Acauan escreveu:Apo escreveu:Hum, eu imagino que determinada tendência possa ser exacerbada pelo ambiente encontrado. Numa sociedade onde alguns assuntos são tabus, o tarado sabe que as informações não vazam assim tão fácil, não se tornam públicas e costuma-se fazer cara de paisagem para manifestações que gerariam franca exposição em outra situação mais...liberal.
Me parece o contrário, Apo.
Quando um tabu é violado tem-se o escândalo e quanto mais repressivo o ambiente maior o escândalo será. Claro que o grupo praticante do ato ilícito tentará esconder o fato e pode até ser protegido por alguns próximos que tenham interesse em que a coisa não venha a público, mas uma vez cruzada esta linha defensiva é impossível conter a repercussão.
Pode ser, sob a perspectiva de quem observa sem estara envolvido. Imagino que a fantasia e o modelo psíquico de alguns pervertidos funcione através de um mecanismo de compensação ao tabú pura e simples. Para nós ( normais ) e a sociedade como um todo, o tabú adquire configuração de controle ( mesmo sendo hipócrita e falho, isto é outro assunto...). Para aquele que teve, por algum motivo, a mente forjada em um misto de culpa, raiva e prazer, pode significar o ambiente que, além de satisfazê-lo, satisfaz algo punitivo dentro do processo dele ( que o pune pela proibição em si ). Daí o prazer no jogo do mater em segredo.
É mais do que a parte racional dele agindo em sua defesa, é o alimento de sua perversão, uma vez que é proibido.
Quanto a ser maior o escândalo em ambientes repressores, vale SE ocorrer o vazamento. Mas eles sempre vão levando adiante, pois confiam que não haverá vazamento. É um processo interno deles, que pode ser apenas fantasia, mas se sustenta na crença da opressão condicionada.
Tirando que crianças que não sabem como as coisas podem ser diferentes ( denúncia, pena e liberação da culpa delas) costumam ser passivas e até confiar no que o abusador pede e exige.
Apo escreveu:Quando se proíbe, não se costuma falar bem e nem mal do assunto. Grandes escândalos só se vêem a pauta quando a situação não pode mesmo ser enfiada para debaixo do tapete.
Sei não. Pegue o exemplo do homossexualismo. Enquanto foi um tabu nunca houve disto de não falar nem mal, nem bem ou enfiar debaixo do tapete. Uma família podia tentar esconder um filho homossexual, mas bastava alguém de fora descobrir para que as fofocas se espalhassem. Nunca houve disto de fingir que não viu nestes casos.
Discordo totalmente. Nem se cogitava uma filha ser lésbica há 5 ou 6 décadas atrás. Nem em sonhos mais obtusos. E elas ficavam apenas "pra titia". Achavam que não tinham conseguido um partido a altura.
E mais, muitos se casavam e tinham filhos, vivendo uma vida de abstenção homo ou até uma vida dupla em total segredo.
Conheço um caso clássico. O rapaz ( de uma família muito católica e fervorosa) com 4 irmãos e 2 irmãs hetero era visivelmente afeminado. JAMAIS se comentou qualquer coisa na família ou no grupo da igreja.
Muito pelo contrário: algumas tias dele ( que eu desconfiava homo tb, mas solteironas) queriam que ele fosse mais à missa e conversasse com o padre porque ele era muito tímido e talvez o padre o apresentasse a uma moça da sociedade, para um futuro casamento ( ele já estava na casa dos 30).
Resultado: um dia acharam o rapaz assassinado no apartamento. Até hoje os velhos afirmam ( horrorizados) que um ladrão entrou e o matou para roubar.
Mas a notícia no jornal foi outra: ele tinha um amante em segredo total. Tentou se livrar do "mal", terminando o relacionamento e o cara se revoltou e o matou.
JAMAIS a família falou sobre tal assunto. Como se a notícia não dissesse respeito a mesma pessoa.
Apo escreveu:Sabedor disto ( pois a maioria é tarada com requintes estratégicos, e não néscia despreocupada), eles vão agindo de acordo com a "facilidade" oferecida pelo tabu.
Ainda acho que não bate. Peguemos o exemplo dos padres pedófilos. Os casos de acobertamento por parte das dioceses foram devidos ao corporativismo eclesiástico, não a algum efeito dissipador do tabu sobre o impacto das atividades. Quando os bispos não tiveram mais como por panos quentes a casa caiu.
Pois eu acho que nunca cái. Eles continuam agindo e se escondendo por detrás da famigerada batina.
Existe corporativismo porque o fiéis se negam aceitar que aquele padre querido, que vive almoçando em casa e dando bons conselhos nas horas difíceis possa pensar "nestas coisas". Como se o cara fosse assexuado.
Apo escreveu:Pelo menos eu acredito que seja assim.
É como o traficante que oferece drogas numa comunidade onde não se fala sobre o assunto pois é melhor não falar "nestas coisas para não estimular ainda mais".
O silêncio sobre as atividades dos traficantes de drogas é imposto pela violência e pelo terror, não por alguma precaução das comunidades quanto aos efeitos estimuladores de seus comentários.
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Também, assim como o tal corporativismo eclesiático. As armas de manutenção de tabus podem surgir das duas partes. Basta que o ambiente seja repressor por algum motivo.
O problema é que o ser humano não quer enfrentar a dor. Seja ela de que tipo for. Vai levando, manobrando, mudando de assunto, se horrorizando e logo fazendo de conta que aquilo é uma espécie de ficção que só acontece com os outros.
Pervetidos sabem disto. Eles mesmos escondem a verdade de si mesmos.