Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

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Suyndara
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Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Suyndara »

Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina.
História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores.

A saga de Moisés, o profeta que teria arrancado seu povo da escravidão no Egito e fundado a nação de Israel, tem bases muito tênues na realidade, segundo as pesquisas arqueológicas mais recentes. É praticamente certo que, em sua maioria, os israelitas tenham se originado dentro da própria Palestina, e não fugido do Egito. O próprio Moisés tem chances de ser um personagem fictício, ou tão alterado pelas lendas que se acumularam ao redor de seu nome que hoje é quase impossível saber qual foi seu papel histórico original.


É verdade que as opiniões dos pesquisadores divergem sobre os detalhes específicos do Êxodo (o livro bíblico que relata a libertação dos israelitas do Egito) que podem ter tido uma origem em acontecimentos reais. Para quase todos, no entanto, a narrativa bíblica, mesmo quando reflete fatos históricos, exagera um bocado, apresentando um cenário grandioso para ressaltar seus objetivos teológicos e políticos.

Airton José da Silva, professor de Antigo Testamento do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), resume a situação: "O Moisés da Bíblia é
claramente 'construído'. Pode até ter existido um Moisés lá no passado que inspirou o dos textos, mas nada sabemos dele com segurança. Nas minhas aulas de história de Israel, começo com geografia e passo para as origens de Israel em Canaã [antigo nome da Palestina], não trato mais de patriarcas e nem do Êxodo".

Data-limite
Os pesquisadores dispõem há muitos anos do que parece ser a data-limite para o fim do Êxodo. Trata-se de uma estela (uma espécie de coluna de pedra) erigida pelo faraó Merneptah pouco antes do ano 1200 a.C. A chamada estela de Merneptah registra uma série de supostas vitórias do soberano egípcio sobre territórios vizinhos, entre eles os de Canaã. E o povo de Moisés é mencionado laconicamente: "Israel está destruído, sua semente não existe mais". Não se diz quem liderava Israel nem que regiões eram abrangidas por seu território. Trata-se da mais antiga menção aos ancestrais dos judeus fora da Bíblia.

Imagem

Inscrição em hieróglifos feita sob ordem do faraó Merneptah pouco antes de 1200 a.C. Esse trecho do texto diz: "Israel está destruído, sua semente não existe mais" (Foto: Reprodução)

Se a saída dos israelitas do Egito ocorreu, ela precisaria ter acontecido antes disso. A Bíblia relata que, cerca de 400 anos antes de Moisés, os ancestrais do povo de Israel, liderados pelo patriarca Jacó, deixaram seu lar na Palestina e se estabeleceram no norte do Egito, junto à parte leste da foz do rio Nilo. Os egípcios teriam permitido esse assentamento porque, na época, o mais importante funcionário do faraó era José, filho de Jacó. Décadas mais tarde, um novo faraó teria ficado insatisfeito com o crescimento populacional dos descendentes do patriarca e os transformado em escravos.

Por algum tempo, arqueólogos e historiadores acharam que haviam identificado evidências em favor dos elementos básicos dessa trama. É que, por volta do ano 1700 a.C., a região da foz do Nilo foi dominada pelos chamados hicsos, uma dinastia de soberanos originários de Canaã e de etnia semita, tal como os israelitas. (O nome "Jacó", muito comum na época, está até registrado entre nobres hicsos.)

Pouco mais de um século mais tarde, os egípcios expulsaram a dinastia estrangeira de suas terras. Isso mataria dois coelhos com uma cajadada só. Explicaria a ascensão meteórica de José na burocracia egípcia, graças à proximidade étnica com os hicsos, e também por que seus descendentes foram escravizados -- eles teriam sido associados à ocupação estrangeira no Egito.

O problema com a idéia, no entanto, é que não há nenhuma menção aos israelitas ou a José e sua família em documentos egípcios ou de outros reinos do Oriente Médio nessa época. Pior ainda, até hoje não foi encontrado nenhum sítio arqueológico no Sinai que pudesse ser associado aos 40 anos que os israelitas teriam passado no deserto depois de deixar o Egito.

ImagemReprodução
O mosteiro de Santa Catarina, no Sinai, é tradicionalmente identificado com o local onde Moisés teve seu encontro com Javé (Foto: Reprodução)

Os textos egípcios também não falam em nenhum momento da fuga liderada por Moisés, se é que ela ocorreu. "Isso é um problema grave. O argumento de que os egípcios não registravam derrotas é falso: a saída de um pequeno grupo nem era um revés, e eles relatavam derrotas sim, mesmo quando diziam que tinha sido um empate", afirma Airton José da Silva.

Apiru = hebreus?
Para Milton Schwantes, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, outro problema com a ligação entre os israelitas e os hicsos é dar ao Êxodo uma dimensão muito mais grandiosa do que seria razoável esperar do evento. "É uma cena de pequeno porte -- estamos falando de grupos minoritários, de 150 pessoas fugindo pelo deserto. Em vez do exército egípcio inteiro perseguindo essa meia dúzia de pobres e sendo engolido pelo mar, o que houve foram uns três cavalos afundando na lama", brinca Schwantes.

Ele é menos pessimista em relação aos possíveis elementos de verdade histórica na narrativa do Êxodo. Os israelitas são freqüentemente chamados de "hebreus" nesse livro da Bíblia, uma mistura de nomenclaturas que deixou os estudiosos com a pulga atrás da orelha. Documentos do Oriente Médio datados (grosso modo) entre 2000 a.C. e 1200 a.C., porém, falam dos habiru ou apiru -- grupos que parecem ter vivido às margens da sociedade, atuando como trabalhadores migrantes, escravos, mercenários ou guerrilheiros.

"Ou seja, os hebreus talvez não fossem um grupo étnico, mas uma categoria social, de pessoas que muitas vezes eram forçadas a participar de grandes construções no Egito, sem receber o necessário para o seu sustento", afirma Schwantes. Ele também vê sinais de memórias históricas antigas nos nomes de algumas cidades egípcias mencionadas na narrativa do Êxodo -- lugares que foram ocupados por um período relativamente curto de tempo, por volta de 1200 a.C.

"O próprio nome de Moisés é um nome egípcio que os israelitas não entenderam", diz Schwantes. Parece ser a terminação "-mses" presente em nomes de faraós como Ramsés e quer dizer "nascido de" algum deus -- no caso de Ramsés, "nascido do deus Rá". No caso do líder dos israelitas, falta a parte do nome referente ao deus.

Mar: Vermelho ou de Caniços?
O momento mais famoso da saída dos israelitas do Egito é o confronto entre Moisés e o exército egípcio no Mar Vermelho, quando, por ordem de Deus, o profeta abre as águas para seu povo passar e as fecha para engolir os homens do faraó. No entanto, é possível que a história original tenha se referido não a águas oceânicas, mas a um pântano.

Explica-se: o sentido original do hebraico Yam Suph, normalmente traduzido como "Mar Vermelho", parece ser "Mar de Caniços", ou seja, uma área cheia dessas plantas típicas de regiões lacustres. Assim, nas versões originais da lenda, afirmam estudiosos do texto bíblico, os "carros e cavaleiros" do Egito teriam ficado presos na lama de um grande pântano, enquanto os fugitivos conseguiam escapar. Conforme a tradição oral sobre o evento se expandia, os acontecimentos milagrosos envolvendo a abertura de um mar de verdade foram sendo adicionados à história.

O dado mais importante sobre a dimensão real do Êxodo, no entanto, talvez venha da Palestina. Israel Finkelstein, arqueólogo da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, conta que uma série de novos assentamentos associados às antigas cidades israelitas aparecem na Palestina por volta da mesma época em que a estela de Merneptah foi erigida. Acontece que a cultura material -- o tipo de construções, utensílios de cerâmica etc. -- desses "israelitas" é idêntica à que já existia em Canaã antes de esses assentamentos surgirem. Tudo indica, portanto, que eles seriam colonos nativos da região, e não vindos de fora.

Para Finkelstein, isso significa que a história do Êxodo foi redigida bem mais tarde, por volta do século 7 a.C. O confronto com o Egito teria sido usado como forma de marcar a independência dos israelitas em relação aos vizinhos, que estavam tentando restabelecer seu domínio na Palestina. A figura de Moisés, talvez um herói quase mítico já nessa época, teria sido incorporada a essa versão da origem da nação.


Fonte: Globo notícias - edição especial "ciência da fé"
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Fernando Silva
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

1. A lenda do nascimento de Moisés, enviado boiando num cesto rio abaixo, é cópia da lenda de Sargão. E há outros casos semelhantes.

2. Acredita-se que os judeus viviam nas montanhas e eram pastores, enquanto que os cananeus viviam nos vales e eram lavradores. Os dois povos trocavam seus produtos. Quando os cananeus foram embora devido à seca, os judeus ocuparam suas cidades abandonadas.

Este texto:
http://www.bidstrup.com/bible.htm

analisa as origens dos textos da Bíblia, tanto do AT como do NT, e sua historicidade em relação aos registros histórios e arqueológicos. Aborda muitos dos assuntos do texto do Globo Notícias.

Há uma tradução no site da STR:
http://www.str.com.br/Atheos/biblia2.htm

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Suyndara
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Suyndara »

O interessante é que no início do ano os evangélicos fizeram o maior auê com a descoberta do túmulo de Ratsepsut, que segundo eles seria a mãe-adotiva de moisés :emoticon26:

E claro, isso para eles foi prova infalível de que as escrituras estavam certas.

Olha só o disparate desse texto: http://www.genesisrevista.com/colunas.php?col=13

Vamos raciocinar: O nascimento de Moisés foi no ano 1526aC. Em 1446aC Moisés tinha 80 anos, antes do êxodo (Ex 7.7), 120 anos na sua morte (Dt 3.4,7). Quando morre o faraó Amenotepe, o monarca vigente foi substituído por Tutmosis I (1516-1512 aC). Foi ele que decretou o infantícidio. Era um plebeu que se casou com a filha do rei. Evidências bíblicas apontam para Tutmosis I ser o pai de Hatsepsut. Na seqüência dos faraós do antigo Egito, Tutmosis II sucedeu a Tutmosis I (1512-1504 aC), casando com sua meia-irmã mais velha Hatshepsut. Faleceu prematuramente aos 30 anos de idade em circunstância desconhecida e misteriosa. Próximo da morte Tutmosis II nomeou como seu co-regente e herdeiro a Tutmosis III (1450-1404 aC). Sendo bem mais novo que sua oponente, rainha faraó que reinou pelo período de 1502 a 1482. Governava com eficiência e poder. Sendo Tutmosis III filho de uma concubina, odiava a rainha faraó, mais era impotente para agir. Esperou o momento certo para levar seu intento maléfico


:emoticon12: :emoticon12:

Viram? Moisés seria faraó, aliás os hebreus eram sempre bem cotados :emoticon10:

[]s
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Fernando Silva
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

Suyndara escreveu:O interessante é que no início do ano os evangélicos fizeram o maior auê com a descoberta do túmulo de Ratsepsut, que segundo eles seria a mãe-adotiva de moisés :emoticon26:

E claro, isso para eles foi prova infalível de que as escrituras estavam certas.

E King Kong existe, já que N.York existe.
Quando morre o faraó Amenotepe, o monarca vigente foi substituído por Tutmosis I (1516-1512 aC). Foi ele que decretou o infantícidio.

Que depois serviu de inspiração para o infanticídio de Herodes. Que, aliás, não é relatado em mais lugar nenhum e parece ter desaparecido da memória de todos em menos de uma geração.

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Res Cogitans
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Res Cogitans »

Fernando Silva escreveu:
Suyndara escreveu:O interessante é que no início do ano os evangélicos fizeram o maior auê com a descoberta do túmulo de Ratsepsut, que segundo eles seria a mãe-adotiva de moisés :emoticon26:

E claro, isso para eles foi prova infalível de que as escrituras estavam certas.

E King Kong existe, já que N.York existe.
Quando morre o faraó Amenotepe, o monarca vigente foi substituído por Tutmosis I (1516-1512 aC). Foi ele que decretou o infantícidio.

Que depois serviu de inspiração para o infanticídio de Herodes. Que, aliás, não é relatado em mais lugar nenhum e parece ter desaparecido da memória de todos em menos de uma geração.


Ano passado saiu uma edição da História Viva sobre o Natal, quando vi que uma das matérias trabalhava a questão do infanticídio e da visita dos 3 reis magos eu desisti de comprar.
*Estou REALMENTE muito ocupado. Você pode ficar sem resposta em algum tópico. Se tiver sorte... talvez eu lhe dê uma resposta sarcástica.

*Deus deixou seu único filho morrer pendurado numa cruz, imagine o que ele fará com você.

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Fernando Silva
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

Res Cogitans escreveu:Ano passado saiu uma edição da História Viva sobre o Natal, quando vi que uma das matérias trabalhava a questão do infanticídio e da visita dos 3 reis magos eu desisti de comprar.

Na verdade, o texto mostra de onde surgiram os elementos que hoje compõem a história do Natal, a partir de algumas poucas e contraditórias menções nos evangelhos canônicos.

Fala dos elementos emprestados de supostas profecias no AT, de influências de outras religiões, de coisas tiradas dos apócrifos e do progressivo enriquecimento da mitologia tanto por iniciativa da ICAR quanto pela cultura popular. Também fala em como ele se espalhou pelo mundo católico e protestante.

Os autores não parecem ter sido influenciados pela fé naquilo que descreveram, talvez pelo contrário.

Rodrisou
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

Escrevi uma resposta completa, com observações a respeito do perfil das divulgações de matérias afins, aqui:
"Moisés pode ter existido, sugere pesquisa arqueológica"
http://informadordeopiniao.blogspot.com ... ugere.html

O título fora deliberadamente provocativo.

Rodrisou
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

Escrevi uma crítica minunciosa e centrada à matéria, no meu blog:
http://informadordeopiniao.blogspot.com ... ugere.html

além de refutações e discussões ponto por ponto, admoestações respeitosas aos entrevistados a quem respeito muito, aproveitei para discutir o sensacionalismo barato no tratamento midiático de pesquisas afins, além da questão do cuidado e correção retórica acadêmica.

Abraços,

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Zato-one
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Zato-one »

Rodrisou escreveu:Escrevi uma crítica minunciosa e centrada à matéria, no meu blog:
http://informadordeopiniao.blogspot.com ... ugere.html

além de refutações e discussões ponto por ponto, admoestações respeitosas aos entrevistados a quem respeito muito, aproveitei para discutir o sensacionalismo barato no tratamento midiático de pesquisas afins, além da questão do cuidado e correção retórica acadêmica.

Abraços,


Afff... que longo.... vou ler depois, tou muito ocupado...
Rodrisou, nem Jesus existiu. Se existiu, foi um rebelde(ou terrorista, se preferir) contra o imperio romano, que foi martirizado para ser como outras lendas. Pesquise por Hórus.
"As religiões proliferam com o sofrimento de nosso povo."

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carlo
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por carlo »

Ja tinha lido sobre estas pesquisas, lendo bidstrup, mas é sempre bom reler para não esquecer os detalhes.
Imagem

NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!

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Fernando Silva
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

O museu de Jerusalém está cheio de artefatos das outras civilizações e praticamente nada dos israelitas.
E olha que ele é mantido por judeus.
Isto dá uma ideia da importância de Israel em relação aos outros povos antigos: irrisória.

Rodrisou
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

Também escrevi sobre Hórus. Postei a respeito da tão falada "ressurreição" dele aqui:
http://adcummulus.blogspot.com/2009/04/ ... horus.html
Deixo lá até a Estela que relata.

Ou seja, quando temos acesso às fontes primárias as imagens mudam um tanto. E quase todo mundo na internet pentelha e se lambuza no melado que nunca comeu ao tratar com essa questão de religião comparada, nunca se dando ao trabalho de pedir as fontes primárias.

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Zato-one
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Zato-one »

Rodrisou escreveu:Também escrevi sobre Hórus. Postei a respeito da tão falada "ressurreição" dele aqui:
http://adcummulus.blogspot.com/2009/04/ ... horus.html
Deixo lá até a Estela que relata.

Ou seja, quando temos acesso às fontes primárias as imagens mudam um tanto. E quase todo mundo na internet pentelha e se lambuza no melado que nunca comeu ao tratar com essa questão de religião comparada, nunca se dando ao trabalho de pedir as fontes primárias.


Sim, li.... e dae?
A conclusão que chegou?
A minha é que o cristianismo bebeu dessa fonte.


É tudo LENDA!
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Fernando Silva
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

Rodrisou escreveu:Também escrevi sobre Hórus. Postei a respeito da tão falada "ressurreição" dele aqui:
http://adcummulus.blogspot.com/2009/04/ ... horus.html
Deixo lá até a Estela que relata.

Ou seja, quando temos acesso às fontes primárias as imagens mudam um tanto. E quase todo mundo na internet pentelha e se lambuza no melado que nunca comeu ao tratar com essa questão de religião comparada, nunca se dando ao trabalho de pedir as fontes primárias.

As fontes primárias, ou seja, tabuletas de barro com os mitos originais dos sumérios, nos dizem que o Gênesis é uma cópia descarada de mitos preexistentes:
viewtopic.php?f=1&t=19166&p=384675&

Rodrisou
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

Bem,
se leu e continua assim, não posso fazer nada, gosto que as pessoas pensem por si mesmas, ainda que publicamente não dêem o braço a torcer, elas têm que conviver com sua própria consciência; e o tom que eu gosto de discutir é mais adulto.
'''''''''''''''''''''''''''
Agora, os contos mesopotâmios, como a Lista dos Reis Sumérios, o Épico Atrahasis, e o Gênesis de Eridu, atestam a antiguidade das tradições dos textos de Gênesis e também que eles partilham de um substrato cultural comum com outros mitos do Oriente Próximo (a bem da verdade, diversos povos espalhados no mundo todo possuem mitos correlatos, e muitos mesmo crêem até num tipo de "queda" dos ancestrais ante seus deuses, bem como digressões modernas em Rousseau - para falr de sua visão da origem da propriedade, Freud - para falar da sua visão da origem da moral, etc.). Não foram cópias diretas - a tônica, o sentido dos símbolos, o pano de fundo moral, etc., são extremamente diferentes - mas derivaram desse substrato comum - lembremos com Aristóteles, Hume e Popper que correlação não implica nexo causal -, circulando a partir do que ficou marcado nos signos humanos, canções, contos, mitos, expressões, até modos de expressão, figuras de linguagem, etc. Muita coisa foi repassada dos pais aos filhos desde a infância às rodas de fogueira, conversas ao rio, etc. introjetando.

Agora, não atiremos papel no ventilador. Se detenham na pauta, sobre a matéria. Ficou claro que como muitos apegaram-se sofregamente a uma que destaca "pode não ter" e "sugere" que quem nunca comeu melado, quando come se lambuza.

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Zato-one
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Zato-one »

Falou, falou e não disse nada. Aliás, disse sim, que o gênesis é uma chupinhação de textos antigos, e como sendo influências de outros textos e lendas, a base das religiões cristã e judaícas não são autênticas e sim falsas e manipuladoras.
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

É por coisas assim que eu não participo desses fóruns; são piores do que "pátio de escola". Como meu objetivo já foi cumprido, deixei lá divulgada a análise do texto (que como frisei, ultra respeitosa, pois o prof. Airton e o prof. Schwantes são dois explêndidos biblistas brasileiros e cristãos de testemunho ilibado) e as contrapartes.

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Apo
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Apo »

Rodrisou escreveu:É por coisas assim que eu não participo desses fóruns; são piores do que "pátio de escola". Como meu objetivo já foi cumprido, deixei lá divulgada a análise do texto (que como frisei, ultra respeitosa, pois o prof. Airton e o prof. Schwantes são dois explêndidos biblistas brasileiros e cristãos de testemunho ilibado) e as contrapartes.


O que vem a ser excelente biblista e cristão de testemunho ilibado? Gente irrefutável? E ultra-respeitosa? :emoticon26:
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

Aliás, mais uma lambuzisse de quem nunca comeu melado: o relato do infanticídio herodiano não se inspirou de forma alguma nesse, a não ser para quem só queira pirraçar gratuitamente. Aliás, o evangelista leu-o à luz de Jeremias 31, no método de interpretação chamado Remez, muito usado nas escolas dos mestres judeus.

E sobre o porquê de não ter registros a respeito afora as fontes primárias, os evangelhos, não vejo historiadores ali dando destaque a morte de umas vinte crianças ao máximo em uma pequena vila num ato perfeitamente corriqueiro por parte de quem o impetrou.

Bem, abraços, e adeus.

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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Apo »

não vejo historiadores ali dando destaque a morte de umas vinte crianças ao máximo em uma pequena vila num ato perfeitamente corriqueiro por parte de quem o impetrou.


:emoticon5: :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5:
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Pedro Reis
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Pedro Reis »

Fala sério!

Se Moisés existiu Papai Noel também existe.

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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

Rodrisou escreveu:Não foram cópias diretas - a tônica, o sentido dos símbolos, o pano de fundo moral, etc., são extremamente diferentes - mas derivaram desse substrato comum - lembremos com Aristóteles, Hume e Popper que correlação não implica nexo causal

Não implica quando são povos diferentes em lugares distantes uns dos outros, mas os judeus viviam na mesma região que sumérios e babilônios e, sendo um povinho insignificante, adotou língua, cultura e deuses das grandes civilizações ao redor.

Sim, claro, com o tempo - e devido à influência dos monoteístas persas - tornaram-se monoteístas.
E adotaram os conceitos de céu e inferno dos egípcios, gregos e persas.

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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

Apo escreveu:
não vejo historiadores ali dando destaque a morte de umas vinte crianças ao máximo em uma pequena vila num ato perfeitamente corriqueiro por parte de quem o impetrou.


:emoticon5: :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5: :emoticon5:

Acho que ele quer dizer que o massacre de Herodes só envolveu umas 20 crianças e ninguém se deu ao trabalho de registrá-lo.

Na verdade, Herodes matou seus próprios parentes que podiam tentar tomar-lhe o trono.

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Fernando Silva
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Fernando Silva »

Rodrisou escreveu:Aliás, mais uma lambuzisse de quem nunca comeu melado: o relato do infanticídio herodiano não se inspirou de forma alguma nesse, a não ser para quem só queira pirraçar gratuitamente. Aliás, o evangelista leu-o à luz de Jeremias 31, no método de interpretação chamado Remez, muito usado nas escolas dos mestres judeus.

"Método de interpretação" = processo pelo qual se ajeitam os fatos para que correspondam àquilo que queremos provar. Claro, fica ainda mais nebuloso quando interpretamos, não fatos, mas lendas tomadas como fatos.

E sim, o massacre dos inocentes é uma invenção baseada em Jeremias. Nada melhor para dar credibilidade a um texto que se basear em textos consagrados pela tradição.
Rodrisou escreveu:E sobre o porquê de não ter registros a respeito afora as fontes primárias, os evangelhos, não vejo historiadores ali dando destaque a morte de umas vinte crianças ao máximo em uma pequena vila num ato perfeitamente corriqueiro por parte de quem o impetrou.

Como você sabe que só foram 20 crianças, no máximo, em uma pequena vila?
Onde estão suas "fontes primárias" ?

Rodrisou
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Re: Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Mensagem por Rodrisou »

Minha última participação nesse pátio de escola:

Alguns mencionam que o fato do extermínio das crianças por parte de Herodes não teria passado despercebido de historiadores como Flávio Josefo. Contudo, devemos considerar o porte do evento, alguma coisa relacionada a “Casus Belli”, e a trajetória geral de Herodes. Neste último fator, diante dos precedentes de chacinas de Herodes ante sua família e várias pessoas próximas a si, e outras tantas atrocidades, não seria algo excepcional. Dada a magnitude de Belém, sendo que Raymond E. Brown faz um estudo amplo a respeito que inclui um leasing das pesquisas sobre Belém à época, que apontam que não teria mais de mil habitantes [ Brown, Raymond E. "O Nascimento do Messias: comentário das narrativas da infância nos Evangelhos de Mateus e Lucas". São Paulo: Paulinas, 2005]e, assim Brown e outros estimam que o infanticídio deveria ter atingido cerca de 20 crianças - obs. Brown não acredita na historicidade da passagem; e o fato não se relaciona a alguma insurreição coletiva ou guiada por líderes carismáticos, afastamos o “casus belli”; fora um evento então que poderia sim não ter chamado a atenção de Josefo e outros.

E uma análise sóbria e tranquila de Mateus vê que ele buscou enxergar o texto à luz do Remetz sobre a passagem, na perspectiva messiânica, posteriormente. Foi um evangelho com o objetivo de apresentar para os judeus fiéis que o o movimento cristão era o cumprimento do judaísmo e coerente para ser seguido pelos judeus.

Os cristãos antigos buscavam na Escritura a coerência interna para sua confiança messiânica confirmada pela ressurreição de Jesus. Retomavam eventos da vida de Jesus e destacavam-nos pela sua significação para a Igreja. Não buscavam "mascarar" a alusão, escondê-la. A apresentavam abertamente, dizendo que “aconteceu segundo as Escrituras”, o que conta, pois caso contrário poderia sim ser interpretado como um macete para dizer aos judeus não-cristãos: “olha só, estamos provando pra vocês”, no que, é claro, poderiam esperar contra-respostas: “o quê, vocês estão inventando os relatos para casarem com as Escrituras”. Eles deviam imaginar que, diante de respostas assim, poderiam ter com o que argumentar que não estavam forjando.

Com esse procedimento buscavam descortinar o que entendiam como o propósito maior de Deus na história atuando nos acontecimentos de Jesus. De forma tão natural que dá pra se imaginar que nem supunham que alguém iria querer usar isso justamente para desacreditá-los; antes, as controvérsias seriam se as Escrituras realmente apontavam para aquilo. Aliás, diziam que Jesus cobrava esse entendimento deles e se referenciava assim.

Agora estou retirando meu login da lista, pois como eu digo, não faz sentido pra mim participar de disputas de respostas de pátio de escola, quem "cutuca" e ataca e irrita o outro mais.

Mas, como o assunto específico era a matéria, valeu pelo espaço para divulgar uma resposta para ela. Espero que, como pessoas que buscam se convencer que têm espírito crítico, possam também discutir a minha resposta entre si [ou se apegar unilateralmente e acriticamente a ela].

Tudo de bom pra vocês.

Trancado