MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

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O ENCOSTO
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MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por O ENCOSTO »

“Essas escolas fazem lavagem cerebral”

Entrevista: Gilberto Thums, PROCURADOR DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

O procurador de Justiça Gilberto Thums é um dos líderes do cerco às práticas do MST consideradas abusivas pelo Ministério Público Estadual.

Partiu dele, em 2007, a proposta de declarar a ilegalidade do movimento, devido à constatação de que fere princípios democráticos. Ontem, ele concedeu a seguinte entrevista a ZH:

Zero Hora – Por que as escolas itinerantes devem ser fechadas?

Gilberto Thums – Dentro de um inquérito civil em que se investigaram várias coisas ligadas ao MST, uma das propostas foi um Termo de Ajustamento de Conduta com a Secretaria da Educação para que a rede pública absorvesse os alunos dessas escolas. Isso deve ser feito para que eles tenham acesso ao conhecimento dado a todas as pessoas.

ZH – Elas não têm acesso a isso nessas escolas?

Thums – O MST contrata os professores que tenham alinhamento ideológico para ensinar teorias marxistas unilaterais. O Estado não tem nenhum controle sobre o conteúdo programático, então essas escolas fazem uma lavagem cerebral para passar teorias marxistas. Os estudantes recebem uma educação alienante.

ZH – Quem defende as escolas argumenta que há uma perseguição política por parte do Ministério Público, que já cogitou determinar a ilegalidade do movimento.

Thums – Essa questão da ilegalidade está sepultada e só será tocada novamente quando começarem a atacar refinarias, a colocar em prática as táticas de guerrilha. Momentaneamente, há um pacto com o governo, estão acomodados.

ZH – O fim das escolas, para o MP, significa uma tentativa de evitar esse cenário?

Thums – É uma forma de coibir isso também. São células que vão alienando as crianças. É uma maldade o que se faz. Se um adulto opta por ser radical de esquerda, não tem problema. Mas não se deve condicionar uma criança a isso. Não acho que o povo queira que seus tributos sirvam para aumentar os conflitos no futuro. Temos de orientar as crianças sobre a possibilidade de se integrarem ao mundo que está aí, ao mundo produtivo. O MST quer implantar uma sociedade socialista.





“As crianças vão perder o ano letivo”

Entrevista: Dionilso Marcon, DEPUTADO ESTADUAL (PT) LIGADO AO MST

Zero Hora – Por que as escolas itinerantes devem permanecer abertas?

Dionilso Marcon – A escola itinerante vai aonde estão as crianças. Se forem fechadas, as crianças terão de ir até a escola. O Estado diz que vai dar transporte, o que vai sair mais caro do que é hoje para pagar os professores e as merendeiras das itinerantes. Atualmente, não gastam mais de R$ 20 mil por mês para manter tudo isso. Além disso, as crianças dos acampamentos serão discriminadas nas escolas convencionais.

Zero Hora – Por quê?

Marcon – Porque são acampadas, porque fedem a fumaça, essas coisas. Tenho muito medo de que elas serão discriminadas pelos outros alunos desses colégios por virem de acampamentos do MST.

ZH – O Ministério Público sustenta que há um componente ideológico nas escolas itinerantes.

Marcon – Essa questão de fechar as escolas é da Secretaria da Educação, que não aceita escola funcionando dentro de acampamento. Essas escolas têm currículo conforme manda o Conselho Estadual de Educação. Pedagogicamente, vão tirar a história dessas crianças. Tivemos uma audiência com o MP na quinta-feira passada, mas disseram que não havia muito o que fazer. Ficamos de ver se o movimento fazia um documento, ver se tem algo que caiba na lei.

ZH – O movimento pretende reagir de alguma forma?

Marcon – Estão debatendo, com certeza vai haver mobilização. É um absurdo tirar o direito de estudar das crianças. As crianças não terão aula, porque costumam trocar muito de acampamento. No caso da itinerante, a escola vai junto. Agora, os alunos vão perder o ano letivo. Até chegar a uma nova cidade, fazer a transferência de matrícula, achar local, vão perder um mês, no mínimo. Aí, acaba perdendo o ano letivo, é como ocorria antes da criação das itinerantes.

O deputado estadual Dionilso Marcon, parlamentar egresso do MST, é uma das principais vozes a se levantar contra o acordo entre o Ministério Público Estadual e a Secretaria Estadual de Educação (SEC) para fechar as escolas itinerantes.

Para o deputado, ouvido por ZH, a medida compromete a educação dos filhos dos sem-terra acampados pelo Estado:










Ponto final para as escolas itinerantes dos sem-terra

Depois de 13 anos em atividade, as escolas itinerantes que educam crianças ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em acampamentos no Rio Grande do Sul devem chegar a um ponto final.

Oseu fechamento foi determinado por um acordo do Ministério Público Estadual (MP) com o Piratini, que confirmou ontem o término do convênio com a entidade que contrata e gerencia os professores. Essa decisão é o desfecho de um confronto iniciado há dois anos, quando o Conselho Superior do MP chegou a cogitar a declaração de ilegalidade do MST.

A ideia de banir o movimento dos sem-terra, defendida por uma ala de promotores e procuradores de Justiça do Estado, se fundamentava na interpretação de que a entidade abdicou da luta pela terra para buscar a transformação da sociedade brasileira lançando mão de meios não-pacíficos. A proposta chegou a ser registrada em ata, mas acabou descartada. Um inquérito civil sobre as práticas da organização, porém, continuou em andamento e deu origem a um novo e duro golpe contra o MST gaúcho: a interferência no processo de formação das novas gerações de militantes.

Atualmente, conforme estimativa do MP, cerca de 500 crianças e adolescentes estudam em colégios improvisados em acampamentos de lona e madeira. Em dezembro, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta com a Secretaria Estadual da Educação (SEC) em que o governo se comprometeu a garantir a transferência dos estudantes para a rede pública convencional. Isso significa pôr fim ao convênio que repassa, em média, R$ 16 mil por mês para a ONG Instituto Preservar – a qual se incumbe de gerenciar e pagar cerca de duas dezenas de professores e merendeiras contratados sem necessidade de concurso público e em consonância com o pensamento dos acampamentos.

A assessoria de imprensa da SEC informou ontem que o fim do convênio deverá ser formalizado nos próximos dias, e que está apenas acatando a recomendação do Ministério Público. Devem ser atingidas oito escolas atualmente em funcionamento no Estado, segundo fontes ligadas ao MST. O procurador de Justiça Gilberto Thums sustenta que o fim das escolas é uma medida em defesa das crianças acampadas.

– Esses estabelecimentos não estão alcançando nenhum objetivo pedagógico a não ser servir como fonte de aliciamento. Os filhos dos sem-terra não precisam reproduzir a ideologia dos pais – argumenta.

Para o setor do Ministério Público que repudia as táticas do MST, interferir no processo de formação dos jovens sem-terra é ainda uma maneira de frear o recrutamento de novas fileiras de militantes dispostos a ações que ameaçam a ordem pública. Para líderes identificados com o movimento, como o deputado estadual Dionilso Marcon (PT), trata-se de uma nova estratégia de perseguição política.

– É uma medida de um governo ideologicamente contrário aos pobres. Isso vai prejudicar a educação desses alunos – critica o parlamentar.

A orientação do MP é de que estes estudantes sejam matriculados no estabelecimento mais próximo de onde vivem e tenham garantia de transporte gratuito. Os pais que se negarem a efetuar a matrícula dos filhos menores de 14 anos poderão responder a processo criminal por abandono intelectual.

A mudança contém um forte caráter simbólico. O modelo de educação autônoma nos acampamentos, regulamentado em 1996, nasceu no Rio Grande do Sul e foi exportado para pelo menos outros seis Estados. É visto pelos líderes do MST como uma alternativa à educação “capitalista” e uma maneira de transmitir aos jovens os valores cultivados pelo movimento.

Confira o cometário de Humberto Trezzi sobre a ofensiva do MP contra o MST:








*Colaborou Marielise Ferreira

marcelo.gonzatto@zerohora.com.br

MARCELO GONZATTO*
Pelo fechamento
> São financiadas com dinheiro público
> Contam com professores terceirizados e pouca possibilidade de supervisão por parte do Estado
> Carecem de condições adequadas de infraestrutura
> Dividem o tempo entre o ensino convencional e a pregação ideológica, segundo a filosofia política dos líderes do movimento
> O MP desconfia da precisão de informações como frequência dos alunos
> Cursar o ensino regular facilitaria a inclusão social dos estudantes
Pela manutenção
> Têm um custo relativamente baixo (inferior a R$ 20 mil mensais, em média) em comparação com gastos com o acréscimo no transporte público que será necessário para atender a nova demanda
> Permitem que o aluno mude de cidade, à medida que os acampamentos se deslocam, sem perder dias de aula
> Possibilitam a formação de laços sociais, que são úteis ao aprendizado, ao manter a turma unida apesar dos deslocamentos dos sem-terra
> Estão adaptadas às características culturais das comunidades de sem-terra
O ENCOSTO


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Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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Botanico
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por Botanico »

O ENCOSTO escreveu:Pela manutenção
> Têm um custo relativamente baixo (inferior a R$ 20 mil mensais, em média) em comparação com gastos com o acréscimo no transporte público que será necessário para atender a nova demanda

Custo pago por quem?

O ENCOSTO escreveu:> Permitem que o aluno mude de cidade, à medida que os acampamentos se deslocam, sem perder dias de aula

Pois é: os tais acampados não têm atividades produtivas...

O ENCOSTO escreveu:> Possibilitam a formação de laços sociais, que são úteis ao aprendizado, ao manter a turma unida apesar dos deslocamentos dos sem-terra

É a palavra mágica: inclusão, socialização... mas só entre a gente nossa.

O ENCOSTO escreveu:> Estão adaptadas às características culturais das comunidades de sem-terra

Bem, quem é que faz a avaliação do aprendizado destas crianças? Teria de se fazer alguma prova adaptada às condições culturais das comunidades de sem-terra? Imagino que uma das questões da prova seria: _ Qual o nome da mundana que tirou a virgindade de Che Guevara...

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King In Crimson
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por King In Crimson »

Ainda fico boquiaberto como o governo repassa dinheiro público pra "ONGs" sem nenhum pudor.

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joaomichelazzo
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por joaomichelazzo »

“As crianças vão perder o ano letivo”



Dos 241 mil professores que se submeteram à prova da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo

- 3.000 tiraram zero: não acertaram uma única sobre a matéria que dão ou deveriam dar em sala de aula.

- 111 tiraram nota dez.


Essas que estudaram e estudam na rede pública de São Paulo na Gestão PMDB/PSDB perderam é a dignidade
“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar” (Carl Sagan)

"Há males que vem pra fuder com tudo mesmo"

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Apo
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por Apo »

“As crianças vão perder o ano letivo”




Cara de Pau...
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joaomichelazzo
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por joaomichelazzo »

O ENCOSTO escreveu:“Essas escolas fazem lavagem cerebral”

Entrevista: Gilberto Thums, PROCURADOR DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

O procurador de Justiça Gilberto Thums é um dos líderes do cerco às práticas do MST consideradas abusivas pelo Ministério Público Estadual.

Partiu dele, em 2007, a proposta de declarar a ilegalidade do movimento, devido à constatação de que fere princípios democráticos. Ontem, ele concedeu a seguinte entrevista a ZH:

Zero Hora – Por que as escolas itinerantes devem ser fechadas?

Gilberto Thums – Dentro de um inquérito civil em que se investigaram várias coisas ligadas ao MST, uma das propostas foi um Termo de Ajustamento de Conduta com a Secretaria da Educação para que a rede pública absorvesse os alunos dessas escolas. Isso deve ser feito para que eles tenham acesso ao conhecimento dado a todas as pessoas.

ZH – Elas não têm acesso a isso nessas escolas?

Thums – O MST contrata os professores que tenham alinhamento ideológico para ensinar teorias marxistas unilaterais. O Estado não tem nenhum controle sobre o conteúdo programático, então essas escolas fazem uma lavagem cerebral para passar teorias marxistas. Os estudantes recebem uma educação alienante.

ZH – Quem defende as escolas argumenta que há uma perseguição política por parte do Ministério Público, que já cogitou determinar a ilegalidade do movimento.

Thums – Essa questão da ilegalidade está sepultada e só será tocada novamente quando começarem a atacar refinarias, a colocar em prática as táticas de guerrilha. Momentaneamente, há um pacto com o governo, estão acomodados.

ZH – O fim das escolas, para o MP, significa uma tentativa de evitar esse cenário?

Thums – É uma forma de coibir isso também. São células que vão alienando as crianças. É uma maldade o que se faz. Se um adulto opta por ser radical de esquerda, não tem problema. Mas não se deve condicionar uma criança a isso. Não acho que o povo queira que seus tributos sirvam para aumentar os conflitos no futuro. Temos de orientar as crianças sobre a possibilidade de se integrarem ao mundo que está aí, ao mundo produtivo. O MST quer implantar uma sociedade socialista.





“As crianças vão perder o ano letivo”

Entrevista: Dionilso Marcon, DEPUTADO ESTADUAL (PT) LIGADO AO MST

Zero Hora – Por que as escolas itinerantes devem permanecer abertas?

Dionilso Marcon – A escola itinerante vai aonde estão as crianças. Se forem fechadas, as crianças terão de ir até a escola. O Estado diz que vai dar transporte, o que vai sair mais caro do que é hoje para pagar os professores e as merendeiras das itinerantes. Atualmente, não gastam mais de R$ 20 mil por mês para manter tudo isso. Além disso, as crianças dos acampamentos serão discriminadas nas escolas convencionais.

Zero Hora – Por quê?

Marcon – Porque são acampadas, porque fedem a fumaça, essas coisas. Tenho muito medo de que elas serão discriminadas pelos outros alunos desses colégios por virem de acampamentos do MST.

ZH – O Ministério Público sustenta que há um componente ideológico nas escolas itinerantes.

Marcon – Essa questão de fechar as escolas é da Secretaria da Educação, que não aceita escola funcionando dentro de acampamento. Essas escolas têm currículo conforme manda o Conselho Estadual de Educação. Pedagogicamente, vão tirar a história dessas crianças. Tivemos uma audiência com o MP na quinta-feira passada, mas disseram que não havia muito o que fazer. Ficamos de ver se o movimento fazia um documento, ver se tem algo que caiba na lei.

ZH – O movimento pretende reagir de alguma forma?

Marcon – Estão debatendo, com certeza vai haver mobilização. É um absurdo tirar o direito de estudar das crianças. As crianças não terão aula, porque costumam trocar muito de acampamento. No caso da itinerante, a escola vai junto. Agora, os alunos vão perder o ano letivo. Até chegar a uma nova cidade, fazer a transferência de matrícula, achar local, vão perder um mês, no mínimo. Aí, acaba perdendo o ano letivo, é como ocorria antes da criação das itinerantes.

O deputado estadual Dionilso Marcon, parlamentar egresso do MST, é uma das principais vozes a se levantar contra o acordo entre o Ministério Público Estadual e a Secretaria Estadual de Educação (SEC) para fechar as escolas itinerantes.

Para o deputado, ouvido por ZH, a medida compromete a educação dos filhos dos sem-terra acampados pelo Estado:










Ponto final para as escolas itinerantes dos sem-terra

Depois de 13 anos em atividade, as escolas itinerantes que educam crianças ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em acampamentos no Rio Grande do Sul devem chegar a um ponto final.

Oseu fechamento foi determinado por um acordo do Ministério Público Estadual (MP) com o Piratini, que confirmou ontem o término do convênio com a entidade que contrata e gerencia os professores. Essa decisão é o desfecho de um confronto iniciado há dois anos, quando o Conselho Superior do MP chegou a cogitar a declaração de ilegalidade do MST.

A ideia de banir o movimento dos sem-terra, defendida por uma ala de promotores e procuradores de Justiça do Estado, se fundamentava na interpretação de que a entidade abdicou da luta pela terra para buscar a transformação da sociedade brasileira lançando mão de meios não-pacíficos. A proposta chegou a ser registrada em ata, mas acabou descartada. Um inquérito civil sobre as práticas da organização, porém, continuou em andamento e deu origem a um novo e duro golpe contra o MST gaúcho: a interferência no processo de formação das novas gerações de militantes.

Atualmente, conforme estimativa do MP, cerca de 500 crianças e adolescentes estudam em colégios improvisados em acampamentos de lona e madeira. Em dezembro, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta com a Secretaria Estadual da Educação (SEC) em que o governo se comprometeu a garantir a transferência dos estudantes para a rede pública convencional. Isso significa pôr fim ao convênio que repassa, em média, R$ 16 mil por mês para a ONG Instituto Preservar – a qual se incumbe de gerenciar e pagar cerca de duas dezenas de professores e merendeiras contratados sem necessidade de concurso público e em consonância com o pensamento dos acampamentos.

A assessoria de imprensa da SEC informou ontem que o fim do convênio deverá ser formalizado nos próximos dias, e que está apenas acatando a recomendação do Ministério Público. Devem ser atingidas oito escolas atualmente em funcionamento no Estado, segundo fontes ligadas ao MST. O procurador de Justiça Gilberto Thums sustenta que o fim das escolas é uma medida em defesa das crianças acampadas.

– Esses estabelecimentos não estão alcançando nenhum objetivo pedagógico a não ser servir como fonte de aliciamento. Os filhos dos sem-terra não precisam reproduzir a ideologia dos pais – argumenta.

Para o setor do Ministério Público que repudia as táticas do MST, interferir no processo de formação dos jovens sem-terra é ainda uma maneira de frear o recrutamento de novas fileiras de militantes dispostos a ações que ameaçam a ordem pública. Para líderes identificados com o movimento, como o deputado estadual Dionilso Marcon (PT), trata-se de uma nova estratégia de perseguição política.

– É uma medida de um governo ideologicamente contrário aos pobres. Isso vai prejudicar a educação desses alunos – critica o parlamentar.

A orientação do MP é de que estes estudantes sejam matriculados no estabelecimento mais próximo de onde vivem e tenham garantia de transporte gratuito. Os pais que se negarem a efetuar a matrícula dos filhos menores de 14 anos poderão responder a processo criminal por abandono intelectual.

A mudança contém um forte caráter simbólico. O modelo de educação autônoma nos acampamentos, regulamentado em 1996, nasceu no Rio Grande do Sul e foi exportado para pelo menos outros seis Estados. É visto pelos líderes do MST como uma alternativa à educação “capitalista” e uma maneira de transmitir aos jovens os valores cultivados pelo movimento.

Confira o cometário de Humberto Trezzi sobre a ofensiva do MP contra o MST:








*Colaborou Marielise Ferreira

marcelo.gonzatto@zerohora.com.br

MARCELO GONZATTO*
Pelo fechamento
> São financiadas com dinheiro público
> Contam com professores terceirizados e pouca possibilidade de supervisão por parte do Estado
> Carecem de condições adequadas de infraestrutura
> Dividem o tempo entre o ensino convencional e a pregação ideológica, segundo a filosofia política dos líderes do movimento
> O MP desconfia da precisão de informações como frequência dos alunos
> Cursar o ensino regular facilitaria a inclusão social dos estudantes
Pela manutenção
> Têm um custo relativamente baixo (inferior a R$ 20 mil mensais, em média) em comparação com gastos com o acréscimo no transporte público que será necessário para atender a nova demanda
> Permitem que o aluno mude de cidade, à medida que os acampamentos se deslocam, sem perder dias de aula
> Possibilitam a formação de laços sociais, que são úteis ao aprendizado, ao manter a turma unida apesar dos deslocamentos dos sem-terra
> Estão adaptadas às características culturais das comunidades de sem-terra


Olha que honesto é o autor da matéria.

Missões 2 – A chupada

Por Willians Barros

O repórter Humberto Trezzi, prócer do tablóide Zero Hora, de Porto Alegre, acaba de operar um verdadeiro prodígio. Tão espetacular é o portento que mereceria mesmo o Prêmio Padre Quevedo de Jornalismo, caso existisse o galardão. Se não, como explicar, à luz da razão, a extraordinária coincidência entre o que ele publicou dia 14 de dezembro último no caderno Viagem, de ZH, e o que saiu na revista Viagem e Turismo, um ano e meio antes?

Genericamente intitulada "As Missões paraguaias", a reportagem de Zero Hora apresentou o relato de Trezzi sobre sua viagem ao país vizinho, privilegiando as atrações ligadas ao período das reduções jesuíticas. Causou estranheza, no entanto, o texto estampado na página 6 do caderno Viagem. Sob o título "Missões, destaque no sul paraguaio", três parágrafos dos quatro que compunham o opúsculo não eram inéditos. O trecho em questão apresentava um abreviadíssimo resumo da saga missioneira, compactando dois séculos de história em menos de 30 linhas.

Apesar de curto, o textinho deu um baita trabalho a quem o escreveu primeiro. Foram horas de leitura e pesquisa, conversas ao vivo com alguns catedráticos, consultas a arqueólogos, bate-bolas com peritos do Iphan, tudo para que o leitor tivesse, ainda que superficialmente – mas com correção –, uma idéia do que teria sido a epopéia jesuítico-guarani. Chiquitito, pero cumplidor, o excerto foi publicado originalmente na edição 92 (Ano 9, número 6, junho/2003) da revista Viagem e Turismo, da Editora Abril. Trata-se de um box da reportagem "A grande utopia", de minha autoria, com fotos de Alex Silveira.

"A gente não costuma arquivar..."

Perplexo com tamanha homografia, interpelei o laureado repórter de Zero Hora. "Não li teu material e nem vi a revista", garantiu-me Trezzi, por e-mail. "Recebi muito material de divulgação na viagem, não precisaria disso", jactou-se ele. De fato, Humberto Trezzi esteve no Paraguai, sob os auspícios da TAM. Mas, se ele não "viu a revista", como alega, de que maneira o fenômeno poderia ser explicado?

A resposta veio por intermédio de Altair Nobre, editor de Geral de ZH, ao qual o caderno Viagem está subordinado. Por telefone, ao ser informado de que o jornal publicaria uma nota de "esclarecimento", fiquei sabendo também que as "fontes" de Trezzi foram alguns folhetos e releases recebidos por ele de um guia turístico paraguaio. Perguntar não ofende: "Em que idioma estavam escritos esses... hum... materiais?", indaguei. "Em espanhol", asseverou Nobre. Deduzi, então, que os nossos vizinhos guaranis surrupiaram a matéria da revista brasileira, trasladaram o texto para o castelhano e o publicaram em folhetos.

Trezzi, por sua vez, traduziu brilhantemente aqueles parágrafos – com tal maestria que ficou rigorosamente igual ao texto da revista Viagem e Turismo – e os publicou em sua matéria. Bem, pelo menos é nisso que Zero Hora quer que seu leitor acredite. Por puro reflexo, quis saber se esses "materiais paraguaios" ainda estavam nalguma gaveta da redação. "A gente não costuma arquivar essa papelada", ouvi como resposta. "Mas já entramos em contato com o pessoal lá do Paraguai, para que eles mandem pelo correio..."

Zero Hora publicou um "esclarecimento" na edição de quarta-feira (29/12). Um primor de ambigüidade.)

Dá pra confiar?
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por Apo »

Não, não dá.
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por Discernimento »

A violência e baboseiras "glamurosas" expostas na TV, que é propriedade pública, é mais nociva ao cérebros juvenis do que uma constelação de escolas do MST.

Esse promotor anda sem serviço e fez o desfavor de fechar escolas de crianças pobres. Não passa de um pleiboizinho criado a leite com pêra que nunca soube o que é trabalhar.

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Fernando Silva
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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por Fernando Silva »

Discernimento escreveu:Esse promotor anda sem serviço e fez o desfavor de fechar escolas de crianças pobres. Não passa de um pleiboizinho criado a leite com pêra que nunca soube o que é trabalhar.

"Escola de criança pobre" não é o mesmo que "centros de doutrinamento ideológico de futuros invasores de terra".

E o que você sabe da vida pregressa desse promotor? Que tal limitarmos a discussão ao mérito do que ele fez e não à sua dieta quando criança?

Afinal de contas, até mesmo o Lula já fez algumas coisas certas, e eu não nego isto mesmo ele sendo quem é.

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Re: MOVIMENTOS ÇOCIAIS: Fim das escolas do MST

Mensagem por Discernimento »

Fernando Silva escreveu:
Discernimento escreveu:Esse promotor anda sem serviço e fez o desfavor de fechar escolas de crianças pobres. Não passa de um pleiboizinho criado a leite com pêra que nunca soube o que é trabalhar.

"Escola de criança pobre" não é o mesmo que "centros de doutrinamento ideológico de futuros invasores de terra".

Centro de doutrinamento ideológico? :emoticon22:
Achei que era eu o teórico-conspiratório de plantão.
Fernando Silva escreveu:E o que você sabe da vida pregressa desse promotor? Que tal limitarmos a discussão ao mérito do que ele fez e não à sua dieta quando criança?

OK. Mas que o cara é um fascista de 5ª, isso é.

Trancado