Ateu em uma família "crente"

[Apo]

É muito lindo, mas se entre dois religiosos de departamentos diferentes, costuma dar problema ( principalmente no que tange à educação dos filhos e à tradições ) o bicho pega mesmo quando um ateu diz que não se interessa pelo assunto ou dogmas do outro. Seja no casamento ou na família.
Religiões são naturalmente fundamentadas em mandamentos e dogmas. Logo, ou está do lado ou está contra.
Muita gente já teve que acabar relacionamentos amorosos ou familiares porque não houve como conviver pacificamente. O marido sem religião quer ir viajar no feriadão, mas a mulher crente não pode largar o compromisso com a Igreja. O filho faz uma tatuagem e os pais acham que aquilo é coisa do demônio ou profanação do corpo. Conviver com cara feia e não poder compartilhar é muito solitário e desagradável.

Sem contar as maluquices do tipo descobrir que a mulher cortou os braços do filho porque Jesus mandou.

[lepiso74]

Meus parentes e amigos sabem que sou ateu.
Mas no trabalho e para pessoas estranhas, eu digo que sou católico (mesmo assim, aparece um evangélico criticando por idolatrar imagens rsrsr).
Fico imaginando se um cliente evangélico, católico, etc, entregaria seu computador para manutenção se soubesse que sou ateu. Prefiro não arriscar a perder o cliente rsrsrs.
A pessoa tem que ter jogo de cintura.

[lepiso74]

. O filho faz uma tatuagem e os pais acham que aquilo é coisa do demônio ou profanação do corpo.

Uma vez disse a uma amiga evangélica que iria fazer uma tatuagem. Ela pulou e pediu para não fazer isso porque ela tinha simpatia por mim. Eu perguntei se ela ia julgar meu caráter por causa de um desenho no braço e ela calou-se.

[lepiso74]

Conviver com cara feia e não poder compartilhar é muito solitário e desagradável.

Eu passe por isso duas vezes e não quero mais.

[Fernando Silva]

Outro ponto que me tira o sono é que já temos um filho juntos, e não quero que a educação dele seja baseada no temor a um ser tão repugnante quanto o deus cristão.

Quando ele começar a lhe fazer perguntas, diga que alguns acreditam, outros não.
Não é preciso partir para "sua mãe está errada". Para começar, basta semear a dúvida na cabeça dele.
Muita gente se torna religiosa simplesmente porque nunca percebeu que tinha opção.

[Darkside]

Vai do jeito de cada um. Não sei como é a personalidade do autor do tópico, mas eu jamais aguentaria viver uma mentira.

Eu opto pela sinceridade. Sei lá, ainda acredito na racionalidade das pessoas.

Sim, o formato vai das personalidades. Também não suportaria viver uma mentira em nome do que mesmo? Amor? Pois é...
É engraçado que valores como sinceridade e amor tenham que ser remanejados em função de doutrinas e dogmas hipócritas. Eu não entendo isto.

Para tantas pessoas existem coisas mais importantes que a sinceridade e o amor...

A necessidade pela crença precisa coexistir com esses outros valores, mas quando não é possível, ela é colocada em primeiro lugar.

[Fernando Silva]

Para tantas pessoas existem coisas mais importantes que a sinceridade e o amor...

A necessidade pela crença precisa coexistir com esses outros valores, mas quando não é possível, ela é colocada em primeiro lugar.

A Bíblia manda matar sua mulher, sua filha, seu filho, seu irmão, seu amigo etc se adorarem outros deuses

Deuteronômio 13

7. Se seu irmão, filho de seu pai ou de sua mãe, ou seu filho, sua filha, ou a esposa que repousa em seus braços, ou o amigo íntimo quiser seduzir você secretamente, convidando: 'Vamos servir outros deuses' (deuses que nem você nem seus antepassados conheceram,
8. deuses de povos vizinhos, próximos ou distantes de você, de uma extremidade da terra à outra),
9. não faça caso, nem dê ouvidos. Não tenha piedade dele, não use de compaixão, nem esconda o erro dele.
10. Pelo contrário: você deverá matá-lo. E para matá-lo, sua mão será a primeira. Em seguida, a mão de todo o povo.

[Darkside]

Para tantas pessoas existem coisas mais importantes que a sinceridade e o amor...

A necessidade pela crença precisa coexistir com esses outros valores, mas quando não é possível, ela é colocada em primeiro lugar.

A Bíblia manda matar sua mulher, sua filha, seu filho, seu irmão, seu amigo etc se adorarem outros deuses

Deuteronômio 13

7. Se seu irmão, filho de seu pai ou de sua mãe, ou seu filho, sua filha, ou a esposa que repousa em seus braços, ou o amigo íntimo quiser seduzir você secretamente, convidando: 'Vamos servir outros deuses' (deuses que nem você nem seus antepassados conheceram,
8. deuses de povos vizinhos, próximos ou distantes de você, de uma extremidade da terra à outra),
9. não faça caso, nem dê ouvidos. Não tenha piedade dele, não use de compaixão, nem esconda o erro dele.
10. Pelo contrário: você deverá matá-lo. E para matá-lo, sua mão será a primeira. Em seguida, a mão de todo o povo.

Pois é.

Mas estava me referindo a pessoas normais mesmo, que tentam seguir as religiões hipocritamente.

[Fernando Silva]

Pois é.

Mas estava me referindo a pessoas normais mesmo, que tentam seguir as religiões hipocritamente.

Se a Bíblia manda matar amigos e parentes e a pessoa não mata, ela é o que?

[Darkside]

Pois é.

Mas estava me referindo a pessoas normais mesmo, que tentam seguir as religiões hipocritamente.

Se a Bíblia manda matar amigos e parentes e a pessoa não mata, ela é o que?

Justamente.

E felizmente, convenhamos.

[Apo]

Outro ponto que me tira o sono é que já temos um filho juntos, e não quero que a educação dele seja baseada no temor a um ser tão repugnante quanto o deus cristão.

Quando ele começar a lhe fazer perguntas, diga que alguns acreditam, outros não.
Não é preciso partir para "sua mãe está errada". Para começar, basta semear a dúvida na cabeça dele.
Muita gente se torna religiosa simplesmente porque nunca percebeu que tinha opção.

Perfeito no que toca à crença. Foi assim que sempre coloquei algumas questões na criação da minha filha.
Mas há mais do que crença em jogo. Religiões cobram determinados comportamentos e podem aproveitar mentes inocentes para determinados convencimentos ou "trocas", por exemplo:

- Meu filho...você não sabe se deus está nos olhando? Eu conversei com ele e ele me disse que crianças devem ser comportadas e boazinhas.
Então vamos ali na minha casa e teremos um segredinho só nosso, mas ninguém vai ficar sabendo: só eu e você.



Muitos valores são passados para crianças por adultos que usam desta "liberdade" ou "dúvida" para colocar deus a puxar a brasa para sua sardinha.

Take care! Infelizmente, crianças precisam ser alertadas e protegidas.

[Benetton]

Aproveitando, eu acho que quem pode dar uma bonita declaração sobre isso é o Botanico.
Ele é espírita, a mulher dele evangélica e os dois encontraram um meio termo coerente para continuarem juntos um respeitando o outro.
Abraços.

Oi Lúcifer,

Botânico? Não, acho que Ele é solteiro.

Acho que Você estava se referindo a mim.

Já confundiram alguma vezes a minha pessoa com o Botânico e vice-versa ao contrário ...

O tópico em que Eu relato a minha convivência com outras religiões está aqui :

Preconceito sem motivo.
viewtopic.php?f=1&t=18762


Só não sei se vai ajudar o Engineer. Acho que os casos têm suas peculiaridades. No meu, já sabíamos o que cada um era desde o começo, e não mudamos até hoje. Procuramos conviver com as diferenças.

No caso do Engineer, as regras mudaram no meio do jogo. Ele se tornou ateu depois de algum tempo de casado.

Mas não vejo motivos para tanta preocupação, desde que ele saiba se impor aos poucos, mostrando à sua esposa que ele tem o direito de não mais acreditar em algo que para ele não faz mais sentido.

No começo, é um pouco complicado, reconheço. Mas com o passar dos meses e anos, se tiverem um pouco de paciência e compreensão um com o outro, as coisas vão se ajeitando, Eu espero.

[Engineer]

Esse é o meu problema, as coisas mudaram durante o jogo.

Pensei muito sobre o assunto nos últimos dias e tomei uma decisão. Não farei proselitismo ateu mas também não ficarei inerte. Vou deixar claro que não acredito mais em religião alguma e que tenho minha própria maneira de ver o mundo (frase mais vaga impossível ).

O que mais me preocupa agora é a educação do meu filho. Por enquanto ele ainda é pequeno demais para entender essas mazelas, mas quando ele for maior aos poucos eu vou plantar a sementinha da dúvida na cabeça dele, antes que começe a lavagem cerebral típica de toda religião.

[Lúcifer]

Primeiro, desculpa Benneton. Confundi, foi mal. Mas sua história é bonita mesmo.

Segundo, Engineer, se voce quer colocar a semente da duvida na mente de seu filho, vai com calma, senão voce vai ter a sua esposa e a familia dela, e a sua também, contra voce.

Vai com calma. Explica da sequinte maneira, mais ou menos: "Segundo a biblia foi assim, mas os homens da ciência descobriram isso, etc, etc, etc. Mostre pra ele que tudo tem sempre uma segunda ou terceira opinião e deixe ele escolher o que mais lhe agrada. Foi assim que fiz com minha sobrinha. Não seja incisivo. Seja como as ondas do mar que vem e vão sem ninguem forçar. OK??

[Engineer]

Voce tem razão Lucifer. Como disse, não pretendo fazer proselitismo ateu, apenas ensiná-lo, aos poucos, a pensar por ele mesmo, a não aceitar verdades absolutas, mas tudo com muita calma, afinal estamos falando de uma criança, e eu não quero fazer com ele a mesma lavagem cerebral utilizada pelas religiões.

[Apo]

Esse é o meu problema, as coisas mudaram durante o jogo.

Pensei muito sobre o assunto nos últimos dias e tomei uma decisão. Não farei proselitismo ateu mas também não ficarei inerte. Vou deixar claro que não acredito mais em religião alguma e que tenho minha própria maneira de ver o mundo (frase mais vaga impossível ).

Faz bem, o mais importante é não se sentir violentado em suas convicções ( ou dúvidas, enfim..) porque esta é também a sua vida. Não me parece justo que, com todo o histórico de violência,desonestidae e fundamentalismo das religiões ao redor do mundo, quem não acredite ou não compactue com elas, tenha que se esconder, mentir ou fazer de sua vida um circo, porque o resto do mundo assim deseja ou espera. Que relações de amor fraterno são estas em que precisamos estabelecer um jogo aparente? E a liberdade de pensamento e de não-crença onde fica?
Quando dizemos que temos a "nossa própria maneira de ver o mundo", sempre há uma lacuna onde podem perguntar:
- Como assim? Qualquer maneira vale, DESDE que Deus esteja nela!
É bom que explique que deuses, para você ( e uma boa parte da humanidade) são questão de crença apenas. Que você respeita a crença dos outros, desde que não interfiram na sua liberdade de pensamento e escolha.
Espero que obtenha êxito na empreitada ( veja que precisamos ainda ter trabalho de saber como explicar o que não exigiria explicação alguma...).

O que mais me preocupa agora é a educação do meu filho. Por enquanto ele ainda é pequeno demais para entender essas mazelas, mas quando ele for maior aos poucos eu vou plantar a sementinha da dúvida na cabeça dele, antes que começe a lavagem cerebral típica de toda religião.

Minha filha tinha 4 anos e estudava na melhor escola católica daqui ( porque o ensino era ótimo e eu apostei quei isto estava acima de preconceitos).
Na Páscoa, chegou da escola chorando porque um padre entrara na sala para explicar o que era a data e mostrou uns desenhos de um tal Jesus pendurado numa cruz sofrendo muito e cheio de sangue, ao lado outros 2 homens em suas cruzes. Ela me disse que ficou muito assustada e queria que eu explicasse o que o coelhinho tinha a ver com aquilo.
Deu muita raiva! Uma criança que paga para receber educação ter que ouvir de um padre idiota uma pregação da dor deste tipo!

Não fizeram nada com as crianças, tipo pintar ovinhos ou colocar orelhinhas de papel. Apenas deram uma folha em xerox com um ovo liso para escrever ( com o pais em casa) palavras que lembrassem a paixão de Cristo.

Aguentei esta, mas quando a carola beata que cuidava dos pequenos teve um ataque de raiva e mandou minha filha para de encher o saco ( porque ela queria ir ao banheiro),eu fui na direção e tirei ela de lá no outro dia.

Coloquei noutra escola excelente, só que protestante. Não houve mais problemas até a segunda série. Trocou a direção toda por motivos ideológicos e políticos. Tirei de lá, também ( junto com mais de 700 alunos).
Desde então, está numa escola bem menor e absolutamente laica. Último ano, graças a deus!

[marta]

Esse é o meu problema, as coisas mudaram durante o jogo.

Pensei muito sobre o assunto nos últimos dias e tomei uma decisão. Não farei proselitismo ateu mas também não ficarei inerte. Vou deixar claro que não acredito mais em religião alguma e que tenho minha própria maneira de ver o mundo (frase mais vaga impossível ).

O que mais me preocupa agora é a educação do meu filho. Por enquanto ele ainda é pequeno demais para entender essas mazelas, mas quando ele for maior aos poucos eu vou plantar a sementinha da dúvida na cabeça dele, antes que começe a lavagem cerebral típica de toda religião.

Quando as regras do jogo mudam no meio do jogo é complicado mesmo. Temos alguns exemplo de notáveis: Silvio Santos é um. O cara é judeu e a mulher virou crente daquelas de arrepiar e conseguiu levar todas as filhas junto. O Pelé é outro. Quando casou a mulher já era evangélica, mas parece que piorou depois. Isso leva qualquer casamento pro espaço.
Imagunem a cena: Tio Silvio, judeu, entrando na sala e vendo a mulher assinar um checão de alguns mil reais pra dar pro pastor da igreja. Gente, o cara infarta!! Ninguém merece

[marta]

Comigo a coisa ia ficar bem complicada. Eu JAMAIS permitiria que um filho meu fosse educado à luz de religiões, qualquer que fosse. Portanto, casamento com crente estaria totalmente fora de questão. e digo mais, se mudasse as regras durante o tempo regulamentar, seria divócio na certa.
É, eu sou radical sim, no que diz respeito a religião

[Engineer]

Não me separo da minha esposa porque ela, apesar de fazer algumas chantagens emocionais quando comecei a questionar as crendices católicas, tem aceitado relativamente bem essa minha desconversão.

Tive uma conversa franca com ela, deixei claro que apesar de não acreditar mais na igreja católica (que para ela ainda e a santa madre igreja) e em nenhuma outra religião, ainda a amo muito, e continuo a ser básicamente a mesma pessoa.

No começo ela estranhou muito, porque os crentes em geral tem a idéia de que quem não acredita no seu deus é obrigatóriamente mau, mas com algum esforço estou tirando esse estereótipo da cabeça dela.

[Engineer]

Faz bem, o mais importante é não se sentir violentado em suas convicções ( ou dúvidas, enfim..) porque esta é também a sua vida. Não me parece justo que, com todo o histórico de violência,desonestidae e fundamentalismo das religiões ao redor do mundo, quem não acredite ou não compactue com elas, tenha que se esconder, mentir ou fazer de sua vida um circo, porque o resto do mundo assim deseja ou espera. Que relações de amor fraterno são estas em que precisamos estabelecer um jogo aparente? E a liberdade de pensamento e de não-crença onde fica?
Quando dizemos que temos a "nossa própria maneira de ver o mundo", sempre há uma lacuna onde podem perguntar:
- Como assim? Qualquer maneira vale, DESDE que Deus esteja nela!
É bom que explique que deuses, para você ( e uma boa parte da humanidade) são questão de crença apenas. Que você respeita a crença dos outros, desde que não interfiram na sua liberdade de pensamento e escolha.
Espero que obtenha êxito na empreitada ( veja que precisamos ainda ter trabalho de saber como explicar o que não exigiria explicação alguma...).

Estou tentando fazer um trabalho por partes. Primeiro mostrando para ela que a igreja católica não é detentora da verdade absoluta, o que já da um trabalho hecúleo, tendo em vista que ela foi , assim como eu, "programada" pelos pais a acreditar que tudo o que vem da santa madre igreja é dogma de fé, e por isso não deve ser questionado. Até aqui estou tendo relativo sucesso, apesar de efrentar alguma resistência dela.

Depois,quando ela estiver mais habituada com a idéia, vou mostrá-la como e porque a idéia de um (ou vários) deus(es) surgiu, e que é perfeitamente possível viver bem sem acreditar em algo sobrenatural.

Por experiência propria sei que, quando alguém está habituado a acreditar cegamente, a dúvida traz consigo a insegurança, então todo esse processo deve ser conduzido da maneira mais natural possível.

Minha filha tinha 4 anos e estudava na melhor escola católica daqui ( porque o ensino era ótimo e eu apostei quei isto estava acima de preconceitos).
Na Páscoa, chegou da escola chorando porque um padre entrara na sala para explicar o que era a data e mostrou uns desenhos de um tal Jesus pendurado numa cruz sofrendo muito e cheio de sangue, ao lado outros 2 homens em suas cruzes. Ela me disse que ficou muito assustada e queria que eu explicasse o que o coelhinho tinha a ver com aquilo.
Deu muita raiva! Uma criança que paga para receber educação ter que ouvir de um padre idiota uma pregação da dor deste tipo!

Não fizeram nada com as crianças, tipo pintar ovinhos ou colocar orelhinhas de papel. Apenas deram uma folha em xerox com um ovo liso para escrever ( com o pais em casa) palavras que lembrassem a paixão de Cristo.

Aguentei esta, mas quando a carola beata que cuidava dos pequenos teve um ataque de raiva e mandou minha filha para de encher o saco ( porque ela queria ir ao banheiro),eu fui na direção e tirei ela de lá no outro dia.

Coloquei noutra escola excelente, só que protestante. Não houve mais problemas até a segunda série. Trocou a direção toda por motivos ideológicos e políticos. Tirei de lá, também ( junto com mais de 700 alunos).
Desde então, está numa escola bem menor e absolutamente laica. Último ano, graças a deus! .

Graças a gzuis e a santissima virgem maria aqui em BH existem algumas ótimas escolas laicas, que se tornaram melhores que as escolas católicas mais famosas, então meu filho terá a oportunidade de receber uma educação formal de qualidade sem violência intelectual.