[quote=Botânico]Sim, mas aquilo que morreu deixou escrito o que fez. O que estou querendo é que se pegue esses escritos do que foi feito e que se aponte os erros e falhas que invalidariam os experimentos e os resultados. E até hoje não vi ninguém fazer isso.[/quote]
Pedro Reis escreveu:Botânico, é o seguinte: ninguém vê o que não quer.
Sua prima TJ, não importa quantas previsões de fim do mundo fracassem, nunca vai ver que aquilo é uma empulhação.
A prova que você quer está debaixo do seu nariz e você não vê. Eu vou te dar agora mas você vai continuar sem vê-la.
A prova não está nos boatos de infidelidade, não está nos testemunhos de Houdini e nem nos do amante de Florence Cook. A prova está em como a coisa foi feita.
Se existe alguém capaz de materializar uma entidade e um cientista interessado em estudar tal fenômeno jamais seria feito daquela maneira, mesmo em 1850. Parecia mais um espetáculo de entretenimento que um experimento científico.
Se a coisa fosse real não se usaria galvanômetro, o médium não ficaria fora da visão em uma sala isolada, tudo seria mais direto e mais simples. A prova está justamente no fato óbvio que não há como justificar o que foi feito. Fosse real ele simplesmente sentaria com a médium em uma mesa e observaria a materialização.
Pra quê tudo aquilo?
Se fosse real teria sido assim.
E se fosse real os pesquisadores não iriam se contentar em comprovar a autenticidade do fenômeno, mas principalmente em entender o fenômeno. Eva Fay não voltaria para a América e nunca mais seria estudada. Não, essa mulher seria estudada intensivamente e constantemente até a sua morte.
Se fosse real os tais 200 cientistas não se comportariam todos assim. Se fosse real todos eles colheriam material, se fosse real esse material hoje estaria em laboratórios sendo estudado.
E mais óbvio ainda: se fosse real e alguém perdesse 50% da sua massa esta pessoa morreria. E esse negócio de tirar matéria de pessoas, plantas e animais... é absurdo!
Então é esse o seu problema? O modo de como os experimentos foram feitos não agradou ao seu gosto? Ainda bem que eu já não esperava coisa melhor...
Olha São Pedro, se o cientista quer ver alguma coisa que devesse ocorrer espontaneamente, ele então precisa obedecer às regras da coisa, pois senão não vai ver nada. Eu só posso fazer uma cópia fotográfica pelo sistema antigo em ambiente totalmente escuro ou, se o papel ou filme forem metacromáticos, sob luz vermelha e ainda assim fraca. Nunca vou poder fazer essa foto em ambiente iluminado, pois a única coisa que vou obter daí vai ser um papel ou filme todo preto.
Com o fenômeno de materialização É A MESMA COISA: ele exige escuridão ao menos nos momentos INICIAIS. Pode xingar a mãe o quanto quiser, mas a coisa É ASSIM. Daí então pode-se recorrer a um gabinete cortinado, ou então, se não for usado, a sala onde está o médium, o pesquisador e as testemunhas deve ficar escura nessa hora. Por que preferiam o gabinete? Porque este era colocado de tal forma, que só cabia o médium dentro e não tinha jeito de ninguém entrar, nem sair, pois do lado de fora haveria iluminação suficiente para que isso fosse visto.
Outra coisa: estamos lidando com GENTE. Gente tem sentimentos, sensibilidade, manhas, etc. Lidar com elas exige sutileza. Crookes primeiro deixava que os médiuns fizessem tudo do jeito deles. Depois ia cercando as possibilidades de fraudes, até finalmente levar o médium ao seu laboratório, onde ele tinha todas as chaves na mão e sabia onde estavam as portas e janelas. Os experimentos mais relevantes ele os fazia aí. Daí então o passo fundamental era saber se o fenômeno era mesmo real. Pois bem, ele via a forma materializada, espiava através da cortina para ver se o médium ainda estava no seu lugar, mediu, pesou, observou tudo para saber se não estava enganado. Não devia estar, ou ao menos ninguém provou que estivesse, pois teve a coragem de enfrentar seus colegas e publicar tudo o que viu. Iria ele arriscar sua reputação só por um romance fugaz?
Entender o fenômeno. Agora a coisa fica complicada. Pesando-se o médium antes, durante a materialização e depois, Crookes notou que no durante o médium perdia peso. A única explicação para isso era que a matéria que era usada na materialização estava sendo tirada dele. A forma materializada, muitas vezes até mais alta que o médium, tinha um peso muito reduzido para ser o de uma pessoa normal. No máximo o fantasma materializado poderia dizer:
_ Retiro o ectoplasma do médium e o moldo de acordo com o meu corpo espiritual, imitando roupas também por conta dos pudores das testemunhas.
E ele vai dizer o que disso? A comprovação só poderia vir se houvesse algum aparelho que permitisse detetar os espíritos, visualizá-los e aí acompanhar o processo de retirada da matéria e a formação da aparição tangível. Só que este aparelho até hoje não foi inventado...
Assim, Crookes e os outros 200 cientistas ao menos estabeleceram que os fenômenos eram REAIS, embora não pudessem compreender seus mecanismos e natureza.
E quanto a ser estudada até o fim da vida... Bem, na Inglaterra do tempo do Crookes, qualquer cafetina podia ir a um bairro pobre de Londres ou qualquer outra grande cidade, comprar meninas (6-7 anos) por poucas libras e obrigá-las a se prostituirem, não diria até o fim das suas vidas (que não deveriam ser das mais longas), mas ao menos enquanto lhes desse grana. Mas a Ana Fay era uma mulher livre. E sua vontade era soberana. Ela não ia e não quis ser cobaia de ninguém.
Leonore Piper ficou sendo estudada por 15 anos. Eusápia Paladino submeteu-se a experimentos até pouco antes de morrer. Mudaram alguma coisa? O pessoal cético continuou falando as mesmas abobrinhas de sempre...
E se os fenômenos não são vistos hoje como o eram nos tempos de antigamente, há um motivo: não são naturais no sentido de serem espontâneos: sua ocorrência depende de um acordo em duas partes. Espíritos e médiuns precisam concordar para a coisa acontecer. Só que qual foi o resultado depois de milhares de experimentos feitos? Os que nunca experimentaram nada disseram que nunca aconteceu nada além de sacanagem. E todos os céticos e religiosos contrários acreditam neles.
Assim então os espíritos se mancaram: os tempos não são chegados. Deixa esse pessoal científico para lá e vamos nós cuidar de quem dá trela para a gente.
É isso.