As Religiões da Liberdade
As Religiões da Liberdade
As Religiões da Liberdade*
Por Acauan
Liberdade de religião é um assunto muito batido.
Por isto, hoje vou falar da religião da Liberdade, ou melhor, das religiões da Liberdade.
A Liberdade, no caso agora, não é aquele atributo associado à autodeterminação do indivíduo, que tanto apreciamos e sem o qual não seríamos quem somos.
Falo do bairro da Liberdade, o charmoso enclave oriental no centro de São Paulo, nossa Chinatown, onde podemos caminhar entre um monte de lojas que vendem quinquilharias chinesas e descobrir nas entrelinhas desta vulgaridade o antigo espírito da cidade, onde muitas nações convivem e formam uma única.
Mas o assunto aqui não é a colônia oriental, japonesa (a maioria), chinesa e coreana que ocupa o espaço entre a Praça da Sé e o começo do Cambuci (quem não é de São Paulo nem queira saber onde é isto).
Para o observador da religião aqueles quarteirões em torno do antigo Largo da Forca, hoje Largo da Liberdade, são um tesouro antropológico.
Meus filhos gostam de andar por lá, por isto, vez por outra circulo por aquelas bandas para ver vitrines que exibem katanas fabricadas em linhas de montagem e outros souvenires tão autênticos quanto uma nota de três dólares.
Mas o legal mesmo é topar com as versões nipônicas daqueles estereótipos de pregadores religiosos com os quais cruzamos (ou evitamos) no nosso dia a dia.
Eles estão todos lá, mas pitorescamente recriados no clima do bairro. Orientalizados, digamos assim.
Comecemos pelas Testemunhas de Jeová.
A lembrança primeva que tenho desta seita é a de seus pregadores de campo, batendo de porta em porta para avisar que o mundo ia acabar qualquer dia destes, entre amanhã e o dia em que morresse o último sei-lá-quem que tava vivo em 1914 (não olhem para mim, perguntem para eles o que significa isto).
O notável é que desde então passei a acreditar que aqueles pentelhos de maletinha e revistinha na mão tinham algum poder mágico, pois quando eles apareciam na esquina, faziam desaparecer todo mundo que tava na calçada, lavando seus carros na manhã de domingo (quem não é de São Paulo não queira entender isto também).
Bem, resumindo, Testemunhas de Jeová são inconvenientes e orgulhosas disto.
Exceto as da Liberdade.
Os nipônicos e descendentes cooptados pela seita (também não me perguntem por que japoneses ou nisseis se tornam TJ's) se limitam a oferecer suas duas publicações oficiais, A Sentinela e Despertai, simplesmente exibindo silenciosamente as revistas para os passantes na calçada.
Para os orientais, o ato de abordar diretamente alguém é demasiado agressivo, optando a turminha da Torre de Vigia com olhos puxados por um método mais sutil, condizente com os padrões locais.
Que façam escola. Ou que desistam. O que vier primeiro.
Mas minha melhor descoberta nestas andanças (se pudesse patenteava) é um pregador evangélico japonês (ou chinês, ou coreano, sei lá... mas acho que é japonês ou nissei), que fica no finalzinho da feirinha da Liberdade, com um cartaz enorme escrito em vária línguas e caracteres (incluindo japonês, chinês, coreano, hebraico e árabe, ou coisa parecida, já que só posso julgar pelo formato dos desenhinhos), que com um ridículo chapéu onde se lê "Jesus Salva" passa o tempo sentado num banquinho cantando hinos evangélicos em japonês (acho...).
Do que li no cartaz, nas partes em português, espanhol e inglês, é só aquela balela de sempre que, resumindo, diz "creia em Jesus ou queime no inferno por toda a eternidade".
Fico imaginando se alguma vez na História da Humanidade tal estratégia de conversão funcionou com alguém.
Comigo não deu certo.
Mas já que estamos nas cercanias da feirinha da Liberdade e, portanto, do Largo que, como disse, hoje leva o nome do bairro, mas ficou famoso pelo laço que estrangulava os tidos como malfeitores em tempos de outrora, impossível deixar de falar da Capela da Santa Cruz dos Enforcados, também conhecida na cidade como Igreja das Almas.
Oficialmente é uma igreja católica romana.
Para mim é um mistura de castelo do Conde Drácula com Terreiro de Umbanda onde se rezam missas nas horas vagas.
Não fica bem para um guerreiro Tupi dizer isto, mas se tem um lugar que me metia medo era aquele troço, com certeza o lugar mais sinistro de São Paulo (cemitérios inclusos).
De dia a visitei várias vezes, motivado por meu irresistível instinto de observador. Depois da meia noite eu preferia não passar nem perto.
E olhem que hoje ela tá reformada e até simpatiquinha, pintada em tons pastéis.
Por décadas a capela foi um prédio cinzento, muito parecido com a mansão da família Adams, cujas lendas urbanas falavam das almas dos enforcados que faziam ponto no local, principalmente as dos inocentes que foram condenados em processos injustos.
Estas crenças folclóricas transformaram o velário anexo em um centro de peregrinação sincrética, onde umbandistas, Candomblecistas, espíritas kardecistas que jamais admitiriam isto e católicos romanos que acham que mal não faz, vão lá acender velas para pedir às almas enforcadas saúde, emprego ou que a amante do marido engorde trinta quilos.
Para terem uma idéia do ambiente de sincretismo que ronda a vizinhança da Igreja, da última vez que passei por lá uma vendedora ambulante vestida de baiana me ofereceu um saquinho de pipocas. Quem conhece o bê-a-bá da Umbanda sabe o que significa isto.
E tem os Seicho-No-Iê.
Nunca soube bem qual era a base filosófica desta seita.
O engraçado é que os membros dela sabem menos que eu.
Na Liberdade eles são o único grupo religioso de origem oriental que dão as caras na calçada, possivelmente porque budistas e xintoístas não se prestam a este papel ridículo.
Convivi com muitos Seicho-No-Ie.
Uma das coisas que sinceramente me incomodavam é o fato que viviam rindo, mesmo que nenhuma piada tivesse sido contada.
Um dia inquiri um dos adeptos sobre o porquê de tanta iniciativa hilária automotivada e tive por resposta que, para ele, a vida era uma comédia...
Acho que nunca vou me converter a religião nenhuma, mas se tivesse que fazer uma lista daquelas às quais não quero pertencer, os Seicho-No-Iê estariam no topo. A idéia de parecer um completo idiota aos meus próprios olhos não é exatamente meu ideal de vida. Sem querer ser ofensivo com os Seicho, que são gente boa, é coisa minha...
Ah é...,
Tem os sete deuses da felicidade.
Daikokuten (Deus do paraíso), Ebisu (Deus da prosperidade nos negócios), Benzaiten (A Deusa da arte e da música), Bishamonten (Deus da guerra), Jurojin (Deus da longevidade), Hoteiosho (Deus da previsão), Fukurokuju (Deus da sorte).
São sete figurinhas simpáticas, parecidas com duendes, mas que têm algo a ver com as tradições xintoístas e taoístas.
As representações destes sete deuses na forma de estatuetas e gravuras eram tão freqüentes nas vitrines das lojas (em meio à toda aquela éca Made In China ou Made in PRC, como querem os envergonhados), que chamaram minha atenção.
Meu favorito é o Fukurokuju, um carequinha muito parecido com o Cabeça de Ovo, o vilão interpretado pelo Vicent Price na antiga série bufa do Batman dos anos sessenta.
A Liberdade é legal, suas luminárias e portais mereciam uma mão de tinta, mas continua um lugar único. O bairro tem um lugar saudoso em minhas memórias de épocas passadas quando freqüentava as livrarias de lá que, sei lá por que, sempre tinham uma peixaria nos fundos. Tempos em que, em boa companhia, brincava de contar japonês na Liberdade. Ganhava quem contasse mais.
Coisas de São Paulo.
Onde muitas nações convivem e formam uma única.
E grande.
* Dedicado em homenagem ao 452º aniversário da cidade de São Paulo.
Por Acauan
Liberdade de religião é um assunto muito batido.
Por isto, hoje vou falar da religião da Liberdade, ou melhor, das religiões da Liberdade.
A Liberdade, no caso agora, não é aquele atributo associado à autodeterminação do indivíduo, que tanto apreciamos e sem o qual não seríamos quem somos.
Falo do bairro da Liberdade, o charmoso enclave oriental no centro de São Paulo, nossa Chinatown, onde podemos caminhar entre um monte de lojas que vendem quinquilharias chinesas e descobrir nas entrelinhas desta vulgaridade o antigo espírito da cidade, onde muitas nações convivem e formam uma única.
Mas o assunto aqui não é a colônia oriental, japonesa (a maioria), chinesa e coreana que ocupa o espaço entre a Praça da Sé e o começo do Cambuci (quem não é de São Paulo nem queira saber onde é isto).
Para o observador da religião aqueles quarteirões em torno do antigo Largo da Forca, hoje Largo da Liberdade, são um tesouro antropológico.
Meus filhos gostam de andar por lá, por isto, vez por outra circulo por aquelas bandas para ver vitrines que exibem katanas fabricadas em linhas de montagem e outros souvenires tão autênticos quanto uma nota de três dólares.
Mas o legal mesmo é topar com as versões nipônicas daqueles estereótipos de pregadores religiosos com os quais cruzamos (ou evitamos) no nosso dia a dia.
Eles estão todos lá, mas pitorescamente recriados no clima do bairro. Orientalizados, digamos assim.
Comecemos pelas Testemunhas de Jeová.
A lembrança primeva que tenho desta seita é a de seus pregadores de campo, batendo de porta em porta para avisar que o mundo ia acabar qualquer dia destes, entre amanhã e o dia em que morresse o último sei-lá-quem que tava vivo em 1914 (não olhem para mim, perguntem para eles o que significa isto).
O notável é que desde então passei a acreditar que aqueles pentelhos de maletinha e revistinha na mão tinham algum poder mágico, pois quando eles apareciam na esquina, faziam desaparecer todo mundo que tava na calçada, lavando seus carros na manhã de domingo (quem não é de São Paulo não queira entender isto também).
Bem, resumindo, Testemunhas de Jeová são inconvenientes e orgulhosas disto.
Exceto as da Liberdade.
Os nipônicos e descendentes cooptados pela seita (também não me perguntem por que japoneses ou nisseis se tornam TJ's) se limitam a oferecer suas duas publicações oficiais, A Sentinela e Despertai, simplesmente exibindo silenciosamente as revistas para os passantes na calçada.
Para os orientais, o ato de abordar diretamente alguém é demasiado agressivo, optando a turminha da Torre de Vigia com olhos puxados por um método mais sutil, condizente com os padrões locais.
Que façam escola. Ou que desistam. O que vier primeiro.
Mas minha melhor descoberta nestas andanças (se pudesse patenteava) é um pregador evangélico japonês (ou chinês, ou coreano, sei lá... mas acho que é japonês ou nissei), que fica no finalzinho da feirinha da Liberdade, com um cartaz enorme escrito em vária línguas e caracteres (incluindo japonês, chinês, coreano, hebraico e árabe, ou coisa parecida, já que só posso julgar pelo formato dos desenhinhos), que com um ridículo chapéu onde se lê "Jesus Salva" passa o tempo sentado num banquinho cantando hinos evangélicos em japonês (acho...).
Do que li no cartaz, nas partes em português, espanhol e inglês, é só aquela balela de sempre que, resumindo, diz "creia em Jesus ou queime no inferno por toda a eternidade".
Fico imaginando se alguma vez na História da Humanidade tal estratégia de conversão funcionou com alguém.
Comigo não deu certo.
Mas já que estamos nas cercanias da feirinha da Liberdade e, portanto, do Largo que, como disse, hoje leva o nome do bairro, mas ficou famoso pelo laço que estrangulava os tidos como malfeitores em tempos de outrora, impossível deixar de falar da Capela da Santa Cruz dos Enforcados, também conhecida na cidade como Igreja das Almas.
Oficialmente é uma igreja católica romana.
Para mim é um mistura de castelo do Conde Drácula com Terreiro de Umbanda onde se rezam missas nas horas vagas.
Não fica bem para um guerreiro Tupi dizer isto, mas se tem um lugar que me metia medo era aquele troço, com certeza o lugar mais sinistro de São Paulo (cemitérios inclusos).
De dia a visitei várias vezes, motivado por meu irresistível instinto de observador. Depois da meia noite eu preferia não passar nem perto.
E olhem que hoje ela tá reformada e até simpatiquinha, pintada em tons pastéis.
Por décadas a capela foi um prédio cinzento, muito parecido com a mansão da família Adams, cujas lendas urbanas falavam das almas dos enforcados que faziam ponto no local, principalmente as dos inocentes que foram condenados em processos injustos.
Estas crenças folclóricas transformaram o velário anexo em um centro de peregrinação sincrética, onde umbandistas, Candomblecistas, espíritas kardecistas que jamais admitiriam isto e católicos romanos que acham que mal não faz, vão lá acender velas para pedir às almas enforcadas saúde, emprego ou que a amante do marido engorde trinta quilos.
Para terem uma idéia do ambiente de sincretismo que ronda a vizinhança da Igreja, da última vez que passei por lá uma vendedora ambulante vestida de baiana me ofereceu um saquinho de pipocas. Quem conhece o bê-a-bá da Umbanda sabe o que significa isto.
E tem os Seicho-No-Iê.
Nunca soube bem qual era a base filosófica desta seita.
O engraçado é que os membros dela sabem menos que eu.
Na Liberdade eles são o único grupo religioso de origem oriental que dão as caras na calçada, possivelmente porque budistas e xintoístas não se prestam a este papel ridículo.
Convivi com muitos Seicho-No-Ie.
Uma das coisas que sinceramente me incomodavam é o fato que viviam rindo, mesmo que nenhuma piada tivesse sido contada.
Um dia inquiri um dos adeptos sobre o porquê de tanta iniciativa hilária automotivada e tive por resposta que, para ele, a vida era uma comédia...
Acho que nunca vou me converter a religião nenhuma, mas se tivesse que fazer uma lista daquelas às quais não quero pertencer, os Seicho-No-Iê estariam no topo. A idéia de parecer um completo idiota aos meus próprios olhos não é exatamente meu ideal de vida. Sem querer ser ofensivo com os Seicho, que são gente boa, é coisa minha...
Ah é...,
Tem os sete deuses da felicidade.
Daikokuten (Deus do paraíso), Ebisu (Deus da prosperidade nos negócios), Benzaiten (A Deusa da arte e da música), Bishamonten (Deus da guerra), Jurojin (Deus da longevidade), Hoteiosho (Deus da previsão), Fukurokuju (Deus da sorte).
São sete figurinhas simpáticas, parecidas com duendes, mas que têm algo a ver com as tradições xintoístas e taoístas.
As representações destes sete deuses na forma de estatuetas e gravuras eram tão freqüentes nas vitrines das lojas (em meio à toda aquela éca Made In China ou Made in PRC, como querem os envergonhados), que chamaram minha atenção.
Meu favorito é o Fukurokuju, um carequinha muito parecido com o Cabeça de Ovo, o vilão interpretado pelo Vicent Price na antiga série bufa do Batman dos anos sessenta.
A Liberdade é legal, suas luminárias e portais mereciam uma mão de tinta, mas continua um lugar único. O bairro tem um lugar saudoso em minhas memórias de épocas passadas quando freqüentava as livrarias de lá que, sei lá por que, sempre tinham uma peixaria nos fundos. Tempos em que, em boa companhia, brincava de contar japonês na Liberdade. Ganhava quem contasse mais.
Coisas de São Paulo.
Onde muitas nações convivem e formam uma única.
E grande.
* Dedicado em homenagem ao 452º aniversário da cidade de São Paulo.
Editado pela última vez por Acauan em 22 Jan 2006, 22:41, em um total de 1 vez.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
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- Liquid Snake
- Mensagens: 541
- Registrado em: 19 Nov 2005, 14:48
Re.: As Religiões da Liberdade
Ótimo texto, Acauan... São Paulo é um pedaço de New York, com seu pluralismo e universalidade... Um respingo de civilização no meio de uma barbárie chamada Brasil.

"O Brasil me parece ser o único País do mundo onde ser de esquerda ainda dá uma conotação de prestígio." (Roberto Campos, 1993)
"How do you tell a Communist? Well, it's someone who reads Marx and Lenin. And how do you tell an anti-Communist? It's someone who understands Marx and Lenin." - Ronald Reagan
No Brasil, os notáveis o são pela estupidez.
Re.: As Religiões da Liberdade
O Acauan sabe mesmo postar um tópico que te deixa curioso para ler!
Fiquei pensando que eram religiões da liberdade como se houvesse alguma que pregasse a liberdade.... Mas eram as religiões do Bairro da Liberdade! :)
Fiquei pensando que eram religiões da liberdade como se houvesse alguma que pregasse a liberdade.... Mas eram as religiões do Bairro da Liberdade! :)
O segundo turno das eleições é dia 31/10, Halloween.
Não perca a chance de enfiar uma estaca no vampiro!
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- O ENCOSTO
- Mensagens: 16434
- Registrado em: 02 Nov 2005, 14:21
- Localização: Ohio - Texas (USA)
- Contato:
Re.: As Religiões da Liberdade
Eu gosto das analogias que ele faz.
A melhor foi essa:
Pra quem não sabe, doutrinar espíritos obsessores é soltar em cima deles uma conversa mole que não convenceria uma criança a comer verduras.
É de outro texto.
A melhor foi essa:
Pra quem não sabe, doutrinar espíritos obsessores é soltar em cima deles uma conversa mole que não convenceria uma criança a comer verduras.
É de outro texto.

O ENCOSTO
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
- Deise Garcia
- Mensagens: 5362
- Registrado em: 30 Out 2005, 13:35
- Gênero: Feminino
Re: As Religiões da Liberdade
Acauan escreveu:As Religiões da Liberdade*
Por Acauan
Liberdade de religião é um assunto muito batido.
Por isto, hoje vou falar da religião da Liberdade, ou melhor, das religiões da Liberdade.
A Liberdade, no caso agora, não é aquele atributo associado à autodeterminação do indivíduo, que tanto apreciamos e sem o qual não seríamos quem somos.
Falo do bairro da Liberdade, o charmoso enclave oriental no centro de São Paulo, nossa Chinatown, onde podemos caminhar entre um monte de lojas que vendem quinquilharias chinesas e descobrir nas interlinhas desta vulgaridade o antigo espírito da cidade, onde muitas nações convivem e formam uma única.
Mas o assunto aqui não é a colônia oriental, japonesa (a maioria), chinesa e coreana que ocupa o espaço entre a Praça da Sé e o começo do Cambuci (quem não é de São Paulo nem queira saber onde é isto).
Para o observador da religião aqueles quarteirões em torno do antigo Largo da Forca, hoje Largo da Liberdade, são um tesouro antropológico.
Meus filhos gostam de andar por lá, por isto, vez por outra circulo por aquelas bandas para ver vitrines que exibem katanas fabricadas em linhas de montagem e outros souvenires tão autênticos quanto uma nota de três dólares.
Mas o legal mesmo é topar com as versões nipônicas daqueles estereótipos de pregadores religiosos com os quais cruzamos (ou evitamos) no nosso dia a dia.
Eles estão todos lá, mas pitorescamente recriados no clima do bairro, orientalizados, digamos assim.
Comecemos pelas Testemunhas de Jeová.
A lembrança primeva que tenho desta seita é a de seus pregadores de campo, batendo de porta em porta para avisar que o mundo ia acabar qualquer dia destes, entre amanhã e o dia em que morresse o último sei-lá-quem que tava vivo em 1914 (não olhem para mim, perguntem para eles o que significa isto).
O notável é que desde então passei a acreditar que aqueles pentelhos de maletinha e revistinha na mão tinham algum poder mágico, pois quando eles apareciam na esquina, faziam desaparecer todo mundo que tava na calçada, lavando seus carros na manhã de domingo (quem não é de São Paulo não queira entender isto também).
Bem, resumindo, Testemunhas de Jeová são inconvenientes e orgulhosas disto.
Exceto as da Liberdade.
Os nipônicos e descendentes cooptados pela seita (também não me perguntem porque japoneses ou nisseis se tornam TJ's) se limitam a oferecer suas duas publicações oficiais, A Sentinela e Despertai, simplesmente exibindo silenciosamente as revistas para os passantes na calçada.
Para os orientais, o ato de abordar diretamente alguém é demasiado agressivo, optando a turminha da Torre de Vigia com olhos puxados por um método mais sutil, condizente com os padrões locais.
Que façam escola. Ou que desistam. O que vier primeiro.
Mas minha melhor descoberta nestas andanças (se pudesse patenteava) é um pregador evangélico japonês (ou chinês, ou coreano, sei lá... mas acho que é japonês ou nissei), que fica no finalzinho da feirinha da Liberdade, com um cartaz enorme escrito em vária línguas e caracteres (incluindo japonês, chinês, coreano, hebraico e árabe, ou coisa parecida, já que só posso julgar pelo formato dos desenhinhos), que com um ridículo chapéu onde se lê "Jesus Salva" passa o tempo sentado num banquinho cantando hinos evangélicos em japonês (acho...).
Do que li no cartaz, nas partes em português, espanhol e inglês, é só aquela balela de sempre que, resumindo, diz "creia em Jesus ou queime no inferno por toda a eternidade".
Fico imaginando se alguma vez na História da Humanidade tal estratégia de conversão funcionou com alguém.
Comigo não deu certo.
Mas já que estamos nas cercanias da feirinha da Liberdade e, portanto, do Largo que, como disse, hoje leva o nome do bairro, mas ficou famoso pelo laço que estrangulava os tidos como malfeitores em tempos de outrora, impossível deixar de falar da Capela da Santa Cruz dos Enforcados, também conhecida na cidade como Igreja das Almas.
Oficialmente é uma igreja católica romana.
Para mim é um mistura de castelo do Conde Drácula com Terreiro de Umbanda onde se rezam missas nas horas vagas.
Não fica bem para um guerreiro Tupi dizer isto, mas se tem um lugar que me metia medo era aquele troço, com certeza o lugar mais sinistro de São Paulo (cemitérios inclusos).
De dia a visitei várias vezes, motivado por meu irresistível instinto de observador. Depois da meia noite eu preferia não passar nem perto.
E olhem que hoje ela tá reformada e até simpatiquinha, pintada em tons pastéis.
Por décadas a capela foi um prédio cinzento, muito parecido com a mansão da família Adams, cujas lendas urbanas falavam das almas dos enforcados que faziam ponto no local, principalmente as dos inocentes que foram condenados em processos injustos.
Estas crenças folclóricas transformaram o velário anexo em um centro de peregrinação sincrética, onde umbandistas, Candomblecistas, espíritas kardecistas que jamais admitiriam isto e católicos romanos que acham que mal não faz, vão lá acender velas para pedir às almas enforcadas saúde, emprego ou que a amante do marido engorde trinta quilos.
Para terem uma idéia do ambiente sincrético que ronda a vizinhança da Igreja, da última vez que passei por lá uma vendedora ambulante vestida de baiana me ofereceu um saquinho de pipocas. Quem conhece o bê-a-bá da Umbanda sabe o que significa isto.
E tem os Seicho-No-Iê.
Nunca soube bem qual era a base filosófica desta seita.
O engraçado é que os membros dela sabem menos que eu.
Na Liberdade eles são o único grupo religioso de origem oriental que dão as caras na calçada, possivelmente porque budistas e xintoístas não se prestam a este papel ridículo.
Convivi com muitos Seicho-No-Ie.
Uma das coisas que sinceramente me incomodavam é o fato que viviam rindo, mesmo que nenhuma piada tivesse sido contada.
Um dia inquiri um dos adeptos sobre o porquê de tanta iniciativa hilária automotivada e tive por resposta que, para ele, a vida era uma comédia...
Acho que nunca vou me converter a religião nenhuma, mas se tivesse que fazer uma lista daquelas às quais não quero pertencer, os Seicho-No-Iê estariam no topo da lista. A idéia de parecer um completo idiota aos meus próprios olhos não é exatamente meu ideal de vida. Sem querer ser ofensivo com os Seicho, que são gente boa, é coisa minha...
Ah é...,
Tem os sete deuses da felicidade.
DAIKOKUTEN (Deus do paraíso), EBISU (Deus da prosperidade nos negócios), BENZAITEN (A Deusa da arte e da música), BISHAMONTEN (Deus da guerra), JUROJIN (Deus da longevidade), HOTEI OSHOO (Deus da previsão), FUKUROKUJI (Deus da sorte).
São sete figurinhas simpáticas, parecidas com duendes, mas que têm algo a ver com as tradições xintoístas e taoístas.
As representações destes sete deuses na forma de estatuetas e gravuras eram tão freqüentes nas vitrines das lojas (em meio à toda aquela éca Made In China ou Made in PRC, como querem os envergonhados), que chamaram minha atenção.
Meu favorito é o FUKUROKUJI, um carequinha muito parecido com o Cabeça de Ovo, o vilão interpretado pelo Vicent Price na antiga série bufa do Batman dos anos sessenta.
A Liberdade é legal, suas luminárias e portais mereciam uma mão de tinta, mas continua um lugar único. O bairro tem um lugar saudoso em minhas memórias de épocas passadas quando freqüentava as livrarias de lá que, sei lá por que, sempre tinham uma peixaria nos fundos. Tempos em que, em boa companhia, brincava de contar japonês na Liberdade. Ganhava quem contasse mais.
Coisas de São Paulo.
Onde muitas nações convivem e formam uma única.
E grande.
* Dedicado em homenagem ao 452º aniversário da cidade de São Paulo.
Ei Cauan!
Casa comigo vai? Eu não sou muito prendada mas ainda dou um caldo... :emoticon74: [/b]
- Deise Garcia
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Re: As Religiões da Liberdade
Anna escreveu:Acauan escreveu:As Religiões da Liberdade*
Por Acauan
Liberdade de religião é um assunto muito batido.
Por isto, hoje vou falar da religião da Liberdade, ou melhor, das religiões da Liberdade.
A Liberdade, no caso agora, não é aquele atributo associado à autodeterminação do indivíduo, que tanto apreciamos e sem o qual não seríamos quem somos.
Falo do bairro da Liberdade, o charmoso enclave oriental no centro de São Paulo, nossa Chinatown, onde podemos caminhar entre um monte de lojas que vendem quinquilharias chinesas e descobrir nas interlinhas desta vulgaridade o antigo espírito da cidade, onde muitas nações convivem e formam uma única.
Mas o assunto aqui não é a colônia oriental, japonesa (a maioria), chinesa e coreana que ocupa o espaço entre a Praça da Sé e o começo do Cambuci (quem não é de São Paulo nem queira saber onde é isto).
Para o observador da religião aqueles quarteirões em torno do antigo Largo da Forca, hoje Largo da Liberdade, são um tesouro antropológico.
Meus filhos gostam de andar por lá, por isto, vez por outra circulo por aquelas bandas para ver vitrines que exibem katanas fabricadas em linhas de montagem e outros souvenires tão autênticos quanto uma nota de três dólares.
Mas o legal mesmo é topar com as versões nipônicas daqueles estereótipos de pregadores religiosos com os quais cruzamos (ou evitamos) no nosso dia a dia.
Eles estão todos lá, mas pitorescamente recriados no clima do bairro, orientalizados, digamos assim.
Comecemos pelas Testemunhas de Jeová.
A lembrança primeva que tenho desta seita é a de seus pregadores de campo, batendo de porta em porta para avisar que o mundo ia acabar qualquer dia destes, entre amanhã e o dia em que morresse o último sei-lá-quem que tava vivo em 1914 (não olhem para mim, perguntem para eles o que significa isto).
O notável é que desde então passei a acreditar que aqueles pentelhos de maletinha e revistinha na mão tinham algum poder mágico, pois quando eles apareciam na esquina, faziam desaparecer todo mundo que tava na calçada, lavando seus carros na manhã de domingo (quem não é de São Paulo não queira entender isto também).
Bem, resumindo, Testemunhas de Jeová são inconvenientes e orgulhosas disto.
Exceto as da Liberdade.
Os nipônicos e descendentes cooptados pela seita (também não me perguntem porque japoneses ou nisseis se tornam TJ's) se limitam a oferecer suas duas publicações oficiais, A Sentinela e Despertai, simplesmente exibindo silenciosamente as revistas para os passantes na calçada.
Para os orientais, o ato de abordar diretamente alguém é demasiado agressivo, optando a turminha da Torre de Vigia com olhos puxados por um método mais sutil, condizente com os padrões locais.
Que façam escola. Ou que desistam. O que vier primeiro.
Mas minha melhor descoberta nestas andanças (se pudesse patenteava) é um pregador evangélico japonês (ou chinês, ou coreano, sei lá... mas acho que é japonês ou nissei), que fica no finalzinho da feirinha da Liberdade, com um cartaz enorme escrito em vária línguas e caracteres (incluindo japonês, chinês, coreano, hebraico e árabe, ou coisa parecida, já que só posso julgar pelo formato dos desenhinhos), que com um ridículo chapéu onde se lê "Jesus Salva" passa o tempo sentado num banquinho cantando hinos evangélicos em japonês (acho...).
Do que li no cartaz, nas partes em português, espanhol e inglês, é só aquela balela de sempre que, resumindo, diz "creia em Jesus ou queime no inferno por toda a eternidade".
Fico imaginando se alguma vez na História da Humanidade tal estratégia de conversão funcionou com alguém.
Comigo não deu certo.
Mas já que estamos nas cercanias da feirinha da Liberdade e, portanto, do Largo que, como disse, hoje leva o nome do bairro, mas ficou famoso pelo laço que estrangulava os tidos como malfeitores em tempos de outrora, impossível deixar de falar da Capela da Santa Cruz dos Enforcados, também conhecida na cidade como Igreja das Almas.
Oficialmente é uma igreja católica romana.
Para mim é um mistura de castelo do Conde Drácula com Terreiro de Umbanda onde se rezam missas nas horas vagas.
Não fica bem para um guerreiro Tupi dizer isto, mas se tem um lugar que me metia medo era aquele troço, com certeza o lugar mais sinistro de São Paulo (cemitérios inclusos).
De dia a visitei várias vezes, motivado por meu irresistível instinto de observador. Depois da meia noite eu preferia não passar nem perto.
E olhem que hoje ela tá reformada e até simpatiquinha, pintada em tons pastéis.
Por décadas a capela foi um prédio cinzento, muito parecido com a mansão da família Adams, cujas lendas urbanas falavam das almas dos enforcados que faziam ponto no local, principalmente as dos inocentes que foram condenados em processos injustos.
Estas crenças folclóricas transformaram o velário anexo em um centro de peregrinação sincrética, onde umbandistas, Candomblecistas, espíritas kardecistas que jamais admitiriam isto e católicos romanos que acham que mal não faz, vão lá acender velas para pedir às almas enforcadas saúde, emprego ou que a amante do marido engorde trinta quilos.
Para terem uma idéia do ambiente sincrético que ronda a vizinhança da Igreja, da última vez que passei por lá uma vendedora ambulante vestida de baiana me ofereceu um saquinho de pipocas. Quem conhece o bê-a-bá da Umbanda sabe o que significa isto.
E tem os Seicho-No-Iê.
Nunca soube bem qual era a base filosófica desta seita.
O engraçado é que os membros dela sabem menos que eu.
Na Liberdade eles são o único grupo religioso de origem oriental que dão as caras na calçada, possivelmente porque budistas e xintoístas não se prestam a este papel ridículo.
Convivi com muitos Seicho-No-Ie.
Uma das coisas que sinceramente me incomodavam é o fato que viviam rindo, mesmo que nenhuma piada tivesse sido contada.
Um dia inquiri um dos adeptos sobre o porquê de tanta iniciativa hilária automotivada e tive por resposta que, para ele, a vida era uma comédia...
Acho que nunca vou me converter a religião nenhuma, mas se tivesse que fazer uma lista daquelas às quais não quero pertencer, os Seicho-No-Iê estariam no topo da lista. A idéia de parecer um completo idiota aos meus próprios olhos não é exatamente meu ideal de vida. Sem querer ser ofensivo com os Seicho, que são gente boa, é coisa minha...
Ah é...,
Tem os sete deuses da felicidade.
DAIKOKUTEN (Deus do paraíso), EBISU (Deus da prosperidade nos negócios), BENZAITEN (A Deusa da arte e da música), BISHAMONTEN (Deus da guerra), JUROJIN (Deus da longevidade), HOTEI OSHOO (Deus da previsão), FUKUROKUJI (Deus da sorte).
São sete figurinhas simpáticas, parecidas com duendes, mas que têm algo a ver com as tradições xintoístas e taoístas.
As representações destes sete deuses na forma de estatuetas e gravuras eram tão freqüentes nas vitrines das lojas (em meio à toda aquela éca Made In China ou Made in PRC, como querem os envergonhados), que chamaram minha atenção.
Meu favorito é o FUKUROKUJI, um carequinha muito parecido com o Cabeça de Ovo, o vilão interpretado pelo Vicent Price na antiga série bufa do Batman dos anos sessenta.
A Liberdade é legal, suas luminárias e portais mereciam uma mão de tinta, mas continua um lugar único. O bairro tem um lugar saudoso em minhas memórias de épocas passadas quando freqüentava as livrarias de lá que, sei lá por que, sempre tinham uma peixaria nos fundos. Tempos em que, em boa companhia, brincava de contar japonês na Liberdade. Ganhava quem contasse mais.
Coisas de São Paulo.
Onde muitas nações convivem e formam uma única.
E grande.
* Dedicado em homenagem ao 452º aniversário da cidade de São Paulo.
Ei Cauan!
Casa comigo vai? Eu não sou muito prendada mas ainda dou um caldo... :emoticon74: [/b]
O Acauan já é casado! Mas fico feliz por saber que não sou a única a ter o interesse despertado por uma espécie em extinção, independente do estado civil!

Re.: As Religiões da Liberdade
Ah! Eu tb sou casada, mas como já sabiam nossos ancestrais a poligamia é um bom negócio!

- Deise Garcia
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Re: Re.: As Religiões da Liberdade
Anna escreveu: Ah! Eu tb sou casada, mas como já sabiam nossos ancestrais a poligamia é um bom negócio!![]()
É mesmo? Acho que preciso rever meus conceitos!

Re.: As Religiões da Liberdade
Um belo texto, Acauan!
Senti uma pitada de Berman na retórica!
(não se ofenda com o marxismo!)
Senti uma pitada de Berman na retórica!
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- Ateu Tímido
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Re: Re.: As Religiões da Liberdade
Samael escreveu:Um belo texto, Acauan!
Senti uma pitada de Berman na retórica!
(não se ofenda com o marxismo!)
Você não deixa de ter razão sobre a semelhança com os passeios novaiorquinos do Berman...
Mas é um belo texto!
Da "família" daquele sobre o mosteiro de S. Bento que eu apreciei nó fórum antigo.
Re: Re.: As Religiões da Liberdade
Ateu Tímido escreveu:Samael escreveu:Um belo texto, Acauan!
Senti uma pitada de Berman na retórica!
(não se ofenda com o marxismo!)
Você não deixa de ter razão sobre a semelhança com os passeios novaiorquinos do Berman...
Mas é um belo texto!
Da "família" daquele sobre o mosteiro de S. Bento que eu apreciei nó fórum antigo.
Com certeza, mas tanto Nova Iorque quanto São Paulo são duas cidades tipicamente modernas, que atraem por suas contradições implícitas e sua diversidade cultural.
Mas, no geral, acho o povo carioca mais interessante!

- carlo
- Mensagens: 3974
- Registrado em: 31 Out 2005, 23:09
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Re: Re.: As Religiões da Liberdade
O ENCOSTO escreveu:Eu gosto das analogias que ele faz.
A melhor foi essa:
Pra quem não sabe, doutrinar espíritos obsessores é soltar em cima deles uma conversa mole que não convenceria uma criança a comer verduras.
É de outro texto.
Esta é uma das analogias dele que é a minha preferida.









Re.: As Religiões da Liberdade
Reload especial aniversário da Cidade.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
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- Ben Carson
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Re.: As Religiões da Liberdade
Sem dúvida o Acauan tem o dom da palavra.
E da lógica. É difícil encontrar uma falha em seus textos. A primeira que encontrei foi no seu texto sobre o regime militar, e talvez eu comente sobre ela.*
Parabéns.
*Vai depender do meu tempo, que anda cada vez mais escasso.
E da lógica. É difícil encontrar uma falha em seus textos. A primeira que encontrei foi no seu texto sobre o regime militar, e talvez eu comente sobre ela.*
Parabéns.
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Todo mundo ri...
Mas só o TRIcolor é tri!
Diálogo Universitário, Jesus Voltará, Primeira Leitura, E Agora?
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- francioalmeida
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Re.: As Religiões da Liberdade
Anna escreveu:Ei Cauan!
Casa comigo vai? Eu não sou muito prendada mas ainda dou um caldo...
Deise Garcia escreveu:O Acauan já é casado! Mas fico feliz por saber que não sou a única a ter o interesse despertado por uma espécie em extinção, independente do estado civil!
Anna escreveu:Ah! Eu tb sou casada, mas como já sabiam nossos ancestrais a poligamia é um bom negócio!
[francioalmeida pensando] Eu tenho que aprender a escrever bem como esse Acauan de qualquer jeito [\francioalmeida pensando]
Re.: As Religiões da Liberdade
Reload especial Casseta & Planeta.
A Caravana Casseta Brasil Adentro está no bairro da Liberdade em São Paulo.
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Acauan Guajajara
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Re: Re.: As Religiões da Liberdade
Acauan escreveu:Reload especial Casseta & Planeta.
A Caravana Casseta Brasil Adentro está no bairro da Liberdade em São Paulo.
Essa coisa (Casseta & Planeta) já deu o que tinha que dar...
Re.: As Religiões da Liberdade
O QUE?!?!?!?
A DEISE GARCIA JÁ FOI SIMPÁTICA???????
NÃO ACREDITOOOo!!!

A DEISE GARCIA JÁ FOI SIMPÁTICA???????
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Manoel Machado Henriques
"...A razão de um povo inteiro, leva tempo a construir..."
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- Benetton
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Re: Re.: As Religiões da Liberdade
carlo escreveu:O ENCOSTO escreveu:Eu gosto das analogias que ele faz.
A melhor foi essa:
Pra quem não sabe, doutrinar espíritos obsessores é soltar em cima deles uma conversa mole que não convenceria uma criança a comer verduras.
É de outro texto.
Esta é uma das analogias dele que é a minha preferida.
![]()
![]()
O quê?
Estão pensando que convencer uma criança a comer verduras é fácil? Meu filho de 5 anos não come verdinhas de jeito nenhum. Já usei todo tipo de estratégia, mas nem com chantagem, nem com promessas de recompensas, nem nada consegue convencer o safadinho!
Logo, doutrinar espíritos não é brincadeira não!



" Duvidar de tudo ou acreditar em tudo são duas soluções igualmente cômodas : Ambas nos dispensam do trabalho de pensar. "
Jules Henri Poincare - Físico e Matemático Francês.
_________________
"Sempre que possivel, converse com um saco de cimento. Nessa vida só devemos acreditar no que é concreto."
Autor Desconhecido.
- salgueiro
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Estratégia errada, Benetton. A novidade deve ser comida somente pelo adulto que demonstra prazer de forma clara mas sem ser acintoso atraindo a curiosidade do pequeno. Como geralmente ele se propõe a experimentar faz-se um "doce" dizendo que é comida prá adulto que criança não gosta muito. É tiro e queda

Bjs
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salgueiro escreveu:
Estratégia errada, Benetton. A novidade deve ser comida somente pelo adulto que demonstra prazer de forma clara mas sem ser acintoso atraindo a curiosidade do pequeno. Como geralmente ele se propõe a experimentar faz-se um "doce" dizendo que é comida prá adulto que criança não gosta muito. É tiro e queda![]()
Bjs
Huuuummm... já tentei algo parecido, mas vou reconsiderar e tentar novamente.
Mas que doutrinar espíritos é difícil pra chuchu, ah, isso é!

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- salgueiro
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Benetton escreveu:salgueiro escreveu:
Estratégia errada, Benetton. A novidade deve ser comida somente pelo adulto que demonstra prazer de forma clara mas sem ser acintoso atraindo a curiosidade do pequeno. Como geralmente ele se propõe a experimentar faz-se um "doce" dizendo que é comida prá adulto que criança não gosta muito. É tiro e queda![]()
Bjs
Huuuummm... já tentei algo parecido, mas vou reconsiderar e tentar novamente.
Mas que doutrinar espíritos é difícil pra chuchu, ah, isso é!
Essa tática só funciona se vc conseguir não demonstrar ansiedade. Criança lê através da postura corporal
Espíritos ?? Nem precisa tanto, tenta dialogar com encarnados

Bjs