A falacia das garantias
- user f.k.a. Cabeção
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A falacia das garantias
A falacia das garantias
por user f.k.a. Cabecao
A reacao normal obtida quando se propoe a discussao de uma sociedade sem Estado (ou com substancialmente menos Estado, pelo menos a principio) e uma avalanche de perguntas que repetem ad nauseam a seguinte formula:
"o que garante que nao acontecera [inserir aqui uma falha do mercado em oferecer qualquer servico normalmente prestado pelo Estado]?".
A principio, essa parece ser uma postura razoavel para se ter diante de uma proposta ousada. E afirmar a viabilidade, coerencia ou mesmo conveniencia de uma sociedade desprovida de Estado e uma proposta no minimo ousada. Em ultima analise, uma sociedade sem Estado seria bastante diferente em diversos aspectos (mas em muitos outros nem tanto) da nossa sociedade e de certo modo faz sentido do ponto de vista intelectual apresentar um certo ceticismo.
Acontece que a maioria das pessoas nao percebe que ao formular esses questionamentos, elas implicitamente revelam sua crenca de que teriam por garantidas todas essas coisas que demandam como garantias, e acham que o Estado e o responsavel por isso.
Para elas, o Estado garante (ou deveria garantir) justica, seguranca, saude, educacao, previdencia etc. variando em intensidade segundo as preferencias de cada um dentro do espectro politico usual. Outras mais crentes ainda, acreditam que o Estado deveria garantir ate muito mais coisas.
Isso nao passa de um perigosos e lamentavel wishfulthinking.
Se a historia se encarregou de demonstrar alguma coisa, foi que essas garantias estatais foram todas elas estupradas inumeras vezes pelos proprios governantes sempre que o momento politico favoreceu ou exigiu isso deles.
A terrivel verdade e que o Estado nao te garante absolutamente nada. Voce sempre precisara confiar na discrecao e no bom-senso dos burocratas de hoje e nos de amanha para que as suas expectativas quanto aos servicos e cobrancas tidos como garantidos sejam de fato realizados da maneira que voce espera. E nisso, todos os regimes estatais, dos mais liberais aos mais totalitarios, dos mais "democraticos" aos mais ditatoriais, se encarregaram quase que continuamente produzir desapontamento, proporcional apenas ao numero de garantias presumidas.
O Estado nao garante nada pois nao se pode garantir nada. Toda sociedade se estrutura, em ultima instancia, em pura e simples confianca na racionalidade dos outros. E por essa razao os Estados que mais prometeram garantias foram os que mais desapontaram.
No mercado, nao ha garantia de que havera pao amanha, mas voce confia no padeiro assim mesmo, que por sua vez confia nos fornecedores de farinha, de agua e de energia, e por ai vai. Nao existe uma lei dizendo que voce tera pao custe o que custar, doa a quem doer. Se nao ha nao ha, acabou. Funciona assim tambem com o Estado, mas ele se encarrega de disfarcar a sua incapacidade de cumprir garantias, que ele mesmo definiu, atraves tras de eufemismos do tipo "mudanca imprevisivel das condicoes".
A questao que costuma ser colocada, do tipo "o que garantiria que os pobres fossem atentidos corretamente se a saude fosse inteiramente privada?" e completamente impropria, uma vez que nada garante que eles vao ser se a saude for estatal. Se faltarem medicos, enfermeiros, instrumentos, instalacoes e medicamentos eles nao vao ser, e essa e uma realidade mais do que comum na gerencia estatal. Importa muito pouco ter uma carteria do SUS nessas horas, nem mesmo uma "constituicao cidada" dizendo quais sao os "direitos garantidos" de cada um e que explicite entre eles "atendimento medico" tera muita serventia.
O primeiro preconceito a se eliminar e essa ideia de que o Estado magicamente possibilita certas garantias. Isso e completamente falso e desprovido de sentido. O que os burocratas do Estado fazem e alocar recursos, geralmente produzidos por terceiros e tomados a forca, segundo seus proprios criterios (que costumam passar longe da candura angelical), quando tais recursos existem. Se pudesse perguntar para eles em que, de concreto, se baseiam as tais "garantias do cidadao", na remota possibilidade de ouvir alguma resposta honesta, ela seria: "la garantia soy yo".
O equivoco geral de que o Estado pode efetivamente garantir o que quer que seja tem apenas estimulado a depreciacao de um valor que esta contido na propria essencia da liberdade, e sem o qual esta nao existe: a responsabilidade individual. Por culpa da nocao difundida de que essas garantias implicitas sao satisfeitas as pessoas deixam de se preocupar com a provisao daquilo que e necessario para que seus fins sejam satisfeitos, e nesse momento, todas elas erram.
Um exemplo claro esta na atual situacao dos bancos, onde as supostas garantias que o Estado estabelecia ou sugeria, seja aos banqueiros, seja aos devedores particulares, permitiram que uma serie de tomadas erradas de decisao culminassem na apoteotica crise dos mercados mundiais.
A falacia das garantias talvez seja o mais perigoso mito do nosso tempo.
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Re: A falacia das garantias
user formerly known as Cabeção, quais seriam as principais limitações e defeitos de uma sociedade anárquica na sua opinião?
Geralmente vejo você defender o anarquismo contra as críticas, mas gostaria de ver você mesmo apontar o que você vê como os problemas do anarquismo, que obviamente não pode ser perfeito.
Geralmente vejo você defender o anarquismo contra as críticas, mas gostaria de ver você mesmo apontar o que você vê como os problemas do anarquismo, que obviamente não pode ser perfeito.
"Temos uma coisa muito mais extraordinária: não só se consegue que uma mesa se mova magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde."
Alan Kardec, Obras Póstumas Pág. 237
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- user f.k.a. Cabeção
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Re: A falacia das garantias
E dificil responder essa pergunta. O anarquismo nao e uma plataforma politica. E uma condicao de liberdade das pessoas com relacao a burocratas parasitas. Eu nao consigo ver nenhum problema em se livrar de parasitas.
Contudo, numa sociedade de contrato ainda haveria praticamente todo tipo de crime e violacao que existe numa sociedade burocratica (exceto aqueles que sao praticados exclusivamente por burocratas). Os habitantes da sociedade de livre mercado sao os mesmos seres humanos que habitam a sociedade de mercado obstruido, e eles podem ser bons ou maus, honestos ou desonestos.
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Re: A falacia das garantias
user f.k.a. Cabeção escreveu:
E dificil responder essa pergunta. O anarquismo nao e uma plataforma politica. E uma condicao de liberdade das pessoas com relacao a burocratas parasitas. Eu nao consigo ver nenhum problema em se livrar de parasitas.
Contudo, numa sociedade de contrato ainda haveria praticamente todo tipo de crime e violacao que existe numa sociedade burocratica (exceto aqueles que sao praticados exclusivamente por burocratas). Os habitantes da sociedade de livre mercado sao os mesmos seres humanos que habitam a sociedade de mercado obstruido, e eles podem ser bons ou maus, honestos ou desonestos.
Isso, me referia a problemas inerentes ao anarquismo propriamente dito.
Então você crê que a sociedade só não seria perfeita pelos problemas comuns em uma sociedade de qualquer tipo, sem que a condição anarquista traga nenhuma situação nova a ser resolvida, ou melhor, que qualquer situação que apareça a livre iniciativa das pessoas resolverá, sem ter nada que a limite.
É um ponto de vista interessante, mas eu ainda precisaria me aprofundar muito mais em vários aspectos deste assunto antes de concordar com o anarquismo, por enquanto o vejo com muitas reservas...
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Re: A falacia das garantias
O texto é ótimo.
Mas gostaria de tratar de uma questão que me impede de dar o passo rumo ao anarcocapitalismo:
Um anarcocapitalista, quando confrontado com a questão da violência e da aplicação da justiça em uma sociedade sem estado, afirma que alguma solução de mercado apareceria para tais problemas. Não importa aqui como seriam tais soluções. O que importa é que um ancap afirma que se uma pessoa ou grupo de pessoas resolvesse dominar outras e sobre elas impor seu arbítrio, a demanda das vítimas por segurança, justiça e liberdade e o desejo de outros a lucrar com essa demanda, da mesma forma como ocorre com qualquer outro negócio, tenderiam a solucionar o problema.
Pois bem, mas e o que dizer do grupo armado que, apenas por acaso, chamamos de estado? O estado, afinal de contas, é apenas um grupo de pessoas que age por meio da força para impor seu arbítrio aos demais. Um ancap sequer deveria reconhecer a instituição do "estado", por esse nome particular, como se uma sociedade com "estado" fosse fundamentalmente diferente de uma situação que poderia perfeitamente ocorrer dentro de uma "sociedade anarcocapitalista", na qual um grupo armado domina uma população e impõe a ela o seu arbítrio. Podemos dizer que nós já estamos em uma sociedade anarcocapitalista na qual um grupo armado tomou o poder e impõe sua força sobre todos. Mas não parece haver sinal de que uma solução baseada na livre interação entre as pessoas esteja dando um fim na atuação deste grande grupo armado. Pelo contrário, o tempo passa e ele adquire cada vez mais poder.
Por que não há uma "solução de mercado" para o problema do estado, assim como há para a provisão de saúde, educação, previdência, etc? É um paradoxo.
Uma sociedade ancap é baseada no livre contrato. Porém para o contrato ocorrer é necessária a existência da propriedade privada, da propriedade sobre o próprio corpo, e a possibilidade de usufruir destas da maneira que se desejar. Estes valores têm de vigorar para que os demais sejam fruto de escolhas individuais. Mas por serem a base do contrato eles não podem surgir por meio do contrato. Em qualquer sociedade de pessoas livres, estes valores têm de ser em alguma instância garantidos pela força. Na sociedade idealizada por ancaps, alguns locais não teriam esses valores garantidos e as pessoas não seriam livres, em outros esses valores seriam garantidos e as pessoas seriam livres. Nestes últimos, passaria a vigorar uma instituição que em nada difere do estado aos moldes minarquistas. Que, a meu ver, é o único modelo de sociedade compatível com o que eu entendo por liberdade individual.
Mas gostaria de tratar de uma questão que me impede de dar o passo rumo ao anarcocapitalismo:
Um anarcocapitalista, quando confrontado com a questão da violência e da aplicação da justiça em uma sociedade sem estado, afirma que alguma solução de mercado apareceria para tais problemas. Não importa aqui como seriam tais soluções. O que importa é que um ancap afirma que se uma pessoa ou grupo de pessoas resolvesse dominar outras e sobre elas impor seu arbítrio, a demanda das vítimas por segurança, justiça e liberdade e o desejo de outros a lucrar com essa demanda, da mesma forma como ocorre com qualquer outro negócio, tenderiam a solucionar o problema.
Pois bem, mas e o que dizer do grupo armado que, apenas por acaso, chamamos de estado? O estado, afinal de contas, é apenas um grupo de pessoas que age por meio da força para impor seu arbítrio aos demais. Um ancap sequer deveria reconhecer a instituição do "estado", por esse nome particular, como se uma sociedade com "estado" fosse fundamentalmente diferente de uma situação que poderia perfeitamente ocorrer dentro de uma "sociedade anarcocapitalista", na qual um grupo armado domina uma população e impõe a ela o seu arbítrio. Podemos dizer que nós já estamos em uma sociedade anarcocapitalista na qual um grupo armado tomou o poder e impõe sua força sobre todos. Mas não parece haver sinal de que uma solução baseada na livre interação entre as pessoas esteja dando um fim na atuação deste grande grupo armado. Pelo contrário, o tempo passa e ele adquire cada vez mais poder.
Por que não há uma "solução de mercado" para o problema do estado, assim como há para a provisão de saúde, educação, previdência, etc? É um paradoxo.
Uma sociedade ancap é baseada no livre contrato. Porém para o contrato ocorrer é necessária a existência da propriedade privada, da propriedade sobre o próprio corpo, e a possibilidade de usufruir destas da maneira que se desejar. Estes valores têm de vigorar para que os demais sejam fruto de escolhas individuais. Mas por serem a base do contrato eles não podem surgir por meio do contrato. Em qualquer sociedade de pessoas livres, estes valores têm de ser em alguma instância garantidos pela força. Na sociedade idealizada por ancaps, alguns locais não teriam esses valores garantidos e as pessoas não seriam livres, em outros esses valores seriam garantidos e as pessoas seriam livres. Nestes últimos, passaria a vigorar uma instituição que em nada difere do estado aos moldes minarquistas. Que, a meu ver, é o único modelo de sociedade compatível com o que eu entendo por liberdade individual.
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Re: A falacia das garantias
Algumas atividades com limitações inerentes não seriam dominadas por monopólios semelhantes ao que chamamos de... estado?
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Re: A falacia das garantias
Algumas pessoas precisam de líderes. É da natureza humana.
Algumas pessoas não sabem viver em sociedade. Também é da natureza humana.
É preciso ter leis e é preciso ter pessoas que garantam o cumprimento dessas leis.
Quando as coisas não têm uma solução óbvia, são precisos árbitros para decidir pelas partes em conflito. Alguém tem que exercer esta função.
Na hora da crise, alguém tem que tomar as decisões. É na hora da crise que se vê quem são os líderes.
Algumas pessoas não sabem viver em sociedade. Também é da natureza humana.
É preciso ter leis e é preciso ter pessoas que garantam o cumprimento dessas leis.
Quando as coisas não têm uma solução óbvia, são precisos árbitros para decidir pelas partes em conflito. Alguém tem que exercer esta função.
Na hora da crise, alguém tem que tomar as decisões. É na hora da crise que se vê quem são os líderes.
Re: A falacia das garantias
Eu reconheço o estado como um Power Block.
Quanto a "natureza humana" eu não acho que pessoas precisam de líderes, eu acho que pessoas não gostam de se dar mal sozinhas. É o caso do corno que mata a mulher e deixa o Ricardão vivo pra acabar com a vida de outro. Nada se mostrou mais eficente em socializar prejuízo e sofrimento emocional do que o estado.
Quanto a "natureza humana" eu não acho que pessoas precisam de líderes, eu acho que pessoas não gostam de se dar mal sozinhas. É o caso do corno que mata a mulher e deixa o Ricardão vivo pra acabar com a vida de outro. Nada se mostrou mais eficente em socializar prejuízo e sofrimento emocional do que o estado.
- user f.k.a. Cabeção
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Re: A falacia das garantias
Darkside escreveu:user f.k.a. Cabeção escreveu:
E dificil responder essa pergunta. O anarquismo nao e uma plataforma politica. E uma condicao de liberdade das pessoas com relacao a burocratas parasitas. Eu nao consigo ver nenhum problema em se livrar de parasitas.
Contudo, numa sociedade de contrato ainda haveria praticamente todo tipo de crime e violacao que existe numa sociedade burocratica (exceto aqueles que sao praticados exclusivamente por burocratas). Os habitantes da sociedade de livre mercado sao os mesmos seres humanos que habitam a sociedade de mercado obstruido, e eles podem ser bons ou maus, honestos ou desonestos.
Isso, me referia a problemas inerentes ao anarquismo propriamente dito.
Então você crê que a sociedade só não seria perfeita pelos problemas comuns em uma sociedade de qualquer tipo, sem que a condição anarquista traga nenhuma situação nova a ser resolvida, ou melhor, que qualquer situação que apareça a livre iniciativa das pessoas resolverá, sem ter nada que a limite.
É um ponto de vista interessante, mas eu ainda precisaria me aprofundar muito mais em vários aspectos deste assunto antes de concordar com o anarquismo, por enquanto o vejo com muitas reservas...
Seja mais especifico quanto aos problemas que voce acha que surgiriam.
"Sociedade perfeita" e uma abstracao desprovida de sentido. Sociedade no meu entender sao todos os conjuntos de individuos que se associam e se interrelacionam porque assim podem perseguir seus objetivos individuais de maneira mais interessante.
Nao existe uma sociedade perfeita, porque a sociedade em si nao tem um fim que possamos usar como parametro para atribuir-lhe a qualidade da perfeicao. As regras de uma sociedade podem ser mais ou menos convenientes para um individuo em particular que se encontre na situacao de escolher ou nao participar dela.
O Estado segundo o socialismo seria portanto justificado com base numa premissa completamente falsa de que deve existir um poder imposto que se ocupe de buscar a sociedade mais perfeita de um ponto de vista coletivo. Isso nao faz sentido algum.
Nao foi o Estado que impos a propriedade privada, as regras de conduta e a etica capitalista. Esses conceitos emergiram espontaneamente de uma lenta percepcao moral produzida pela interacao entre os individuos, e que subsiste numa regiao entre o instinto e a razao ocupada por nossas instituicoes e tradicoes. Foram essas tradicoes e instituicoes que eventualmente acabaram modificando o proprio Estado, que precisou se adaptar a elas.
Essas instituicoes e tradicoes que definem as regras de conduta que nos chamamos de moralidade, de vergonha na cara, de etica e do que mais for. O reconhecimento e confianca mutua nessas regras que permitem a sociedade dos individuos, ainda que certos servicos de protecao dessas regras por vezes se facam necessarios. O Estado desempenha alguns desses servicos, e verdade, mas nao ha nada na natureza desses servicos que imponha a condicao de que eles devem ser fornecidos por burocratas.
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Re: A falacia das garantias
Ei Cabeça,
Como você vê a questão da segurança nacional neste contexto?
Forças armadas privadas?
Como você vê a questão da segurança nacional neste contexto?
Forças armadas privadas?
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
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Re: A falacia das garantias
Gostaria de saber como a anarquia e o julgamento humano acerca do que é melhor ou do que é ameçador ( que não costumam ser questões de senso comum, e sim individual , dependendo dos valores e situação em que se encontram os grupos ) conseguiriam conviver.
Basta aplicar tal situação à pequenos grupos, como um condomínio ou uma corporação. Sem convenções ( baseadas na Lei e sem regulamento interno - que acaba por funcionar como força de coação ) , sem uma administradora, sem um síndico democraticamente eleito ( mas que se baseia em prícípios legais, para todos os efeitos ), parece inviável que se chegue a consenso que não seja através de luta entre as partes.
O Acauan falou em segurança nacional. Forças Armadas privadas são para defender quem de quem? E internamente? Tudo privado? Valeriam que critérios ( já que costumamos votar em representantes que "contratam" ,ou deveriam contratar, profissionais gabaritados para execução de tais tarefas).
Parece-me que os problemas sempre recaem sobre os mesmos pontos, que recaem sobre poder e sobre capital.
Basta aplicar tal situação à pequenos grupos, como um condomínio ou uma corporação. Sem convenções ( baseadas na Lei e sem regulamento interno - que acaba por funcionar como força de coação ) , sem uma administradora, sem um síndico democraticamente eleito ( mas que se baseia em prícípios legais, para todos os efeitos ), parece inviável que se chegue a consenso que não seja através de luta entre as partes.
O Acauan falou em segurança nacional. Forças Armadas privadas são para defender quem de quem? E internamente? Tudo privado? Valeriam que critérios ( já que costumamos votar em representantes que "contratam" ,ou deveriam contratar, profissionais gabaritados para execução de tais tarefas).
Parece-me que os problemas sempre recaem sobre os mesmos pontos, que recaem sobre poder e sobre capital.

Re: A falacia das garantias
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Seja mais especifico quanto aos problemas que voce acha que surgiriam.
Bom, primeiramente, perguntei a você quais seriam os problemas de uma sociedade anarquista na sua opinião justamente por já conhecer as respostas que você concede quando alguém lhe questiona sobre assuntos no qual o Estado é visto como necessário. Mesmo quando você propõe algo que eu não concordo, eu sei que a própria sociedade daria um jeito de cobrir qualquer demanda que aparecesse, como já acontece hoje.
Creio que o livre mercado só não funcionaria onde há algo prejudicando algum dos seus aspectos, e o monopólio existente em alguns serviços básicos prestados a toda população, como o fornecimento de energia elétrica ou o saneamento básico, possuem esta característica. Não há usinas hidroelétricas sobrando pra que nós possamos escolher a que nós quisermos. Isso não significa que essas empresas precisam ser dirigidas pelo estado, elas podem perfeitamente ser privatizadas, mas precisam ser devidamente fiscalizadas pra que não cometam abusos, já que não há concorrentes a quem se possa recorrer.
Outro problema no qual eu simplesmente não vejo solução é a lei. Uma sociedade teria que possuir um esforço em conjunto maior do que eu considero provável pra manter a ordem e a justiça. Existem muitas pessoas sem moral em qualquer lugar, infelizmente coisas como a ganância e a corrupção fazem parte da natureza humana também.
user f.k.a. Cabeção escreveu:"Sociedade perfeita" e uma abstracao desprovida de sentido. Sociedade no meu entender sao todos os conjuntos de individuos que se associam e se interrelacionam porque assim podem perseguir seus objetivos individuais de maneira mais interessante.
Nao existe uma sociedade perfeita, porque a sociedade em si nao tem um fim que possamos usar como parametro para atribuir-lhe a qualidade da perfeicao. As regras de uma sociedade podem ser mais ou menos convenientes para um individuo em particular que se encontre na situacao de escolher ou nao participar dela.
Não me referi a "perfeição" no sentido de uma utopia, e sim em algo sem defeitos por si mesmo, foi isso que eu quis dizer. Embora o anarquismo seja apenas a ausência de um Estado e não uma política, ele pode ser uma situação na qual uma sociedade se encontra e não é imune a críticas.
user f.k.a. Cabeção escreveu:O Estado segundo o socialismo seria portanto justificado com base numa premissa completamente falsa de que deve existir um poder imposto que se ocupe de buscar a sociedade mais perfeita de um ponto de vista coletivo. Isso nao faz sentido algum.
Pois é. Pare de insinuar que eu sou socialista, isso é uma ofensa.

user f.k.a. Cabeção escreveu:Nao foi o Estado que impos a propriedade privada, as regras de conduta e a etica capitalista. Esses conceitos emergiram espontaneamente de uma lenta percepcao moral produzida pela interacao entre os individuos, e que subsiste numa regiao entre o instinto e a razao ocupada por nossas instituicoes e tradicoes. Foram essas tradicoes e instituicoes que eventualmente acabaram modificando o proprio Estado, que precisou se adaptar a elas.
Essas instituicoes e tradicoes que definem as regras de conduta que nos chamamos de moralidade, de vergonha na cara, de etica e do que mais for. O reconhecimento e confianca mutua nessas regras que permitem a sociedade dos individuos, ainda que certos servicos de protecao dessas regras por vezes se facam necessarios. O Estado desempenha alguns desses servicos, e verdade, mas nao ha nada na natureza desses servicos que imponha a condicao de que eles devem ser fornecidos por burocratas.
A lei é um serviço como qualquer outro? Uma legislação precisa ter uma abrangência definida e ser soberana, ou a situação seria caótica. Como uma empresa poderia ser considerada a fornecedora desse serviço para a população sem ser igual a um estado? Aqui não é mais a questão de um serviço privatizado, e sim em como uma empresa, sem a existência de um Estado, seria a criadora e mantenedora da lei em uma sociedade.
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Alan Kardec, Obras Póstumas Pág. 237
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Re: A falacia das garantias
Herf,
quanto a solucao de livre mercado para o "bando armado que nos chamamos de Estado".
Bastante interessante o seu ponto de vista, mas acredito que ele nao leve em consideracao uma pequena coisa.
O mercado produz solucoes quando existe uma demanda por elas. As pessoas em geral nao percebem o Estado globalmente como nocivo, pelo contrario, acreditam que ele seja algo estritamente necessario para a manutencao da ordem social. E parte da cultura da dependencia da qual eu falo.
Dessa forma, nao existe uma demanda de mercado por uma resistencia anti-estatal direta, pelo menos na maioria das sociedades. Por essa razao, nao e de se estranhar que nao existam pessoas oferecendo protecao direta contra esse "bando armado": a maioria das pessoas sequer sabe que gostaria de estar protegida contra eles.
Por outro lado, o Estado pode ser visto como redundante ou nocivo em diversas de suas atividades, e nesses setores especificos, podem surgir demandas por solucoes "anti-estatais" especificas para aqueles problemas. Isso produz no longo prazo uma retracao do poder dos Estados e uma extensao da ordem de contratos, enquanto a propria cultura das pessoas se altera para que percebam que nao ha como produzir vantagens para todos atraves de mecanismos burocraticos, que isso e uma simples falacia logica basica que estimula uma mitologia vantajosa apenas para os mais aptos a deter o poder politico.
Ainda que esse processo de evolucao cultural nao seja uma coisa completamente previsivel ou uniforme, e por diversas ocasioes ele pendeu mais para o estatismo do que para o liberalismo, de um modo geral eu acho que a ordem atual e mais livre que as ordens do passado, que a tecnologia dos contratos e a etica capitalista centrada no individuo racional e responsavel penetra nas sociedades mais coletivistas e permite que as pessoas ampliem em muito seus horizontes, ainda que existam muitos que lutem contra esse progresso moral.
Quanto a natureza da propriedade privada e sua definicao, eu tenho para mim que ela e algo que emerge naturalmente por prescrever a unica solucao etica possivel para o problema da ordem social (teoria melhor descrita por Hans Herman Hoppe e Murray Rothbard). O reconhecimento da propriedade privada e das limitacoes que ela impoe aos outros individuos e parte do processo espontaneo de aquisicao de instituicoes e tradicoes que terminam por estabelecer a nocao basica daquilo que e moral. A propriedade privada e esses valores de fato nao sao produzidos por contratos. Eles emergem das relacoes interpessoais para compor a base daquilo que nos entendemos por certo e errado, conceitos que assimilamos de nossos pais e que ajudamos (ou atrapalhamos) a lapidar no transcorrer das nossas vidas ao tomar decisoes morais e transmitir nossas nocoes adiante.
Esses valores nunca sao completamente compreendidos nem sao passiveis de sao todos eles deduzidos ou escolhidos por cada individuo que os conhece. Friedrich Hayek inclusive aponta essa caracteristica da nossa moral como sendo a principal fonte da rebeliao "racionalista" contra as tradicoes, que esta na base de todas as tentativas coletivistas de reconstruir a sociedade e homem segundo criterios "racionais".
O contrato voluntario e um dos valores tradicionais que assimilamos, fortemente ligado aos conceitos de propriedade privada, liberdade e responsabilidade individuais.
E preciso diferenciar a defesa e interpretacao desses valores, que sao servicos que podem ser contrados, da emergencia, descoberta e aprimoramento dos valores morais, que sao processos espontaneos que produzem e sao produzidos pelas interacoes de ordem social existente entre os individuos.
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Re: A falacia das garantias
Apate escreveu:Algumas atividades com limitações inerentes não seriam dominadas por monopólios semelhantes ao que chamamos de... estado?
O Estado nao e simplesmente um fornecedor de servicos "de concorrencia complicada", como metros ou abastecimento de agua.
Eu posso ate concordar que e dificil estabelecer uma concorrencia para o fornecimento de agua da mesma forma que existe para o fornecimento de jornais.
Isso nao quer dizer que nao se possa estruturar um mecanismo de livre mercado para ela, ele apenas sera diferente.
{
Um breve comentario introdutorio.
Eu vou apenas descrever a minha ideia favorita para solucionar o problema dos "monopolios naturais localizados", que e baseada numa generalizacao que eu criei para o conceito usual de condominio, que eu de agora em diante vou chamar de condominio (espero que isso nao crie confusao). Essa ideia, pelo menos na forma como e apresentada aqui, fui eu quem a desenvolveu. Eu ja li outras ideias bem parecidas, e talvez uma formulacao identica a essa ja tenha sido apresentada, mas eu a desconheco. Em virtude disso, pode ser que ela nao fique perfeitamente clara a primeira vista, e talvez ate contenha algum problema logico/tecnico que eu nao percebi.
}
No outro topico eu estava falando de condominios, que sao propriedades que mantem vinculos contratuais previos entre si que determinam um escopo de decisoes gerais a serem tomadas "coletivamente", ou seja, mediante assembleias e votacoes. Esse tipo de entidade e perfeitamente razoavel com a ideia de liberdade de mercado. E com base em entidades desse tipo, certos servicos complicados como seguranca ou fornecimento de agua poderiam muito bem ser realizados, de maneira muito parecida com a forma monopolio estatal, exceto pelo fato de que cada condominio poderia escolher uma empresa, e que o fornecimento para free-lancers (pessoas fisicas ou juridicas desvinculadas a condominios) nao estaria legalmente impedido, caso houvesse oferta (sujeita aos impedimentos tecnicos comuns a esse tipo de atividade).
Essa e uma solucao para o problema dos "monopolios naturais" que inclusive encontra-se aplicada em diversas maneiras. Se voce mora num edificio com elevador, eis ai o seu exemplo. O elevador provavelmente e obra de uma empresa especializada para atender a uma coletividade organizada mediante contratos. E um contrato monopolista e coletivo que surgiu do livre mercado, e que nao e nem um pouco nocivo. Tcharam!
De forma analoga, poderiam surgir metros ou ferrovias. E condominios nao precisam ser excludentes, uma mesma propriedade poderia estar contratualmente vinculada a dois condominios diferentes, bastando que ela conseguisse cumprir as obrigacoes contratuais desses vinculos sem que houvesse contradicao. Diferentes condominios poderiam cuidar dos diferentes servicos locais de natureza excludente.
O fato do condominio previamente vinculado a propriedade ter um certo poder "monopolistico" (por ser o unico fornecedor de gas por exemplo) nao seria tao problematico, pois os condominios competiriam entre si. As propriedades vinculadas a condominios abusivos perderiam em valor de mercado, e os condominios abusivos perderiam clientes potenciais. Um equilibrio se estabeleceria, e o natural seria que os condominios tomassem as dimensoes optimais para os servicos locais e excludentes que eles prestam.
Talvez um vasto condominio, ocupado da tarefa de defesa, surgisse desse mecanismo. Eu nao sei qual e o tamanho otimo para uma empresa de defesa, essas coisas mal existem. Numa mundo sem Estados, o seu tamanho talvez fosse zero, ja que nao haveria nacoes para combater (embora servicos naturais de seguranca fossem sempre necessarios). Agora para uma regiao anarquista localizada num mundo de Estados-nacoes armados e hostis, talvez o tamanho optimal delas fosse maior do que zero, mas isso seria determinado pela demanda geral por esse servico.
O que me parece mais plausivel e que uma regiao anarquista, sem politicos com objetivos de expandir seu poder, seria muito parecida na sua estrutura a Suica, que e uma confederacao de cantoes praticamente independentes e quase que inteiramente neutra aos assuntos externos. Ela praticamente nao precisou contar com um poderio armado enorme para se manter longe de basicamente todas as encrencas que os seus vizinhos arranjaram nos ultimos 500 anos. (E verdade que a Suica tem seu exercito nacional, que foi acionado algumas vezes nas guerra mundiais quando italianos e alemaes planejaram adentrar nos alpes suicos, mas de qualquer forma e interessante notar que ela foi a unica nacao na regiao a nao sucumbir a uma dominacao das tropas do eixo no periodo 1940-44)
Esse e o resumo da minha teoria dos condomios, embora eu reconheca que algum trabalho seja necessario para desenvolve-la completamente.
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Re: A falacia das garantias
Os condôminos competiriam entre si?
Imagino que tal (microcelulização - inventei agora, mas acho serve..) iria até níveis de debate e questionamento inimagináveis e tornaria a quase totalidade das decisões praticamente uma rede "burocrática" muito pior do que a tal tão criticada.
Cabeção, esta idéia pode ser inovadora em termos documentais e organizados por ti, mas é um formato facilmente imaginável, basta seguir uma lógica de inversão dos modelos vigentes.
A questão é que o que é ideal em termos hipotéticos não consegue se tornar aplicável de fato, pois a heterogeneidade dos condomínios e seus condôminos - e isto em qualquer esfera humana, inclusive dentro de uma família, um condomínio, uma corporação ou uma Nação ( eu disse Nação, não Estado) é tão díspara que clama por uma organização a quem delega tais poderes, pois que não se sustenta por 5 minutos.
Se fosse fácil, já se teria obervado atuando eficientemente em pequenas organizações. E o que se vê é guerra, disputa, anarquia e contra-ordens , senão a criação óbvia de facções. É assim na História da Humanidade.
Acho isto uma utopia ainda mais romântica do que o oposto.
Há de haver sempre um equilíbrio entre regras e negociação, mas dentro de algo previamente organizado, e podendo contar com estruturas eficientes que respondam eficazmente para coisas que demandariam uma vida para serem decididas o tempo todo através de negociação e concorrência ( que eu aposto que é uma palavra muito linda para conflito de idéias e interesses).
Imagino que tal (microcelulização - inventei agora, mas acho serve..) iria até níveis de debate e questionamento inimagináveis e tornaria a quase totalidade das decisões praticamente uma rede "burocrática" muito pior do que a tal tão criticada.
Cabeção, esta idéia pode ser inovadora em termos documentais e organizados por ti, mas é um formato facilmente imaginável, basta seguir uma lógica de inversão dos modelos vigentes.
A questão é que o que é ideal em termos hipotéticos não consegue se tornar aplicável de fato, pois a heterogeneidade dos condomínios e seus condôminos - e isto em qualquer esfera humana, inclusive dentro de uma família, um condomínio, uma corporação ou uma Nação ( eu disse Nação, não Estado) é tão díspara que clama por uma organização a quem delega tais poderes, pois que não se sustenta por 5 minutos.
Se fosse fácil, já se teria obervado atuando eficientemente em pequenas organizações. E o que se vê é guerra, disputa, anarquia e contra-ordens , senão a criação óbvia de facções. É assim na História da Humanidade.
Acho isto uma utopia ainda mais romântica do que o oposto.
Há de haver sempre um equilíbrio entre regras e negociação, mas dentro de algo previamente organizado, e podendo contar com estruturas eficientes que respondam eficazmente para coisas que demandariam uma vida para serem decididas o tempo todo através de negociação e concorrência ( que eu aposto que é uma palavra muito linda para conflito de idéias e interesses).
Editado pela última vez por Apo em 18 Fev 2009, 14:02, em um total de 1 vez.

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Re: A falacia das garantias
Ah, sim, cabeção...tal "equilíbrio" seria o tempo todo contaminado por novas questões e regra alguma levaria mais do 5 segundos para ser colocada em xeque.
O que seria um equilíbrio e quem determinaria isto? Até o mercado é caótico por si só.
Imagine o caos de um mercado($) num pandemônio destes. Provavelmente moedas de troca pululariam até que se instalasse o caos total.
PS: não, não é papo de esquerdista, você sabe disto. Eu penso com neutralidade em termos organizacionais, logística e engenharia.
O que seria um equilíbrio e quem determinaria isto? Até o mercado é caótico por si só.
Imagine o caos de um mercado($) num pandemônio destes. Provavelmente moedas de troca pululariam até que se instalasse o caos total.
PS: não, não é papo de esquerdista, você sabe disto. Eu penso com neutralidade em termos organizacionais, logística e engenharia.

- user f.k.a. Cabeção
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Re: A falacia das garantias
Fernando Silva escreveu:Algumas pessoas precisam de líderes. É da natureza humana.
Algumas pessoas não sabem viver em sociedade. Também é da natureza humana.
É preciso ter leis e é preciso ter pessoas que garantam o cumprimento dessas leis.
Quando as coisas não têm uma solução óbvia, são precisos árbitros para decidir pelas partes em conflito. Alguém tem que exercer esta função.
Na hora da crise, alguém tem que tomar as decisões. É na hora da crise que se vê quem são os líderes.
Correto. Lideres, leis e regras de conduta, arbitros se fazem necessarios...
Mas o que isso tem a ver exatamente com Estado?
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Re: A falacia das garantias
user f.k.a. Cabeção escreveu:Fernando Silva escreveu:Algumas pessoas precisam de líderes. É da natureza humana.
Algumas pessoas não sabem viver em sociedade. Também é da natureza humana.
É preciso ter leis e é preciso ter pessoas que garantam o cumprimento dessas leis.
Quando as coisas não têm uma solução óbvia, são precisos árbitros para decidir pelas partes em conflito. Alguém tem que exercer esta função.
Na hora da crise, alguém tem que tomar as decisões. É na hora da crise que se vê quem são os líderes.
Correto. Lideres, leis e regras de conduta, arbitros se fazem necessarios...
Mas o que isso tem a ver exatamente com Estado?
Quem faria este papel? Tecnocratas, burocratas? Esqueça a ligação disto com o estado que você tem em mente. O meu é outro tipo de Estado.

- user f.k.a. Cabeção
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Re: A falacia das garantias
Tarcísio escreveu:Eu reconheço o estado como um Power Block.
Receio nao estar familiarizado com esse conceito.
Tarcísio escreveu:Quanto a "natureza humana" eu não acho que pessoas precisam de líderes, eu acho que pessoas não gostam de se dar mal sozinhas. É o caso do corno que mata a mulher e deixa o Ricardão vivo pra acabar com a vida de outro. Nada se mostrou mais eficente em socializar prejuízo e sofrimento emocional do que o estado.
Pois e.
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Re: A falacia das garantias
Power Block ou Grande Berta é o que entendo por associações que tenham todas as seguintes propriedades:
1) Interesses autônomos(Os membros/sócios/acionistas são apenas engrenagens sólidas e substituíveis do maior ao menor)
2) Maioria no sistema(A maioria dos que articulam na esfera de influência da organização são membros da organização ou tem sua "sobrevivência" assegurada por eles)
3) Auto-tutela(Embora moralidade, regras e costumes estejam presentes na estrutura interna, fora se usa o mais próximo possível da auto-tutela. O objetivo é destruir todas as demais organizações presentes na área de influência ou expulsá-las para outras)
4) Dependência(Cria dependencia no sistema onde atua, entre os membros e nos não-membros)
5) Ódio(A desconfiança é geral e funciona de duas formas: como uma peneira contra "elos fracos" e como chama perpétua que transfigurada em competição retira do sistema a idéia inerente de estagnação.
1) Interesses autônomos(Os membros/sócios/acionistas são apenas engrenagens sólidas e substituíveis do maior ao menor)
2) Maioria no sistema(A maioria dos que articulam na esfera de influência da organização são membros da organização ou tem sua "sobrevivência" assegurada por eles)
3) Auto-tutela(Embora moralidade, regras e costumes estejam presentes na estrutura interna, fora se usa o mais próximo possível da auto-tutela. O objetivo é destruir todas as demais organizações presentes na área de influência ou expulsá-las para outras)
4) Dependência(Cria dependencia no sistema onde atua, entre os membros e nos não-membros)
5) Ódio(A desconfiança é geral e funciona de duas formas: como uma peneira contra "elos fracos" e como chama perpétua que transfigurada em competição retira do sistema a idéia inerente de estagnação.
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Re: A falacia das garantias
Acauan escreveu:Ei Cabeça,
Como você vê a questão da segurança nacional neste contexto?
Forças armadas privadas?
- Parece que ele não viu.
Abraços,
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Ben Parker
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Re: A falacia das garantias
Tarcísio escreveu:Power Block ou Grande Berta é o que entendo por associações que tenham todas as seguintes propriedades:
1) Interesses autônomos(Os membros/sócios/acionistas são apenas engrenagens sólidas e substituíveis do maior ao menor)
2) Maioria no sistema(A maioria dos que articulam na esfera de influência da organização são membros da organização ou tem sua "sobrevivência" assegurada por eles)
3) Auto-tutela(Embora moralidade, regras e costumes estejam presentes na estrutura interna, fora se usa o mais próximo possível da auto-tutela. O objetivo é destruir todas as demais organizações presentes na área de influência ou expulsá-las para outras)
4) Dependência(Cria dependencia no sistema onde atua, entre os membros e nos não-membros)
5) Ódio(A desconfiança é geral e funciona de duas formas: como uma peneira contra "elos fracos" e como chama perpétua que transfigurada em competição retira do sistema a idéia inerente de estagnação.
Lindo isto. Uma Matrix. Tem até Grande... Berta.

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Re: A falacia das garantias
Cabeção,
Mas de qualquer forma não teríamos uma espécie de yoctoestado? Parece um jogo onde não se pode definir esta sociedade com Estado...
Não acabei de ler o outro tópico (se estiver explicado lá, apenas passe o link), mas a questão dos condomínios me deixou curioso. Na esfera legal eu poderia me associar à empresa que eu quiser? A priori, a única sanção que eu receberia ao não ser sócio da mesma empresa de legislação que o meu vizinho seria não comercializar com ele? Ou eu naturalmente adotaria a mesma da comunidade porque isso seria lucrativo pra mim? Veja bem, não estou dizendo que com burocratas legisladores temos garantia de uma boa legislação, só achei confuso este ponto.
ps: Não tem a ver com o debate mas até onde essa teoria é original sua?
Mas de qualquer forma não teríamos uma espécie de yoctoestado? Parece um jogo onde não se pode definir esta sociedade com Estado...
Não acabei de ler o outro tópico (se estiver explicado lá, apenas passe o link), mas a questão dos condomínios me deixou curioso. Na esfera legal eu poderia me associar à empresa que eu quiser? A priori, a única sanção que eu receberia ao não ser sócio da mesma empresa de legislação que o meu vizinho seria não comercializar com ele? Ou eu naturalmente adotaria a mesma da comunidade porque isso seria lucrativo pra mim? Veja bem, não estou dizendo que com burocratas legisladores temos garantia de uma boa legislação, só achei confuso este ponto.
ps: Não tem a ver com o debate mas até onde essa teoria é original sua?
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi
Re: A falacia das garantias
Apo escreveu:Lindo isto. Uma Matrix. Tem até Grande... Berta.
?