Luiz Carlos Querido escreveu:Aí é que está. Eu não posso associar algumas coisas estarem melhores no governo militar mas posso apelar para estarem ruins nos governos atuais por ser o governo atual?
A grande questão aqui Floricultor (me vinguei...) é que entra ano e sai ano, enchem o peito (enchiam né, hoje enchem o saco mesmo) para criticar os governos militares e, coincidência, está a casa da luz vermelha.
Sem problemas Querido Clementido. Um outro já expulso daqui, por eu ter gozado com o nick dele (Spitfire - que eu chamava de Spatifado) já me chamou de Bostânico...
Luiz Carlos Querido escreveu:Não tem como eu dizer para você que o ensino daquela época era melhor porquê já se perderam muitas referências, como o sistema europeu de ensino adotado naquela mesma época. Hoje usamos um sistema que sabe-se lá onde e como se irá aprender.
Bem... O ensino na época (eu fui aluno de primário, ginásio e colégio no tempo dos milicos) era MAIS OU MENOS. A gente tinha aulas expositivas, às vezes havia alguns slides (sabe, não foram coisas dadas pelo governo e sim uma "vaquinha" feita pelos pais de alunos para se comprar coisas não fornecidas, como os tais projetores (na época era coisa top-de-linha), retroprojetores, mas o ideal ficava por conta da "artes artesanais", eufemisticamente chamadas "artes industriais", pois acredite: o dinheiro deu para comprar torno de ferro, torno de madeira, forno para cerâmica, equipamentos de marcenaria... Bem, lembro-me do meu livro de história, que era feito em forma de quadrinhos, onde aparecia a cara fochinhuda do Médici e de frente a do Coronel Jarbas Passarinho. E no quadro de texto dizendo: "Grande impulso está sendo dado na área da educação, graças aos esforços do Ministro Jarbas Passarinho. Em seu entender, o dinheiro aplicado na educação são "investimentos" e não "despesas". É... lembro até disso.
Só muitos anos depois é que eu vim saber que isso era um "Deus me livre, que mentira cabeluda". Com esse passarinho aí é que a educação começou a degringolar. Sabia de uma regra, não apenas em ditaduras, mas também democracias avacalhadas como a nossa, que os ocupantes de cargos, secretarias, etc e tal, são os fracassados de universidades. Nunca se destacaram, "passaram" empurrados e no final, sem capacidade e competência, mas com padrinhos políticos, aí se encostavam nesses cargos e... no alto de sua incompetência, são eles que ditavam as "políticas" educacionais, de saúde, de desenvolvimento, etc e tal.
ASSIM FOI A TECNOCRACIA NOS TEMPOS DOS MILICOS, MEU CARO. Interessava que puxasse o saco da gente graúde, falasse muito bem dos Estados Unidos e muito mal de Cuba e do Comunismo... Esses eram os critérios de avaliação, sacou?
Ah! Nos meus tempos de primário e ginásio (1967-1974), os professores ainda era PROFESSORES, ou seja, profissionais dedicados à educação. Nos meus tempos de colégio (1975-1977) a coisa já começou a ficar preta. Só para você ter uma idéia, meu último professor de matemática era um... estudante de medicina.
Luiz Carlos Querido escreveu:Mas voltando ao tópico, o que eu insisto é que, retiramos um grupo de fardados e colocamos um grupo MUITO MAIOR usando Armani, com o detalhe tecnico de que os Armani são pagos por nós à custa de sucateamento da educação e tudo o mais. E ainda tem gente que acha isso normal, que faz parte da democracia, que pelo menos somos livres para escolher e o caralho a quatro. O cacete! O nível de manipulação chegou ao ponto de até alguns sábios acharem realmente que a coisa deve funcionar assim.
O resto nem sei eu dizer se trata-se de demagogia ou ilusão mesmo...
Sacou irmãozinho?
Saquei, meu caro, só que infelizmente você não escolheu o melhor exemplo. O fato de supostamente naquela época se poder ainda nas ruas à noite em segurança não é mais válido do que dizer que Mussolini foi uma bosta de governante, mas ao menos acertou o horário dos trens. Trem na hora certa compensa todas as cagadas que fez?
Fala você em segurança? Veio-me à lembrança dois casos de estupro e assassinato de crianças naqueles tempos: Ana Lídia e Aracelli. As investigações empacaram, enrolaram, o Ministro Armando Falcão PROIBIU que se falasse qualquer coisa delas em nome da Moral e dos Bons Costumes... Por que isso aconteceu? Porque naqueles tempos a gente graúda podia tudo e a polícia não podia fazer nada que a incomodasse. Supõe-se que o assassino da Ana Lídia fosse o filho do também do então ex-Ministro Alfredo Busaid e os de Aracelli seriam rapazes ricos da alta sociedade de Vitória. Ambos os casos acabaram em pizza.
Exatamente como recentemente, o caso do índio Galdino.
Então como vê, meu caro. Podia haver uma suposta eventual mais segurança (talvez fosse melhor você consultar as páginas policiais de jornais da época para se certificar) contra os bandidos comuns, mas quem guardava os guardas? Quem guardava a zelites?
E quanto ao resto, vou lhe dizer: cada povo tem o governo que merece. Se temos um bando de corruptos no pudê, é porque foram colocados lá. O que falta neste país é um líder de verdade. Alguém que fale o que povo quer ouvir e na língua deste e dê um rumo à coisa.
Tenho a estranha sensação de que este líder ainda não nasceu...