FHC defende descriminalização do uso da maconha

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Apo
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Re: FHC defende descriminalização do uso da maconha

Mensagem por Apo »

Eu acho tão débeis estes pareceres, tipo:

- Quem fuma maconha, abre a porta para provar outras drogas mais pesadas...

- Quando a droga está liberada ou legalizada, os jovens têm mais curiosidade a acabm provando...


BLABLABLÁ!!!

Isto me parece aqueles discursos de gente velha antiga, moralista e desinformada, que generalizava tudo e já dispunha de todo o arsenal de causas e consequências caso o "jovem" ( sempre o "jovem" Humpf!) experimetasse qualquer tentação do diabo, rumo aos vícios e à perdição! Ai-ai-ai..ai-ai...ai-ai!!!

Mas que porcaria é esta de uma coisa abrir a porta para todas as outras? Tem quem bebe uma coisa e não bebe outra, tem quem fuma e não cheira, tem que cheira e não injeta e tem quem beija na boca e não transa no primeiro encontro, cacete!

E a segunda asneira: não era a proibição a inventora da subversão da ordem? Não seria o proibido o mais atraente? Agora mudou a lei da atração do..."jovem"?

Nunca provei lixo algum de droga ilegal, mesmo sendo bem legal o consumo no meu tempo de "jovem"! Mesmo estando rodeada de tentações do demo, só tomei uns 3 porres ( que eu achei mesmo um porre!) e fumei meia dúzia de cigarros imbecis na falta do que fazer. Outro porre!
Nada abriu porta alguma para coisa mais ...pesadas.

Será porque era legal ou legal e eu nem sabia disto?

Que nojo destes "pareceres". Vão catar coquinho!
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Mucuna
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Re: FHC defende descriminalização do uso da maconha

Mensagem por Mucuna »

Darkside escreveu:
Mucuna escreveu:O fato é que cada substância vai agir de uma forma diferente no indivíduo e na sociedade. Colocar um programa de prevenção/educação bem específico e estudado para alcool, bem específico e estudado para nicotina e um geralzão e superficial para todas as outras substâncias é que não dá certo, pois acaba caindo em descredibilidade, moralismos. Perde-se a oportunidade de realmente prevenir e educar baseado em fatos.


Concordo com você sobre o efeito das drogas na vida das pessoas. Só duvido da eficiência dos programas anti-drogas do governo, seja quais forem. Do que adianta o governo colocar propagandas na tv contra as drogas, financiadas compulsoriamente pela sociedade, se elas são oferecidas para as crianças na porta das escolas? Quem deve educar as pessoas sobre as consequencias das drogas são os pais, e também quem sabe os professores.


Foi por aí que eu quis dizer.
O programa anti-drogas (ilegais) do governo sempre foi uma piada e não é só aqui.
Mas não me referia a exatamente um programa do governo, mas sim a um conhecimento da sociedade, seja na família, nas faculdades, em rodas de amigos, etc. As informações tem q ser obtidas a partir de dados reais e não um de espantalho-coringa, aquela pseudo-explicação superficial que serve para os mais diversos casos.

A correta informação, tirada da realidade, com pesquisas sérias, é o que dá suporte na prevenção e educação. Quando a coisa é assumida e levada a sério, diminui-se os danos.

Creio que um bom exemplo é o tabagismo, que apesar de que nunca será eliminado completamente, veio diminuindo em muitos países, inclusive é um bom exemplo de propaganda do governo que deu certo para muita gente. Engraçado que informou possíveis consequências à pessoas que não faziam idéia real destes possíveis danos. Não explicou científicamente cada uma delas, mas sensibilizou pessoas por ser realidade e quem quiser correr atrás, confirma aquelas informações.

O alcool é complicado, pois de fato há propaganda estimulando seu consumo e ele é não só tolerado como esperado. Por exemplo, se vc me chamar para um churrasco sem cerveja, eu nem vou! :emoticon16:

Mesmo assim, o risco do alcoolismo, o que é o alcoolismo e como ele se dá, é bem sabido atualmente. Pode-se argumentar que a informação e reflexão não chega a todos os lugares, mas ela existe. Não há propaganda falando para vc parar de consumir alcool, mas sim em consumi-lo "com moderação" (só não explica o que seja isso). O governo não faz esse papel, mas esse papel é muito bem exercido pela família, amigos, professores, etc, quando estes possuem acesso a educação. Há o consenso de que é possível se divertir com o alcool, mas que não se deve abusar, ou ficarás viciado.

Darkside escreveu:Creio que a política contra as drogas de um governo deve ser a mais simples possível, a repressão implacável contra os traficantes. Vender drogas ilegais deve ser considerado um dos piores crimes de qualquer sociedade e os praticantes deste crime devem receber punição exemplar, situação muito diferente da brasileira.


Cara... Isto dá certo mesmo? É o que tentam nas últimas décadas em várias partes do mundo, inclusive em países considerados sérios e severos, e não tem dado certo na sua alegada função de "proteger a população".

Darkside escreveu:
Mucuna escreveu:Uma curiosidade num caso meu. Eu era (sou?) viciado em nicotina. Fumava não muito comparado a outros fumantes, cerca de 10 cigarros por dia. Quando eu decidi parar, foi bem dificil em alguns momentos, devido a fissura e outros efeitos fisiologicos, como enjôo, dores de cabeça, mal estar, caimbras, insonia, etc. Até que eu resolvi "tratar" estes sintômas desagradaveis com cannabis, a qual eu consumia esporadicamente (mais ou menos uma vez por mes, de 15 em 15 dias no máximo).

A coisa se tornou bem mais fácil a partir disso. Controlava minha ansiedade, dava um jeito na dor de cabeça e mal estar, além da insônia. Deixo claro que nunca fumei um baseado sozinho. Um, dois ou três "tapas" no máximo era o meu consumo de cannabis quando eu o fazia. Um cigarro de maconha duraria MUITO comigo. Duraria, pq nunca fumei sozinho, sempre foi algo social. Unica época que consumi sozinho foi parando de fumar cigarro.

Enfim, este "tratamento", controverso para muitos, me fez deu apoio para largar o cigarro. Não o "receito" para ninguém, evidentemente, mas talvez o fizesse para algum tabagista também usuário.

Quando parei de usar cannabis, foi muito, mas muito mais fácil q o tabaco, sendo q eu senti realmente diferença na qualidade de vida após largar o tabaco. Ficou, para mim pelo menos, que o tabaco é pior para a saúde que a cannabis.



Interessante.

Pra mim, a impressão que ficou foi justamente a contrária, o que eu vi foi a maconha tornar os meus amigos totalmente viciados.

Quando eu tinha lá pelos meus 12, 13 anos, eu e meus amigos curtiamos nos reunir na rua pra andar de skate (apesar de que eu nunca aprendi a andar naquela coisa perigosa), eles tinham mais ou menos a mesma idade que eu, alguns pouca coisa mais velhos. Tinhamos construido uma rampa enorme de madeira nós mesmos, os skatistas passavam horas subindo e descendo naquela rampa, e ao redor ficava quem estava ali só pela companhia e pra observar tipo eu.

Aí um dia um deles apareceu com maconha. Logo ele e mais alguns passaram a se reunir pra fumar sem falar pra ninguém, e começaram a ficar meio sumidos. Depois de alguns dias todo mundo descobriu, e o que aconteceu? Todo mundo resolveu experimentar, menos eu e um outro amigo meu que parou de andar com nós quando a erva ficou popular demais. Em questão de dias ninguém mais queria saber de skate, passaram a se reunir só pra fumar maconha sentados no meio-fio. Eu ficava por ali perdido, vendo meus amigos agindo de um jeito que eles não eram e cuidando os skates e as bicicletas pra ninguém roubar enquanto eles estavam chapados. A situação ficou muito diferente quando eles passaram a cheirar loló e usar lança perfume, até cocaina as vezes aparecia. Nesse ponto eu achei melhor me afastar deles, mas não sem antes de ver eles vendendo roupas caras pra marginais em troca de drogas dez vezes mais baratas do que o seu valor e ter que aguentar eles vindo me chamar de madrugada aqui em casa pra pedir dinheiro, pra comprar cachorro-quente eles diziam.

Minha intenção não é escrever uma novela melodramática, mas foi ver de perto o que as drogas fizeram com vários jovens que formaram minha opinião sobre o assunto. Muitos de nós fumávamos e bebíamos antes das drogas, e ninguém chegou a largar estudos e se enfiar em um buraco por causa de cigarro e bebida como aconteceu depois com outras drogas. Me pergunto quantas milhares de histórias iguais as drogas já reproduziram pelo mundo afora.



Pois é, rapaz... Se vc ver um post meu anterior a este q vc quotou, verá que eu mencionei algo parecido. Dê uma lidinha, se interessar.

Eu, mesmo tendo sido exposto jovem a maconha (mai velho q vc), tive a felicidade de não cair nesse erro do seu grupo de amigos. Ou foi pq o meu grupo de amigos não tinha um perfil de risco, ou pela nossa criação ou pelo ambiente, não sei dizer.

O que eu observei, e disse anteriormente, foi que não se fuma todo dia o dia inteiro, assim como não se bebe todo dia o dia inteiro. Isso era para ser uma regra bem clara e inclusive servir de orientação para os outros. Eu diria que fumar é algo que se vc escolher fazer, deveria ser, no máximo, uma vez por semana. Talvez se isso tivesse sido dito a seus amigos, explicando os riscos do uso inconsequente, muitos deles teriam tido um desfecho diferente. A adolescencia é uma fase muito complicada.

Só fui apresentado oficialmente a cocaína mais velho um pouco, graças a uma namorada. Com o tempo tive o conhecimento que ela cheirava e me foi oferecido mais de uma vez, por ela ou por outros. Sempre fui de observar primeiro. Vi que nego cheirado geralmente é muito chato.

Tá bom que ela era, infelizmente, uma pessoa com alguns traumas pesados em seu histórico, o que tornava ela especialmente intoleravel quando cheirada. Nada mais chato do que alguém trincado cheio de pseudo-segurança e com necessidade de se auto-afirmar. Mesmo os que eu não sabia do histórico de vida, vi que era uma onda agressiva.

Resumindo, nunca cheirei. Nunca nem tive vontade.

Todo mundo que cheira fica chato e com uma onda mais agressiva? A minha experiência dizia que sim, até ver um grande amigo meu cheirando. Fiquei espantado e decepcionado. Contudo, ele não ficou chato nem com aquela auto-afirmação agressiva. Ele me confessou que cheirou pouquissimas vezes na vida e pouco tempo atrás comentou que nunca mais fez isso e nem pretendia. Sei lá se existe uma forma segura de consumir cocaína. De qualquer forma, podemos dizer que não acho a cocaína nem um pouco legal.

O que eu quero dizer com isso tudo é que não se deve querer evitar que as pessoas experimentem drogas criando um bicho-papão. Bicho-papão vc só acredita enquanto é criança (ou quando se é crente :emoticon12:). A correta informação deve ser passada, pois há coisas reais bem piores que o bicho-papão...

PS.: A tal namorada coloquei para rodar tão logo começou a mostrar as garrinhas de fora, antes que me sugasse de canudinho.
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Darkside
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Re: FHC defende descriminalização do uso da maconha

Mensagem por Darkside »

Pois é Mucuna, as drogas possuem efeitos diferentes em pessoas diferentes, assim como as opiniões sobre elas variam bastante, mesmo entre pesquisadores como é o caso do entrevistado. Comentei com você essa história pra que você não pensasse que meu ponto de vista se baseia em preconceitos ou esteriótipos, foi uma experiência que tive.

Sobre a política antidrogas, realmente a mera repressão não elimina o tráfico, mas não considero que isso seja possível, assim como não é possível acabar permanentemente com assaltos. Enquanto houver pessoas dispostas a comprar e vender drogas, os traficantes vão dar um jeito.

Eu considero a escolha por usar drogas totalmente pessoal e a responsabilidade de ser um usuário é intransferível. Por isso não acho justo que a sociedade toda tenha que arcar com as despesas enormes de políticas antidrogas paliativas que também não se mostram eficazes para eliminá-las da sociedade. Acho que as próprias pessoas devem tomar as medidas necessárias para conscientizar a sociedade e ajudar os viciados em drogas da maneira mais adequada, pois elas serão muito mais capazes de fazer isso do que os políticos.

Existem dois aspectos que influenciam diretamente sobre o consumo de drogas no geral, a informação pessoal de cada um sobre as suas consequencias e o quanto a lei é eficaz. Temos falado mais em conscientização, mas a lei é um aspecto muito importante. Quem pensa em realizar um assalto vai imediatamente lembrar que corre o sério risco de ser preso, fazendo com que pense duas vezes antes de assumir os riscos. Quanto maior for o risco de o assaltante em potencial ser preso, menor a chance de ele levar seus planos adiante, e assim também é com traficantes. O problema é que o cumprimento da lei brasileira possui muitos problemas em várias áreas, favorecendo a impunidade.

Não que eu considere que o debate sobre a legalização da maconha não deva existir, pelo contrário, isso deveria deixar de ser tabu e ser debatido até se chegar a uma conclusão definitiva. Mas a lei vigente deve ser cumprida rigorosamente e respeitada pela população para que crimes como o tráfico diminuam.
"Temos uma coisa muito mais extraordinária: não só se consegue que uma mesa se mova magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde."

Alan Kardec, Obras Póstumas Pág. 237

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