
Mesmo sem livros conhecidos, Collor é o mais novo membro da Academia Alagoana de Letras
MACEIÓ E RIO - Apesar de não ter livros conhecidos, o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) foi eleito nesta quarta-feira membro da Academia Alagoana de Letras (AAL). Collor passa a ocupar a cadeira 20, deixada pelo médico Ib Gatto Falcão, morto no ano passado. A eleição foi feita com base nos artigos publicados em jornais. O senador recebeu 22 dos 30 votos, inclusive o de Lêdo Ivo, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), que enviou o seu voto por correio. A votação foi secreta. Oito acadêmicos votaram em branco.
Collor dividirá espaço na história da academia com nomes como Jorge de Lima, considerado o "príncipe dos poetas alagoanos" e o lexicógrafo Aurélio Buarque de Hollanda. A posse deve ser este ano. Arnon de Mello, pai de Collor, foi membro da academia alagoana. Era jornalista e teve livros publicados.
O senador, que era o candidato único, não esteve presente por causa das discussões sobre o pré-sal. Ele foi representado pelo presidente do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello (OAM), Carlos Mendonça:
- O senador Fernando Collor está muito feliz e satisfeito com a escolha do seu nome para ingressar na Academia Alagoana de Letras - declarou Mendonça.
Carlos Mendonça destacou que para o senador é uma grande vitória poder ocupar uma cadeira na qual esteve sentado o Dr. Ib Gatto Falcão e estar na casa que um dia também foi ocupada por seu pai, o senador Arnon de Mello.
Collor informou à Academia ter publicado os seguintes livros: "Reforma política e sistema de governo", "O desafio de Maceió", "Maceió: 20 anos em 3", "Manual dos municípios", "Brasil: um projeto de reconstrução nacional" e "Relato da História", este último o discurso de Collor na posse no Senado, impresso pela gráfica do Senado e distribuído pelo correio.
Alguns têm títulos semelhantes a artigos publicados na "Gazeta de Alagoas", da família Collor. Mendonça, disse que o material foi publicado:
- A contribuição de Collor é inimaginável. A proximidade com o poder público pode ajudar. É relevante que tenhamos pela primeira vez um ex-presidente da República na academia.
- O livro é importante, mas Getulio Vargas e Ataulfo de Paiva (advogado) não publicaram livros e eram membros da Academia Brasileira. Não é novo em Alagoas - justificou Antônio Sapucaia, membro da AAL.
- Os discursos do Collor são muito inteligentes, como um sobre o Papa Bento XVI - disse o presidente da academia, Dom Fernando Iório.
Mês passado, Collor, em discurso do Senado, disse estar "obrando" na cabeça de um jornalista . Também pediu que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) "engolisse e digerisse como achasse conveniente" o próprio discurso .
Fernando Collor foi eleito presidente da República em 1989 e renunciou em 1992 cargo na tentativa de evitar um processo de impeachment em decorrência de acusações de corrupção. Embora tenha renunciado, o processo prosseguiu e Collor teve seus direitos cassados por oito anos. Só foi eleito novamente para cargo público em 2006, como senador por Alagoas.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/0 ... 436068.asp