O pior da crise, por Sergio Lewin*
Que o sistema capitalista é capaz de gerar riquezas como nenhum outro, não há dúvida, o que poucos compreendem é que tal só é possível por estar fundado na ética do trabalho e da poupança, na meritocracia e, acima de tudo, na liberdade e responsabilidade individuais. A economia americana, berço do capitalismo e também da presente crise mundial, há muito vem deixando esses valores de lado.
As intervenções governamentais, visando estimular o consumo e a aquisição da casa própria, criaram distorções como taxas de juros irrisórias e a expectativa de que, no final, o governo, através de suas agências hipotecárias Freddie Mac e Fannie Mae, assumiria os prejuízos decorrentes de empréstimos mal concedidos. De 2004 a 2006, estas agências compraram US$ 434 bilhões em títulos garantidos por financiamento subprime. Esta distorção abalou a principal regra moral do sistema, a da responsabilização individual, fazendo com que os agentes econômicos perdessem o senso de responsabilidade, gerando e distribuindo riquezas totalmente artificiais. Ao contrário do que supõem alguns, em um ambiente assim, nem mesmo severas regulações seriam capazes de deter a conduta dos bancos e corretoras. O modo de corrigir a crise, infelizmente, incorre nos mesmos equívocos morais que a geraram.
O governo americano, sob o pretexto de proteger a economia, logo se vergou à pressão de grandes grupos empresariais, passando a socorrer empresas cronicamente inviáveis. Ora, para a saúde do sistema, melhor seria deixá-las à própria sorte, perdendo empregos, mas sinalizando que o governo não está aí para ajudar, com dinheiro público, empresas em dificuldades. O governo brasileiro, que tanto alardeia sua independência, não tardou a copiar o mau exemplo, lançando aqui um extemporâneo plano de estatização bancária. A crença infantil – por alguns anos guardada no armário, de que o Estado gastador é capaz de resolver os problemas econômicos, inclusive socializando prejuízos privados, infelizmente está de volta. O fundamento do capitalismo é o incentivo ao trabalho, à poupança e a inovação, em um jogo com regras justas, previamente definidas e sem favoritismos. O pior desta crise, neste contexto, certamente não será a falta de crédito, que mais cedo ou mais tarde passará, mas a deterioração da ética capitalista, cujos efeitos serão muito mais nocivos e duradouros.
*Diretor do Instituto Liberdade/RS
O pior da crise
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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Re: O pior da crise
Belo texto. Ao mesmo tempo curto, compreensivel e preciso.
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Re: O pior da crise
Gostei do texto.
Mas não sei o que é pior, se o governo intervir ou negar completamente o que está acontecendo, como é o caso da marola brasileira...agora repentimente preocupante para o molusco decrépito.
Oportunidade?
Mas não sei o que é pior, se o governo intervir ou negar completamente o que está acontecendo, como é o caso da marola brasileira...agora repentimente preocupante para o molusco decrépito.
País perde 600 mil empregos em dezembro,dizem fontes
O Ministério do Trabalho espera que, por causa da crise financeira, o mês de dezembro de 2008 tenha sido o pior para o mercado formal de trabalho dos últimos anos. Embora o último mês do ano tradicionalmente registre fechamento de vagas, por causa da demissão de trabalhadores temporários, a estimativa dos técnicos é de que o volume de demissões em dezembro último tenha superado largamente a média do mês, que é de cerca de 300 mil postos de trabalho com carteira assinada. Fontes com acesso ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, chegaram a estimar que os corte teriam chegado a 600 mil vagas em dezembro, apenas levando em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged).
Mas embora esse número também tenha sido veiculado na imprensa, a assessoria do ministro negou que ele tenha mencionado essa projeção.
Segundo os assessores de Lupi, ainda não seria possível ter uma estimativa do resultado de dezembro, porque os Estados não encaminham simultaneamente os dados ao Ministério do Trabalho. A assessoria do ministro confirmou, no entanto, que Lupi de fato espera um resultado, em dezembro, bem pior do que nos últimos anos.
Em dezembro de 2007, o Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged), que compila os dados sobre o mercado formal de trabalho, registrou o fechamento de 319,4 mil vagas, desempenho muito semelhante ao de igual mês de 2006. No governo Luiz Inácio Lula da Silva, o pior dezembro até agora foi o de 2004, com fechamento de 352,1 mil vagas.
Reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo informa que, pressionada por estoques elevados e queda nas vendas, quase um terço da indústria brasileira pretende reduzir o número de empregados até fevereiro. A estimativa foi obtida por meio de um levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas.
A reação do mercado de trabalho diante da crise internacional é também a grande preocupação do governo. Já foram anunciadas medidas para desonerar o setor automotivo - um dos mais atingidos pela crise e cuja cadeia produtiva é altamente geradora de empregos - e estimular o consumo, como a redução do Imposto de Renda para Pessoa Física (IRPF).
Na mira da equipe econômica está agora o setor de construção civil, um dos mais intensivos em mão-de-obra e que também sofre o impacto da retração de crédito provocada pela crise. No pacote habitacional em gestação, o governo discute medidas como a desoneração de material de construção popular e a elevação do valor da casa própria, que pode ser financiado com utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além de ampliação da oferta de financiamentos.
No caso das desonerações, o espaço do governo está limitado pelo impacto negativo da desaceleração da atividade econômica na arrecadação federal. Já em relação ao FGTS, há um relativo consenso dentro do governo sobre a necessidade de se elevar o valor do imóvel, que poderá ser adquirido com os recursos do Fundo, mas o valor ainda não está fechado.
http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx? ... D=16744312
Lula: 'Nós vamos ter um trimestre preocupante'
"Nós vamos ter um trimestre preocupante", disse hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa semanal de rádio "Café com o Presidente". Ele reafirmou que o governo tomará todas as medidas necessárias para garantir emprego, salário e renda. "Nós precisamos garantir empregos, salário e renda. Esses são três componentes extraordinários para que a economia brasileira continue a crescer e o povo não seja vítima de uma crise que não foi causada pelo Brasil."
O presidente reiterou a necessidade de se manter os investimentos públicos e privados como forma de enfrentar os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. Para isso, afirmou que o governo vai injetar mais recursos na economia por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apontou ainda a necessidade de se trabalhar para que o crédito "volte à normalidade". Além disso, reconheceu a necessidade de reduzir o spread bancário para facilitar acesso ao crédito a pequenas e médias empresas. "Essa crise tem que ser encarada pelo povo brasileiro como uma oportunidade", voltou a dizer.
http://noticias.br.msn.com/economia/art ... D=16755388
Oportunidade?


- Fernando Silva
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Re: O pior da crise
E agora vêm a CUT e outras porcarias, que vivem às custas de nossos impostos, defender "Estabilidade no emprego! Os trabalhadores não podem pagar pela crise! Os ricos que paguem!".
Os trabalhadores venderam seu trabalho e receberam pelas horas trabalhadas. Cada lado cumpriu com sua parte. Ninguém deve nada a ninguém. O empresário não é obrigado a continuar pagando ao trabalhador por um trabalho que não será realizado porque não há serviço devido à crise. A crise atinge a todos. Querer mudar isto é tentar fazer com que todos afundem.
Há um monte de firmas falindo por aí ou simplesmente fechando antes que comecem a dever. É um absurdo exigir que não demitam.
Os trabalhadores venderam seu trabalho e receberam pelas horas trabalhadas. Cada lado cumpriu com sua parte. Ninguém deve nada a ninguém. O empresário não é obrigado a continuar pagando ao trabalhador por um trabalho que não será realizado porque não há serviço devido à crise. A crise atinge a todos. Querer mudar isto é tentar fazer com que todos afundem.
Há um monte de firmas falindo por aí ou simplesmente fechando antes que comecem a dever. É um absurdo exigir que não demitam.