o que os outros escrevem.


- Mas minha intenção nunca foi objetá-lo, mas colocar em debate um discurso recorrente no RV.

- A colocação que fiz (que coincide com a sua) é consenso, mas gostaria de ver comprovações que esquerdistas pré-poder prometem maior delicadeza com criminosos.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Apenas para esclarecer, eu concordo com a teoria hayekiana que alega que o planejamento economico levado as ultimas consequencias logicas termina em totalitarismo, sendo impossivel concilia-lo com os principios que norteiam as democracias, ou, de um modo mais abrangente, as sociedades de homens livres. Hayek inclusive expoe no seu livro "O caminho para servidao" que isso nao foi uma deducao exclusiva sua, mas que muitos autores defensores do planejamento tambem chegaram a mesma conclusao antes dele, embora tenham adotado uma opiniao diferente quanto ao resultado encontrado.

Mas o fato e que excetuando alguns intelectuais esquerdistas, a maioria das pessoas que se dizem de esquerda nao levam os principios esquerdistas as ultimas consequencias logicas, e embora isso seja aberrante, temos que a normalidade nos meios socialistas atuais e adotar a defesa de uma postura economica totalitaria e uma postura social permissiva (sobretudo no que tange a caracterizacao, combate e punicao de criminosos), mesmo esses sendo dois pontos altamente contraditorios.

Os exemplos que voce citou de totalitarismo economico e social ilustram esse fato.



- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.

Abraços,
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Acauan
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Acauan »

Abmael escreveu:- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.


por Marilene Felinto

A morte da menina rica e o ódio de classe

A morte de uma menina rica, assassinada no município de Embu-Guaçu, Grande São Paulo, em novembro último, supostamente por uma quadrilha que inclui um adolescente de 16 anos, pobre e morador da periferia do Embu, deixou claro, mais uma vez (até a exaustão, vamos lá), que o Brasil tem dois tipos de cidadão: que o valor de cada coisa – de cada pessoa – é seu preço no mercado, como afirma Josep Ramoneda.

Está claro que o rabino H. Sobel, ao pedir a instituição da pena de morte no Brasil, só ousou fazê-lo porque a jovem morta, Liana Friedenbach, pertencia à comunidade judaica de São Paulo. A hipocrisia do rabino é flagrante: está claro que ele defende a pena de morte para brasileiros pobres. No seu delírio, o rabino deve ter achado que aqui é uma espécie de Israel – e que a esmagadora maioria dos brasileiros, da classe pobre, é uma espécie de Palestina a ser eliminada da face da terra! Ora, até que ponto se pode chegar?

Está claro que todo esse rebuliço em torno do assassinato da jovem de 16 anos e de seu namorado, Felipe Caffé, 19, não teria acontecido se a vítima tivesse sido apenas este último, filho da classe média baixa e sem nenhuma “comunidade” forte por trás. Somente por tabela o nome de Felipe foi lembrado em programas de televisão e na tal passeata “contra a violência”, que ocorreu em São Paulo em meados de novembro.

O negócio mesmo era Liana, cujo pai em desespero pôde mover até mesmo helicóptero para ir a seu encalço. E pôde, com apoio da tal comunidade, ter acesso a todo tipo de mídia, do mais rasteiro programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo e seus ares de xaveco fascista a entrevistas de página inteira à nata da imprensa que serve à elite.

Por acaso a classe alta saiu às ruas para pedir a pena de morte para outra menina rica paulista, Suzane Richthofen, acusada de planejar o assassinato dos próprios pais, junto com o namorado, em 2002? Por acaso a classe alta pediu pena de morte para o também jovem paulista Jorge Bouchabki, acusado (e depois inocentado) em 1988 do assassinato dos pais, no famoso “crime da rua Cuba”?

O caso de Liana Friedenbach reúne todos os elementos da hipocrisia da elite paulista – esta de nomes estrangeirados, pronta para impor-se, para humilhar e esmagar sob seus pés os espantados “silvas”, “sousas”, “costas” e outros nomezinhos portugueses e “afro-escravos”. O pai da moça, o advogado Ari Friedenbach, empenha-se agora em conseguir mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disse a um jornal de São Paulo que a fotografia de R.A.A.C., 16 anos, acusado de matar sua filha, deveria aparecer nos jornais. Disse também que é “radicalmente a favor” da redução da maioridade penal e que “nossos legisladores se fazem de surdos quando a população clama por isso”. Que população? A que “população” se refere o senhor Friedenbach? Eu mesma não me incluo nessa “população”! Aposto que os jovens da periferia, seus pais ou a mãe de R.A.A.C. também não se incluem. A “população” a que ele se refere é a própria comunidade dele (ou grande parte dela), a classe rica, concentradora de renda num dos países mais desiguais do mundo – o Brasil onde um rico ganha trinta vezes mais do que um pobre!

Uma pesquisa do IPEA publicada em 2001 mostra a ganância e a concentração de renda perpetradas escandalosamente pela elite brasileira: mostra a razão entre a renda dos 20 por cento mais ricos e a dos 20 por cento mais pobres, ou seja, quanto um rico ganha mais do que um pobre em diversos países do mundo. “Platão dizia que esse número tinha que ser 4, ninguém sabe de onde ele tirou o 4, mas ele dizia que o rico tinha que ganhar quatro vezes mais do que os pobres. Na Holanda, um rico ganha 5,5 vezes mais do que um pobre. No Brasil, ganha 25, 30 vezes mais! Nos Estados Unidos, é 10; no Uruguai, também é 10. Então, vê-se aqui o alto nível de desigualdade e a estabilidade dessa desigualdade.”

Agora vem esse rabino pedir pena de morte no Brasil para crimes hediondos. Nos Estados Unidos, que tem pena de morte, os crimes são cada vez mais “hediondos” – conceito, aliás, sem sentido. O que torna um crime mais “hediondo” que outro? Só se for a classe social da vítima: quando é rica e loirinha, então, o crime é mais hediondo do que se a vítima for um “Pernambuco” qualquer, também de 16 anos, morador do Jardim Ângela ou do Capão Redondo, periferia de São Paulo, morto por outro “Pernambuco” de 16 anos, também sem sobrenome. Todo dia morrem às pencas jovens assassinados por outros jovens nas favelas e aglomerados pobres das periferias das grandes cidades – nem por isso há movimentos pela pena de morte ou pela redução da maioridade penal.

A elite brasileira vive mesmo fora da realidade. Não tem idéia do ódio que a diferença de classe insufla todo dia nas gerações de jovens pobres que povoam o país de ponta a ponta, que vagam pelas matas ou pelo asfalto das ruas sem nenhuma perspectiva. Esse R.A.A.C. mal tinha freqüentado a escola. Ele supostamente disse à polícia que, ao caminhar pela mata com outro acusado do crime, “avistaram o casal (Liana e Felipe), cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente freqüentam o local”.

O ódio de classe – quem já conviveu com jovens pobres de favelas e periferias conhece esse sentimento. Tudo destoa, humilhando-os, provocando neles desprezo e raiva: a aparência física, a roupa, a escola, a comida, o carro, o jeito, o hospital, o tratamento policial, o enterro. Ora, a polícia de São Paulo jamais iria se bandear daqui para Pernambuco atrás do outro acusado de matar o casal de namorados (em poucos dias encontraram dentro de um ônibus no sertão pernambucano Paulo César da Silva Marques, 32 anos, vulgo “Pernambuco”) se o jovem morto fosse um pernambucanozinho qualquer sem eira nem beira.

Está clara a hipocrisia. A imprensa não trata da violência que essa desigualdade social imposta diuturnamente aos jovens pobres significa. Não trata desse veneno que a elite brasileira truculenta injeta todo santo dia na veia dos meninos. Jovens como R.A.A.C. sabem que não valem nada no mercado. Eles sabem que não passam de “Pernambucos” condenados ao preconceito de classe, à exclusão total, à humilhação. Eles sabem que nada têm a perder – por isso matam. A vida, para eles, dentro ou fora de uma unidade da Febem ou de uma cadeia não faz muita diferença.

Da apresentadora de televisão que se julga no direito de matar R.A.A. C. (Hebe Camargo) ao pai de Liana que quer ver o rosto do rapaz estampado nos jornais da elite, passando pelas declarações oportunistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e sua política de segurança fascista (que propõe “endurecer” o ECA), o alvo de todos eles é o mesmo do rabino da pena de morte: o extermínio puro e simples dos jovens pobres. Para que eles continuem, em última instância, a embolsar todo mês trinta vezes mais que qualquer pai maltrapilho e desempregado da favela.

Eles fazem ouvidos moucos para a mensagem que vem da miséria. O que a “violência” diz hoje no Brasil é que ou seremos todos cidadãos ou ninguém será, ou ninguém viverá a “segurança” almejada pelos ricos. Ou serão todos cidadãos ou ninguém será. As democracias evitam sistematicamente pensar a violência e se limitam a contrapor os bons sentimentos gerais em favor da não-violência, diz Josep Ramoneda. “Se aceitarmos como critério a autonomia do sujeito, o ideal kantiano da emancipação individual, o cidadão é a figura política que corresponde a essa idéia de plenitude da pessoa humana”, afirma o estudioso espanhol. Foi a própria elite brasileira que transformou R.A.A.C. em pessoa-animal. É preciso ser intransigente com essa elite brasileira surda e cega ao ódio de classe que ela insufla. É preciso ser intransigente na defesa dos direitos humanos de R.A.A.C. Direitos humanos, sim, para a pessoa que a elite voraz e devoradora quer transformar em animal a ser caçado a laço e exposto à execração pública e à morte pela justiça popular. Mal sabe ela que R.A.A.C. passava por isso todos os dias – pela execração pública. Mal sabe a elite que exclusão social, tal qual ocorre no Brasil, é igual, sempre foi igual, sinônimo mesmo de “execração pública” e de “pena de morte”.

Marilene Felinto é escritora e jornalista.
marilenefelinto@carosamigos.com.br

Fonte: Caros Amigos


Nota: Liana Friedenbach foi sequestrada, estuprada, oferecida para ser estuprada por outros, torturada e brutalmente morta a facadas por uma besta-fera, que também assassinou friamente o namorado dela, na frente da menina.
Segundo a jornalista de esquerda, a vítima é a besta-fera, porque Liana era rica.

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Esquerda e criminalidade: Parte I
por Thomas Sowell em 06 de setembro de 2006

Resumo: Dentre os dogmas da esquerda está o que afirma que colocar indivíduos na prisão não reduz a criminalidade e que a “raiz” social do crime deve ser atacada como prevenção, pouco importando as enormes evidências de que essa postura simplesmente não funciona.

A mentalidade geral da esquerda política é similar em todos os países e em todos os tempos.[1]

A tolerância para com criminosos perigosos, encontrada em escritores do séc. XVIII, tais como William Godwin e Condorcet, tem seu eco, hoje em dia, naqueles que fazem vigílias de protesto nas execuções [de pena de morte] de assassinos e que reclamam que não estamos sendo bonzinhos com os trogloditas presos em Guantanamo.

Questões específicas variam de lugar para lugar e de tempos em tempos, mas a mentalidade permanece notavelmente similar. O que é também diferente de país para país e de uma época para outra é o nível de resistência enfrentada pela esquerda, o que determina o quão longe ela pode ir, na prática.

Os EUA sempre foram mais resistentes à esquerda que a maioria dos países europeus. Podemos ver, quase sempre, para onde vai a esquerda americana observando aonde chegou a esquerda européia.

Um novo livro sobre o crime na Inglaterra mostra o que acontece quando a mentalidade da esquerda prevalece no sistema judiciário. O livro se intitula “A Land Fit for Criminals” [Um país ideal para criminosos] e foi escrito por David Fraser.

Num passado ainda recente, a Inglaterra era uma das nações mais obedientes à lei na face da Terra. Quando Lee Kuan Yew visitou Londres, vindo de Singapura, logo após a II Guerra Mundial, ele ficou tão impressionado com a honestidade dos ingleses e seu respeito à lei e à ordem que ele voltou para casa determinado a fazer o mesmo em seu país.

Hoje, Singapura é uma das nações mais obedientes à lei no mundo, enquanto a criminalidade na Inglaterra aumentou a um nível que, pela primeira vez, excede à dos EUA.

O que aconteceu entre uma e outra época foi o crescimento contínuo dos dogmas esquerdistas, até seu completo predomínio, tanto no sistema legal, quanto na mídia e entre as elites políticas da Inglaterra.

Hoje, um ladrão preso em flagrante pela polícia inglesa tem grande chance de receber uma advertência. Se ele já tiver sido condenado por roubo, ele poderá receber uma advertência mais severa. Mas, ele dificilmente enfrentará a situação draconiana, por exemplo, de ser posto atrás das grades.

Roubo é considerado ofensa “leve” por líderes de ambos os partidos (do Trabalho e Conservador) na Inglaterra. Casos raros em que ladrões são presos são criticados pela mídia.

A ideologia esquerdista a respeito do crime, incluindo seu desprezo pela propriedade privada, tem se alastrado por todo o espectro político, atingindo a todos que desejam ser considerados “homens de seu tempo”. Essa ideologia é essencialmente a mesma em ambos os lados do Atlântico, mas na Inglaterra atingiu uma dominância muito maior e sem contestação.

Dentre os dogmas da esquerda está o que afirma que colocar indivíduos na prisão não reduz a criminalidade e que a “raiz” social do crime deve ser atacada como prevenção, além de que a “reabilitação”, por meio de vários programas “na comunidade”, é mais efetiva que a prisão de criminosos.

Nada disso é novidade e sua racionalidade já é velha de mais de dois séculos. O que é notável é como montanhas de evidências factuais contrárias são ignoradas, evitadas ou simplesmente ocultadas, em ambos os lados do Atlântico.

O livro de David Fraser examina essas evidências à exaustão e expõe a alegação fraudulenta usada para tentar justificar a contínua leniência para com criminosos, enquanto a criminalidade cresce assustadoramente na Inglaterra.

Há montanhas similares de evidências contra os dogmas criminais da esquerda nos EUA e essas evidências são, da mesma forma, ignoradas, evitadas e ocultadas por esquerdistas. Mas, aqui a esquerda enfrenta uma oposição maior, razão pela qual ela não atingiu uma dominância tão grande quanto na Inglaterra – ainda.

Em ambos os países, os ideólogos têm o apoio de políticos e burocratas “práticos”[2] que simplesmente não querem gastar o dinheiro necessário para construir e manter prisões para trancafiar, durante longos períodos, os criminosos.

Aqueles que comparam custos e benefícios definem “custos” como aquilo que o governo gasta. Mas, os custos pagos pelo público, apenas em termos econômicos, excedem enormemente o custo das prisões. Mas isso não importa, tanto para os ideólogos, quanto para os políticos e burocratas jurídicos “práticos”.
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Título: As duas faces do gueto
Título Original: The Two Faces of Ghetto and Other Essays
Autor(a): Loïc Wacquant
Tradutor(a): Paulo Cezar Castanheira
Páginas: 160
Ano de publicação: 2008
ISBN: 978-85-7559-109-3
Preço: R$ 35,00
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Em As duas faces do gueto, o sociólogo Loïc Wacquant analisa o aparecimento de um novo regime de marginalidade urbana nas sociedades ocidentais. A partir da implantação da agenda neoliberal, passa-se de uma fase de investimento em políticas de bem-estar social para políticas de penalização da pobreza.

Com rico material de campo, o autor conduz o leitor ao gueto norte-americano, dissecando a estrutura do que chama de “cidade negra dentro da branca”. Não só descreve o espaço de segregação racial como também elabora um conceito relacional de gueto: “instrumento institucional composto de quatro elementos – estigma, restrição, confinamento espacial e enclausuramento organizacional”. Por um lado, o gueto perpetua a exclusão e a exploração econômica e, por outro, garante certa proteção ao permitir alternativas de organização e autonomia cultural – daí suas duas faces.

Wacquant critica o aumento generalizado das populações carcerárias, cujo controle se torna cada vez mais custoso. Diz: o sistema penal se tornou uma forma de conter as mazelas sociais que decorrem da ausência de políticas sociais. Segundo ele, as prisões “se transformaram em aterro sanitário para dejetos humanos de uma sociedade cada vez mais diretamente subjugada pelos ditames materiais do mercado e da compulsão moral da responsabilidade pessoal”.

As duas faces do gueto, primeira obra de Loïc Wacquant publicada pela Boitempo, é fundamental para aqueles que pretendem entender o que está por trás de fenômenos comuns a todas as metrópoles mundiais: segregação da pobreza, aumento da violência e incapacidade de resolver a questão com medidas puramente repressivas. Uma reflexão extremamente necessária para desenvolver o pensamento crítico em tempos de aprofundamento de desigualdades.

Sobre o autor
Loïc Wacquant é professor de sociologia e pesquisador associado do Institute for Legal Research, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. É também pesquisador do Centre de Sociologie Européenne em Paris. Nascido e criado no sul da França, estudou em Montpellier, Paris e Chicago. Dedica-se ao estudo de temas como desigualdade urbana, marginalidade, instituições carcerárias e políticas penais.

Trecho
“O gueto não é uma “área natural” que serve para separar populações e atividades, co-extensivo à “história da migração”, como sabidamente afirmou Louis Wirth em seu livro clássico The Ghetto e, depois dele, legiões de sociólogos e urbanologistas, que, caindo na armadilha ecológica montada pelos pioneiros da Escola de Chicago, confundiram gueto com cortiço e bairro étnico. Trata-se, pelo contrário, de um tipo especial de violência coletiva, concretizada no espaço urbano, que se aplica a um subconjunto limitado de categorias étnicas, na era moderna.”


Nota: Segundo o intelectual de esquerda as prisões americanas estão cheias porque seus ocupantes foram vítimas de "um tipo especial de violência coletiva", não porque roubaram, assaltaram, estupraram e mataram,
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Acauan Guajajara
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Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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Herf
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Herf »

Abmael escreveu:- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.


08/10/2007 - 09h00
Opinião: Pensamentos de um "correria"

FERRÉZ

ELE ME olha, cumprimenta rápido e vai pra padaria. Acordou cedo, tratou de acordar o amigo que vai ser seu garupa e foi tomar café. A mãe já está na padaria também, pedindo dinheiro pra alguém pra tomar mais uma dose de cachaça. Ele finge não vê-la, toma seu café de um gole só e sai pra missão, que é como todos chamam fazer um assalto.

Se voltar com algo, seu filho, seus irmãos, sua mãe, sua tia, seu padrasto, todos vão gastar o dinheiro com ele, sem exigir de onde veio, sem nota fiscal, sem gerar impostos.

Quando o filho chora de fome, moral não vai ajudar. A selva de pedra criou suas leis, vidro escuro pra não ver dentro do carro, cada qual com sua vida, cada qual com seus problemas, sem tempo pra sentimentalismo. O menino no farol não consegue pedir dinheiro, o vidro escuro não deixa mostrar nada.

O motoboy tenta se afastar, desconfia, pois ele está com outro na garupa, lembra das 36 prestações que faltam pra quitar a moto, mas tem que arriscar e acelera, só tem 20 minutos pra entregar uma correspondência do outro lado da cidade, se atrasar a entrega, perde o serviço, se morrer no caminho, amanhã tem outro na vaga.

Quando passa pelos dois na moto, percebe que é da sua quebrada, dá um toque no acelerador e sai da reta, sabe que os caras estão pra fazer uma fita.

Enquanto isso, muitos em seus carros ouvem suas músicas, falam em seus celulares e pensam que estão vivos e num país legal.

Ele anda devagar entre os carros, o garupa está atento, se a missão falhar, não terá homenagem póstuma, deixará uma família destroçada, porque a sua já é, e não terá uma multidão triste por sua morte. Será apenas mais um coitado com capacete velho e um 38 enferrujado jogado no chão, atrapalhando o trânsito.

Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.

Teve educação, a mesma que todos da sua comunidade tiveram, quase nada que sirva pro século 21. A professora passava um monte de coisa na lousa -mas, pra que estudar se, pela nova lei do governo, todo mundo é aprovado?

Ainda menino, quando assistia às propagandas, entendia que ou você tem ou você não é nada, sabia que era melhor viver pouco como alguém do que morrer velho como ninguém.

Leu em algum lugar que São Paulo está ficando indefensável, mas não sabia o que queriam dizer, defesa de quem? Parece assunto de guerra. Não acreditava em heróis, isso não!

Nunca gostou do super-homem nem de nenhum desses caras americanos, preferia respeitar os malandros mais velhos que moravam no seu bairro, o exemplo é aquele ali e pronto.

Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora.

Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso.

Ele ganhou logo cedo um kit pobreza, mas sempre pensou que, apesar de morar perto do lixo, não fazia parte dele, não era lixo.

A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada. Tantas pessoas que conheceu que trabalharam a vida inteira sendo babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e limpeza deles e, no final, ficaram velhas, morreram e nunca puderam fazer o mesmo por seus filhos!

Estava decidido, iria vender o relógio e ficaria de boa talvez por alguns meses. O cara pra quem venderia poderia usar o relógio e se sentir como o apresentador feliz que sempre está cercado de mulheres seminuas em seu programa.

Se o assalto não desse certo, talvez cadeira de rodas, prisão ou caixão, não teria como recorrer ao seguro nem teria segunda chance. O correria decidiu agir. Passou, parou, intimou, levou.

No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.

Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u336145.shtml

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Apo
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apo »

Procedure escreveu:
Abmael escreveu:- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.


08/10/2007 - 09h00
Opinião: Pensamentos de um "correria"

FERRÉZ

ELE ME olha, cumprimenta rápido e vai pra padaria. Acordou cedo, tratou de acordar o amigo que vai ser seu garupa e foi tomar café. A mãe já está na padaria também, pedindo dinheiro pra alguém pra tomar mais uma dose de cachaça. Ele finge não vê-la, toma seu café de um gole só e sai pra missão, que é como todos chamam fazer um assalto.

Se voltar com algo, seu filho, seus irmãos, sua mãe, sua tia, seu padrasto, todos vão gastar o dinheiro com ele, sem exigir de onde veio, sem nota fiscal, sem gerar impostos.

Quando o filho chora de fome, moral não vai ajudar. A selva de pedra criou suas leis, vidro escuro pra não ver dentro do carro, cada qual com sua vida, cada qual com seus problemas, sem tempo pra sentimentalismo. O menino no farol não consegue pedir dinheiro, o vidro escuro não deixa mostrar nada.

O motoboy tenta se afastar, desconfia, pois ele está com outro na garupa, lembra das 36 prestações que faltam pra quitar a moto, mas tem que arriscar e acelera, só tem 20 minutos pra entregar uma correspondência do outro lado da cidade, se atrasar a entrega, perde o serviço, se morrer no caminho, amanhã tem outro na vaga.

Quando passa pelos dois na moto, percebe que é da sua quebrada, dá um toque no acelerador e sai da reta, sabe que os caras estão pra fazer uma fita.

Enquanto isso, muitos em seus carros ouvem suas músicas, falam em seus celulares e pensam que estão vivos e num país legal.

Ele anda devagar entre os carros, o garupa está atento, se a missão falhar, não terá homenagem póstuma, deixará uma família destroçada, porque a sua já é, e não terá uma multidão triste por sua morte. Será apenas mais um coitado com capacete velho e um 38 enferrujado jogado no chão, atrapalhando o trânsito.

Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.

Teve educação, a mesma que todos da sua comunidade tiveram, quase nada que sirva pro século 21. A professora passava um monte de coisa na lousa -mas, pra que estudar se, pela nova lei do governo, todo mundo é aprovado?

Ainda menino, quando assistia às propagandas, entendia que ou você tem ou você não é nada, sabia que era melhor viver pouco como alguém do que morrer velho como ninguém.

Leu em algum lugar que São Paulo está ficando indefensável, mas não sabia o que queriam dizer, defesa de quem? Parece assunto de guerra. Não acreditava em heróis, isso não!

Nunca gostou do super-homem nem de nenhum desses caras americanos, preferia respeitar os malandros mais velhos que moravam no seu bairro, o exemplo é aquele ali e pronto.

Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora.

Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso.

Ele ganhou logo cedo um kit pobreza, mas sempre pensou que, apesar de morar perto do lixo, não fazia parte dele, não era lixo.

A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada. Tantas pessoas que conheceu que trabalharam a vida inteira sendo babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e limpeza deles e, no final, ficaram velhas, morreram e nunca puderam fazer o mesmo por seus filhos!

Estava decidido, iria vender o relógio e ficaria de boa talvez por alguns meses. O cara pra quem venderia poderia usar o relógio e se sentir como o apresentador feliz que sempre está cercado de mulheres seminuas em seu programa.

Se o assalto não desse certo, talvez cadeira de rodas, prisão ou caixão, não teria como recorrer ao seguro nem teria segunda chance. O correria decidiu agir. Passou, parou, intimou, levou.

No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.

Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u336145.shtml


Que vontade de vomitar.
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DIG
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por DIG »

por Marilene Felinto

A morte da menina rica e o ódio de classe

A morte de uma menina rica, assassinada no município de Embu-Guaçu, Grande São Paulo, em novembro último, supostamente por uma quadrilha que inclui um adolescente de 16 anos, pobre e morador da periferia do Embu, deixou claro, mais uma vez (até a exaustão, vamos lá), que o Brasil tem dois tipos de cidadão: que o valor de cada coisa – de cada pessoa – é seu preço no mercado, como afirma Josep Ramoneda.

Está claro que o rabino H. Sobel, ao pedir a instituição da pena de morte no Brasil, só ousou fazê-lo porque a jovem morta, Liana Friedenbach, pertencia à comunidade judaica de São Paulo. A hipocrisia do rabino é flagrante: está claro que ele defende a pena de morte para brasileiros pobres. No seu delírio, o rabino deve ter achado que aqui é uma espécie de Israel – e que a esmagadora maioria dos brasileiros, da classe pobre, é uma espécie de Palestina a ser eliminada da face da terra! Ora, até que ponto se pode chegar?

Está claro que todo esse rebuliço em torno do assassinato da jovem de 16 anos e de seu namorado, Felipe Caffé, 19, não teria acontecido se a vítima tivesse sido apenas este último, filho da classe média baixa e sem nenhuma “comunidade” forte por trás. Somente por tabela o nome de Felipe foi lembrado em programas de televisão e na tal passeata “contra a violência”, que ocorreu em São Paulo em meados de novembro.

O negócio mesmo era Liana, cujo pai em desespero pôde mover até mesmo helicóptero para ir a seu encalço. E pôde, com apoio da tal comunidade, ter acesso a todo tipo de mídia, do mais rasteiro programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo e seus ares de xaveco fascista a entrevistas de página inteira à nata da imprensa que serve à elite.

Por acaso a classe alta saiu às ruas para pedir a pena de morte para outra menina rica paulista, Suzane Richthofen, acusada de planejar o assassinato dos próprios pais, junto com o namorado, em 2002? Por acaso a classe alta pediu pena de morte para o também jovem paulista Jorge Bouchabki, acusado (e depois inocentado) em 1988 do assassinato dos pais, no famoso “crime da rua Cuba”?

O caso de Liana Friedenbach reúne todos os elementos da hipocrisia da elite paulista – esta de nomes estrangeirados, pronta para impor-se, para humilhar e esmagar sob seus pés os espantados “silvas”, “sousas”, “costas” e outros nomezinhos portugueses e “afro-escravos”. O pai da moça, o advogado Ari Friedenbach, empenha-se agora em conseguir mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Disse a um jornal de São Paulo que a fotografia de R.A.A.C., 16 anos, acusado de matar sua filha, deveria aparecer nos jornais. Disse também que é “radicalmente a favor” da redução da maioridade penal e que “nossos legisladores se fazem de surdos quando a população clama por isso”. Que população? A que “população” se refere o senhor Friedenbach? Eu mesma não me incluo nessa “população”! Aposto que os jovens da periferia, seus pais ou a mãe de R.A.A.C. também não se incluem. A “população” a que ele se refere é a própria comunidade dele (ou grande parte dela), a classe rica, concentradora de renda num dos países mais desiguais do mundo – o Brasil onde um rico ganha trinta vezes mais do que um pobre!

Uma pesquisa do IPEA publicada em 2001 mostra a ganância e a concentração de renda perpetradas escandalosamente pela elite brasileira: mostra a razão entre a renda dos 20 por cento mais ricos e a dos 20 por cento mais pobres, ou seja, quanto um rico ganha mais do que um pobre em diversos países do mundo. “Platão dizia que esse número tinha que ser 4, ninguém sabe de onde ele tirou o 4, mas ele dizia que o rico tinha que ganhar quatro vezes mais do que os pobres. Na Holanda, um rico ganha 5,5 vezes mais do que um pobre. No Brasil, ganha 25, 30 vezes mais! Nos Estados Unidos, é 10; no Uruguai, também é 10. Então, vê-se aqui o alto nível de desigualdade e a estabilidade dessa desigualdade.”

Agora vem esse rabino pedir pena de morte no Brasil para crimes hediondos. Nos Estados Unidos, que tem pena de morte, os crimes são cada vez mais “hediondos” – conceito, aliás, sem sentido. O que torna um crime mais “hediondo” que outro? Só se for a classe social da vítima: quando é rica e loirinha, então, o crime é mais hediondo do que se a vítima for um “Pernambuco” qualquer, também de 16 anos, morador do Jardim Ângela ou do Capão Redondo, periferia de São Paulo, morto por outro “Pernambuco” de 16 anos, também sem sobrenome. Todo dia morrem às pencas jovens assassinados por outros jovens nas favelas e aglomerados pobres das periferias das grandes cidades – nem por isso há movimentos pela pena de morte ou pela redução da maioridade penal.

A elite brasileira vive mesmo fora da realidade. Não tem idéia do ódio que a diferença de classe insufla todo dia nas gerações de jovens pobres que povoam o país de ponta a ponta, que vagam pelas matas ou pelo asfalto das ruas sem nenhuma perspectiva. Esse R.A.A.C. mal tinha freqüentado a escola. Ele supostamente disse à polícia que, ao caminhar pela mata com outro acusado do crime, “avistaram o casal (Liana e Felipe), cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente freqüentam o local”.

O ódio de classe – quem já conviveu com jovens pobres de favelas e periferias conhece esse sentimento. Tudo destoa, humilhando-os, provocando neles desprezo e raiva: a aparência física, a roupa, a escola, a comida, o carro, o jeito, o hospital, o tratamento policial, o enterro. Ora, a polícia de São Paulo jamais iria se bandear daqui para Pernambuco atrás do outro acusado de matar o casal de namorados (em poucos dias encontraram dentro de um ônibus no sertão pernambucano Paulo César da Silva Marques, 32 anos, vulgo “Pernambuco”) se o jovem morto fosse um pernambucanozinho qualquer sem eira nem beira.

Está clara a hipocrisia. A imprensa não trata da violência que essa desigualdade social imposta diuturnamente aos jovens pobres significa. Não trata desse veneno que a elite brasileira truculenta injeta todo santo dia na veia dos meninos. Jovens como R.A.A.C. sabem que não valem nada no mercado. Eles sabem que não passam de “Pernambucos” condenados ao preconceito de classe, à exclusão total, à humilhação. Eles sabem que nada têm a perder – por isso matam. A vida, para eles, dentro ou fora de uma unidade da Febem ou de uma cadeia não faz muita diferença.

Da apresentadora de televisão que se julga no direito de matar R.A.A. C. (Hebe Camargo) ao pai de Liana que quer ver o rosto do rapaz estampado nos jornais da elite, passando pelas declarações oportunistas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e sua política de segurança fascista (que propõe “endurecer” o ECA), o alvo de todos eles é o mesmo do rabino da pena de morte: o extermínio puro e simples dos jovens pobres. Para que eles continuem, em última instância, a embolsar todo mês trinta vezes mais que qualquer pai maltrapilho e desempregado da favela.

Eles fazem ouvidos moucos para a mensagem que vem da miséria. O que a “violência” diz hoje no Brasil é que ou seremos todos cidadãos ou ninguém será, ou ninguém viverá a “segurança” almejada pelos ricos. Ou serão todos cidadãos ou ninguém será. As democracias evitam sistematicamente pensar a violência e se limitam a contrapor os bons sentimentos gerais em favor da não-violência, diz Josep Ramoneda. “Se aceitarmos como critério a autonomia do sujeito, o ideal kantiano da emancipação individual, o cidadão é a figura política que corresponde a essa idéia de plenitude da pessoa humana”, afirma o estudioso espanhol. Foi a própria elite brasileira que transformou R.A.A.C. em pessoa-animal. É preciso ser intransigente com essa elite brasileira surda e cega ao ódio de classe que ela insufla. É preciso ser intransigente na defesa dos direitos humanos de R.A.A.C. Direitos humanos, sim, para a pessoa que a elite voraz e devoradora quer transformar em animal a ser caçado a laço e exposto à execração pública e à morte pela justiça popular. Mal sabe ela que R.A.A.C. passava por isso todos os dias – pela execração pública. Mal sabe a elite que exclusão social, tal qual ocorre no Brasil, é igual, sempre foi igual, sinônimo mesmo de “execração pública” e de “pena de morte”.

Marilene Felinto é escritora e jornalista.
marilenefelinto@carosamigos.com.br

Fonte: Caros Amigos



Em nome de Jesus: ALGUÉM MATE ESSA MULHER :emoticon38: :emoticon38: :emoticon38: !

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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Abmael escreveu:- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.



Deixa eu ver se eu entendi...

Voce esta supondo que a maior permissividade de esquerdistas com o crime e uma invencao minha?

Voce por acaso vive numa bolha?
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

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Sempre desconfiei que cada ser humano vive na sua própria bolha ( cada mente percebe o mundo de acordo com uma perspectiva BEM particular).
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apáte »

O que é isso agora? Cruzada contra o Abmael?
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Aranha »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Abmael escreveu:- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.



Deixa eu ver se eu entendi...

Voce esta supondo que a maior permissividade de esquerdistas com o crime e uma invencao minha?

Voce por acaso vive numa bolha?


- Quando eu estava na faculdade cansei de ouvir gente convocando os proletários a se organizar para enfrentar a exploração das elites mesquinhas e blá, blá, blá...

- Com o tempo, sem precisar de nenhuma leitura adicional, só observando o mundo acabei vendo que esse papo era todo balela, mas ainda conheço bem o discurso e sei como o pessoal pensa, afinal já pensei assim.

- Então eu entendo como é possível, na mente desta gente, acusar a verdadeira vítima por sua tragédia e ver o criminoso como vítima, como fez a Marilene Felinto, mas nunca imaginei que tal discurso em último grau levaria à condescendência com criminosos, imaginei que, no máximo, justificaria mais políticas de ações sociais, que aliás, dependendo da ação, sou a favor.(esperneie aqui)

- O Acauan mostrou pelo menos uma situação real onde ocorreu condescendência com criminosos devido a idéias de esquerda, então, até prova em contrário, acato que a esquerda prega delicadeza com bandidos, além de justificar seus crimes, o que é revoltante, diga-se de passagem.

Abraços,
Editado pela última vez por Aranha em 29 Set 2008, 11:50, em um total de 1 vez.
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Aranha »

Apáte escreveu:O que é isso agora? Cruzada contra o Abmael?


- Exatamente, bando de filhosdaputa.


Abraços,
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apo »

Abmael escreveu:
Apáte escreveu:O que é isso agora? Cruzada contra o Abmael?


- Exatamente, bando de filhosdaputa.


Abraços,


Tô fora ein, tô fora...
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apo »

Abmael escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Abmael escreveu:- Mais uma vez afirmo, com sinceridade, que posso estar errado, afinal não li muitos pensadores socialistas, mas não sei de nenhum que defenda permissividade com criminosos, coloque aqui alguma fonte e me darei por satisfeito.



Deixa eu ver se eu entendi...

Voce esta supondo que a maior permissividade de esquerdistas com o crime e uma invencao minha?

Voce por acaso vive numa bolha?


- Quando eu estava na faculdade cansei de ouvir gente convocando os proletários a se organizar para enfrentar a exploração das elites mesquinhas e blá, blá, blá...


Todo mundo passou por isto neste paiseco com genética vermelha dominante.

- Com o tempo, sem precisar de nenhuma leitura adicional, só observando o mundo acabei vendo que esse papo era todo balela, mas ainda conheço bem o discurso e sei como o pessoal pensa, afinal já pensei assim.


Nunca pensei assim por conta desta cambada nojenta. Sempre senti um cheiro de coisa ruim quando me aproximava deles ( mesmo em plena ditadura de direita ).

- Então eu entendo como é possível, na mente desta gente, acusar a verdadeira vítima por sua tragédia e ver o criminoso como vítima, como fez a Marilene Felinto, mas nunca imaginei que tal discurso em último grau levaria à condescendência com criminosos, imaginei que, no máximo, justificaria mais políticas de ações sociais, que aliás, dependendo da ação, sou a favor.(esperneie aqui)


Também entendo: são malucos de pedra! Quando a tortura é com eles, daí a coisa muda de figura! Mas se colocar uma grana bem gorda naquelas mãos que acusam, transformam-se então em social- democratas! ARGH!


- O Acauan mostrou pelo menos uma situação real onde ocorreu condescendência com criminosos devido a idéias de esquerda, até prova em contrário, acato que a esquerda prega delicadeza com bandidos, além de justificar seus crimes, o que é revoltante, diga-se de passagem.

Abraços,


Nem precisava. Mas fez bem feito.

E quanto a acreditar nesta teoria sobre a condescendência...antes tarde do que nunca, né, Ab?

Beijo!
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apáte »

Abmael escreveu:
Apáte escreveu:O que é isso agora? Cruzada contra o Abmael?


- Exatamente, bando de filhosdaputa.


Abraços,

Manere.
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Abmael escreveu:- Então eu entendo como é possível, na mente desta gente, acusar a verdadeira vítima por sua tragédia e ver o criminoso como vítima, como fez a Marilene Felinto, mas nunca imaginei que tal discurso em último grau levaria à condescendência com criminosos, imaginei que, no máximo, justificaria mais políticas de ações sociais, que aliás, dependendo da ação, sou a favor.(esperneie aqui)



Se reparar bem, e exatamente isso que eu chamei de delicadeza com o crime.

A defesa de "politicas de acoes sociais" e geralmente apresentada como uma contrapartida para as politicas de tolerancia zero contra o crime, e os gastos com educacao e medidas sociais sao comparados com os gastos com equipamento policial e com a manutencao e construcao de penitenciarias.

E claro que em teoria alguem poderia defender os dois: menor tolerancia com bandidos, maior gastos estatais com "politicas sociais". Mas em geral isso nao e feito, e o topico onde eu postei a mensagem que voce quotou no inicio desse topico tratava exatamente disso: da tendencia geral de esquerdistas de manifestar uma opiniao muito mais condescendente com criminosos violentos, expressa categoricamente no estilo de filmes que eles produzem e apaludem.

Eu nao vou espernear contra "acoes sociais", quem pensa que eu faria algo do tipo nao entende uma linha do que eu escrevo. Eu nao tenho absolutamente nada contra fornecer educacao aos mais pobres, contra a restauracao de sua dignidade e a criacao de oportunidades para que eles tambem possam prosperar. Tambem nao tenho nada contra a caridade feita para ajudar aqueles que estao temporaria ou definitivamente incapacitados de conseguir subisistir por seus proprios meios.

Acho inclusive que essa e a forma definitiva de se eliminar a criminalidade.

So que diferente dos esquerdistas, eu nao vejo sentido algum em dar mais poder (ou mesmo algum poder) a burocratas que nao tem a menor condicao de conduzir essas tarefas com o minimo de propriedade. E quando eu falo de condicao, nao me refiro apenas a meios materiais e capacidade tecnologica e legal de emprega-los, nem da envergadura moral e intelectual dos burocratas e tecnocratas. Todas essas condicoes podem ser escolhidas como otimas que ainda assim a burocracia nao funcionara de acordo com o proposito etico que motivou a sua criacao (qual seja, uma teorica maior eficiencia em empregar recursos para atender as necessidades de todas as pessoas sob sua jurisprudencia). Tambem nao vejo a menor razao para que isso (acoes sociais) nao seja produzido livremente numa sociedade inspirada pelos mesmos valores humanitarios que a levariam hipoteticamente a eleger politicos socialistas e dota-los de poderes arbitrarios.

Acontece que as pessoas veem universidades publicas, escolas publicas, creches publicas, hospitais publicos, centros de lazer publicos e concluem que pelo simples fato destes existirem e serem fornecidos (ainda que muito precariamente) pelo Estado, o Estado e que os torna possivel, e que nao existiriam se o Estado nao os fizesse. Concluem tambem que sua precariedade e decorrente da escassez de poder dos burocratas, e entao decidem dar mais poderes a eles.

Isso e falso. Como eu ja disse, se o Estado fizesse todos sapatos, da forma precaria e ineficiente que lhe e habitual, as pessoas pensariam que sem ele elas andariam descalcas. E na verdade haveria muitos mais descalcos nessa situacao socialista do que na situacao de mercado, supondo conhecimentos tecnologicos e disponibilidade de recursos identicos.

Infelizmente, a compexidade da sociedade impede as pessoas de notarem que todas as cadeias de producao que lhes abastecem sao o produto da racionalidade de agentes individuais ponderando sobre seus proprios interesses, e nao da divina acao do governo planejador e provedor, que na verdade apenas distorce tudo.

O termo "social" foi assimilado pela esquerda organizada e transformado num mantra para a demanda por mais Estado, de tal maneira que as pessoas esqueceram que os burocratas nao sao melhores do que elas em nada, exceto em aceder a cargos de poder e exigir mais verbas para serem desperdicadas.

E esse longo processo de lavagem cerebral coletiva que eu denuncio. Esse dogma implicito de que dependemos de burocratas para que as coisas sejam feitas, fato que ninguem jamais se encarregou de comprovar, e que alias foi desmentido ha muito tempo por muitos cerebros mais avancados, mas que foram solenemente ignorados na sua lucidez.

Tambem nao acho que burocratas facam adequadamente o servico, tambem necessario, de bater e trancafiar toda a escroque que ameaca a sociedade aberta de pessoas decentes. Mas com certeza sei que eles sao ao menos relativamente capazes de prestar esse servico, e que uma substituicao eventual do Estado nessa area e algo para ser pensado mais no futuro. Ja nas suas "funcoes sociais", a unica coisa que o Estado faz e enganar a todo mundo com um discurso demagogico pronto previamente para mascarar toda a sua incompetencia atavica, e toda a real intencao de burocratas que nao querem mais poder para melhor ajudar a sociedade, mas simplesmente para melhor ajudar a si mesmos.
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Tranca
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Tranca »

Abmael escreveu:
Apáte escreveu:O que é isso agora? Cruzada contra o Abmael?


- Exatamente, bando de filhosdaputa.


Abraços,


E eu nem tinha metido a história do KY no meio da conversa ainda...
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"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

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Acauan
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Acauan »

Stefan

O município de Altos, localizado a 37 km da capital, teve uma madrugada perigosa. O assaltante identificado como Antônio Rita, de 25 anos, entrou no comércio de Geraldo empunhando uma espingarda e anunciou o assalto, como o comerciante não atendeu o bandido, este atirou, mas a arma não disparou.

O comerciante Geraldo, 30 anos, reagiu ao ataque e matou o homem que tentou assaltá-lo. Furioso, ele usou o cabo da espingarda para agredir o assaltante e desferiu vários golpes na cabeça de Antônio Rita, que não resistiu e faleceu com fatura no crânio.

O assaltante já tinha passagem pela polícia por furto e era homicida. O corpo dele foi encaminhado para o IML de Teresina e já foi liberado. O comerciante Geraldo está foragido. A polícia ainda está fazendo diligências no caso.

http://www.clubesat.com/noticias/em-alt ... -6046.html


onde iremos parar com toda essa violência? até quando os excluídos, vítimas dessa sociedade hipócrita, continuarão vítimas dessa elite branca e opressora quando praticam um crime que a própria elite os leva a cometer?

Stefan

pessoas como esse tal de hermano são gente alienada e hipócrita, pois só tomam conhecimento da existência dos pobres quando eles lhe apontam uma arma, enquanto isso não acontece, os menos favorecidos são apenas mão-de-obra barata para as empresas dos seus pais ou para limpar a sua casa

não suporta que o zé da silva lhe assalte, mas não se importa que o mesmo ganhe uma miséria para varrer o chão da sua casa

Stefan

e existem crimes e crimes não é mesmo? o cidadão de bem quer cadeia e pena de morte para qualquer um que lhe subtraia uns trocados, mas quando seu filho espanca uma prostituta ou queima um mendigo, vai correndo pagar o melhor advogado que conseguir para fazer um habeas corpus e tirar o filho do xadrez

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.a ... na=1&nst=1

Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apo »

onde iremos parar com toda essa violência? até quando os excluídos, vítimas dessa sociedade hipócrita, continuarão vítimas dessa elite branca e opressora quando praticam um crime que a própria elite os leva a cometer?


Gentalha que pensa e ainda expressa este tipo de ódio racial e fúria classista deveria ser ....nem sei o que merecem, em nome do futuro de uma sociedade realmente em busca de respeito ( inclusive pelas diferenças).

PQP esta gente!

:emoticon2: :emoticon2: :emoticon2:
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Re: Esquerdistas são delicados com criminosos ?

Mensagem por Apo »

Falar nisto, esta noite tive um pesadelo como nunca antes: estava sentada sozinha numa sala de espera de uma escola, e um homem entrou me olhando nos olhos, sentou ao meu lado e tirou uma arma de uma sacola. Entreguei todas as minhas coisas a ele, se seguiu uma conversa nervosa e depois consegui desviar a atenção dele, peguei minhas coisas de volta e fugi pela porta!

Sensação horrível. Nunca aconteceu comigo de verdade, mas já deu prá sentir o pavor.

Ah, antes que perguntem: era branco, tinha uns 60 anos e estava bem vestido.

Abraços.
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Trancado