Fayman escreveu:Como escritor, posso dizer que isso é "liberdade de autor", muitas vezes, uma criatividade que é fundamental para a trama. No caso do Terminator I, a questão era, se os ciborgues eram invencíveis, porque não trazer armas do Futuro? Em uma passagem, para Sara, aquele que se tornaria o pai de John Connor “explica” que não pode trazer armas do futuro, pois somente material orgânico pode viajar no Tempo.
Idéia interessante, mas o autor se perde (ou não percebe a falha, ou percebe e deixa por isso mesmo, já que a esmagadora maioria do público nem notará tal detalhe) quando o enviado está preso, e o detetive de polícia o questiona exatamente sobre isso.
Recomendo este conto, de Marcel Aymé, traduzido do original francês "La carte":
http://www.stresscafe.com/translations/ ... ticket.pdfAlém de muito interessante, é um bom exemplo de como o autor lança mão de um conceito absurdo e não faz nenhuma tentativa de explicá-lo, ocupando-se apenas das consequências do "fato" na vida dos personagens.
Em suma: durante a ocupação nazista, o governo francês está com problemas de escassez de alimentos e decide reduzir a população temporariamente.
Cada cidadão recebe um certo número de tíquetes a cada mês. Cada tíquete lhe dá direito a viver um dia.
Quem recebe 10 tíquetes, vive apenas do dia 1 ao dia 10, quando então desaparece e só renasce no dia 1 do mês seguinte.
Operários e agricultores vivem o mês inteiro, mas pessoas "não essenciais", como artistas, escritores, aposentados, milionários etc., vivem apenas alguns dias por mês.
No final, um filósofo faz considerações, não sobre como o governo teve poder para fazer tal coisa, o que ele parece achar muito natural, mas quanto a certas consequências bizarras do "racionamento de vida".