VEJA - Especial: Aborto

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O ENCOSTO
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VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por O ENCOSTO »

A realidade dos consultórios

http://veja.abril.com.br/280109/p_068.shtml

"Quando uma mulher está decidida a fazer um aborto, não há quem a faça mudar de ideia. É uma decisão muito pessoal. E, ao longo da carreira, aprendi que não posso ser médico apenas nas horas boas. Se minha paciente não quer levar a gestação adiante, eu devo orientá-la sobre a maneira mais segura de fazer isso. Não posso deixá-la desamparada, sob o risco de sofrer as consequências de um aborto malfeito."
Malcolm Montgomery
Ginecologista do Hospital Albert Einstein

"Eu já fiz cerca de 400 abortos legais. Nunca uma história é igual a outra. Uma das que mais me tocaram foi a de uma mulher de 42 anos, separada, grávida em decorrência de um estupro. Aquela seria provavelmente sua última chance de ter um filho. No dia da cirurgia, porém, com a sala já preparada, ela me disse, chorando, que estava em dúvida. Mandei-a para casa para pensar. Dez dias depois, ela voltou decidida e o aborto foi realizado."
Jorge Andalaft
Ginecologista da Casa de Saúde da Mulher, da Universidade Federal de São Paulo


"Eu não me sinto à vontade nem para indicar um especialista nem para orientar uma paciente que queira interromper a gestação sobre como usar medicamentos abortivos. Fazer isso é o mesmo que praticar o aborto. Seja qual for a circunstância em que o feto tenha sido concebido, não posso ser juiz de uma vida em potencial. É esse mesmo raciocínio que me faz ser contra a pena de morte e a eutanásia."
Yaron Hameiry
Ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo

"Eu não me sinto à vontade nem para indicar um especialista nem para orientar uma paciente que queira interromper a gestação sobre como usar medicamentos abortivos. Fazer isso é o mesmo que praticar o aborto. Seja qual for a circunstância em que o feto tenha sido concebido, não posso ser juiz de uma vida em potencial. É esse mesmo raciocínio que me faz ser contra a pena de morte e a eutanásia."
Yaron Hameiry
Ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo

"Se uma paciente chega a meu consultório querendo interromper a gravidez, eu sou categórico: ‘Não faço’. Mas também não deixo que ela saia de lá sem estar devidamente informada sobre os métodos mais seguros de abortamento. É meu dever ainda acompanhá-la depois do aborto e, se necessário, acudi-la em qualquer maternidade de ponta."
Osmar Ribeiro Colás
Obstetra da Universidade Federal de São Paulo






Enquanto as questões éticas, religiosas e científicas ficam
sem resposta, mais médicos brasileiros optam por ajudar suas
pacientes decididas a interromper uma gravidez indesejada

Em um mundo ideal, o aumento da eficiência, a diminuição do custo e a facilidade de acesso aos métodos anticoncepcionais femininos e masculinos poderiam ter reduzido o aborto no Brasil a sua dimensão puramente médica. Ele seria praticado apenas para salvar a vida da mãe ou na circunstância de o feto que ela carrega no útero ter sido gerado por estupro ou ser inviável, por um defeito grave de formação. Mas não existe o mundo ideal. O aborto continua sendo um dilema social, humano, jurídico e um risco para a saúde de quase 1 milhão de mulheres brasileiras todos os anos. Essa questão, sem solução unânime no campo religioso (quando o feto passa a ter alma?) e no científico (quando a vida começa?), vem sendo encarada no dia-a-dia dos consultórios. Tem crescido o número de médicos que, diante da irredutibilidade das pacientes em abortar, consideram seu dever profissional ajudá-las a enfrentar da melhor maneira possível as consequências da decisão. Essa atitude deriva da filosofia da redução de danos já adotada antes em alguns países para proteger a vida de usuários de drogas pesadas que não conseguem se livrar do vício. Diz o obstetra Osmar Ribeiro Colás, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): "Não posso interromper uma gestação, mas tenho o dever ético de explicar a minha paciente quais são os métodos abortivos e, depois, se necessário, acudi-la".

O Brasil tem cerca de 18.000 ginecologistas. São pouco confiáveis as estatísticas de quantos se tornaram adeptos da filosofia de redução de danos para pacientes dispostas a desafiar a lei brasileira e se submeter a um aborto. O certo é que há vinte anos era raro achar um médico que discutisse essa questão e impossível encontrar outro que admitisse essa abordagem em sua prática médica. Hoje não só se debate livremente a questão do ponto de vista teórico como muitos, a exemplo do doutor Osmar Colás, admitem publicamente que não deixariam sem assistência uma paciente apenas porque ela decidiu abortar.


Sem muita precisão, os especialistas acreditam que chegue a 1 milhão o número de abortos realizados anualmente no Brasil de modo clandestino. As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna, atingindo cerca de 200 mulheres. O cenário foi bem pior em um passado não muito distante. Na década de 80, os abortos clandestinos podem ter chegado a 4 milhões por ano. Vários fatores se combinaram para reduzir esse número. Os mais efetivos foram o aperfeiçoamento dos métodos anticoncepcionais e a disseminação no país de políticas de planejamento familiar. Desde 2002, o Ministério da Saúde distribui por sua rede capilar de atendimento a chamada "pílula do dia seguinte" – que contém uma substância capaz de impedir a fixação do óvulo no útero, provocando, consequentemente, sua expulsão pelo organismo feminino. Só a pílula do dia seguinte pode ter diminuído em 30% o número de abortos clandestinos no Brasil. A adoção da redução de danos por um número maior de médicos poderia derrubar ainda mais essa curva nos próximos anos.

Tal conduta prevê basicamente a adoção de duas medidas. O médico indica à sua paciente uma clínica clandestina onde ela pode fazer o aborto ou ele mesmo a orienta sobre como usar as pílulas abortivas. O medicamento mais utilizado para esse fim é o misoprostol, vendido sob o nome comercial de Cytotec. Lançado inicialmente na década de 80 para o tratamento de úlcera, descobriu-se logo que o Cytotec provoca contrações uterinas. Pelo risco que oferece às grávidas, no Brasil o misoprostol só pode ser usado por hospitais credenciados. Nem os médicos nem, menos ainda, suas pacientes podem, portanto, ter acesso legal à substância. "Há inúmeros sites na internet que vendem o remédio", diz o médico Colás. Um dos meios mais utilizados pelas brasileiras é a compra do misoprostol por intermédio da ONG holandesa Women on Web. Feito o pedido, a pílula é entregue em até três semanas pelo correio, por 70 euros. O site tem instruções em sete idiomas, incluindo o português. A maioria dos ginecologistas recomenda a internação da mulher ao primeiro sinal de sangramento. Ela dá entrada no pronto-socorro como se fosse vítima de um aborto espontâneo e a partir daí recebe atendimento. Quando a paciente não quer ser hospitalizada, os médicos sugerem que a mulher se submeta a um exame de ultrassom para se certificar de que todo o material embrionário foi expelido. Pela letra fria da lei brasileira, todo o procedimento narrado neste parágrafo pode ser descrito como criminoso. Ele seria visto como pecado ao juízo das convicções religiosas de muitas pessoas. O espantoso, nesse caso, é que, apesar das imposições legais e das restrições ético-religiosas, médicos e pacientes se sintam eticamente autorizados a discutir e a praticar procedimentos que levem ao aborto.


A fonoaudióloga mineira Larissa P., de 28 anos, e seu médico não tiveram muitas dúvidas quando colocados diante dessa questão. Larissa engravidou durante uma relação casual há dois anos. Como sua menstruação sempre foi muito irregular, só se deu conta da gravidez indesejada dois meses depois. Lembra ela: "Logo que descobri, procurei meu médico, e ele me sugeriu o Cytotec. Como sempre tive horror a hospital, preferi usar a pílula em casa". O médico explicou-lhe como seriam os sintomas, e ela controlou bem a ansiedade: "Foi tudo sem nenhum susto, exatamente como meu ginecologista havia descrito. Em seis horas, estava tudo resolvido. No dia seguinte fui ao consultório fazer um ultrassom para ter certeza de que estava tudo bem".

A filosofia da redução de danos para o aborto surgiu no início dos anos 2000, no Uruguai, país com leis tão rígidas quanto as do Brasil. A medida é incentivada pelo governo federal uruguaio. Diz o ginecologista Aníbal Faúndes, do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): "Antes da adoção do programa, o aborto ilegal era responsável por 35% das mortes maternas no Uruguai. Hoje, a taxa de mortalidade em decorrência de abortos malfeitos é de 20%". Há um mês, Campinas se transformou na primeira cidade brasileira a aprovar um projeto de redução de danos nos postos de saúde e hospitais municipais. Existe uma diferença crucial entre o programa uruguaio e o de Campinas. O médico brasileiro só está autorizado a orientar as pacientes em "processo de abortamento" ou depois de o aborto ter sido concluído. Existem basicamente dois motivos para a mudança de comportamento dos médicos em favor da redução de danos. O assunto saiu da sombra. O ministro da Saúde, José Temporão, já defendeu inúmeras vezes a necessidade de um debate público sobre a legalização da prática. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início aos debates sobre a legalização da interrupção da gravidez de fetos anencéfalos e, pouco mais de um mês atrás, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, aprovou a criação da CPI do Aborto com o objetivo de investigar as práticas ilegais de interrupção da gravidez no Brasil. Os parlamentares não familiarizados com a realidade vão se espantar com a extensão do fenômeno e, se forem fundo na investigação, poderão deparar com algumas surpresas – entre elas, o fato de que muitas das clínicas são bem aparelhadas, com pessoal médico multidisciplinar e bem treinado. A administradora de empresas Denise Silva, de 43 anos, valeu-se dos serviços de uma dessas clínicas em 2002, quando, por descuido, engravidou do namorado (hoje, marido). Conta ela: "Foi tudo muito rápido e simples".

No Poder Judiciário, a questão começa aos poucos a ser discutida com mais desassombro. Nos últimos cinco anos, foram concedidos 3.000 alvarás judiciários para suspensão da gravidez em casos de má-formação fetal, especialmente anencefalia. É o dobro das liberações no mesmo período no início da década de 90 e representa 80% de todas as gestações de fetos anencéfalos. Em 26 de novembro de 2006, a operadora de telemarketing Adriane Caldeira, de 21 anos, foi uma das beneficiadas dos alvarás. Diz ela: "Não tive o menor problema em conseguir a autorização. O problema mesmo foi decidir abortar, pois era uma gravidez planejada – o nosso primeiro filho". Mas Adriane sabia que seu filho não teria nenhuma chance de sobrevivência e, apesar do sofrimento, interrompeu a gravidez. Por mais que a mulher esteja determinada e certa de sua decisão, optar por um aborto é sempre devastador. Ninguém que já tenha vivido a situação relata a experiência com a tranquilidade de quem acabou de dar um passeio no shopping. Não é simples nem nos casos em que a gravidez é resultado de uma agressão, como aconteceu com Luciane L., de 25 anos. Vítima de um estupro no ano passado, depois de vários meses de terapia ela aprendeu a lidar com a lembrança da violência, mas não consegue apagar da memória a confusão emocional que sentiu quando acordou da anestesia, depois do aborto.

Por mais que os médicos se rendam às demandas de suas pacientes e por mais que a legislação avance, a interrupção do processo de criação de uma vida humana nunca será de fácil compreensão intelectual ou emocionalmente simples. O médico Yaron Hameiry, ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, reflete bem essa situação: "Não posso ser juiz de uma vida que vai se formar. Seja qual for a circunstância em que o feto foi concebido, eu não posso ser juiz da vida alheia". Esse é um dilema que o ginecologista Jorge Andalaft, da Casa de Saúde da Mulher, da Unifesp, enfrentou em cada um dos 400 abortos legais que já fez, prática da qual é pioneiro no Brasil. Diz ele: "Todas as vezes, sem exceção, sinto uma pequena angústia de imaginar que estou tirando uma vida em potencial. Mas não cabe a mim julgar; a decisão foi da paciente, e ela deve ser respeitada".

A discussão de quando se inicia a vida é interminável. Mesmo que a ciência consiga um dia definir esse momento com precisão, os debates não cessarão. Parece óbvio e natural que, a partir do momento em que um óvulo é fecundado por um espermatozoide, uma vida em potencial começa a se desenvolver. Mas que potencial existe caso esse óvulo fertilizado não venha sequer a se fixar no útero? "Essa polêmica é infrutífera, pois o aborto sempre existirá, independentemente de qualquer conclusão científica, dogma religioso ou convicção ética. O aborto é acima de tudo uma questão de foro íntimo, uma decisão exclusivamente pessoal da mulher", teoriza Thomaz Gollop, ginecologista e professor de genética médica da Universidade de São Paulo. Aos 46 anos, a empresária e modelo Luiza Brunet não consegue esquecer o aborto feito aos 17 anos. Era o início de sua carreira, de seu primeiro casamento, e ela não se sentia preparada para ter um filho. Luiza diz que é "contra o aborto". Seu caso ilustra a imensa complexidade da questão. Ser simples, acessível, seguro e legal não torna o aborto mais aceitável para as pessoas que o rejeitam. Ao contrário, torna-o ainda mais monstruoso ao juízo delas. Prova disso é o fato de que as discussões nos países onde a prática foi liberada nunca serenam – a cada dia elas são mais violentas. Coloque-se na pele de uma pessoa que acha o aborto, em qualquer fase da gestação e por qualquer motivo, igual a matar alguém, e uma visão do abismo que separa as convicções opostas nesse assunto começará a se abrir sob seus pés.

A voz da Justiça não cala a das ruas

Não há decisão jurídica, por mais douta, nobre e competente, capaz de colocar para dormir as controvérsias levantadas pela questão do aborto. A melhor evidência disso é a inquietação que sobreveio à decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, de 22 de janeiro de 1973, que tirou do estado o direito de opinar sobre a decisão de uma mulher de abortar até o fim do primeiro trimestre de gestação. A decisão dividiu os Estados Unidos, e esse abismo se aprofunda a cada ano. Uma dezena de desafios formais à decisão chegou à Suprema Corte nos 36 anos de sua vigência. Essas contestações se dividiram em três principais argumentos: o direito do feto à vida, à herança familiar e, por fim, a supremacia de Deus sobre qualquer decisão humana. Em todas elas, os juízes interpretaram que a autonomia da gestante continuava sendo o bem primordial a ser preservado. "A compreensão de que o direito constitucional à individualidade engloba o direito de manter ou não uma gravidez é uma argumentação objetiva e inteligente", analisa Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão da Suprema Corte americana ficou famosa com o nome de Roe vs Wade. Roe vem de Jane Roe, nome fictício de Norma McCorvey. Wade era o funcionário estadual encarregado de coibir o aborto. Grávida aos 22 anos, Norma encabeçou uma ação contra o estado do Texas, onde morava e o aborto era proibido. O pedido foi negado e o caso subiu à Suprema Corte. A decisão levou treze meses para ser concluída. McCorvey então teve o bebê, mas deu a criança para adoção. Para relatar o caso, o presidente da Suprema Corte escolheu o juiz Harry Blackmun, conhecido por ser um redator lento e obsessivamente meticuloso na execução de seus despachos. Blackmun fez um dos mais abrangentes estudos médicos, religiosos e históricos sobre o aborto de que se tem notícia. Não demorou para ele entender que desses campos do conhecimento não brotaria nenhuma decisão sustentável – o aborto é questão inabordável para a maioria das religiões e os cientistas nunca vão ser unânimes em torno do momento preciso em que surge uma vida nova no processo de concepção. Blackmun viu que o único caminho para dar uma resposta satisfatória ao caso seria buscar, em decisões precedentes da Corte, aquelas que tratassem dos limites entre o direito individual e o direito da coletividade, por meio da ação do estado. Ele concluiu que interromper a gravidez até o terceiro mês é uma decisão individual da mulher. A decisão pró-aborto foi aprovada por 7 votos a 2.

Recentemente, coube ao STF discutir pela primeira vez em sua história o tema do aborto no Brasil. A ação em análise consistiu na interrupção da gravidez em caso de anencefalia do feto, uma deformação em geral fatal nos primeiros dias de vida do bebê. A argumentação teve como base o princípio de que não há perspectiva de vida fora do útero materno. No ano passado, os onze ministros ouviram a opinião de representantes de entidades pró e contra o aborto em audiências públicas. O julgamento está previsto para ocorrer nos próximos meses. Sobre a decisão, só se sabe que ela atrai intelectualmente os ministros brasileiros do STF e que será contestada no dia seguinte, seja qual for sua orientação.
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Tarcísio
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Tarcísio »

Olha isso:

Essa questão, sem solução unânime no campo religioso (quando o feto passa a ter alma?) e no científico (quando a vida começa?)


Dói ler numa publicação de renome como essa que entendem por ciência algo que possa definir onde começa a vida humana. Que desgosto, imagine quanta desinformação deve ter ai.

Definitivamente, não vou mais comprar.

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Acauan
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Acauan »

É impressionante a cara-de-pau dos que, aberta ou veladamente, repetem o discurso abortista.

O ENCOSTO/ Veja escreveu:Sem muita precisão, os especialistas acreditam que chegue a 1 milhão o número de abortos realizados anualmente no Brasil de modo clandestino.


É incrível como os que repetem ad nauseam este número mágico do milhão nunca digam quem são os tais especialistas.
E desde quando "especialistas acreditam"?
Especialistas concluem sobre dados objetivos, conforme metodologias estabelecidas, coisa que também ninguém sabe e ninguém viu quando se trata de apresentar os dados e metologias que levaram ao tal número mágico.


O ENCOSTO/ Veja escreveu:As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna, atingindo cerca de 200 mulheres.


Mentira da grossa.
Como já postei em outro tópico, o DATASUS que concentra as estatísticas sobre causas de mortes apresenta números muito menores que o informado na reportagem. A malandragem recorrente é apresentar o número de mortes do grupo de causas na qual as complicações por aborto clandestino se incluem como se fossem exclusivos desta causa particular.



O ENCOSTO/ Veja escreveu: O cenário foi bem pior em um passado não muito distante. Na década de 80, os abortos clandestinos podem ter chegado a 4 milhões por ano.


AI!
Agora realmente doeu.
Se este número fosse verdadeiro, isto implicaria que ao longo da década de 80 teriam ocorridao quarenta milhões de abortos clandestinos no Brasil, o que significa MAIS DE UM ABORTO por mulher em idade fértil e sexualmente ativa pela população da época.

Como disse, caras-de-pau.
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O ENCOSTO
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por O ENCOSTO »

Os tais especialistas devem ser os ongueiros de plantão.

Sou favoravel a legalização do aborto mas também não acredito no numero de 1 milhão.
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Suyndara
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Suyndara »

Engraçado, meu ginecologista é famoso (vice-presidente da associação de ginecologia) e ele me disse que não conheçe nenhum médico que faça, e que se soubesse denunciaria :emoticon45:

Enquanto aborto for crime é inadimissível pensar nele como um ato natural, ainda mais partindo de um médico!

Decidir se mata o filho? Ah, valha-me!

Isso não é mulher, é uma vadia irresponsável e sem caráter! :emoticon6:

Não queria, não fizesse oras.

ps. casos como estupro, inviabilidade do feto e risco de vida da mãe já são aceitos na lei e não há o que se discutir aí.
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Acauan
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Acauan »

O ENCOSTO escreveu:Os tais especialistas devem ser os ongueiros de plantão.


A fonte primária deste número é o estudo "The practice of induced abortion in Latin América", feito pelo Alan Guttmacher Institute, que por sua vez é ligado à Planned Parenthood, uma espécie de sindicato de aborteiros que defende os interesses das clínicas de aborto americanas.

Ou seja, é possível que a maioria dos jornalistas não se dão ao trabalho de levantar as fontes do número que citam por pura preguiça, mas é provável que os que o façam omitam a fonte por vergonha, pois equivale a apresentar como estudo científico uma pesquisa sobre qual é o melhor time do mundo feito pela Gaviões da Fiel.


O ENCOSTO escreveu:Sou favoravel a legalização do aborto mas também não acredito no numero de 1 milhão.


A questão da liberação do aborto é complexa e envolve conflitos de interesse inconciliáveis e dilemas éticos terríveis.

O problema é a campanha pela legalização do aborto, toda ela mantida sobre mentiras cabeludas e manipulações grosseiras.
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Tarcísio
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Tarcísio »

Se decidirem para quem mandar o link desse tópico via e-mail pedindo retratação eu envio.
Gostaria muitíssimo que você, Acauan, animasse de processá-los hehehe

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Sorrelfa
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Sorrelfa »

"Quando uma mulher está decidida a fazer um aborto, não há quem a faça mudar de ideia. É uma decisão muito pessoal. E, ao longo da carreira, aprendi que não posso ser médico apenas nas horas boas. Se minha paciente não quer levar a gestação adiante, eu devo orientá-la sobre a maneira mais segura de fazer isso. Não posso deixá-la desamparada, sob o risco de sofrer as consequências de um aborto malfeito."

Usando a mesma "determinação" em outro contexto:

"Quando um homem está decidido a dar o c*, não há quem o faça mudar de ideia. É uma decisão muito pessoal. E, ao longo da carreira, aprendi que não posso ser médico apenas nas horas boas. Se meu paciente quer levar a trolha na retaguarda, eu devo orientá-lo sobre a maneira mais segura de fazer isso. Não posso deixá-lo desamparado, sob o risco de sofrer as consequências de um c* mal dado."

Pessoas decididas podem fazer coisas estupidas sem que ninguem consigas convence-las da estupidez a ser feita, a determinação em faze-las não torna aceitável a pratica, nem serve como argumento para que se deixe de considera-las estupidas.
Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !

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Acauan
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Acauan »

Só para constar, não sei quantos dos que defendem o número do milhão de abortos leram "The practice of induced abortion in Latin América". Nunca vi nenhum deles citar esta fonte explicitamente.

O Índio Velho leu.

Logo na introdução saltam aos olhos os erros grotescos da metodologia, que, claro, sempre distorcem os resultados sobre o número de abortos para maior.



Nós, Índios.

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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Pois e, Acauan.

Como eu ja disse em outra ocasiao, nao me impressiona muito o fato de muita gente (embora nao tanta quanto normalmente se imagina) resistir aos argumentos eticos e logicos levantados contra o aborto contraceptivo. Eles sao relativamente sofisticados e sutis, o que e uma desvantagem face ao terrivelmente equivocado simplismo que envolve a ideia de que "estamos matando apenas algumas celulas".

O que mais me impressiona e o quanto as pessoas sao indiferentes ao fato de que praticamente toda a defesa sistematica da ideologia abortista por ONGs, partidos politicos e pela midia esta calcada em uma enorme teia de mentiras e falsificacoes grosseiras de dados, visando enganar e comover a opiniao publica ao criar um problema social que nao existe.

No meu entender, mesmo que eu me considerasse correto enquanto abortista, eu ficaria com a pulga atras da orelha se praticamente todas as pessoas que concordam comigo abusassem de meios fraudulentos para sustentar esse ponto de vista. Mas aparentemente, e valido mentir se for por uma "causa justa".
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Acauan
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Acauan »

Tarcísio escreveu:Se decidirem para quem mandar o link desse tópico via e-mail pedindo retratação eu envio.
Gostaria muitíssimo que você, Acauan, animasse de processá-los hehehe


Índio Velho não processa revista Veja.
Processar revista Veja é desejo de branco comunista.
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Acauan »

user f.k.a. Cabeção escreveu:O que mais me impressiona e o quanto as pessoas sao indiferentes ao fato de que praticamente toda a defesa sistematica da ideologia abortista por ONGs, partidos politicos e pela midia esta calcada em uma enorme teia de mentiras e falsificacoes grosseiras de dados, visando enganar e comover a opiniao publica ao criar um problema social que nao existe.


É isto, Cabeça,

Um fato estranhíssimo é que muitos abortistas se dizem céticos e acusam os contrários ao aborto de algum tipo de contaminação religiosa.
Só que estes tais céticos abortistas nunca checam as fontes dos dados que usam em defesa do aborto e, pior, não enxergam (ou fingem que) o absurdo autoevidente de alguns deles, como aquela patacoada dos quarenta milhões de abortos no Brasil ao longo dos anos 80.

Quer dizer que, não fosse o aborto, a população do Brasil em 1991 seria maior em 40 milhões de pessoas?
Para não falar da vigarice de, nos países onde o aborto foi legalizado, comparar as ESTIMATIVAS de abortos ilegais com os DADOS OFICIAIS de abortos legais como prova de que o número de abortos cai após a legalização.

Fazer o que...?

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Herf
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Herf »

O ENCOSTO escreveu:Sou favoravel a legalização do aborto mas também não acredito no numero de 1 milhão.

Comigo também.

Enquanto o debate deveria se centrar no caráter ético do ato de interromper uma gestação, há quem apele para, além de estatísticas claramente exageradas, observações do tipo "aborto reduz crime", como se isso tivesse alguma relevância.

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Tarcísio
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Tarcísio »

Acauan escreveu:
Tarcísio escreveu:Se decidirem para quem mandar o link desse tópico via e-mail pedindo retratação eu envio.
Gostaria muitíssimo que você, Acauan, animasse de processá-los hehehe


Índio Velho não processa revista Veja.
Processar revista Veja é desejo de branco comunista.

Tão cedo eu tenha a carteira da ordem, pode esperar.

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Apo
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Apo »

Não vem ao caso quantos milhões fazem ou não e seus motivos. Basta 1 que tenha um motivo que torne a gravidez E/OU a vida dela E/OU a do bebê humanamente dolorosos ou passíveis de problemas graves ou previsíveis para que a interrupção seja permitida. DESDE que haja amparo legal e médico.

Assim penso sobre a eutanásia.

E não aceito argumentos bobos sobre anticoncepção. Evidente que esta opção está fora de questão.
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Acauan
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Acauan »

Tarcísio escreveu:
Acauan escreveu:
Tarcísio escreveu:Se decidirem para quem mandar o link desse tópico via e-mail pedindo retratação eu envio.
Gostaria muitíssimo que você, Acauan, animasse de processá-los hehehe


Índio Velho não processa revista Veja.
Processar revista Veja é desejo de branco comunista.

Tão cedo eu tenha a carteira da ordem, pode esperar.


Isto explica porque homem branco tem cara vermelha.

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Deise Garcia
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Deise Garcia »

Acauan escreveu:
Tarcísio escreveu:
Acauan escreveu:
Tarcísio escreveu:Se decidirem para quem mandar o link desse tópico via e-mail pedindo retratação eu envio.
Gostaria muitíssimo que você, Acauan, animasse de processá-los hehehe


Índio Velho não processa revista Veja.
Processar revista Veja é desejo de branco comunista.

Tão cedo eu tenha a carteira da ordem, pode esperar.


Isto explica porque homem branco tem cara vermelha.

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Hahahahahahahahah
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joaomichelazzo
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por joaomichelazzo »

Apo escreveu:Não vem ao caso quantos milhões fazem ou não e seus motivos. Basta 1 que tenha um motivo que torne a gravidez E/OU a vida dela E/OU a do bebê humanamente dolorosos ou passíveis de problemas graves ou previsíveis para que a interrupção seja permitida. DESDE que haja amparo legal e médico.

Assim penso sobre a eutanásia.

E não aceito argumentos bobos sobre anticoncepção. Evidente que esta opção está fora de questão.


Concordo.
Não sei ao certo o número, mas há várias clínicas e médicos formados com CRM e tudo que praticam o aborto.
Há as aborteiras e as receitas caseiras de aborto que são um enorme perigo às mulheres que se submetem a elas.
Na minha opinião é melhor o aborto do que uma criança de rua ou o oitavo filho de uma mãe de 23 anos que não tem condição psicológica e nem financeira para cuidar de um hamster.
Lógico, melhor seria que essas pessoas tivessem educação, tivessem orientações sobre métodos contraceptivos, palnejamento familiar, mas sabemos que isso no Brasil não funciona.
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Apo
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Apo »

joaomichelazzo escreveu:
Apo escreveu:Não vem ao caso quantos milhões fazem ou não e seus motivos. Basta 1 que tenha um motivo que torne a gravidez E/OU a vida dela E/OU a do bebê humanamente dolorosos ou passíveis de problemas graves ou previsíveis para que a interrupção seja permitida. DESDE que haja amparo legal e médico.

Assim penso sobre a eutanásia.

E não aceito argumentos bobos sobre anticoncepção. Evidente que esta opção está fora de questão.


Concordo.
Não sei ao certo o número, mas há várias clínicas e médicos formados com CRM e tudo que praticam o aborto.
Há as aborteiras e as receitas caseiras de aborto que são um enorme perigo às mulheres que se submetem a elas.
Na minha opinião é melhor o aborto do que uma criança de rua ou o oitavo filho de uma mãe de 23 anos que não tem condição psicológica e nem financeira para cuidar de um hamster.
Lógico, melhor seria que essas pessoas tivessem educação, tivessem orientações sobre métodos contraceptivos, palnejamento familiar, mas sabemos que isso no Brasil não funciona.



Já me pronunciei contra o aborto para contracepção. Estas mulheres "de rua", as que maltratam filhos, que não param de parir durante toda a vida fértil, que abandonam os filhos em latas de lixo, deveriam ser presas ou castradas.Assim como no caso de mulheres com incapacidade mental, sem condições de se cuidar e que ficam à mercê de abusos. É melhor prevenir do que ter que remediar.
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user f.k.a. Cabeção
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Apo escreveu:E não aceito argumentos bobos sobre anticoncepção. Evidente que esta opção está fora de questão



Por que nao? Por que e tao dificil aceitar que os pais sejam responsaveis pelo filho que se desenvolve durante a gestacao?

Ora, se eu compro uma acao, e tenho a intencao de ganhar dinheiro, mas no final eu perco, eu nao tenho direito de reclamar, ja que eu admiti um risco.

Quem quer que faca sexo, seja com ou sem precaucoes, estara admitindo um risco de provocar uma gravidez e a partir dai assumir a responsabilidade por uma crianca que cresce.

E evidente que evitar fazer sexo, ou procurar tomar todas as preocaucoes possiveis, para se prevenir da gravidez, nao e uma opcao para uma mulher que ja esta gravida.

Mas e voce que esta dizendo que ela deve ter uma opcao de arcar com as consequencias APOS ter consumuado um ato. Enquanto que todas as reflexoes eticas e morais ate hoje presupoem que a opcao existe antes do ato, e apos ele apenas a responsabilidade pelas consequencias geradas. E a liberdade individual implicando em responsabilidades individuais, mas nunca na pretensa "liberdade" de assumir ou nao uma responsabilidade.
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Apáte »

Ainda bem que a direita tem sua representante na grande mídia nacional.
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Apo
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por Apo »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Apo escreveu:E não aceito argumentos bobos sobre anticoncepção. Evidente que esta opção está fora de questão



Por que nao? Por que e tao dificil aceitar que os pais sejam responsaveis pelo filho que se desenvolve durante a gestacao?

Ora, se eu compro uma acao, e tenho a intencao de ganhar dinheiro, mas no final eu perco, eu nao tenho direito de reclamar, ja que eu admiti um risco.

Quem quer que faca sexo, seja com ou sem precaucoes, estara admitindo um risco de provocar uma gravidez e a partir dai assumir a responsabilidade por uma crianca que cresce.

E evidente que evitar fazer sexo, ou procurar tomar todas as preocaucoes possiveis, para se prevenir da gravidez, nao e uma opcao para uma mulher que ja esta gravida.

Mas e voce que esta dizendo que ela deve ter uma opcao de arcar com as consequencias APOS ter consumuado um ato. Enquanto que todas as reflexoes eticas e morais ate hoje presupoem que a opcao existe antes do ato, e apos ele apenas a responsabilidade pelas consequencias geradas. E a liberdade individual implicando em responsabilidades individuais, mas nunca na pretensa "liberdade" de assumir ou nao uma responsabilidade.



Cabeção. Eu disse que não aceito que o aborto seja usado apenas como contraceptivo. Tipo, vai lá e transa e depois aborta e pronto. É isto.

Evidente que ninguém faz um filho pensando que ele vai ser doente, ou vai ser aleijado, ou um vegetal, ou algo que a pessoa desconhece que exista na natureza. Mas é certo que se algo der muito errado, for motivo para uma desgraça que está com os dias contados para ocorrer, não há porque ser cruel consigo, com a família toda e com a criança que viria ( se fosse tudo normal ou dentro de um grau de tolerância aceitável).
As pessoas não são robôs. Há situações imprevisíveis na vida. Coisas com as quais uns conseguem lidar e outros não. Os limites são limites e pronto. Eu não suportaria viver, ver, a dor de um filho com uma doença degenerativamente excruciante. É o MEU limite. Por amor a mim, aos outros filhos, à sanidade da família e à criança em sofrimento, eu não a deixaria nascer. E seria totalmente a favor da eutanásia, se acontece posteriormente.
Não há lei que me impeça. Podem em prender. Mas a discussão é ética, já que em outros países eu seria entendida, respeitada e receberia condições para tal se processar de forma menos cruel possível.
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SickBoy
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por SickBoy »

A veja é tão ruim que não me animo nem a ler uma matéria pró-aborto. :emoticon2:



Punkboy escreveu:Ainda bem que a direita tem sua representante na grande mídia nacional.



Veja só faz matérias populares. não tem peito pra sequer adotar uma posição. ora flertam os anjos, ora com demônios.


e a direita hardcore, felizmente, não possui nenhuma representação. Tanto é que, tirando-se aqueles com alguma influência religiosa, a opinião sobre o aborto é quase onipresente.

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user f.k.a. Cabeção
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Apo,

eu entendo o que voce quer dizer, mas o precedente moral que voce esta tentando abrir e inaceitavel.

Nao se pode matar alguem por ser "doente", "aleijado", ou "ou ser algo desconhecido". Isso nao e ser misericordioso, isso e ser covarde.

Se o pai de uma crianca deficiente e tao responsavel por ela quanto o pai de uma crianca saudavel, a unica razao que eu vejo para voce tolerar o aborto da gestacao da primeira e a maior conveniencia de matar alguem cujo rosto voce nunca viu.
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Re: VEJA - Especial: Aborto

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Sickboy escreveu: a opinião sobre o aborto é quase onipresente.



Na midia e nas classes falantes, voce quer dizer. Porque as escassas pesquisas realizadas com a populacao a esse respeito (pesquisas feitas com a intencao velada de testar a convocacao de um plebiscito), mostram uma opiniao completamente contraria aquela que a inteligentsia gostaria.

Alias, essa forte oposicao se da dentro de um contexto onde e praticamente nula a propaganda anti-aborto, e ostensiva a pro-aborto. No caso de um plebiscito, como ocorreu em 2005, as pessoas estando frente aos dois discursos, os partidos, as revistas e canais de televisao, as ONGS internacionais e sindicatos de abortistas teriam bastante trabalho para derrotar o simples bom senso pro-vida.

E isso tambem e verdade na America, onde o aborto foi descriminalizado em todos os estados nao por conta da vontade popular, mas devido a ativacao de um dispositivo juridico num caso bastante questionavel.
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