Reparação, escravidão e leis raciais
JOSÉ ROBERTO PINTO DE GÓES
A ideia de que a população negra tem direito a uma reparação histórica tem sido usada para legitimar a racialização da sociedade brasileira. Há ao menos três aspectos questionáveis nessa reivindicação que, saliento, vem de ONGs e ativistas e não de nosso povo.
Em primeiro lugar, o problema da designação “população negra”. O IBGE solicita aos indivíduos que se autoidentifiquem segundo uma das seguintes denominações: preto (7,4%), branco (49,4%), pardo (42,3%), amarelo (0,7%) ou indígena (0,1%).
Isso permite ao Instituto quantificar as respostas, pois estudos já mostraram que, se deixadas livres, as pessoas escolheriam coisas como moreno-claro, clarinho, jambo, marrom-bombom e outras dezenas de expressões. Esse talvez seja o maior obstáculo à racialização do Brasil: os brasileiros não têm uma consciência racial. Diante disso, os racialistas tomaram a si a tarefa de criá-la, juntando capciosamente a população preta e a parda sob a designação de “negro”, manipulando estatísticas, disseminando a ideia de que os brancos oprimem os negros etc. Quando confrontados com a dificuldade de saber quem é negro, respondem que a polícia sabe. A demagogia é uma espécie de ato falho, pois o que pretendem mesmo é confiar o problema ao Estado, à polícia.
Outro aspecto questionável da ideia de reparação é que, abolida a escravidão em 1888, não resta vivo nenhum escravo. Os racialistas resolvem esse problema apresentando a conta aos supostos descendentes dos senhores, os “brancos”. É uma ideia perversa, pois puniria indivíduos que nenhuma responsabilidade têm pelas atrocidades do passado. Além disso, não guarda nenhuma relação de coerência com a nossa história — esse o último aspecto a ser considerado.
Todo aluno de graduação em História aprende que a escravidão, no Brasil, não estava baseada na ideia moderna de raça e que o mercado de escravos sempre esteve aberto à participação de pessoas de todas as cores, africanos libertos incluídos. Ainda na década de 1870, Joaquim Nabuco lamentava o que chamava de “o poder moral da escravidão”, isto é, a sem-cerimônia com que ela era vista por tanta gente como uma coisa natural. E explicava que isso acontecia porque qualquer um podia comprar um escravo: homem, mulher, nacional, estrangeiro, preto, branco, rico e remediado.
A verdade é que nem preto era sinônimo de escravo, nem branco de senhor. Observe-se os números estimados a seguir: 4 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil, enquanto 400 mil foram levados para os EUA; em 1872, havia aqui 1 milhão e meio de escravos e lá, pouco antes da guerra civil, 4 milhões de cativos. Isso significa que no Brasil a fronteira entre livres e escravos era muito mais porosa. Como lamentava um presidente de província em meado do século XIX, as pessoas tinham o “costume” de alforriar os escravos. Isso se refletiu no nosso perfil cromático da população livre. Na primeira metade daquele século, apenas 5% da população livre do Sul dos EUA eram “de cor”, enquanto que entre nós chegava a 50%.
E como vivia essa metade da população? Estudos demográficos mostram que do mesmo jeito que seus equivalentes “sem cor”. Trabalhavam, habitavam, casavam e tudo o mais segundo os mesmos padrões, inclusive no que diz respeito às chances de obter um escravo. Censos do final do século XVIII indicam que 1/3 da classe senhorial de Campos dos Goytacazes era formado por pessoas de cor. Isso se repetia na Bahia e em Pernambuco.
Em Sabará, acreditem, por volta de 1830, 43% dos domicílios de pessoas de cor possuíam escravos.
Além de cultivar certa cegueira cromática, o Brasil cedo se caracterizou também pela intensa miscigenação. Os racialistas dizem que foi fruto da violência sexual. Tolice. É claro que houve senhores que estupraram escravas — um senhor, de qualquer cor, podia tudo. Mas cedo surgiu uma população mestiça, pobre e livre. Há quem ache que nossa miscigenação é um pecado a ser confessado, reparado, consertado. Não é. É fruto da escolha de milhares e milhares de indivíduos de sucessivas gerações.
Bem, mas se nosso passado correspondesse exatamente à caricatura repetida por aí? Valeria a pena enfrentá-lo criando leis raciais que vão dividir os brasileiros em negros e brancos, com direitos diferentes? A resposta, obviamente, é não. Não vale a pena nos transformarmos numa sociedade oficialmente racista, já basta termos que conviver com uns e outros racistas, de todas as cores, os quais, se Deus quiser, podem e devem ser educados e trazidos à razão.
Ou punidos.
JOSÉ ROBERTO PINTO DE GÓES é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
E-mail: joserobertogoes@gmail.com
Oficializando o racismo no Brasil
- Fernando Silva
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Oficializando o racismo no Brasil
"O Globo" 15/06/09
Re: Oficializando o racismo no Brasil
Fernando Silva escreveu:"O Globo" 15/06/09Reparação, escravidão e leis raciais
JOSÉ ROBERTO PINTO DE GÓES
Em primeiro lugar, o problema da designação “população negra”. O IBGE solicita aos indivíduos que se autoidentifiquem segundo uma das seguintes denominações: preto (7,4%), branco (49,4%), pardo (42,3%), amarelo (0,7%) ou indígena (0,1%).
Indígena 0,1% o catso.
Boa parte da população do centro oeste, norte e nordeste do Brasil é indígena, com maior ou menor grau de miscigenação.
Quem quiser um exemplo ilustrativo é só procurar foto de uma tropa de selva amazônica. Se não fosse a bandeira no uniforme, poderiam muito bem se passar pelo exército da Bolívia.
Ocorre que para muitos destes, indígena não é etnia, é um modo de vida. Como não vivem pelados no meio do mato, se definem como pardos e não como Índios, mesmo que pai, mãe e todos os seus antepassados sejam.
Como disse o autor, brasileiro não tem conceito de raça e sim de cor de pele, o que é diferente.
Minha singela experiência pessoal com esta questão foi quando minha filha certa vez usou a expressão "eles, os Índios" para contar o que aprendeu em uma aula sobre o tema.
Respondi que ela deveria dizer "nós, os Índios", e completei, "é o que somos".
E nos basta saber disto. Tudo o mais é bobagem.
Nós, Índios.
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Acauan escreveu:Indígena 0,1% o catso.
Boa parte da população do centro oeste, norte e nordeste do Brasil é indígena, com maior ou menor grau de miscigenação.
Verdade, mas o censo pede a cada um que se auto-defina.
Dai, tem branco se dizendo negro e negro se dizendo branco.
"À chacun, l'âge venu, la découverte ou l'ignorance"
Re: Oficializando o racismo no Brasil
Pois é.
O que sempre repito quando vem à baila o assunto é a bobagem de copiar as políticas de ação afirmativa americanas, pois lá a fronteira entre as raças é uma linha claramente definida, enquanto no Brasil é um gradiente.
Quem pode dizer exatamente por aqui o grau de melanina que separa o pardo do branco ou negro? Parece aqueles catálogos de loja de tinta, nos quais a cor branca aparece em vinte tonalidades e sem mais, nem menos, passa a ser cinza por um pentelhésimo de tom a mais.
O que sempre repito quando vem à baila o assunto é a bobagem de copiar as políticas de ação afirmativa americanas, pois lá a fronteira entre as raças é uma linha claramente definida, enquanto no Brasil é um gradiente.
Quem pode dizer exatamente por aqui o grau de melanina que separa o pardo do branco ou negro? Parece aqueles catálogos de loja de tinta, nos quais a cor branca aparece em vinte tonalidades e sem mais, nem menos, passa a ser cinza por um pentelhésimo de tom a mais.
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Acauan escreveu:Fernando Silva escreveu:"O Globo" 15/06/09Reparação, escravidão e leis raciais
JOSÉ ROBERTO PINTO DE GÓES
Em primeiro lugar, o problema da designação “população negra”. O IBGE solicita aos indivíduos que se autoidentifiquem segundo uma das seguintes denominações: preto (7,4%), branco (49,4%), pardo (42,3%), amarelo (0,7%) ou indígena (0,1%).
Indígena 0,1% o catso.
Boa parte da população do centro oeste, norte e nordeste do Brasil é indígena, com maior ou menor grau de miscigenação.
Eu por exemplo, sou baiano, nordestino portanto e, neto de uma índia tupinambá com alemão por parte de pai. E de mãe, basicamente português.
Costumo brincar que sou 50% português, 25% alemão e 25% tupinambá!

O ateísmo não é uma filosofia, não é sequer uma visão de mundo, é simplesmente o reconhecimento do óbvio.
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Dragão Invisível escreveu:Acauan escreveu:Fernando Silva escreveu:"O Globo" 15/06/09Reparação, escravidão e leis raciais
JOSÉ ROBERTO PINTO DE GÓES
Em primeiro lugar, o problema da designação “população negra”. O IBGE solicita aos indivíduos que se autoidentifiquem segundo uma das seguintes denominações: preto (7,4%), branco (49,4%), pardo (42,3%), amarelo (0,7%) ou indígena (0,1%).
Indígena 0,1% o catso.
Boa parte da população do centro oeste, norte e nordeste do Brasil é indígena, com maior ou menor grau de miscigenação.
Eu por exemplo, sou baiano, nordestino portanto e, neto de uma índia tupinambá com alemão por parte de pai. E de mãe, basicamente português.
Costumo brincar que sou 50% português, 25% alemão e 25% tupinambá!
Pequeno momento descontração:
Usando como base o filme "Caramuru", o seu avô escapou de ser comido depois de comer?
Como diz a personagem de Camila Pitanga: Matar é feio, mas não comer é desperdicio."



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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Falando sério agora, um país tão grande como o nosso com tantas misturas, pra que que vão se importar com isso afinal?
Já não bastam os idiotas retardados das pessoas que sentem preconceito por qualquer besteira? E agora essas ONGs querem aumentar o sentimento secrecacional?
Vão a merda! Daqui a pouco vão querer que façam onibus, vagões de trens e até passagens aéreas pra brancos e negros irem separados. E vão colocar a desculpa de honrar a raça.
Mas o que esse zé povinho esquece é que, foram os próprios negros que escravizavam outros negros na África, quando guerreavam com seus vizinhos e eram esses mesmos negros que vendiam a "mercadoria" para os brancos europeus.
Bando de hipócritas!!

Já não bastam os idiotas retardados das pessoas que sentem preconceito por qualquer besteira? E agora essas ONGs querem aumentar o sentimento secrecacional?
Vão a merda! Daqui a pouco vão querer que façam onibus, vagões de trens e até passagens aéreas pra brancos e negros irem separados. E vão colocar a desculpa de honrar a raça.
Mas o que esse zé povinho esquece é que, foram os próprios negros que escravizavam outros negros na África, quando guerreavam com seus vizinhos e eram esses mesmos negros que vendiam a "mercadoria" para os brancos europeus.
Bando de hipócritas!!



- Dragão Invisível
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Lúcifer escreveu:Dragão Invisível escreveu:Acauan escreveu:Fernando Silva escreveu:"O Globo" 15/06/09Reparação, escravidão e leis raciais
JOSÉ ROBERTO PINTO DE GÓES
Em primeiro lugar, o problema da designação “população negra”. O IBGE solicita aos indivíduos que se autoidentifiquem segundo uma das seguintes denominações: preto (7,4%), branco (49,4%), pardo (42,3%), amarelo (0,7%) ou indígena (0,1%).
Indígena 0,1% o catso.
Boa parte da população do centro oeste, norte e nordeste do Brasil é indígena, com maior ou menor grau de miscigenação.
Eu por exemplo, sou baiano, nordestino portanto e, neto de uma índia tupinambá com alemão por parte de pai. E de mãe, basicamente português.
Costumo brincar que sou 50% português, 25% alemão e 25% tupinambá!
Pequeno momento descontração:
Usando como base o filme "Caramuru", o seu avô escapou de ser comido depois de comer?
Como diz a personagem de Camila Pitanga: Matar é feio, mas não comer é desperdicio."![]()
O alemão não era bobo!

O ateísmo não é uma filosofia, não é sequer uma visão de mundo, é simplesmente o reconhecimento do óbvio.
Re: Oficializando o racismo no Brasil
Bom texto.
Re: Oficializando o racismo no Brasil
Monstros tristonhos
por Demétrio Magnoli
Tatiana de Oliveira teve sua matrícula cancelada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) menos de um mês após o início do curso de Pedagogia, no qual ingressou pelo sistema de cota racial. A instituição inscreve candidatos cotistas com base na autodeclaração de cor/raça negra, mas depois, com base numa entrevista, pode rejeitar a matrícula. O pai da estudante se define como "pardo" e o avô paterno, como "preto", mas uma comissão da UFSM que funciona como tribunal racial pespegou-lhe o rótulo de "branca".
Juan Felipe Gomez, cotista ingressante na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), conheceu sorte similar. A instituição impugnou sua declaração racial, recusando uma declaração cartorial na qual a mãe do jovem se identificou como "parda" e "afrodescendente", uma certidão de nascimento que identifica a avó materna de Juan como "negra" e um prontuário civil em que a mãe é classificada como "parda". Ele não está só: na UFSCAR, um quarto dos candidatos aprovados pelo sistema de cotas raciais neste ano teve sua matrícula cancelada em razão de impugnações do tribunal racial.
Segundo a lenda divulgada pelos arautos da doutrina racialista, a "raça negra" é constituída pela soma dos que se declaram censitariamente "pretos" com os que se declaram "pardos". Em tese, o sistema de cotas raciais está destinado a esses dois grupos. Então, por que os tribunais raciais instalados nas universidades impugnam mestiços como Tatiana, Juan e tantos outros?
A resposta encontra-se na introdução de um livro de Eneida dos Reis devotado a investigar o lugar social do mulato. O autor da introdução é o antropólogo Kabengele Munanga, professor titular na USP e um dos ícones do projeto de racialização oficial do Brasil. Eis o que ele escreveu: "Os chamados mulatos têm seu patrimônio genético formado pela combinação dos cromossomos de ?branco? e de ?negro?, o que faz deles seres naturalmente ambivalentes, ou seja, a simbiose (...) do ?branco? e do ?negro?. (...) os mestiços são parcialmente negros, mas não o são totalmente por causa do sangue ou das gotas de sangue do branco que carregam. Os mestiços são também brancos, mas o são apenas parcialmente por causa do sangue do negro que carregam."
O charlatanismo acadêmico está à solta. Cromossomos raciais? Sangue do branco? Sangue do negro? Seres naturalmente ambivalentes? Munanga quer dizer seres monstruosos? Do ponto mais alto da carreira universitária, o antropólogo professa a crença do "racismo científico", velha de mais de um século, na existência biológica de raças humanas, vestindo-a curiosamente numa linguagem decalcada da ciência genética. Mas ele vai adiante, saltando dos domínios da biologia para os da engenharia social: "Se no plano biológico, a ambiguidade dos mulatos é uma fatalidade da qual não podem escapar, no plano social e político-ideológico eles não podem permanecer (...) ?branco? e ?negro?; não podem se colocar numa posição de indiferença ou de neutralidade quanto a conflitos latentes ou reais que existem entre os dois grupos, aos quais pertencem, biológica e/ou etnicamente."
É o horror - científico, acadêmico e moral. Mas, desgraçadamente, nessas frases abomináveis, que representam um cancelamento do conceito de cidadania, está delineada uma visão de mundo e exposto um plano de ação. De acordo com elas, a mola propulsora da história é o conflito racial e, no Brasil, para que a história avance é preciso suprimir a mestiçagem, propiciando um embate direto entre as duas raças polares em conflito. O imperativo da supressão da mestiçagem exige que os mestiços - esses monstros tristonhos condenados pela sua natureza à ambivalência - façam uma escolha política, decidindo se querem ser "brancos" ou "negros" no novo mundo organizado pelo mito da raça.
No veredicto do Grande Inquisidor que ocupa o cargo de reitor da UFSM, Tatiana foi declarada "branca" porque, em audiência diante de um tribunal racial, ela não testemunhou ser vítima de discriminação racial. A estudante, tanto quanto Juan Felipe e os demais rejeitados pelo Brasil afora, teve cassado o direito à autodeclaração de cor/raça por um punhado de inquisidores, que são professores racialistas e militantes de ONGs do movimento negro. Mas, antes disso, essa turma tomou de assalto as chaves de acesso ao ensino superior e, desafiando as normas constitucionais, cassou o direito de centenas de milhares de jovens da cor "errada" de ingressar na universidade pelo mérito demonstrado em exames objetivos. A massa dos sem-direito é formada por estudantes de alta, média ou baixa renda, com diferentes tons de pele, que compartilham o azar de não funcionarem como símbolos úteis a uma ideologia.
Esquece-se com frequência que a pedra fundamental dos Estados baseados no princípio da raça é a proibição legal da miscigenação. A Lei Antimiscigenação da Virginia, de 1924, que sintetizava o sentido geral da legislação segregacionista nos EUA, definiu como "negros" todos os que tinham uma gota de "sangue negro". A Lei para a Proteção do Sangue Germânico, de 1935, na Alemanha nazista, criminalizava casamentos e relações sexuais entre judeus e arianos. A Lei de Proibição de Casamentos Mistos, de 1949, na África do Sul do apartheid, proibiu uniões e relações sexuais entre brancos e não-brancos. Raça é um empreendimento de higiene social: a busca da pureza.
Mestiçagem se faz na cama e na cultura. É troca entre corpos e intercâmbio de ideias. Os arautos brasileiros do mito da raça talvez gostassem de ter uma lei antimiscigenação, mas concentram-se na missão mais realista de higienizar as mentes, expurgando de nossa consciência a imagem de uma nação misturada. Cada um dos jovens mestiços pré-universitários terá de optar entre as alternativas inapeláveis de ser "branco" ou ser "negro". Para isso, e nada mais, servem as cotas raciais.
Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 0515,0.php
por Demétrio Magnoli
Tatiana de Oliveira teve sua matrícula cancelada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) menos de um mês após o início do curso de Pedagogia, no qual ingressou pelo sistema de cota racial. A instituição inscreve candidatos cotistas com base na autodeclaração de cor/raça negra, mas depois, com base numa entrevista, pode rejeitar a matrícula. O pai da estudante se define como "pardo" e o avô paterno, como "preto", mas uma comissão da UFSM que funciona como tribunal racial pespegou-lhe o rótulo de "branca".
Juan Felipe Gomez, cotista ingressante na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), conheceu sorte similar. A instituição impugnou sua declaração racial, recusando uma declaração cartorial na qual a mãe do jovem se identificou como "parda" e "afrodescendente", uma certidão de nascimento que identifica a avó materna de Juan como "negra" e um prontuário civil em que a mãe é classificada como "parda". Ele não está só: na UFSCAR, um quarto dos candidatos aprovados pelo sistema de cotas raciais neste ano teve sua matrícula cancelada em razão de impugnações do tribunal racial.
Segundo a lenda divulgada pelos arautos da doutrina racialista, a "raça negra" é constituída pela soma dos que se declaram censitariamente "pretos" com os que se declaram "pardos". Em tese, o sistema de cotas raciais está destinado a esses dois grupos. Então, por que os tribunais raciais instalados nas universidades impugnam mestiços como Tatiana, Juan e tantos outros?
A resposta encontra-se na introdução de um livro de Eneida dos Reis devotado a investigar o lugar social do mulato. O autor da introdução é o antropólogo Kabengele Munanga, professor titular na USP e um dos ícones do projeto de racialização oficial do Brasil. Eis o que ele escreveu: "Os chamados mulatos têm seu patrimônio genético formado pela combinação dos cromossomos de ?branco? e de ?negro?, o que faz deles seres naturalmente ambivalentes, ou seja, a simbiose (...) do ?branco? e do ?negro?. (...) os mestiços são parcialmente negros, mas não o são totalmente por causa do sangue ou das gotas de sangue do branco que carregam. Os mestiços são também brancos, mas o são apenas parcialmente por causa do sangue do negro que carregam."
O charlatanismo acadêmico está à solta. Cromossomos raciais? Sangue do branco? Sangue do negro? Seres naturalmente ambivalentes? Munanga quer dizer seres monstruosos? Do ponto mais alto da carreira universitária, o antropólogo professa a crença do "racismo científico", velha de mais de um século, na existência biológica de raças humanas, vestindo-a curiosamente numa linguagem decalcada da ciência genética. Mas ele vai adiante, saltando dos domínios da biologia para os da engenharia social: "Se no plano biológico, a ambiguidade dos mulatos é uma fatalidade da qual não podem escapar, no plano social e político-ideológico eles não podem permanecer (...) ?branco? e ?negro?; não podem se colocar numa posição de indiferença ou de neutralidade quanto a conflitos latentes ou reais que existem entre os dois grupos, aos quais pertencem, biológica e/ou etnicamente."
É o horror - científico, acadêmico e moral. Mas, desgraçadamente, nessas frases abomináveis, que representam um cancelamento do conceito de cidadania, está delineada uma visão de mundo e exposto um plano de ação. De acordo com elas, a mola propulsora da história é o conflito racial e, no Brasil, para que a história avance é preciso suprimir a mestiçagem, propiciando um embate direto entre as duas raças polares em conflito. O imperativo da supressão da mestiçagem exige que os mestiços - esses monstros tristonhos condenados pela sua natureza à ambivalência - façam uma escolha política, decidindo se querem ser "brancos" ou "negros" no novo mundo organizado pelo mito da raça.
No veredicto do Grande Inquisidor que ocupa o cargo de reitor da UFSM, Tatiana foi declarada "branca" porque, em audiência diante de um tribunal racial, ela não testemunhou ser vítima de discriminação racial. A estudante, tanto quanto Juan Felipe e os demais rejeitados pelo Brasil afora, teve cassado o direito à autodeclaração de cor/raça por um punhado de inquisidores, que são professores racialistas e militantes de ONGs do movimento negro. Mas, antes disso, essa turma tomou de assalto as chaves de acesso ao ensino superior e, desafiando as normas constitucionais, cassou o direito de centenas de milhares de jovens da cor "errada" de ingressar na universidade pelo mérito demonstrado em exames objetivos. A massa dos sem-direito é formada por estudantes de alta, média ou baixa renda, com diferentes tons de pele, que compartilham o azar de não funcionarem como símbolos úteis a uma ideologia.
Esquece-se com frequência que a pedra fundamental dos Estados baseados no princípio da raça é a proibição legal da miscigenação. A Lei Antimiscigenação da Virginia, de 1924, que sintetizava o sentido geral da legislação segregacionista nos EUA, definiu como "negros" todos os que tinham uma gota de "sangue negro". A Lei para a Proteção do Sangue Germânico, de 1935, na Alemanha nazista, criminalizava casamentos e relações sexuais entre judeus e arianos. A Lei de Proibição de Casamentos Mistos, de 1949, na África do Sul do apartheid, proibiu uniões e relações sexuais entre brancos e não-brancos. Raça é um empreendimento de higiene social: a busca da pureza.
Mestiçagem se faz na cama e na cultura. É troca entre corpos e intercâmbio de ideias. Os arautos brasileiros do mito da raça talvez gostassem de ter uma lei antimiscigenação, mas concentram-se na missão mais realista de higienizar as mentes, expurgando de nossa consciência a imagem de uma nação misturada. Cada um dos jovens mestiços pré-universitários terá de optar entre as alternativas inapeláveis de ser "branco" ou ser "negro". Para isso, e nada mais, servem as cotas raciais.
Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. E-mail: demetrio.magnoli@terra.com.br
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Por que diabos dão tanto ênfase à raça e cor das pessoas ein? Depois se queixam de segregacionismos...
Mas acho que a maioria usa isto como diferencial do jeito que mais lhe aprouvém.
- Sou negro e você me respeite!
- Me respeite que sou branco!
- Respeite que tenho orgulho de representar o "colorido" do nosso povo!
- Respeito comigo, sou oriental e isto já diz que sou de cultura milenar e sábia!
- Sou índio, sim! Me respeite que sou dono desta terra!
- Muito respeito comigo que tenho sangue azul!
Putz. Todo mundo usa de prerrogativas!
Mas acho que a maioria usa isto como diferencial do jeito que mais lhe aprouvém.
- Sou negro e você me respeite!
- Me respeite que sou branco!
- Respeite que tenho orgulho de representar o "colorido" do nosso povo!
- Respeito comigo, sou oriental e isto já diz que sou de cultura milenar e sábia!
- Sou índio, sim! Me respeite que sou dono desta terra!
- Muito respeito comigo que tenho sangue azul!
Putz. Todo mundo usa de prerrogativas!

- carlo
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Raça? tome mgnolli, conheci o... Me desculpem.. Cara de cavalo, naquela debandada de 1977, aí mesmo em Sampa. Mas Vamos lá:
Parte da elite brasileira detesta essa história de cotas. Há um jornalista, à frente da Redação da TV Globo, que jura não haver racismo no Brasil. Até aí é problema dele. Mas o sujeito insiste em pautar "reportagens" que comprovem essa tese.
A Globo tem duas ou três "fontes marcadas para falar" exatamente aquilo que o diretor de jornalismo quer ver no ar. São "especialistas" que defendem a mesma tese: o racismo no Brasil não existe, e estabelecer cotas é que vai "insuflar" o racismo nessa nossa sociedade doce, tranquila, onde impera a "democracia racial".
Entenderam? Racismo não existe. Cotas é que vão criar racismo.
A "tese" é exposta seguidamente, nas "reportagens" da Globo, por uma socióloga do Rio de Janeiro e por um geógrafo paulista que tem opinião sobre tudo!
Para não parecerem insensíveis, esses "especialistas" (sob patrocinio permanente do Ratzinger do jornalismo global) costumam defender que o certo é "educação de qualidade para todos", assim brancos pobres e negros pobres ganhariam o direito a um futuro melhor.
Então, tá. A gente vai ficar esperando. Ou melhor: a gente não vai esperar, porque a sociedade brasileira resolveu investir nas cotas. Para horror da turma do Leblon e Higienópolis.
A idéia dos que defendem cotas é a seguinte: educação de qualidade é pressuposto, serve para negros e brancos. Serve no longo prazo. E serviria mais ainda se essa fosse uma sociedade menos desigual. As cotas, por outro lado, dão um empurrãozinho a mais para aqueles que saem em desvantagem nessa corrida: os negros e seus descendentes, que foram escravizados durante mais de 3 séculos. Trata-se de fazer Justiça: trata-se de oferecer ferramentas diferentes para quem parte de condições diferentes.
A turma anticotas aceita, no máximo, no máximo, "umas cotas para pobres".
Até entendo: assim, não se mexe na velha ferida do racismo, nas memórias dos navios negreiros. Assim, não se atiçam velhas culpas, nem velhas perversidades. Assim, brancos e negros seguem irmanados pela "lei", que trata a todos com igualdade nessa doce terra. Certo?
O "Estadão" (aquele jornal meio decadente de São Paulo), que eu saiba, também é contra as cotas. Mas isso não impediu o jornal de entrevistar um professor dos Estados Unidos que desmonta a tese de Ratzinger e seus asseclas.
Veja um trecho (a pergunta do repórter embute a tese da turma anti-cotas; e a resposta, direta, ajuda a desmontar a tese).
"(P) - Críticos das cotas para negros dizem que elas teriam o efeito colateral de "fomentar o ódio racial". O Brasil correria o risco de ser repartido em etnias. O sr. concorda?
Conforme dados oficiais do IBGE nos últimos 30 anos, o Brasil efetivamente já é uma sociedade bicolor. Pardos e pretos experimentam níveis de desigualdade e discriminações bastante parecidos e o IBGE juntou os dois grupos numa só categoria de ?negros?. Criar um sistema de cotas dividido em brancos e negros seria reconhecer a realidade social e racial do país. A sociedade brasileira não pode deixar de responder às marcadas e seculares desigualdades raciais que a afligem. “
Sugiro que vocês leiam a entrevista na íntegra. Até para notar como é confusa a edição feita pelo jornal.
O título (e o texto de abertura) dão a entender que o especialista é contra as cotas para os pobres. Mas o que ele afirma é diferente: "cota para pobres não vai resolver os problemas enormes dos afro-brasileiros que estão na luta para entrar, ou avançar, na classe média". Ou seja: cota para pobre não basta, seria preciso ir mais longe, combinar vários tipos de ação afirmativa.
O título escolhido pelo jornal deixa tudo na dúvida. Foi proposital?
''COTA PARA POBRE NÃO RESOLVE PROBLEMA''
George Reid Andrews, historiador e autor de livros sobre o Brasil, defende ações afirmativas e concorda com as decisões judiciais, mas faz algumas ressalvas.
.
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Parte da elite brasileira detesta essa história de cotas. Há um jornalista, à frente da Redação da TV Globo, que jura não haver racismo no Brasil. Até aí é problema dele. Mas o sujeito insiste em pautar "reportagens" que comprovem essa tese.
A Globo tem duas ou três "fontes marcadas para falar" exatamente aquilo que o diretor de jornalismo quer ver no ar. São "especialistas" que defendem a mesma tese: o racismo no Brasil não existe, e estabelecer cotas é que vai "insuflar" o racismo nessa nossa sociedade doce, tranquila, onde impera a "democracia racial".
Entenderam? Racismo não existe. Cotas é que vão criar racismo.
A "tese" é exposta seguidamente, nas "reportagens" da Globo, por uma socióloga do Rio de Janeiro e por um geógrafo paulista que tem opinião sobre tudo!
Para não parecerem insensíveis, esses "especialistas" (sob patrocinio permanente do Ratzinger do jornalismo global) costumam defender que o certo é "educação de qualidade para todos", assim brancos pobres e negros pobres ganhariam o direito a um futuro melhor.
Então, tá. A gente vai ficar esperando. Ou melhor: a gente não vai esperar, porque a sociedade brasileira resolveu investir nas cotas. Para horror da turma do Leblon e Higienópolis.
A idéia dos que defendem cotas é a seguinte: educação de qualidade é pressuposto, serve para negros e brancos. Serve no longo prazo. E serviria mais ainda se essa fosse uma sociedade menos desigual. As cotas, por outro lado, dão um empurrãozinho a mais para aqueles que saem em desvantagem nessa corrida: os negros e seus descendentes, que foram escravizados durante mais de 3 séculos. Trata-se de fazer Justiça: trata-se de oferecer ferramentas diferentes para quem parte de condições diferentes.
A turma anticotas aceita, no máximo, no máximo, "umas cotas para pobres".
Até entendo: assim, não se mexe na velha ferida do racismo, nas memórias dos navios negreiros. Assim, não se atiçam velhas culpas, nem velhas perversidades. Assim, brancos e negros seguem irmanados pela "lei", que trata a todos com igualdade nessa doce terra. Certo?
O "Estadão" (aquele jornal meio decadente de São Paulo), que eu saiba, também é contra as cotas. Mas isso não impediu o jornal de entrevistar um professor dos Estados Unidos que desmonta a tese de Ratzinger e seus asseclas.
Veja um trecho (a pergunta do repórter embute a tese da turma anti-cotas; e a resposta, direta, ajuda a desmontar a tese).
"(P) - Críticos das cotas para negros dizem que elas teriam o efeito colateral de "fomentar o ódio racial". O Brasil correria o risco de ser repartido em etnias. O sr. concorda?
Conforme dados oficiais do IBGE nos últimos 30 anos, o Brasil efetivamente já é uma sociedade bicolor. Pardos e pretos experimentam níveis de desigualdade e discriminações bastante parecidos e o IBGE juntou os dois grupos numa só categoria de ?negros?. Criar um sistema de cotas dividido em brancos e negros seria reconhecer a realidade social e racial do país. A sociedade brasileira não pode deixar de responder às marcadas e seculares desigualdades raciais que a afligem. “
Sugiro que vocês leiam a entrevista na íntegra. Até para notar como é confusa a edição feita pelo jornal.
O título (e o texto de abertura) dão a entender que o especialista é contra as cotas para os pobres. Mas o que ele afirma é diferente: "cota para pobres não vai resolver os problemas enormes dos afro-brasileiros que estão na luta para entrar, ou avançar, na classe média". Ou seja: cota para pobre não basta, seria preciso ir mais longe, combinar vários tipos de ação afirmativa.
O título escolhido pelo jornal deixa tudo na dúvida. Foi proposital?
''COTA PARA POBRE NÃO RESOLVE PROBLEMA''
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NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
- carlo
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
E... Huahuahuahuahua!!!!! Não deu prá editar muito bem este trem desta reporcagem do Estragão!!!!!

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
- Valdisnnei
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
carlo escreveu:
Entenderam? Racismo não existe. Cotas é que vão criar racismo.
Exatamente, as cotas são racistas e geram racismo.
No Brasil temos preconceito de todo tipo, o maior deles é o social e uma camada disso se reflete de forma racista ao impingir automaticamente o rotulo de rico ao branco e de pobre ao não-branco.
Já o preconceito racial mesmo é bem pequeno.
Agora, preconceito é uma via de mão dupla, já sofri preconceito por ser branco (melhor dizendo, por não ser "nipodescendente") quando era lobinho em um grupo de japoneses organizado por um templo budista.
Também sofri duro preconceito na escola publica quando a classe media caiu e a classe média baixa passou a ser pobre.
Cadê minhas cotas pelo preconceito sofrido?
carlo escreveu:
Então, tá. A gente vai ficar esperando. Ou melhor: a gente não vai esperar, porque a sociedade brasileira resolveu investir nas cotas. Para horror da turma do Leblon e Higienópolis.
E para horror de todo pobre ou rico, branco ou não-branco que não foi beneficiado, ou mesmo que foi beneficiado, mas que têm um pingo de inteligência.
carlo escreveu:
A idéia dos que defendem cotas é a seguinte: educação de qualidade é pressuposto, serve para negros e brancos. Serve no longo prazo. E serviria mais ainda se essa fosse uma sociedade menos desigual. As cotas, por outro lado, dão um empurrãozinho a mais para aqueles que saem em desvantagem nessa corrida: os negros e seus descendentes, que foram escravizados durante mais de 3 séculos. Trata-se de fazer Justiça: trata-se de oferecer ferramentas diferentes para quem parte de condições diferentes.
Sim e beneficia os descendentes de negros escravagistas ao mesmo passo que cria uma desigualdade racista HOJE (e não uma que terminou há séculos) para brancos e não-brancos pobres. (não-brancos reprovados em tribunais racistas).
Tentar corrigir um erro de séculos atrás que JÁ FOI CORRIGIDO HÁ SÉCULOS QUANDO ABOLIRAM A ESCRAVIDÃO, criando um sistema racista hoje... essa é boa.
carlo escreveu:
A turma anticotas aceita, no máximo, no máximo, "umas cotas para pobres".
Claro, ao menos assim grupos de brancos pobres e de não-brancos pobres que não passam em tribunais racistas, não podem ser ainda mais prejudicados do que já são.
carlo escreveu:
Até entendo: assim, não se mexe na velha ferida do racismo, nas memórias dos navios negreiros.
Memórias de quem? Matuzalem?
Os únicos escravos e ex-escravos vivos hoje, são de todas as cores e viveram escravidão moderna gerada pela pobreza em um país terceiro mundista de merda cheio de gente ignorante.
A escravidão a que você se refere terminou em 1888 e NINGUÉM que mereceria algum tipo de reparação está vivo para reclamar.
Só quem reclama hoje é um bando de bebê chorão que fica chorando pra mamãe porque chamaram ele de nome feio.

carlo escreveu:
O "Estadão" (aquele jornal meio decadente de São Paulo), que eu saiba, também é contra as cotas. Mas isso não impediu o jornal de entrevistar um professor dos Estados Unidos que desmonta a tese de Ratzinger e seus asseclas.
Veja um trecho (a pergunta do repórter embute a tese da turma anti-cotas; e a resposta, direta, ajuda a desmontar a tese).
"(P) - Críticos das cotas para negros dizem que elas teriam o efeito colateral de "fomentar o ódio racial". O Brasil correria o risco de ser repartido em etnias. O sr. concorda?
Conforme dados oficiais do IBGE nos últimos 30 anos, o Brasil efetivamente já é uma sociedade bicolor. Pardos e pretos experimentam níveis de desigualdade e discriminações bastante parecidos e o IBGE juntou os dois grupos numa só categoria de ?negros?. Criar um sistema de cotas dividido em brancos e negros seria reconhecer a realidade social e racial do país. A sociedade brasileira não pode deixar de responder às marcadas e seculares desigualdades raciais que a afligem. “
Sugiro que vocês leiam a entrevista na íntegra. Até para notar como é confusa a edição feita pelo jornal.
O título (e o texto de abertura) dão a entender que o especialista é contra as cotas para os pobres. Mas o que ele afirma é diferente: "cota para pobres não vai resolver os problemas enormes dos afro-brasileiros que estão na luta para entrar, ou avançar, na classe média". Ou seja: cota para pobre não basta, seria preciso ir mais longe, combinar vários tipos de ação afirmativa.
O título escolhido pelo jornal deixa tudo na dúvida. Foi proposital?
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Opinião é igual cú, cada um tem o seu e esse "professor" está no direito dele de ser uma completa anta.
A situação no Brasil é abissalmente diferente da situação americana e nem lá eles precisam de cotas e ações afirmativas racistas como essa, que dirá os brasileiros.
Finalmente... nunca li tanta bobagem.
Um nome metido como Walt Disney, no Brasil pode virar Valdisnei.
O motivo disso eu não sei, só sei que sou o NadaSei.
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Para quem se interessa sobre o tema da compensação de grupos:
Penn and Teller Reparetions is Bullshit:
Part 1:
http://www.youtube.com/watch?v=o7B9QZlr8YQ
Part 2:
http://www.youtube.com/watch?v=ZmZ1yJSR ... re=related (aqui tem um exemplo de caso onde as reparações são legitimas)
Eles são muito engraçados.
Talvez vocês gostem desse:
The Bible is Bullshit: http://www.youtube.com/watch?v=qLF0EUY2lE8
Penn and Teller Reparetions is Bullshit:
Part 1:
http://www.youtube.com/watch?v=o7B9QZlr8YQ
Part 2:
http://www.youtube.com/watch?v=ZmZ1yJSR ... re=related (aqui tem um exemplo de caso onde as reparações são legitimas)
Eles são muito engraçados.

Talvez vocês gostem desse:
The Bible is Bullshit: http://www.youtube.com/watch?v=qLF0EUY2lE8
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- carlo
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Opnião é igual C... Palavras chulas que eu nunca proferí aquí, vai ser negro e ver o que isto vai dar!!!!! Tenho certeza, vc não gostará!!!!

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
carlo escreveu:Opnião é igual C... Palavras chulas que eu nunca proferí aquí, vai ser negro e ver o que isto vai dar!!!!! Tenho certeza, vc não gostará!!!!
Vai ser branco e pobre então... ai vai sentir o que é preconceito.
Para sofrer preconceito basta estar vivo, ficar choramingando e pedindo reparações por isso é coisa de menininha, principalmente quando falamos sobre meios que caçam os direitos alheio e criam sistemas racistas legítimos.
Quanto a palavras chulas, também não são do meu feitio, só solto baixezas dignas da minha pessoa em ocasiões especiais, como ,por exemplo, contra a defesa do racismo e de sistemas racistas.
Editado pela última vez por Valdisnnei em 17 Jun 2009, 05:15, em um total de 1 vez.
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Valdisnnei escreveu:carlo escreveu:Opnião é igual C... Palavras chulas que eu nunca proferí aquí, vai ser negro e ver o que isto vai dar!!!!! Tenho certeza, vc não gostará!!!!
Vai ser branco e pobre então... ai vai sentir o que é preconceito.
Para sofrer preconceito basta estar vivo, ficar choramingando e pedindo reparações por isso é coisa de menininha, principalmente quando falamos sobre meios que cassam os direitos alheio e criam sistemas racistas legítimos.
Quanto a palavras chulas, também não são do meu feitio, só solto baixezas dignas da minha pessoa em ocasiões especiais, como ,por exemplo, contra a defesa do racismo e de sistemas racistas.
PAPO FURRECO!!!! DIGNO DA SUA PESSOA!!!!

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Re: Oficializando o racismo no Brasil
carlo escreveu:Valdisnnei escreveu:carlo escreveu:Opnião é igual C... Palavras chulas que eu nunca proferí aquí, vai ser negro e ver o que isto vai dar!!!!! Tenho certeza, vc não gostará!!!!
Vai ser branco e pobre então... ai vai sentir o que é preconceito.
Para sofrer preconceito basta estar vivo, ficar choramingando e pedindo reparações por isso é coisa de menininha, principalmente quando falamos sobre meios que caçam os direitos alheio e criam sistemas racistas legítimos.
Quanto a palavras chulas, também não são do meu feitio, só solto baixezas dignas da minha pessoa em ocasiões especiais, como ,por exemplo, contra a defesa do racismo e de sistemas racistas.
PAPO FURRECO!!!! DIGNO DA SUA PESSOA!!!!
Resposta irracional digna de um racista.
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Valdisnnei escreveu:carlo escreveu:Valdisnnei escreveu:carlo escreveu:Opnião é igual C... Palavras chulas que eu nunca proferí aquí, vai ser negro e ver o que isto vai dar!!!!! Tenho certeza, vc não gostará!!!!
Vai ser branco e pobre então... ai vai sentir o que é preconceito.
Para sofrer preconceito basta estar vivo, ficar choramingando e pedindo reparações por isso é coisa de menininha, principalmente quando falamos sobre meios que caçam os direitos alheio e criam sistemas racistas legítimos.
Quanto a palavras chulas, também não são do meu feitio, só solto baixezas dignas da minha pessoa em ocasiões especiais, como ,por exemplo, contra a defesa do racismo e de sistemas racistas.
PAPO FURRECO!!!! DIGNO DA SUA PESSOA!!!!
Resposta irracional digna de um racista.
PAPO FURRECO!!!!!!!!! DIGNO DE UM RACISTA QUE DIZ NÃO SER!!!!

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Re: Oficializando o racismo no Brasil
carlo escreveu:PAPO FURRECO!!!!!!!!! DIGNO DE UM RACISTA QUE DIZ NÃO SER!!!!
A única pessoa que eu vi aqui no tópico defendendo apaixonadamente a manutenção do racismo foi você.

Um nome metido como Walt Disney, no Brasil pode virar Valdisnei.
O motivo disso eu não sei, só sei que sou o NadaSei.
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- carlo
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
ALIÁS VOU CHAMAR O KAMEL PARA VC, NA VERDADE VC DEVE GOSTAR MUITO DO CABÔCLO, SERÁ QUE ELE É CABÔCLO MESMO? ELE TEM A MESMA TEORIA IDIOTA QUE VC TEM, SERÁ QUE VC ´TÁ NO AQUÁRIO LÁ DAQUELA REDAÇÃO?
MAS É COMPREENSÍVEL!!!!!
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- carlo
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
Valdisnnei escreveu:carlo escreveu:PAPO FURRECO!!!!!!!!! DIGNO DE UM RACISTA QUE DIZ NÃO SER!!!!
A única pessoa que eu vi aqui no tópico defendendo apaixonadamente a manutenção do racismo foi você.
talvez, vc ou todos sejam o Acácio, talvez eu seja normal, já pensou nesta hipótese?

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Re: Oficializando o racismo no Brasil
carlo escreveu:ALIÁS VOU CHAMAR O KAMEL PARA VC, NA VERDADE VC DEVE GOSTAR MUITO DO CABÔCLO, SERÁ QUE ELE É CABÔCLO MESMO? ELE TEM A MESMA TEORIA IDIOTA QUE VC TEM, SERÁ QUE VC ´TÁ NO AQUÁRIO LÁ DAQUELA REDAÇÃO?
MAS É COMPREENSÍVEL!!!!!
Talvez o caboclo e eu pensemos assim por não estarmos infectados pela irracionalidade racista.
Mas podem chorar suas magoas e egos feridos...



Coitadinhos de nós... bua!!!





Essas crianças só sabem fazer bagunça...
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Re: Oficializando o racismo no Brasil
carlo escreveu:Valdisnnei escreveu:carlo escreveu:PAPO FURRECO!!!!!!!!! DIGNO DE UM RACISTA QUE DIZ NÃO SER!!!!
A única pessoa que eu vi aqui no tópico defendendo apaixonadamente a manutenção do racismo foi você.
talvez, vc ou todos sejam o Acácio, talvez eu seja normal, já pensou nesta hipótese?
Na hipótese de você ser normal? Definitivamente não!

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